VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X
TECNOLOGIA ASSISTIVA E A INCLUSÃO ESCOLAR DE CRIANÇAS QUE
POSSUEM DEFICIÊNCIA FÍSICA EM ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS
DE MANAUS-AM.
¹CHRISTIANE DA COSTA BRUCE,
Universidade do Federal do Amazonas – UFAM
²MARIA ALDENORA DOS SANTOS LIMA
Universidade do Federal do Amazonas – UFAM.
³MARIA FRANCISCA NUNES DE SOUZA
Universidade do Federal do Amazonas – UFAM.
INTRODUÇÃO
Este trabalho é um recorte de uma pesquisa que foi realizada como pré-requisito para a
conclusão de um curso de especialização em educação especial inclusiva pelo Centro
Universitário Leonardo da Vinci e se movimentou no sentido tentar explicar à
importância do uso de tecnologias assistivas enquanto elemento facilitador da inclusão
escolar de crianças que possuem deficiência física em escolas públicas Municipais
Manaus- AM.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, 9394/96, buscando a
democratização do ensino no Brasil, preconiza que as crianças com necessidades
educacionais especiais sejam matriculadas preferencialmente no ensino regular. Este
movimento têm-se observado nos dias atuais. No entanto, há muitos questionamentos
sobre a forma como esse processo vem ocorrendo. No geral, as escolas argumentam
falta de preparação para receber esta clientela.
Neste pensamento, aquilo que pressupõe incluir a criança com necessidades
educacionais especiais no contexto educativo, acaba por muitas vezes favorecer, através
do abandono pela escola e pelo professor, a exclusão desse alunado dentro da própria
escola. Nesta perspectiva, pesquisas como a proposta neste trabalho objetiva analisar
fatores determinantes para que essa inclusão ocorra de direito e de fato, como uso de
tecnologias assistivas, que segundo pesquisas na área educacional, é um campo do
conhecimento de caráter interdisciplinar que envolve produtos, recursos, metodologias
dentre outros, os quais visam dar funcionalidade ao cotidiano das pessoas com
deficiência física ou mobilidade reduzida.
É importante enfatizar que ao mesmo tempo em que a Lei Diretrizes Bases, 9394/96 diz
que as crianças com necessidades educacionais especiais devem ser atendidas
preferencialmente na rede regular de ensino, também preconiza métodos, técnicas e
recursos educativos específicos para atender esta clientela, para que assim a escola
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possa cumprir seu papel democrático, assegurando aos educandos com necessidades
educacionais especiais tanto os recursos de tecnologias assisitivas disponíveis no
mercado para comercialização quanto os que podem ser confeccionados pelos próprios
professores de acordo com as necessidades do educandos.
Acredita-se que para haver de fato a inclusão desse alunado no ensino regular fazem-se
necessárias políticas públicas eficientes, as quais viabilizem ações mais concretas para
que haja maior coerência entre o que está escrito nas legislações e a realidade das
escolas no que se refere ao uso de tecnologias assistivas que facilitem a participação das
crianças que possuem deficiência física nas atividades inerentes ao contexto educativo.
CONCEPÇÃO DE ESCOLA, ALUNO E PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
Entender que o aluno não é uma folha em branco, mas constituído histórica e
socialmente e que a escola enquanto instituição a serviço da sociedade precisa estar
atenta às características e necessidades individuais do alunado é fator fundamental para
que esta possa da uma resposta educativa positiva a toda sua clientela.
Neste contexto, acredita-se ser necessária uma maior reflexão sobre concepção de
educação e de aluno que um professor se fundamenta para que assim possa subsidiar
conscientemente sua prática. Sobre essa questão Carvalho (2004,) pontua que antes de
ser praticada a educação precisa ser pensada em seu sentido e significado para as
pessoas e para a sociedade. A educação nesse pensamento é um ato político, consciente
e coerente. Não pode ser realizada aleatoriamente. Todos os procedimentos e
metodologias adotadas terá influência direta no tipo de aluno e de sociedade que se
pretende formar.
Para Feltrim (2007) os estudos da área pedagógica e psicológica como os de Vygotsky e
Piaget, podem subsidiar a concepção de escola e aluno e processo ensino-aprendizagem
no qual se baseará a práxis do professor.
De acordo com Feltrim (2007) a contribuição de Vygotsky para o que chama de
pedagogia da diferença está relacionada a sua visão sócio histórica da educação. Nesta
linha, o indivíduo é um ser histórico-social, onde as características de seu
funcionamento psicológico e comportamento são construídos ao longo da vida, em suas
interações com o meio social. Este autor destaca a importância do papel do professor
enquanto mediador do processo ensino-aprendizagem.
A colaboração de Piaget, citado por Feltrim (2007), está relacionada a concepção de que
o indivíduo é construtor do próprio conhecimento e o conhecimento uma construção
cumulativa da relação indivíduo/meio. Nessa teoria, o conhecimento não é transmitido,
mas construído nas inter-relações entre o indivíduo e objeto de conhecimento. Nesta
ideia o indivíduo pode analisar seu próprio processo de aprendizagem. Assim,
elementos como o erro não é visto como um fim em mesmo, mas como o ponto de
partida para o processo ensino-aprendizagem.
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Portanto, a prática pedagógica do professor deve ser consciente, coerente e alinhada
com uma política de democratização da escola, estando dessa maneira relacionada a
uma sólida concepção de escola, aluno e processo ensino-aprendizagem sinalizando
para uma pedagogia do diferente, essencialmente inclusiva. Dentre outros aspectos, esta
concepção precisa ser traduzida em ações mais concretas no interior das escolas como
no uso de tecnologias assistivas que objetivem dar funcionalidade as atividades
pedagógicas dos alunos que possuem deficiência física ou mobilidade reduzida.
TECNOLOGIA ASSISTIVA E A INCLUSÃO ESCOLAR DE DEFICIENTES
FÍSICOS
Durante muito tempo os deficientes, entre eles os que possuem limitações de ordem
motora foram tratados com preconceito e discriminação. Em decorrência de suas
deficiências eram associados à ideia de improdutividade, incapacidade, muitas vezes
considerados como verdadeiros lixos humanos.
Segundo Pereira (2009): A deficiência física refere-se ao comprometimento do aparelho
locomotor que compreende o sistema ósteo-articular, o sistema muscular e o sistema
nervoso. As doenças ou lesões que afetam quaisquer desses sistemas, isoladamente ou
em conjunto, podem produzir quadros de limitação física de grau e gravidade variáveis,
de acordo com os seguimentos corporais afetados e o tipo de lesão ocorrida. Partindo
dessa ideia compreende-se que os alunos que têm deficiência física têm
comprometimento em sua função motora, sendo afetados de acordo com o grau e a
gravidade das doenças ou lesões que causam as limitações de ordem motora.
De acordo Silva citado por Pereira (2009), as causas da deficiência física podem serHereditárias: transmitidas por genes; congênitas: presentes no indivíduo desde o
nascimento ou fase intrauterina e adquirida: adquirida depois do nascimento, por causa
de infecções, traumatismos ou intoxicações.
Quanto à classificação da deficiência física, ainda segundo Silva citado por Pereira
(2009), pode ser – temporária: depois de tratamento retorna às atividades normais;
Recuperável: há melhora com o tratamento; Definitiva: não há possibilidade de cura e
Compensável: melhora por substituição de órgãos ou membros.
Vale considerar que a partir de estudos no campo pedagógico, que tem gerado mudança
de conceitos e práticas pedagógicas e da luta pelos direitos humanos, passa-se acreditar
que o fato de o indivíduo possuir deficiência física não significa que este seja incapaz. A
deficiência diz respeito a uma limitação que no caso do que a pesquisa pressupõe é de
ordem física, ao passo que a incapacidade surge na relação do indivíduo com o
ambiente onde vive.
Por exemplo: uma pessoa paraplégica pode apresentar incapacidade para andar, mas não
para aprender a ler, escrever, se comunicar com seus pares. Assim, os deficientes físicos
são aprendizes em potencial e tem o direito de serem atendidos de acordo com suas
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particularidades, tendo ambientes públicos como as escolas adaptados às suas
necessidades individuais.
Infelizmente muitos desses indivíduos ainda acreditam que são seres incapazes e
acabam se acomodando, restringindo suas vidas ao isolamento social, inclusive
educacional. No entanto, observa-se um movimento político a nível mundial que tem se
intensificado nas últimas décadas no sentido de disponibilizar aos indivíduos que
possuem necessidades educacionais especiais uma maior qualidade de vida, o que
perpassa é claro por sua inclusão no ambiente educacional.
A Declaração de Salamanca (1994) pontua que as crianças com necessidades
educacionais especiais tenham acesso à rede regular de ensino através de uma
pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer suas necessidades. No entanto, para
isso, faz-se necessário que sejam utilizados o maior número de recursos, métodos,
serviços, técnicas dentre outros aspectos para facilitar a vida dos deficientes físicos. A
tecnologia assistiva constitui uma alternativa adequada para responder às necessidades
deste contexto.
Galvão (2010) pontua que são inúmeros os recursos simples de baixo custo que podem
e devem ser disponibilizados nas salas inclusivas, conforme a necessidade do alunado,
tais como: suportes para visualização de textos ou livros, fixação do papel ou caderno
na mesa com fitas adesivas, engrossadores de lápis, substituição da mesa por pranchas
de madeira ou acrílico fixadas nas cadeiras de rodas dentre muitas outras possibilidades.
O autor depreende que tudo isso se trata de tecnologia assistiva e que a utilização destes
instrumentos pode marcar a diferença entre a participação ou não de crianças que
possuem necessidades educacionais especiais nas atividades juntamente com seus pares.
Sobre esta questaõ Pereira (2009) enfatiza que a maioria dos portadores de deficiência
física necessita dos recursos disponíveis no mercado para facilitar seu cotidiano. Estes
recursos são instrumentos que recebem o nome de tecnologia assistiva. Esta tecnologia
constitui importante facilitador da vida dos indivíduos que possuem limitações de
ordem física, sendo que estes instrumentos visam otimizar a vida social e escolar dessa
clientela.
Galvão (2009) faz uma análise histórica sobre o conceito de tecnologia assistiva,
pontuando sua origem, as concepções europeias sobre o conceito e seu surgimento no
Brasil, inferindo que este é um conceito relativamente novo e que está em plena
formação. No entanto, conclui sua discussão e estudo conceitual inferindo que o Comitê
de Ajudas Técnicas (CAT) aprovou por unanimidade em dezembro de 2007 a adoção da
seguinte formulação para o conceito de tecnologia assistiva.
“Tecnologia assistiva é uma área de conhecimento de caráter
interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias,
estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a
funcionalidade relacionada a atividade e participação de pessoas
com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando
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sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão
social”.
Barnes e Turner, citado por Pereira (2009) dizem que a tecnologia assistiva envolve
áreas como: comunicação alternativa e ampliada; mobilidade alternativa- uso de
cadeiras de rodas, andadores e pranchas de deslocamento; posição adequada na cadeira
da escola- estabilizadores ou cadeira de rodas; acesso ao computador e suas adaptaçõesteclados alternativos, softwares especiais ou mouses alternativos; adaptações da vida
diária- higiene e alimentação; acessibilidade e adaptação de ambientes- rampas e
banheiros adaptados.
O uso deste arsenal de aparatos, que objetivam dar funcionalidade ao dia a dia dos
deficientes físicos no ambiente escolar é ponto observado na Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Brasileira 9394/96, a qual pressupõe para a inclusão escolar das crianças
com necessidades educacionais especiais currículos, métodos, técnicas, recursos
educacionais específicos para atender as necessidades desse alunado.
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva de janeiro de 2008,
também preconiza a utilização de tecnologias assistivas para a inclusão escolar de
alunos que possuem necessidades educacionais especiais, enfatizando as possíveis
necessidades de comunicação alternativa, acessibilidade e materiais pedagógicos,
sinalizando para a articulação entre o atendimento especializado e a proposta
pedagógica do ensino comum.
Entende-se assim que o uso de tecnologias assistivas é fator fundamental para a inclusão
escolar das crianças que possuem deficiência física, os quais poderão ter acesso aos
vários ambientes da escola e utilizar mobiliários e materiais pedagógicos adaptados às
suas necessidades, tendo dessa forma removidas importantes barreiras para suas
aprendizagens escolares, favorecendo também a desconstrução da ideia negativa
relacionada ao diferente.
MÉTODO
Quanto à metodologia a classificação deste estudo se baseou nos estudos de Gonçalves
(2003). Nesta perspectiva, propôs-se um trabalho segundo a natureza dos dados de
caráter qualitativo. De acordo com as fontes de informação optou-se por uma pesquisa
bibliográfica e pesquisa de campo. No que se refere aos objetivos esta pesquisa se
movimentou pelo viés explicativo.
A técnica de coleta de dados utilizada foi entrevista semiestruturada. Serviram como
sujeitos dessa pesquisa duas professoras de escolas públicas municipais de Manaus-AM.
O critério utilizado para a escolha da amostra foi ter recentemente atendido ou estar
atendendo crianças que possuem deficiência física em escolas públicas municipais de
Manaus.
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Para Triviños (2010), a entrevista semiestruturada é aquela que parte de certos
questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses que interessam a pesquisa.
Segundo Lüdke (1986) a entrevista é uma das principais técnicas de trabalho utilizada
em pesquisas sociais. A autora pontua inclusive que sua importância ultrapassa o
contexto das atividades científicas, sendo comumente empregada em outras atividades
humanas, como nos meios de comunicação em massa.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para sistematizar esta discussão denominou-se a primeira professora de professora A e a
segunda de professora B.
Alguns questionamentos realizados.
1.A Secretaria Municipal de Educação oferece recursos e materiais específicos para
atender crianças que possuem deficiência física?
Professora A: Não
Professora B: Não oferece nenhum recurso para atender essa clientela.
A falta de materiais apropriados para o atendimento das necessidades específicas de
alunos como os que possuem deficiência física foi pontuada tanto pelo professor A
quanto pelo professor B. Isto demonstra que os alunos que possuem deficiência física
não estão recebendo o atendimento necessário para terem removidas as barreiras para
sua aprendizagem. Acredita-se que o fato de os professores não receberem os materiais
pedagógicos específicos para atender as necessidades de seus alunos implica
diretamente na qualidade do serviço oferecido a esse alunado, que necessita de
tecnologias assistivas para dar funcionalidade as ações que realiza em seu cotidiano
escolar, possibilitando sua inclusão de fato.
É importante lembrar que Pereira (2009) infere sobre a necessidade que grande parte
das pessoas que possuem deficiência física tem de utilizar tecnologias assistivas, sendo
que esses instrumentos objetivam facilitar as atividades que precisam realizar no seu
cotidiano, a exemplo das atividades de leitura e escrita inerentes ao espaço escolar.
2.Qual sua concepção sobre o uso de tecnologias assistivas no atendimento de crianças
que possuem deficiência física?
Professor A: É fundamental para o desenvolvimento e inserção desses indivíduos na
sociedade.
Professor B: A tecnologia assistiva facilita muito a inclusão dos alunos na sala.
Observa-se que as falas das entrevistas, embora um tanto reduzida, enfatizam a
importância do uso das tecnologias assistivas como elemento que possa dar uma maior
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funcionalidade a vida dos alunos que possuem deficiência física tanto no ambiente
escolar quanto na sua vida social de forma mais ampliada.
Esta importância diz respeito ao fato das tecnologias assistivas propiciarem o
atendimento às necessidades específicas do alunado que possui deficiência física com
relação a: comunicação ampliada ou alternativa; adaptação de materiais pedagógicos
como: lápis, tesoura, canetas, suporte para leituras; acesso ao computador através de
colmeias e acionadores; adaptação de objetos para higiene e alimentação; acessibidade
às escolas e banheiros adaptados.
A produção científica na área da tecnologia assistiva como de Barnes e Turner, citado
por Pereira (2009) pontuam que essa área de conhecimento pode se movimentar nos
seguintes aspectos:
Comunicação Alternativa e Ampliada;
Mobilidade Alternativa: uso de cadeiras de roda, andadores e pranchas de
deslocamentos;
Posicionamento adequado na cadeira da escola: uso de estabilizadores, entre eles o para
cadeira escolar, ou cadeiras de rodas.
Acesso ao computador e suas adaptações: teclados alternativos (colmeias), softwares
especiais.
Adaptação de utensílios da vida diária: materiais para higiene e alimentação.
Acessibilidade: adaptação de ambientes, como rampas e banheiros adaptados.
Acredita-se desta maneira que o uso de tecnologias assistivas sejam as mais simples
como adaptações do material escolar e adaptações de instrumentos da vida diária fazem
toda a diferença para a inclusão ou não de alunos que possuem deficiência física no
contexto escolar. Vale pontuar que estas tecnologias podem ser construídas pelos
professores de acordo com as particularidades de seu alunado. Muitas vezes são
elementos tão simples mais que podem e fazem toda a diferença quanto ao rompimento
ou não das barreiras para a participação de todos os alunos no processo educativo.
No que se refere a esta discussão Galvão (2009) infere que frequentemente, a
disponibilização de recursos e adaptações bastante simples e artesanais que podem ser
construídos pelos professores, torna-se a diferença, para determinados alunos com
deficiência, entre poder ou não estudar e aprender junto com os seus colegas.
3.Quais suas principais dificuldades para atender crianças que possuem necessidades
educacionais especiais como as que possuem deficiência física.
Professor A: O apoio em relação a pessoal e o ambiente físico, capacitação em serviço e
material de apoio pedagógico.
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Professor B: A falta de capacitação e falta de uso de tecnologias assistivas, o que dificulta a
execução das atividades em sala.
Depreende-se das falas das entrevistadas que suas dificuldades no atendimento de alunos que
possuem deficiência física estão relacionadas tanto a ausência da formação em serviço na
perspectiva da educação inclusiva, que inviabiliza muitas ações como foi pontuado acima, às
vezes simples e artesanal quanto a carência de tecnologias assistivas como a materiais
pedagógicos específicos e acessibilidade a espaços como os banheiros adaptados.
Neste contexto é importante pontuar o que preconiza a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. (Art. 59)
“Os sistema de ensino assegurarão aos educandos com necessidades
educacionais especiais:
I-professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para
atendimento especializado, bem como professores do ensino regular
capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns.
II-currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específica, para atender as suas necessidades.”
Percebe-se desta forma que as dificuldades pontuadas pelos professores estão
relacionadas ao que a LDB 9.394/96 preconiza como necessário para assegurar aos
educandos com necessidades educacionais especiais uma inclusão escolar de direito e
de fato. Contraditoriamente a pesquisa sinaliza para uma dissociação da política pública
na área educacional e a realidade das escolas municipais de Manaus. Urge então a
necessidade de um movimento por parte da gestão maior dos sistemas educacionais e a
comunidade local no sentido de se implantar uma escola que possa realmente dar uma
resposta educativa positiva a todos que a procurarem, inclusive o alunado que possui
deficiência física, que necessita das tecnologias assistivas para realizarem das mais
simples as mais complexas atividades inerentes ao contexto escolar.
CONCLUSÃO
Através da realização deste estudo pôde-se observar um pouco do panorama da
“inclusão escolar”, de crianças de possuem deficiências físicas nas escolas públicas
municipais de Manaus- Am, enfatizando-se neste movimento a utilização de tecnologias
assistivas como elemento facilitador deste processo.
Em primeiro lugar os resultados da pesquisa demonstram que não têm sido
disponibilizada formação específica e muito menos tecnologias assistivas para os
professores atuarem com seus alunos, o que têm gerado a baixa qualidade do serviço
oferecido a estes educandos e consequente a impossibilidade de inclusão de fato destes
alunos no contexto escolar.
Num segundo momento, constatou-se que os professores apesar de não possuírem
formação específica na da educação especial inclusiva reconhecem a importância das
tecnologias assistivas para a efetiva participação dos alunos que possuem deficiência
física nas atividades inerentes a escola e pontuam que a ausência destes instrumentos,
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recursos e serviços se constitui como um grande empecilho para a efetiva participação
deste alunado nas atividades diárias das escolas. Esta problemática se configura na
visível dissociação entre as políticas públicas internacionais e nacionais da educação
especial na perspectiva inclusiva e as ações que se têm sido tomadas no interior das
escolas municipais de Manaus- Am.
Portanto, faz- se urgente que as mantenedoras se movimentem no sentido de traduzir as
políticas na área da inclusão em ações mais concretas no seio das escolas municipais de
Manaus. Infere-se neste processo a importância da disponibilização de tecnologias
assistivas sejam as comerciais sejam os materiais necessários para sua construção pela
escola, para que assim as crianças que possuem deficiência física possam ter removidas
as barreiras que impedem suas aprendizagens junto com seus colegas, barreiras que
impedem sua inclusão de fato na escola municipais de Manaus-Am.
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