JORNAL MURAL da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – outubro/2003 Opinião Exame Nacional de Certificação não atende interesse do educador A valorização profissional é prioridade na pauta de reinvindicações ao MEC Os educadores devem se mobilizar para exigir que suas proposições sejam levadas em consideração pelo Ministério da Educação, no âmbito do Comitê de Acompanhamento da política de Formação Continuada. Esta foi a principal conclusão a que chegaram os trabalhadores em educação que participaram do I Encontro do Sistema de Formação Continuada e Certificação de Professores, realizado pela Secretaria de Educação Infantil e Ensino Fundamental do MEC, dias 11 e 12 de setembro, em Brasília. “As propostas pelas quais lutamos nos últimos 20 anos - formação de qualidade, incentivo às faculdades e centros de educação nas Universidades como espaços privilegiados de formação de professores, construção da profissionalização e da autonomia docente, precisam ser recuperadas neste momento para que se transformem em políticas”, defende a educadora Helena Costa Lopes de Freitas, no documento “Todo educador aprendendo – lições do I Encontro Nacional”, cuja íntegra pode ser lida em www.cnte.org.br O evento, que contou com a presença de mais de 800 educadores de todos os estados, acabou com forte oposição das entidades que militam na área da educação, especialmente a CNTE. Para a presidente da entidade, Juçara Vieira, a precedência da “formação” sobre a “certificação”, na proposta já modificada pelo MEC, deve significar uma inversão de lógica e não apenas de tempo e a dilatação de prazos para a certificação deve possibilitar um intenso debate sobre sua necessidade e o seu caráter. A CNTE defende que qualquer política de valorização profissional deve incluir, de forma indissociada, formação, carreira, jornada e salário e que a avaliação (e não a certificação) é um processo inerente à formação profissional. Para ela, assim como para a maioria dos edudores presentes ao encontro, o programa Toda Criança Aprendendo se situa, ainda, no âmbito das políticas do governo anterior. A instituição do Exame de Certificação, por exemplo, consta da Proposta de Diretrizes para a Formação de Professores, aprovada em 2002 pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), e ainda não revista pelo atual Ministério. “Considero-a a pior medida que o MEC poderia ter tomado, em continuidade à política anterior, acentuando a concepção de educação enquanto instrução e não formação humana multilateral”, avalia a educadora. MATRIZES DE REFERÊNCIA PARA O EXAME No conjunto de 50 itens, divididos em matrizes gerais e matrizes específicas,encontramos Competências Gerais caracterizadas como “O Direito à Educação”, dentre os quais se destacam os conhecimentos sobre o caráter instutucional, jurídico e legal da educação, como a Constituição, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a LDB, e as condições da democratização da educação pela via da educação inclusiva. Constam ainda os “saberes pedagógicos”, relativos ao saber técnico-instrumental necessário aos professores no campo da didática, do currículo, da gestão e do material didático. As matrizes gerais abordam também, as habilidades em “Linguagens e Matemática” e “Sociedade, Ciência e Tecnologia”, e no âmbito das referências específicas, os Fundamentos do Ensino e Aprendizagem – Alfabetização, Leitura e Escrita, Conhecimento Matemático, Ambiente e Cultura e Vida e Natureza. ........................................................................................ Projeto exige implantação de plano de carreira Os planos de carreira poderão prever a recepção de profissionais de outras redes públicas por permuta ou cessão temporária, havendo interesse das partes e coincidência de cargos, ou por acesso pleno, no caso de mudança de residência do profissional e existência de vagas, na forma de regulamentação específica das esferas de administração. As redes de ensino instituirão um quadro rotativo de vagas para afastamento de seus profissionais para efeito de aperfeiçoamento e formação continuada, nunca inferior a 1% do total de efetivos de cada cargo, prevendo os mecanismos de concessão e prazos de vigência de modo a promover a qualificação sem ferir os interesses da aprendizagem dos alunos. Maiores informações: [email protected] O governo Lula ainda não fez da educação uma prioridade, apesar de, em 20 de agosto de 2002, ter assumido esse compromisso perante uma platéia de educadores de todo o país, durante encontro realizado em São Paulo. Após dez meses, o Dia do Professor e o Dia do Servidor Público, comemorados em 15 e 28 deste mês, deixam as duas categorias sem ter o que celebrar. A promessa de alfabetizar, até o final do governo, 100% dos brasileiros, apresenta-se como um esforço monumental cujo sucesso depende, não apenas de vontade política, mas de apoio e participação de todos nós. É aguardar para ver. Além disso, uma das poucas políticas públicas que já foi posta em marcha tem méritos, no mínimo, questionáveis. Trata-se do Exame Nacional de Certificação, que o governo quer implementar sem que seja implantado previamente um plano de formação e valorização profissional, o que, diga-se de passagem, deveria ser objeto de política pública permanente na medida em que, ao ter reflexo direto sobre a qualidade da educação, é de interesse de toda a sociedade. De tudo o que prometeu, o governo Lula, até agora, só ofereceu muita conversa. Afinal, de fato, foram abertos vários canais para o diálogo. Infelizmente, até o momento, nada foi convertido em resultados concretos e a expectativa de mudanças qualitativas para educação não passa de boa intenção. A prova disso veio do próprio ministro da Educação, Cristovam Buarque, em palestra na Câmara dos Deputados, dia 23 de setembro, na qual disse, textualmente, “eu me sinto envergonhado porque não podemos aumentar o valor do Fundef. Estamos pagando hoje, em termos reais, menos do que FHC pagava”. Para ele, a decisão política de dar prioridade à educação deve vir antes de se descobrir de onde tirar mais recursos, o que evidencia que o governo Lula ainda não pôs a educação em seu devido lugar. Fique ligado! Proposta de criação do Fundeb está na Casa Civil Está na Casa Civil para análise do governo proposta que institui o Fundeb – fundo que ampliaria o Fundef para toda a educação básica. O texto baseia-se nos mesmos princípios definidos no Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 112/99, que contempla, ainda, a criação de um Piso Salarial Nacional para os trabalhadores em educação, antiga reivindicação da categoria. Detalhes do texto e os valores da proposta, porém, ainda não são conhecidos. Segundo Francisco das Chagas Fernandes, diretor do Departamento de Acompanhamento do Fundef da Secretaria de Educação Fundamental do Ministério da Educação lei complementar definiria carga horária, valores e forma de reajuste. Nossa homenagem a todos os educadores. Guerreiros que não fogem à luta diária por uma educação pública de qualidade. CALENDÁRIO DE MOBILIZAÇÃO Está em tramitação na Câmara dos Deputados projeto de lei que estabelece novos princípios e diretrizes para planos de carreira dos profissionais da educação pública. De acordo com o texto, todas as esferas da administração pública que ofereçam alguma etapa da educação básica, em quaisquer modalidades, devem instituir planos de carreira para seus profissionais. Governo Lula ainda não disse a que veio – VII Conferência Nacional de Educação da CNTE De 25 e 26 de novembro de 2003 em Brasília – Conferência Nacional de Educação - MEC/Câmara dos Deputados De 26 a 29 de novembro de 2003 na Câmara dos Deputados E X P E D I E N T E Jornal Mural da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação - CNTE Redação e edição: Fundamento Comunicação & Marketing Foto: Ronaldo Barroso Jornalista responsável: Marcelo Maiolino Mtb 14.896 Tiragem: 50 mil exemplares