A N N O 15
C A P I T A L
CAPITAL
ANNO
1
16(J000
PUBLICAM
FEDERAL,
N° 606
1890.
ESTADOS
p w f i n m o j & m m i .
ANNO
SEMESTRE
AVULSO
A correspondenoia 9 r » c l a t a Í ç ò e t devam » e r dirigidas
A RUA DE G O N Ç A L V E S B M .
N^SASOBMO
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Capital
Novembro,
Federal,
ÍS00.
ESCRIPTORIO E REDACÇÃO,
R U A DE G O N Ç A L V E S
DIAS, 5 0 ,
SOBRADO
O morto ó agora para nós uma sombra
imaculada e pura, deixemol-o que descanse. Porém um dever de colleguismo,
uma imposição social nos ordena auxiliar a parte de sua existencia que
ainda existe e paupérrima.
Assim appellamos para os nossos collegas da imprensa um movimento favoravel á infeliz viuva de Julio Ribeiro.
Por nossa parte cá estamos á disposição de quem queira nos amparar em
tão alto intento.
FARPARELLO.
ECIlOS
li
NOTAS
A morte não nos causa horror, a
morte não nos causa tristeza.
Morrer 6 a lei eterna da natureza, lim
único para que tendem todas as cousas.
Se não fora a morte a vida seria de uma
insipidez pavorosa, não existiria a luta
que nos distrahe e harmonisa; não existiria o progresso a martelar o supremo
idéal da vontade humana. Morto que
seja a creança, cuja vida preludia a
mandolinata suave dos primeiros tempos, morto que seja o velho, cujo organismo gasto não supportaria mais as leis
immutaveisda decomposição, para nós
é o mesmo. Um dia de mais ou de
menos não influe na ascendencia fatal
do conjuncto humano.
Mas, entre os que morrem, ha um
marco diverso para cada qual.
Julio Ribeiro, o escriptor correcto, o
philologo consciencioso que acaba de
cahir fulminado pela morte, na mais
constristadora pobreza, constituiu-se
pelo caracter e pelo talento um desses
viajantes da grande jornada da vida,
cujas pegadas serão saudosas para os
q u e ficam.
Existência útil ao progresso intellectual de nosso paiz, jamais encontrou
u m só momento de descanso para a sua
faina quotidiana. Ora no magistério de
onde a sua palavra sympathica prendia
pela facilidade e erudicção, ora na imprensa diaria onde abrio um exemplo
de independencia extraordinaria, ora
na mansuetude salutar do gabinete de
onde o romance brotou vibrante de
emoções novas, sempre se nos mostrou
o mesmo espirito finíssimo aliado ás bellezas d'alma que tão bem o definiram.
*
•
*
Do grande morto ha hoje apenas uma
memoria immorredoura e u m a f a m i l i a
orphã de carinhos e de meios. Quem
como Julio Ribeiro, o nosso mestre, tão
bem e tão util se fez na vida, tem o direito de exigir, aos que ficam, amparo
para a sua desolada familia.
A EXPOSIÇÃO CONTINENTAL
As accommodaçOes haviam se multiplicado, os hotéis não cobrariam cousa a l g u m a
aos visitantes, as companhias de bouds
estariam ás ordens de todos, os carros, as
ruas, os edifícios públicos e particulares
tinha tn-se transformado em grandes armazéns de comestíveis e de camas.
Nada faltaria, nada.
Que fossem todos, o Brazil inteiro que
fosse ver e assistir o supremo esforço da
vontade e do gosto.
A' exposição continental, bradámos á
una voce. E, á noite de 26 do passado
tomámos na gare da Central o trem que
havia de nos conduzir a S. Paulo, ao estupendo S . Paulo, com as suas ruas largas
e estreitas, com as suas ladeiras impossíveis de transito, com as suas casas
archeologicas e edifícios pesados como 125
léguas de cascalho^ e de poeira.
*
*
Foi com esta epigraphe assombrosa que
S. Paulo pôz em m-nimeuto de expectativa o Brazil inteiro — Exposição continental.
Todas as vistas, todas as attenções volverain-se para aquelle estado florescente,
abaladas por uma força intima de surpreza
e admiração. Não houve terra por mais
longínqua que fosse, não houve abysmo
por mais profundo considerado, não houve
floresta por mais secular e bravia, onde
não echoasse aquelle grito estupendo de
progresso e de coragem inaudita.
As aguias que cortam o céo azul da
Thesalia, emocionadas, aitento o ouvido
ao som perdido pelo espaço afóra.pairaram
anciosas, o pescoço alongado a moverem
de um lado para outro.
No Egypto, na patria das ci vilisações e
dos hierogliphos, as pyraraides que ha
muito dormem o somno secular do granito
frio sentiram, ao longo das arestas escuras
pela acção do tempo, um frisson electrico
de inveja e dissabor.
Pelos castellos feudaes da velha Allemanha cessou a cavatina cerúlea das lendas medievais. Os vulcões da Italia adors
meceram-se intanguidos. As mil fabricada Inglaterra industrial apagaram os fogos de seus estomagos de aço temperado.
E a França, a gloriosa França, que levou
ânuos e a unos a pensar na exposição de
89, cahio, rolou por terra e esfacellouse
toda diante a forca, a extraordinaria forca
de vontade da velha paulicéa demarcando
dous ânuos sómente para a sua exposição
continental.
Cumpria, pois, partir
incontinenli.
Cumpria, quanto antes, sem perca de um
só momento, arranjar cartOes de convite
para a grande festa do trabalho, do desejo
insaciavel de gloria e popularidade.
Todos os nossos estados concorreriam a
ella. As republicas do Prata segueriam o
exemplo da Republica Argentina.
Gente de todas as cores e de todas as
nacionalidades lá estariam também. Uma
miscelanea completa, perfeita de mulheres bonitas e feias, de homens correctos e
aleijados, de productos agrícolas e indusriaes.
E ra forçoso n ão dor m ir A com m i ssão d os
festejos, é verdade, fizera-se de tuna amabilidade estranha. Promessas em penca.
*
Ex digito
gigans...
O martyrio e a dessiilusão começaram
logo ao embarque.
Ninguém se entendia, nem a própria
com missão de festejos.
Os convidados e a imprensa iam partir
no primeiro trem, ao passo que o séquito
official partiria em um segundo, com
accommodacOes confortáveis.
Depois de andarmos correndo a coxia,
de malas ás costas, encontrámos o glorioo
primeiro trem, um trem impossível, sem o
necessário e o indispensável para u m a
viagem de 95 léguas feitas á u n t e .
Nos pareceu a principio que, segundo
as boas praxes, a imprensa deveria acotn*
p a n h a r a matula imperial ^ mas não pensou assim a com missão, tau to que, um dos
nossos co 11 egas foi offandido physicainente
pelo Commeudador Cotta, membro da ceieberrima com missão, pelo simples facto
cie pretender o segundo trem ao primeiro.
Finalmente, ás 8 l j 2 horas a locomotiva sibilou e pachorrentamente o comboio
começou a mover-se como um sucury a
fizer o chylo.
O que se deu nas 16 horas que passámos,
uns sentados, outros a cochilarem de pé, é
indescriptel ! frio, fome e s e d e . . . a granel. Alguns viajantes, pessoas de sensível
senso pratico, chegaram a ponto de não esquecerem-se também da propagação d a . . .
especie !
Julio Verne, o imaginoso Julio Verne
jámais pensou em descrever semelhantes
paginas e oxalá ! se tivesse pensado uma
exposição continental em S. Paule, talvez
não a concebesse de um modo tão extraordinário e interessante.
Ao ineio-dia seguinte chegámos á estação da capital paulista, cadavéricos, tontos, empoeirados. Ao apito da machina,
aununciando a nossa chegada, um foguetorio medonho subio ao ar, chiando e
e s t a l l a u l o a dynamite que tanto medo
causa aos imperadores de todas as Russias.
Até que afinal tínhamos chegado I I 1
T A R T A R I N DE T A R R A S C O N .
[Continua).
Madrugada Pagã
A l o u r a deusa das m a n h ã s radiosas
Que enflora os campos e sonorisa os ninhos,
Surge, espalhando á beira dos caminhos
Giestas em flor e pétalas de rosas.
Abre Amalthéa flórida as copiosas
T ô t a s ; andulam no ar os passarinhos ;
Langues, as messes cuivam-se aos carinhos
Das m a t u t i n a s virações maviosas.
A's festas que havia na cidade e nos arrabaldes, nunca faltava. Lá se ia sempre
carregada de eucommendas, rodando por
entre o povilhéo apinhado ao longo da
l i n h a a palrear com as mulheres g a r g a lhando g a r g a l h a d a s escancaradas.
E 110 entanto agora via-se completamente só, derruindo-se àsombra J o grande
tamarineiro copado, sem um lenitivo para
a saudade funda, a saudade intima de
todos os seus triumphos, de todas as suas
grandezas. . .
A R T H U R DE M I R A N D A .
Ergue-se em meio do m u r t h a l virente
A voz de Pan que se escoar parece
Em catadupa tremula e sonóia ;
Isto 6 11111 cu 11111 lo
Cumulo da
E , como ouvindo a musica dolente,
Vénus empallidece, e m p a l l i d e c e . . .
E desmaia^entre as p u r p u r a s da a u r o r a .
V I C E N T E DE
arte typographica :
Compor os typos da r u a do Ouvidor.
CARVALHO.
Ahi vão uns pedacinhos de ouro.
« . . . 0 espirito deixa 11a terra a sua
grosseira túnica e sóbe como o p e r f u m e
da flor, para essa eternidade onde tudo se
purifica, onde nasce o progresso. « Deixae
que os espiritos grosseiros esqueçam os
mortos, — dae-lhe vós o vosso peito, as
vossas lagrimas, as vossas flores 1 « Parece incrivel, mas é uma pura verdade :—
a vida e a morte ligam-se em um amplexo
amigavel trabalhando no mesmo sentido
para a grande obra da natureza — porque
a creação é tanto obra da morte como da
vida.» (Ah ! calemburgo maldito ! )
Estupendamente physio-psychico-philosophico, exclamou o Aderbal de Carvalho,
enthusíasmado.
X
Deve apparecer por todo o mez de Dezembro As Paysagens, o livro de versos
do Benevenuto Pereira.
Poeta primoroso, artista finissiino e
suave, o livro do Benevenuto será, incontestavelmente, um successo litterario.
X
A PRANCHA
Estava para ali atirada a um canto do
terreiro da officina, velha, escangalhada,
a derruir-se pela humidade sombria de
um grande tamarineiro copado.
Abandonada para sempre, sein mais
valor, ia-se desfazendo aos poucos, até que
se consumisse de vez do palco ruidoso da
vida operosa, onde brilhara em seus primeiros tempos.
Tinha desejos agora de ser queimada,
de sumir-se de chofre d a q u e l l e centro, do
meio bulhento das bestas vadias, em que
outr'ora, em plena efflorescencia de sua
mocidade e solidez fugidas, aquietava-se
orgulhosa de seus triumphos e grandezas.
Que lhe dessem 11111 fim rápido, que a segregassem do contacto, das vistas de suas
companheiras modernas, do proprio canto
a servir-lhede tiunuloaberto, chacoteada,
satyrisada, mesmo pelos carroçOes medonhos e a mtilada em recreio espojaudo-se
contente 11a poeira amarellada e tina.
Quando sahira da officina, prompta, de
madeira fórte, pintada de umas pinceladas
g r a n d e s e grossas de azulejo, mettera inveja a todas as pranchas da companhia,
O seu jogo de rodas, feito de ferro temperado a tresandar um cheiro acre de piche,
p u n h a 11a superficie luzidia dos trilhos o
attrito sonóro, esfuseaute, de ferro polido.
Por isso o chefe do trafego destiuara-lhe
então a parelha baia, uma parelha de
bestas gordas, valentes de arrancar com
as ferraduras de aço f a g u l h a s de fogo nos
calçamentos das ruas. iVentre os cocheiros
mais novos escolhera para ella o José Timão, bello typo tropical, moreno, musculoso, espadaúdo e de bigodes fartos.
Toda a vez que o Timão se lhe eucarapitava torcia o chapéo ao lado e, contente
de dirigil-a, batia-lhe de quando em
quando com o pé direito em seu tablado
muito unido, em delicia brutalhona de
mulato mariola.
Do Ferreira Júnior, recebemos uma
carta de (52 paginas e este extraordinário
perfil do Lima Campos :
PERFIL
DO LIMA CAMPOS
X
POR
F E R R E I R A
No cemiterio:
Um genro banhado am l a g r i m a s j u n t o
ao tumulo da sogra : « Descansa em paz,
ó minha sogra adorada ! descansa em paz
para todo o sempre sem te lembrares de
mim, que te estimo tanto. »
Textual.
J Ú N I O R
Si eu dissesse que o Campos tem talento, —
Que soube aproveitar o seu passado, —
Que soube dirigir o pensamento, —
Que no m u u a o das lettras é fatiado..
— Si eu dissesse que ó moço e delicado, —
Que além de ler um nobre sentimento
W por muitos co 11 egas e s t i m a d o . . . —
Seria descrevel-o n'um m o m e n t o . . .
Eu não quero fallar de um jornalista, —
l)escrevel-o em quatorze linhas rectas
E não puder graval-as a buril ! . . .
Chegou hoje da Europa, o grande e
iminaculado Lopes Trovão, deputado ao
Congresso.
THOMÉ.
Menina alevanta a saia,
Não deixa a renda a r r a s t a r ,
A renda custa dinheiro,
Dinheiro custa a g a n h a r .
— Si eu fosse gravador e retratista —
Seu rosto e a pallidez que tem dos poetas
Fazia recordal-os n'am perfil ! . . .
Divino, não a c h a m ! poiso Lima Campos
que agradeça ao Ferreira.
Olha o Ferreira Júnior 11a pontissima
da ponta, seos poetas.
X
Os rapazes da imprensa fluminense que
foram a S. Paulo, estão furiosos com o tratamento que lá receberam da celeberrima
com missão dos festejos.
Aquilio não foi senão uma exposição
d e . . . fiascos.
Enfoncé, S. Paulo.
X
As sessões preparatórias do Congresso
nacional começaram 110 dia 4 do corrente
em uma das salas do Cassino Fluminense.
Bravos ! até que afinal temos discursos
que fazem rir á gente.
x
Souvenir,
o delicioso Souvenir,
deitou
philosophia espiritualista, no dia dos
mortos, pelascolumuas do Diário do Commercio.
N'um collegio
Professor. — Menino, quaes são os jornalistas luso brasileiros mais celebres
pelos seus deliciosíssimos trabalhos litterarios ?
Menino. — Só existe um, senhor professor, que se chama Ed. Salamonde.
Professor. — Menino, qual o nosso
maior publicista politico ?
Menino. — E' o senhor Léo da Fonseca.
Professor. — Muito bem, muito bem,
pôde retirar-ae.
Conversa
intima
— O' L é o ? . . . Léo?
— Que é, Salamonde ?
— Desde que vim de P o r t u g a l ainda
não tive tempo de m u d a r a jaqueta e de
tomar um banho.
— O r a ! g r a n d e admiração. Pois este
seu criadiíiho, desde o dia em que veio ao
mundo, está concebendo um edictori al
politico para o Mercantil.
6
REVISTA
.A. santinha
DE
N ' u m a floresta bravia,
Bem 110 centro, esfuracada,
Em outros tempos havia
Uma choupana habitada.
ILLUSTRADA
MAHOMBiV
Não sabemos, não senhor ; queira perg u n t a r ao Sr. Deiró.
•
*
Ao lado nivea corrente
Serpeava sinuosa,
Por cima, a m u r t h a cheirosa
Floria l a n g u i d a m e n t e .
Os gaturamos em bando,
Em bando a agreste andorinha,
Vinham cantando, cantando,
Poizar ali, á noitinha.
Py ri lampos, ao assou te
Das sombras por entre as flores,
— As lanternas multicores
Dos viandantes da noute.
Apenas pallidos lumes
Tremulavam pelo espaço,
Vinham todos, aos cardumes,
Aconchegar-se ao regaço.
D'aquella choupana q'rida,
Onde uma velha sosinha
C o g n o m i n a d a — a santinha,
Passava o resto da vida.
O Congressoahi está para nos dar uniforme de gente civilisada.
Precisamos saber a quantas andamos ;
temos necessidade de leis apoiada* pelo
voto popular ou pelo menos feitas sob a
invocação de sua voutade ; porque, aqui
entre nós, o povo é uma entidade a quem
se liga muita importancia subjectivamente, mas de quem se faz muito pouco
caso objectivamente.
O Sr. commendador Betheucourt da
Silva, nãoapromptou a tempo casa conveniente para os representantes da soberania
popular.
D'ahi o irem elles, os deputados, para o
Cassino Fluminense,onde encontraram uns
bancos estofados muito apropriados para
um intervallo de quadrilha á polka ou de
polka á walsa; mas, com certeza, bem iucommodativos para quem tem que ficar horas e horas deliberando, e ás vezes ouvindo
discursos de légua e meia.
A l g u n s collegas disseram mal 'dos bancos por não terem elles encosto, o que parecia affectar de certo modo a espinha
dorsal dos seus proprietários ; penso eu,
iorém, que o estofo de que elles estam
orrados é que vae tornar irritável muita
g e n t e que veio representar, principalmente os que chegaram lá das bandas do
norte com muito abuso do cucdo,
pirarucu
e muque ca.
Diz-se á bocca pequena, por a h i , que
vai haver campo fertilissimo para maldosos reporters
colherem succulentas
piadas.
O que eu posso g a r a n t i r por emquauto,
meus senhores, é que a caracteristica rhetorica do tempo dos papos de tucano aind?è
predominará.
Em todo o caso desejo que se distingam,
que procurem visar bem o interesse da Patria e que pelo facto de terem ido para o
Cassino não acabem 11'um grosso batuque
politico.
*
O í/t do Jornalzinho collocou o batalhão patriotico na seguinte attitude :
Ou parte ou f i c a . . . desmoralisado.
BLONDIN.
NO
CAMPO
Vamos sob este azul de J u n h o , fresco,
com gorgeios de passaros por baixo,
ao espinheiral em flor, j u n t o ao riacho .
e ao meu pobre casebre de ar tudesco.
De b a u n i l h a que aroma pittoresco
nesses teus seios estufados acho,
eu que o meu braço no teu braço encaixo
n*um certo garbo ufano e principesco.
F a l i a s - m e em frucios—em jaboticabas,
em l a r a n j a s cor de ouro e nas goiabas,
deste lindo pomar verde e prateado.
Fructos não ha, p o r é m , não fiques louca :
basta da tua perfumada bocca
o prohibido morango sasonado.
ARAUJO
FIGUEIREDO.
Í
Em moça fora tão pura
Que, a santa benção paterna
Coucedera-lhe a ventura
Da resignação eterna.
E sempre o bem praticara,
Sua a l m a — escrínio de pérolas,
Parecia ondinhas querulas
Que a alvorada iIluminara.
Dava um pranto á cada magoa,
Uni consolo aos desgraçados,
Os seus oihos, rasos d'agoa,
E r a m perdoes condensados.
Por isso todos na villa
Tanto bem a consagravam,
Que g u a r d a d i n h a a mostravam
No coração, na p u p i l l a . . .
Mas um dia a sorte rude
Lhe ferira atroz, maldita,
E a pobre, em doce attitude,
Se sujeitara coutricta ;
•
*
*
Appareceu, ha dias, o Sr. S. Pinto com
saltos de pulga pelas columnas da Lrazeta
gorda.
O homem é irrequieto devéras e deu-lhe
agora 11a telha bulir com o Sr. J. R.
Cuidado, seu P i n t o ! Olhe que o senhor
sahio do ovo ha pouco tempo e talvez
ainda não conheça a phrase :
Macaco não olha, ele.
Até qne ali, salitaria,
N a choupana esfuracada.
Hoje velha, conformada,
Vivia a vida de um paria,
Quando em rutila manhan
De florente primavera,
Sua esseucia — um t a l i s m a n ,
Deos a si j u n t a quizera.
*
*
*
Uma noticia dada á moda das
Varias
do Jornal :
Eucontrou-se hoiitem 110
ensilhamento
um papel com esses dizeres :
« Para major da guarda nacional vou
propor o Sr. A. Fabregas. »
A ser certa tal noticia é occasião para
dizer-se que o collega d 'O Paiz vai ser
um enigma de pennacho.
E as aves, e os py ri lampos,
E as phalenas multicores,
Teceram de a l g a s dos campos
Com muitas petlas de flores,
Uma rede bem tecida,
P'ra levarem ao eterno
O corpo virgem, materno,
Da S a n t i n h a estremecida.
•
Depois a chusma canora
Da rede ás pontas pegando,
Pelo espaço azul em fora
Se foi voando, v o a n d o . . .
•
Eu.
*
Um Sr. Curioso nos mandou i p e r g u u t a r
se quem escreve Conversemos 11a Tribuna conversa com aigueui ou a l g u m a
cousa que fica embaixo da mesa.
F r e e l y
A
ATALIBA
DE
LARA
Vae, meu peusamento, corre a buscar
os meus amigos todos, todos aquelles que
me querem, que sabem sentir com migo,
que se não riem de mim.
Hoje quero um dia de festa, quero que
todos sejam alegres, todos os q e me conheceram t r i s t e . . .
Vae, meu pensamento, corre a buscar
os que me estimara e tral-os aqui, gostosas do champagne, para o brinde que
deverão fazer-me. Anda, hoje é dia de
festa. . . hoje nasce vida nova para mim.
*
•
*
Assim, todos alegres.
Vá ! brindai-mel o chainpague ferve !...
Assim, nada ue tristezas, nada de saudades. Que todo esse passado morra, que
eu possa rir dos que de mim se riram !...
Vá! brindae o meu renascimento,brindae
o meu futuro.
Vamos, eu também quero beber e beber
muito.
Gosto de ver o c h a m p a g n e teimoso, a
subir, a subir,até derramar-se pelas bordas
das taças de crystal polido ..
Vá ! bebamos, meus a m i g o s : á vida
que para mim começa.
*
*
*
Agora obrigado.
Bebei se mais quizerdes ; mas guardairae uma taca cheia.
Faz-me bem este liquido captoso a esconder-se por sob a espuma branca, como
se fosse o collo tremulo da mulher que
j a m a i s eaquecerei, escoudido pelo rendilhado bonito da camisinha de tufos...
Bebei !... mas não vos esqueçais, eu
quero unia taça cheia, uma taça bem
cheia, uma taça t r a n s b o r d a n t e . . .
NINO
LYONEL.
REVISTA
Não ha inuito que mencionar na resenha
theatral dos últimos dias.
E se lia poucas novidades, é porque,
justamente, os theatros se tem dado muito
bem com as suas peças velhas, que lhe
g r a n j e i a m magníficos proventos.
Habilmente vão elles aproveitando esta
maré de carvoeiro, e acompanhando o
gosto da época que nunca se lhes manifestou mais favoravel.
O Ivololó, para repetir a pittoresca
expressão do Galvão, é o genero que continua a estar na ponta, para repetir a não
menos pittoresca expressão popular.
E' forçoso acreditar que uma grande
revolução está immineute sobre os nossos
theatros, e que esta fortuna singular que
tão inesperadamente os protege, é uma
especie de paz podre, a grande calma inquietadora, precursora dos grandes movimentos decisivos.
•
•
Suspendeu se em boa hora a escandalosa
carreira do Sarilho ; ou, mais propriamente, cessou de todo, porque a fomosa
revista do Recreio já. nada mais tinha
que dar.
Ha muito tempo que as vasantes eram
no condemnado theatro da rua do Espirito
Santo mais frequentes do que desejava o
emprezario Dias Braga ; e se o Sarilho
chegou ás cem representações (festejadas,
aliás, com g r a n d e barulho), foi só por
que assim o quiz o mesmo Sr., que tem
a mania de obrigar as peças a apodrecerem 110 cartaz, muito tempo depois de j á
lhes ter o publico torcido o nariz.
Succedeu ao Sarilho a muito a n n u n ciada comedia de Gaudi»lot La miriée recalcitrante, traduzida com o titulo /I mulher que não quer...
pelos liabdis escriptores Eugénio Tinto e Eugénio Marcondes.
A comedia agradou. Tem graça e está
correctamente traduzida.
Deve-se-lhe o
inestimável favor de jter vindo quebrar a
monotonia das repugnantes borracheiras
que se succedem de continuo 110 palco
n e s t e theátro.
*
*
*
No S a n t ' A n n a o emprezario Heller tem
dado o vaudeville Os Melros If ranços, a
revista A Grau
Via e variados intermédios com que baldada mente procura
a t t r a h i r a concurrencia publica, emquanto
não põe em scena o drama fantastico O
lago das fadas, arranjado pelo Sr. Fabregas de uma opera de Scribe, posta em
musica por Auber.
Bem merece o Heller que o Lago lhe dè
rios de dinheiro.
0
*
*
*
O Sr. Furtado Coelho— já não sabe
que bambochatas exhibir para g a n h a r
d i n heiro.
Tendo contratado quasi todos os ar
tistas do Rio de Janeiro, dos quaes tem
despedido a maioria quasi em seguida,
vai se a g a r r a n d o desesperadamente ao
7
ILLUSTRADA
Vasques, que com todo o sen merecimento
não pode ser chamariz bastante, que dê
popularidade a um theatro completamente
desmoralisado,coino o Lucinda.
Ultimamente o cominendador Furtado
soccorreu-se do Galvão, suppondo quo o
nome d este artista contribuiria para fazer
o successo do drama A s armas pela patria!
uma imbecil cebolada patriótica preparada
para engazopar os portuguezes (le boa fé.
Mas a colonia lusitana já se não deixa illudir com estes processos de exploração,
que se não recommendatn pelo talento nem
pela habilidade.
Parece que, desanimado,o commendador
v o l t a . . . pela 3 a vez. a cultivar o café
c a n t a n t e . . . uma das suas formas de regenerar o t h e a t r o . . .
O café cantante no L u c i n d a . . . Também, de Março a A b r i l . . .
•
*
*
Na Phenix Surcouf
j á tem vinte e
tantas representações felizes, e no Variedades a 4 Dama de Ouros dá os últimos espectáculos, antes da magica Frei
Satanazt
que, ao que nos dizem, é magica dos
diabos.
BINOCULO.
Cumulo espirita :
Invocar o espirito d e . . . viuho.
Livro da poria
Estou penalisado.
Imagina tú, carissimo leitor, que o
meu collega Miranda chegado de S. Paulo,
passou por lá uma vidinha de cachorro.
Quando elle d'aqui partio, foi gordo,
sadio, forte, e volta-uos agora magro,
escaveirado, cabellos e barba crescidos em
duas tranças, cheio de carrapatos e amarello como um cadaver.
Pobre do collega I se elle soubesse que
a celeberrima exposição continental, havia
pol-o no estado em que se acha, certamente nunca arredaria pé d'aqui.
A minha magua por elle é tão profunda
que, hoje ao escrever esta secção, tive
iinpetos de transformal-a n'um necrologio.
Euifitn, a differença não é lá muito
grande ; tú mesmo lias de notar, bom
lei to a falta de espirito n'astas linhas
abaixo que sempre primaram pela verve
encantadora e tout à fait parisiense.
— Da caudelaria americana recebemos
a encantadora valsa Iberê na Ponta, composta pelo S r . Santos Franco.
Muito chie e muito obrigado.
— 0< Srs. Fertin de Vascoucellos &
Moran, enviaram-uos um exemplar da
Polka Santinha,
composição de J . G.
Christo e editada pela firma supra.
Gostamos immenso do presente t r a b a l h o
do Sr. C h r i s t j que, ao euvez de dogmas e
de religiões, delicia-nos com magnificas
polkas e valsas que tão bem sabe compor.
— O distincto director do Lyceu de
Artes e Officios de Santa Cathariua dirigiu-rios uma c a r t i n h a toda amavel que
comeca assim : — Sendo mui sensível a
falta, de vossa conceituada folha Itevista
IIlustrada,
na bibilhotheca e gabinete
de leitura d'es te Lycêo, torno a liberdade
de pedir-vos que vos digneis remeiter-nos
g r a t u i t a m e n t e esse interessante jornal e
concorrer assim para o engrandecimento e
prosperidade d'esta instituição p >pular.»
De accordo, Sr. director. Deixar-se de
ler e assignar
a Revista é um crime inqualificável,
— Dos Srs. Hants & Comp., residentes
em S. Paulo, (em S. Paulo !) recebemos
dous maciuhos dos cigarros—Homenagem
a José Bonifacio.
Magníficos cigarros.
Cá estamos sempre ás ordens, Srs.
Hauts
Comp., quando quizerem nos
enviar a l g u n s m i l h e i r o s . . . sem ceremonia.
— Não sabemos mais onde buscar
adjectivos bonitos e chics para noticiarmos os convites e as festas dos diabos dos
rapazes dos Democráticos e Tenentes do
Diabo. Estamos realmente embaraçados.
Esplendidas, sublimes, aduiiraveis, etc,
etc, etc, j á estão tão chapas que não as
empregamos mais. E. a pez ar de todos os
pezares, estes adjectivos não dão idéa
precisa nem das festas nein dos cartões.
Como não encontramos mais palavras
agradaveis, ahi vai um alqueire de
abraços aos eudemoinhados rapazes.
— Pelo mesmo caminho vão o Derby, o
Jockey e o Hippodromo Nacional.
Meus caros Srs., recebam também seis
dúzias e meia de abraços bem apertados,
ouviram ?
—As distinctas amadoras, Exmas Sras.
DD. Maria Antonieta S a l d a n h a da Gama
e Maria de Freitas, orgauisaram 110 saião
Heclit um concerto em beneficio das obras
da capella do Apostolado do Coração de
Jesus (quantos dòy irra 1)
Muito apreciamos e agradecemos o
amavel couvite, que tão gostosamente nos
dirigiram.
— E ponto final, por hoje.
PACIFICO.
A V I S O
Aos nossos assignantes que se
acham em atrazo, rogamos a fineza de mandarem regularizar
suas contas, podendo fazel-o em
carta registrada, pelo correio ou
por qualquer outro modo, pelo
que, desde já. lhes apresentamos
os nossos agradecimentos.
A Administração.
Typ. «le J. Barbosa & C., rua d'juda 11. 31
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como nos outros virmos, chovptr
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Cjnetnplo, por o velem superior, muplou-se.
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oyi, fptxenplo-o repetir PI todos os instantes:
— Cptftio no PIÍPÍ Z; pie vi PI ser no
elipt 2, Como nos tempos Pintiejos.
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