Leitor crítico — Jovem Adulto
Árvores e tempo de leitura
Leitor crítico — 7–a e 8a séries
MARIA JOSÉ NÓBREGA
Leitor fluente — 5a e 6a séries
O que é, o que é,
Uma árvore bem frondosa
Doze galhos, simplesmente
Cada galho, trinta frutas
Com vinte e quatro sementes?1
RICARDO AZEVEDO
Chega de saudade
PROJETO DE LEITURA
Coordenação e elaboração:
Maria José Nóbrega
Somente com uma rica convivência com objetos culturais — em ações socioculturalmente
determinadas e abertas à multiplicidade dos
modos de ler, presentes nas diversas situações
comunicativas — é que a leitura se converte em
uma experiência significativa para os alunos.
Porque ser leitor é inscrever-se em uma comunidade de leitores que discute os textos lidos,
troca impressões e apresenta sugestões para
novas leituras.
A compreensão de um texto resulta do resgate de muitos outros discursos por meio da
memória. É preciso que os acontecimentos ou
os saberes saiam do limbo e interajam com as
palavras. Mas a memória não funciona como
o disco rígido de um computador em que
se salvam arquivos; é um espaço movediço,
cheio de conflitos e deslocamentos.
Alegórica árvore do tempo…
Enigmas e adivinhas convidam à decifração: “trouxeste a chave?”.
A adivinha que lemos, como todo e qualquer texto, inscreve-se, necessariamente, em
um gênero socialmente construído e tem,
portanto, uma relação com a exterioridade que determina as leituras possíveis. O
espaço da interpretação é regulado tanto
pela organização do próprio texto quanto
pela memória interdiscursiva, que é social,
histórica e cultural. Em lugar de pensar que
a cada texto corresponde uma única leitura,
é preferível pensar que há tensão entre uma
leitura unívoca e outra dialógica.
Encaremos o desafio: trata-se de uma
árvore bem frondosa, que tem doze galhos,
que têm trinta frutas, que têm vinte e quatro sementes: cada verso introduz uma nova
informação que se encaixa na anterior.
Quantos galhos tem a árvore frondosa?
Quantas frutas tem cada galho? Quantas
sementes tem cada fruta? A resposta a cada
uma dessas questões não revela o enigma. Se
for familiarizado com charadas, o leitor sabe
que nem sempre uma árvore é uma árvore,
um galho é um galho, uma fruta é uma fruta,
uma semente é uma semente… Traiçoeira, a
árvore frondosa agita seus galhos, entorpecenos com o aroma das frutas, intriga-nos com
as possibilidades ocultas nas sementes.
Um texto sempre se relaciona com outros
produzidos antes ou depois dele: não há como
ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.
Retornemos à sombra da frondosa árvore
— a árvore do tempo — e contemplemos
outras árvores:
O que é, o que é?
Deus fez crescer do solo toda
espécie de árvores formosas de ver
e boas de comer, e a árvore da vida
no meio do jardim, e a árvore do
conhecimento do bem e do mal. (…)
E Deus deu ao homem este mandamento: “Podes comer de todas as
árvores do jardim. Mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal não
comerás, porque no dia em que dela
comeres terás de morrer”.2
Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é
deixar escapar o sentido que se insinua nas
ramagens, mas que não está ali.
Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao
mesmo tempo que se alonga num percurso
vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na
terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em
flores, que escondem frutos, que protegem
sementes, que ocultam coisas futuras.
“Decifra-me ou te devoro.”
Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que
se desdobram em meses, que se aceleram em
dias, que escorrem em horas.
Ah, essas árvores e esses frutos, o
desejo de conhecer, tão caro ao ser humano…
2
Enc chega de saaudade COMUM.indd 1
pessoais e, progressivamente, como resultado
de uma série de experiências, se transforma
em um processo interno.
Há o tempo das escrituras e o tempo da
memória, e a leitura está no meio, no intervalo, no diálogo. Prática enraizada na experiência humana com a linguagem, a leitura
é uma arte a ser compartilhada.
Trilhar novas veredas é o desafio; transformar a escola numa comunidade de leitores é
o horizonte que vislumbramos.
Empregar estratégias de leitura e descobrir
quais são as mais adequadas para uma determinada situação constituem um processo
que, inicialmente, se produz como atividade
externa. Depois, no plano das relações inter-
Depende de nós.
__________
1
In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.
2
A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.
✦ nas tramas do texto
Gênero:
Palavras-chave:
Áreas envolvidas:
Temas transversais:
Público-alvo:
• Compreensão global do texto a partir de
reprodução oral ou escrita do que foi lido
ou de respostas a questões formuladas pelo
professor em situação de leitura compartilhada.
• Apreciação dos recursos expressivos empregados na obra.
• Identificação e avaliação dos pontos de
vista sustentados pelo autor.
• Discussão de diferentes pontos de vista e
opiniões diante de questões polêmicas.
• Produção de outros textos verbais ou ainda
de trabalhos que contemplem as diferentes linguagens artísticas: teatro, música, artes plásticas,
etc.
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
a) antes da leitura
Os sentidos que atribuímos ao que se lê
dependem, e muito, de nossas experiências
anteriores em relação à temática explorada
pelo texto, bem como de nossa familiaridade
com a prática leitora. As atividades sugeridas
neste item favorecem a ativação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão
e interpretação do escrito.
✦ nas telas do cinema
• Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou
DVD, que tenham alguma articulação com a
obra analisada, tanto em relação à temática
como à estrutura composicional.
• Explicitação dos conhecimentos prévios
necessários à compreensão do texto.
• Antecipação de conteúdos tratados no texto
a partir da observação de indicadores como
título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração,
informações presentes na quarta capa, etc.
• Explicitação dos conteúdos da obra a partir
dos indicadores observados.
✦ nas ondas do som
• Indicação de obras musicais que tenham
alguma relação com a temática ou estrutura
da obra analisada.
b) durante a leitura
DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA
pertence, analisando a temática, a perspectiva com que é abordada, sua organização
estrutural e certos recursos expressivos empregados pelo autor.
Com esses elementos, o professor irá identificar os conteúdos das diferentes áreas do
conhecimento que poderão ser abordados,
os temas que poderão ser discutidos e os
recursos lingüísticos que poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e
escritora dos alunos.
UM POUCO SOBRE O AUTOR
Procuramos contextualizar o autor e sua obra
no panorama da literatura brasileira para
jovens e adultos.
RESENHA
Apresentamos uma síntese da obra para
que o professor, antecipando a temática, o
enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar
a pertinência da adoção, levando em conta
as possibilidades e necessidades de seus
alunos.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Apontamos alguns aspectos da obra, considerando as características do gênero a que
3
✦ nos enredos do real
São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos
que auxiliem a construção dos sentidos do
texto pelo leitor.
• Ampliação do trabalho para a pesquisa de
informações complementares numa dimensão interdisciplinar.
• Leitura global do texto.
• Caracterização da estrutura do texto.
• Identificação das articulações temporais e
lógicas responsáveis pela coesão textual.
• Apreciação de recursos expressivos empregados pelo autor.
DICAS DE LEITURA
QUADRO-SÍNTESE
c) depois da leitura
O quadro-síntese permite uma visualização
rápida de alguns dados a respeito da obra
e de seu tratamento didático: a indicação
do gênero, das palavras-chave, das áreas e
temas transversais envolvidos nas atividades
propostas; sugestão de leitor presumido para
a obra em questão.
São propostas atividades para permitir melhor
compreensão e interpretação da obra, indicando, quando for o caso, a pesquisa de assuntos
relacionados aos conteúdos das diversas áreas
curriculares, bem como a reflexão a respeito
de temas que permitam a inserção do aluno no
debate de questões contemporâneas.
◗ do mesmo autor;
◗ sobre o mesmo assunto e gênero;
◗ leitura de desafio.
Sugestões de outros livros relacionados de
alguma maneira ao que está sendo lido, estimulando o desejo de enredar-se nas veredas
literárias e ler mais:
Indicação de título que se imagina além do
grau de autonomia do leitor virtual da obra
analisada, com a finalidade de ampliar o
horizonte de expectativas do aluno-leitor,
encaminhando-o para a literatura adulta.
4
6/29/06 11:13:15 AM
Leitor crítico — Jovem Adulto
Árvores e tempo de leitura
Leitor crítico — 7–a e 8a séries
MARIA JOSÉ NÓBREGA
Leitor fluente — 5a e 6a séries
O que é, o que é,
Uma árvore bem frondosa
Doze galhos, simplesmente
Cada galho, trinta frutas
Com vinte e quatro sementes?1
RICARDO AZEVEDO
Chega de saudade
PROJETO DE LEITURA
Coordenação e elaboração:
Maria José Nóbrega
Somente com uma rica convivência com objetos culturais — em ações socioculturalmente
determinadas e abertas à multiplicidade dos
modos de ler, presentes nas diversas situações
comunicativas — é que a leitura se converte em
uma experiência significativa para os alunos.
Porque ser leitor é inscrever-se em uma comunidade de leitores que discute os textos lidos,
troca impressões e apresenta sugestões para
novas leituras.
A compreensão de um texto resulta do resgate de muitos outros discursos por meio da
memória. É preciso que os acontecimentos ou
os saberes saiam do limbo e interajam com as
palavras. Mas a memória não funciona como
o disco rígido de um computador em que
se salvam arquivos; é um espaço movediço,
cheio de conflitos e deslocamentos.
Alegórica árvore do tempo…
Enigmas e adivinhas convidam à decifração: “trouxeste a chave?”.
A adivinha que lemos, como todo e qualquer texto, inscreve-se, necessariamente, em
um gênero socialmente construído e tem,
portanto, uma relação com a exterioridade que determina as leituras possíveis. O
espaço da interpretação é regulado tanto
pela organização do próprio texto quanto
pela memória interdiscursiva, que é social,
histórica e cultural. Em lugar de pensar que
a cada texto corresponde uma única leitura,
é preferível pensar que há tensão entre uma
leitura unívoca e outra dialógica.
Encaremos o desafio: trata-se de uma
árvore bem frondosa, que tem doze galhos,
que têm trinta frutas, que têm vinte e quatro sementes: cada verso introduz uma nova
informação que se encaixa na anterior.
Quantos galhos tem a árvore frondosa?
Quantas frutas tem cada galho? Quantas
sementes tem cada fruta? A resposta a cada
uma dessas questões não revela o enigma. Se
for familiarizado com charadas, o leitor sabe
que nem sempre uma árvore é uma árvore,
um galho é um galho, uma fruta é uma fruta,
uma semente é uma semente… Traiçoeira, a
árvore frondosa agita seus galhos, entorpecenos com o aroma das frutas, intriga-nos com
as possibilidades ocultas nas sementes.
Um texto sempre se relaciona com outros
produzidos antes ou depois dele: não há como
ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.
Retornemos à sombra da frondosa árvore
— a árvore do tempo — e contemplemos
outras árvores:
O que é, o que é?
Deus fez crescer do solo toda
espécie de árvores formosas de ver
e boas de comer, e a árvore da vida
no meio do jardim, e a árvore do
conhecimento do bem e do mal. (…)
E Deus deu ao homem este mandamento: “Podes comer de todas as
árvores do jardim. Mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal não
comerás, porque no dia em que dela
comeres terás de morrer”.2
Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é
deixar escapar o sentido que se insinua nas
ramagens, mas que não está ali.
Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao
mesmo tempo que se alonga num percurso
vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na
terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em
flores, que escondem frutos, que protegem
sementes, que ocultam coisas futuras.
“Decifra-me ou te devoro.”
Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que
se desdobram em meses, que se aceleram em
dias, que escorrem em horas.
Ah, essas árvores e esses frutos, o
desejo de conhecer, tão caro ao ser humano…
2
Enc chega de saaudade COMUM.indd 1
pessoais e, progressivamente, como resultado
de uma série de experiências, se transforma
em um processo interno.
Há o tempo das escrituras e o tempo da
memória, e a leitura está no meio, no intervalo, no diálogo. Prática enraizada na experiência humana com a linguagem, a leitura
é uma arte a ser compartilhada.
Trilhar novas veredas é o desafio; transformar a escola numa comunidade de leitores é
o horizonte que vislumbramos.
Empregar estratégias de leitura e descobrir
quais são as mais adequadas para uma determinada situação constituem um processo
que, inicialmente, se produz como atividade
externa. Depois, no plano das relações inter-
Depende de nós.
__________
1
In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.
2
A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.
✦ nas tramas do texto
Gênero:
Palavras-chave:
Áreas envolvidas:
Temas transversais:
Público-alvo:
• Compreensão global do texto a partir de
reprodução oral ou escrita do que foi lido
ou de respostas a questões formuladas pelo
professor em situação de leitura compartilhada.
• Apreciação dos recursos expressivos empregados na obra.
• Identificação e avaliação dos pontos de
vista sustentados pelo autor.
• Discussão de diferentes pontos de vista e
opiniões diante de questões polêmicas.
• Produção de outros textos verbais ou ainda
de trabalhos que contemplem as diferentes linguagens artísticas: teatro, música, artes plásticas,
etc.
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
a) antes da leitura
Os sentidos que atribuímos ao que se lê
dependem, e muito, de nossas experiências
anteriores em relação à temática explorada
pelo texto, bem como de nossa familiaridade
com a prática leitora. As atividades sugeridas
neste item favorecem a ativação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão
e interpretação do escrito.
✦ nas telas do cinema
• Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou
DVD, que tenham alguma articulação com a
obra analisada, tanto em relação à temática
como à estrutura composicional.
• Explicitação dos conhecimentos prévios
necessários à compreensão do texto.
• Antecipação de conteúdos tratados no texto
a partir da observação de indicadores como
título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração,
informações presentes na quarta capa, etc.
• Explicitação dos conteúdos da obra a partir
dos indicadores observados.
✦ nas ondas do som
• Indicação de obras musicais que tenham
alguma relação com a temática ou estrutura
da obra analisada.
b) durante a leitura
DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA
pertence, analisando a temática, a perspectiva com que é abordada, sua organização
estrutural e certos recursos expressivos empregados pelo autor.
Com esses elementos, o professor irá identificar os conteúdos das diferentes áreas do
conhecimento que poderão ser abordados,
os temas que poderão ser discutidos e os
recursos lingüísticos que poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e
escritora dos alunos.
UM POUCO SOBRE O AUTOR
Procuramos contextualizar o autor e sua obra
no panorama da literatura brasileira para
jovens e adultos.
RESENHA
Apresentamos uma síntese da obra para
que o professor, antecipando a temática, o
enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar
a pertinência da adoção, levando em conta
as possibilidades e necessidades de seus
alunos.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Apontamos alguns aspectos da obra, considerando as características do gênero a que
3
✦ nos enredos do real
São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos
que auxiliem a construção dos sentidos do
texto pelo leitor.
• Ampliação do trabalho para a pesquisa de
informações complementares numa dimensão interdisciplinar.
• Leitura global do texto.
• Caracterização da estrutura do texto.
• Identificação das articulações temporais e
lógicas responsáveis pela coesão textual.
• Apreciação de recursos expressivos empregados pelo autor.
DICAS DE LEITURA
QUADRO-SÍNTESE
c) depois da leitura
O quadro-síntese permite uma visualização
rápida de alguns dados a respeito da obra
e de seu tratamento didático: a indicação
do gênero, das palavras-chave, das áreas e
temas transversais envolvidos nas atividades
propostas; sugestão de leitor presumido para
a obra em questão.
São propostas atividades para permitir melhor
compreensão e interpretação da obra, indicando, quando for o caso, a pesquisa de assuntos
relacionados aos conteúdos das diversas áreas
curriculares, bem como a reflexão a respeito
de temas que permitam a inserção do aluno no
debate de questões contemporâneas.
◗ do mesmo autor;
◗ sobre o mesmo assunto e gênero;
◗ leitura de desafio.
Sugestões de outros livros relacionados de
alguma maneira ao que está sendo lido, estimulando o desejo de enredar-se nas veredas
literárias e ler mais:
Indicação de título que se imagina além do
grau de autonomia do leitor virtual da obra
analisada, com a finalidade de ampliar o
horizonte de expectativas do aluno-leitor,
encaminhando-o para a literatura adulta.
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6/29/06 11:13:15 AM
Leitor crítico — Jovem Adulto
Árvores e tempo de leitura
Leitor crítico — 7–a e 8a séries
MARIA JOSÉ NÓBREGA
Leitor fluente — 5a e 6a séries
O que é, o que é,
Uma árvore bem frondosa
Doze galhos, simplesmente
Cada galho, trinta frutas
Com vinte e quatro sementes?1
RICARDO AZEVEDO
Chega de saudade
PROJETO DE LEITURA
Coordenação e elaboração:
Maria José Nóbrega
Somente com uma rica convivência com objetos culturais — em ações socioculturalmente
determinadas e abertas à multiplicidade dos
modos de ler, presentes nas diversas situações
comunicativas — é que a leitura se converte em
uma experiência significativa para os alunos.
Porque ser leitor é inscrever-se em uma comunidade de leitores que discute os textos lidos,
troca impressões e apresenta sugestões para
novas leituras.
A compreensão de um texto resulta do resgate de muitos outros discursos por meio da
memória. É preciso que os acontecimentos ou
os saberes saiam do limbo e interajam com as
palavras. Mas a memória não funciona como
o disco rígido de um computador em que
se salvam arquivos; é um espaço movediço,
cheio de conflitos e deslocamentos.
Alegórica árvore do tempo…
Enigmas e adivinhas convidam à decifração: “trouxeste a chave?”.
A adivinha que lemos, como todo e qualquer texto, inscreve-se, necessariamente, em
um gênero socialmente construído e tem,
portanto, uma relação com a exterioridade que determina as leituras possíveis. O
espaço da interpretação é regulado tanto
pela organização do próprio texto quanto
pela memória interdiscursiva, que é social,
histórica e cultural. Em lugar de pensar que
a cada texto corresponde uma única leitura,
é preferível pensar que há tensão entre uma
leitura unívoca e outra dialógica.
Encaremos o desafio: trata-se de uma
árvore bem frondosa, que tem doze galhos,
que têm trinta frutas, que têm vinte e quatro sementes: cada verso introduz uma nova
informação que se encaixa na anterior.
Quantos galhos tem a árvore frondosa?
Quantas frutas tem cada galho? Quantas
sementes tem cada fruta? A resposta a cada
uma dessas questões não revela o enigma. Se
for familiarizado com charadas, o leitor sabe
que nem sempre uma árvore é uma árvore,
um galho é um galho, uma fruta é uma fruta,
uma semente é uma semente… Traiçoeira, a
árvore frondosa agita seus galhos, entorpecenos com o aroma das frutas, intriga-nos com
as possibilidades ocultas nas sementes.
Um texto sempre se relaciona com outros
produzidos antes ou depois dele: não há como
ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.
Retornemos à sombra da frondosa árvore
— a árvore do tempo — e contemplemos
outras árvores:
O que é, o que é?
Deus fez crescer do solo toda
espécie de árvores formosas de ver
e boas de comer, e a árvore da vida
no meio do jardim, e a árvore do
conhecimento do bem e do mal. (…)
E Deus deu ao homem este mandamento: “Podes comer de todas as
árvores do jardim. Mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal não
comerás, porque no dia em que dela
comeres terás de morrer”.2
Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é
deixar escapar o sentido que se insinua nas
ramagens, mas que não está ali.
Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao
mesmo tempo que se alonga num percurso
vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na
terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em
flores, que escondem frutos, que protegem
sementes, que ocultam coisas futuras.
“Decifra-me ou te devoro.”
Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que
se desdobram em meses, que se aceleram em
dias, que escorrem em horas.
Ah, essas árvores e esses frutos, o
desejo de conhecer, tão caro ao ser humano…
2
Enc chega de saaudade COMUM.indd 1
pessoais e, progressivamente, como resultado
de uma série de experiências, se transforma
em um processo interno.
Há o tempo das escrituras e o tempo da
memória, e a leitura está no meio, no intervalo, no diálogo. Prática enraizada na experiência humana com a linguagem, a leitura
é uma arte a ser compartilhada.
Trilhar novas veredas é o desafio; transformar a escola numa comunidade de leitores é
o horizonte que vislumbramos.
Empregar estratégias de leitura e descobrir
quais são as mais adequadas para uma determinada situação constituem um processo
que, inicialmente, se produz como atividade
externa. Depois, no plano das relações inter-
Depende de nós.
__________
1
In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.
2
A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.
✦ nas tramas do texto
Gênero:
Palavras-chave:
Áreas envolvidas:
Temas transversais:
Público-alvo:
• Compreensão global do texto a partir de
reprodução oral ou escrita do que foi lido
ou de respostas a questões formuladas pelo
professor em situação de leitura compartilhada.
• Apreciação dos recursos expressivos empregados na obra.
• Identificação e avaliação dos pontos de
vista sustentados pelo autor.
• Discussão de diferentes pontos de vista e
opiniões diante de questões polêmicas.
• Produção de outros textos verbais ou ainda
de trabalhos que contemplem as diferentes linguagens artísticas: teatro, música, artes plásticas,
etc.
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
a) antes da leitura
Os sentidos que atribuímos ao que se lê
dependem, e muito, de nossas experiências
anteriores em relação à temática explorada
pelo texto, bem como de nossa familiaridade
com a prática leitora. As atividades sugeridas
neste item favorecem a ativação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão
e interpretação do escrito.
✦ nas telas do cinema
• Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou
DVD, que tenham alguma articulação com a
obra analisada, tanto em relação à temática
como à estrutura composicional.
• Explicitação dos conhecimentos prévios
necessários à compreensão do texto.
• Antecipação de conteúdos tratados no texto
a partir da observação de indicadores como
título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração,
informações presentes na quarta capa, etc.
• Explicitação dos conteúdos da obra a partir
dos indicadores observados.
✦ nas ondas do som
• Indicação de obras musicais que tenham
alguma relação com a temática ou estrutura
da obra analisada.
b) durante a leitura
DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA
pertence, analisando a temática, a perspectiva com que é abordada, sua organização
estrutural e certos recursos expressivos empregados pelo autor.
Com esses elementos, o professor irá identificar os conteúdos das diferentes áreas do
conhecimento que poderão ser abordados,
os temas que poderão ser discutidos e os
recursos lingüísticos que poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e
escritora dos alunos.
UM POUCO SOBRE O AUTOR
Procuramos contextualizar o autor e sua obra
no panorama da literatura brasileira para
jovens e adultos.
RESENHA
Apresentamos uma síntese da obra para
que o professor, antecipando a temática, o
enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar
a pertinência da adoção, levando em conta
as possibilidades e necessidades de seus
alunos.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Apontamos alguns aspectos da obra, considerando as características do gênero a que
3
✦ nos enredos do real
São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos
que auxiliem a construção dos sentidos do
texto pelo leitor.
• Ampliação do trabalho para a pesquisa de
informações complementares numa dimensão interdisciplinar.
• Leitura global do texto.
• Caracterização da estrutura do texto.
• Identificação das articulações temporais e
lógicas responsáveis pela coesão textual.
• Apreciação de recursos expressivos empregados pelo autor.
DICAS DE LEITURA
QUADRO-SÍNTESE
c) depois da leitura
O quadro-síntese permite uma visualização
rápida de alguns dados a respeito da obra
e de seu tratamento didático: a indicação
do gênero, das palavras-chave, das áreas e
temas transversais envolvidos nas atividades
propostas; sugestão de leitor presumido para
a obra em questão.
São propostas atividades para permitir melhor
compreensão e interpretação da obra, indicando, quando for o caso, a pesquisa de assuntos
relacionados aos conteúdos das diversas áreas
curriculares, bem como a reflexão a respeito
de temas que permitam a inserção do aluno no
debate de questões contemporâneas.
◗ do mesmo autor;
◗ sobre o mesmo assunto e gênero;
◗ leitura de desafio.
Sugestões de outros livros relacionados de
alguma maneira ao que está sendo lido, estimulando o desejo de enredar-se nas veredas
literárias e ler mais:
Indicação de título que se imagina além do
grau de autonomia do leitor virtual da obra
analisada, com a finalidade de ampliar o
horizonte de expectativas do aluno-leitor,
encaminhando-o para a literatura adulta.
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Leitor crítico — Jovem Adulto
Árvores e tempo de leitura
Leitor crítico — 7–a e 8a séries
MARIA JOSÉ NÓBREGA
Leitor fluente — 5a e 6a séries
O que é, o que é,
Uma árvore bem frondosa
Doze galhos, simplesmente
Cada galho, trinta frutas
Com vinte e quatro sementes?1
RICARDO AZEVEDO
Chega de saudade
PROJETO DE LEITURA
Coordenação e elaboração:
Maria José Nóbrega
Somente com uma rica convivência com objetos culturais — em ações socioculturalmente
determinadas e abertas à multiplicidade dos
modos de ler, presentes nas diversas situações
comunicativas — é que a leitura se converte em
uma experiência significativa para os alunos.
Porque ser leitor é inscrever-se em uma comunidade de leitores que discute os textos lidos,
troca impressões e apresenta sugestões para
novas leituras.
A compreensão de um texto resulta do resgate de muitos outros discursos por meio da
memória. É preciso que os acontecimentos ou
os saberes saiam do limbo e interajam com as
palavras. Mas a memória não funciona como
o disco rígido de um computador em que
se salvam arquivos; é um espaço movediço,
cheio de conflitos e deslocamentos.
Alegórica árvore do tempo…
Enigmas e adivinhas convidam à decifração: “trouxeste a chave?”.
A adivinha que lemos, como todo e qualquer texto, inscreve-se, necessariamente, em
um gênero socialmente construído e tem,
portanto, uma relação com a exterioridade que determina as leituras possíveis. O
espaço da interpretação é regulado tanto
pela organização do próprio texto quanto
pela memória interdiscursiva, que é social,
histórica e cultural. Em lugar de pensar que
a cada texto corresponde uma única leitura,
é preferível pensar que há tensão entre uma
leitura unívoca e outra dialógica.
Encaremos o desafio: trata-se de uma
árvore bem frondosa, que tem doze galhos,
que têm trinta frutas, que têm vinte e quatro sementes: cada verso introduz uma nova
informação que se encaixa na anterior.
Quantos galhos tem a árvore frondosa?
Quantas frutas tem cada galho? Quantas
sementes tem cada fruta? A resposta a cada
uma dessas questões não revela o enigma. Se
for familiarizado com charadas, o leitor sabe
que nem sempre uma árvore é uma árvore,
um galho é um galho, uma fruta é uma fruta,
uma semente é uma semente… Traiçoeira, a
árvore frondosa agita seus galhos, entorpecenos com o aroma das frutas, intriga-nos com
as possibilidades ocultas nas sementes.
Um texto sempre se relaciona com outros
produzidos antes ou depois dele: não há como
ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.
Retornemos à sombra da frondosa árvore
— a árvore do tempo — e contemplemos
outras árvores:
O que é, o que é?
Deus fez crescer do solo toda
espécie de árvores formosas de ver
e boas de comer, e a árvore da vida
no meio do jardim, e a árvore do
conhecimento do bem e do mal. (…)
E Deus deu ao homem este mandamento: “Podes comer de todas as
árvores do jardim. Mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal não
comerás, porque no dia em que dela
comeres terás de morrer”.2
Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é
deixar escapar o sentido que se insinua nas
ramagens, mas que não está ali.
Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao
mesmo tempo que se alonga num percurso
vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na
terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em
flores, que escondem frutos, que protegem
sementes, que ocultam coisas futuras.
“Decifra-me ou te devoro.”
Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que
se desdobram em meses, que se aceleram em
dias, que escorrem em horas.
Ah, essas árvores e esses frutos, o
desejo de conhecer, tão caro ao ser humano…
2
Enc chega de saaudade COMUM.indd 1
pessoais e, progressivamente, como resultado
de uma série de experiências, se transforma
em um processo interno.
Há o tempo das escrituras e o tempo da
memória, e a leitura está no meio, no intervalo, no diálogo. Prática enraizada na experiência humana com a linguagem, a leitura
é uma arte a ser compartilhada.
Trilhar novas veredas é o desafio; transformar a escola numa comunidade de leitores é
o horizonte que vislumbramos.
Empregar estratégias de leitura e descobrir
quais são as mais adequadas para uma determinada situação constituem um processo
que, inicialmente, se produz como atividade
externa. Depois, no plano das relações inter-
Depende de nós.
__________
1
In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.
2
A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.
✦ nas tramas do texto
Gênero:
Palavras-chave:
Áreas envolvidas:
Temas transversais:
Público-alvo:
• Compreensão global do texto a partir de
reprodução oral ou escrita do que foi lido
ou de respostas a questões formuladas pelo
professor em situação de leitura compartilhada.
• Apreciação dos recursos expressivos empregados na obra.
• Identificação e avaliação dos pontos de
vista sustentados pelo autor.
• Discussão de diferentes pontos de vista e
opiniões diante de questões polêmicas.
• Produção de outros textos verbais ou ainda
de trabalhos que contemplem as diferentes linguagens artísticas: teatro, música, artes plásticas,
etc.
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
a) antes da leitura
Os sentidos que atribuímos ao que se lê
dependem, e muito, de nossas experiências
anteriores em relação à temática explorada
pelo texto, bem como de nossa familiaridade
com a prática leitora. As atividades sugeridas
neste item favorecem a ativação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão
e interpretação do escrito.
✦ nas telas do cinema
• Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou
DVD, que tenham alguma articulação com a
obra analisada, tanto em relação à temática
como à estrutura composicional.
• Explicitação dos conhecimentos prévios
necessários à compreensão do texto.
• Antecipação de conteúdos tratados no texto
a partir da observação de indicadores como
título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração,
informações presentes na quarta capa, etc.
• Explicitação dos conteúdos da obra a partir
dos indicadores observados.
✦ nas ondas do som
• Indicação de obras musicais que tenham
alguma relação com a temática ou estrutura
da obra analisada.
b) durante a leitura
DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA
pertence, analisando a temática, a perspectiva com que é abordada, sua organização
estrutural e certos recursos expressivos empregados pelo autor.
Com esses elementos, o professor irá identificar os conteúdos das diferentes áreas do
conhecimento que poderão ser abordados,
os temas que poderão ser discutidos e os
recursos lingüísticos que poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e
escritora dos alunos.
UM POUCO SOBRE O AUTOR
Procuramos contextualizar o autor e sua obra
no panorama da literatura brasileira para
jovens e adultos.
RESENHA
Apresentamos uma síntese da obra para
que o professor, antecipando a temática, o
enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar
a pertinência da adoção, levando em conta
as possibilidades e necessidades de seus
alunos.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Apontamos alguns aspectos da obra, considerando as características do gênero a que
3
✦ nos enredos do real
São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos
que auxiliem a construção dos sentidos do
texto pelo leitor.
• Ampliação do trabalho para a pesquisa de
informações complementares numa dimensão interdisciplinar.
• Leitura global do texto.
• Caracterização da estrutura do texto.
• Identificação das articulações temporais e
lógicas responsáveis pela coesão textual.
• Apreciação de recursos expressivos empregados pelo autor.
DICAS DE LEITURA
QUADRO-SÍNTESE
c) depois da leitura
O quadro-síntese permite uma visualização
rápida de alguns dados a respeito da obra
e de seu tratamento didático: a indicação
do gênero, das palavras-chave, das áreas e
temas transversais envolvidos nas atividades
propostas; sugestão de leitor presumido para
a obra em questão.
São propostas atividades para permitir melhor
compreensão e interpretação da obra, indicando, quando for o caso, a pesquisa de assuntos
relacionados aos conteúdos das diversas áreas
curriculares, bem como a reflexão a respeito
de temas que permitam a inserção do aluno no
debate de questões contemporâneas.
◗ do mesmo autor;
◗ sobre o mesmo assunto e gênero;
◗ leitura de desafio.
Sugestões de outros livros relacionados de
alguma maneira ao que está sendo lido, estimulando o desejo de enredar-se nas veredas
literárias e ler mais:
Indicação de título que se imagina além do
grau de autonomia do leitor virtual da obra
analisada, com a finalidade de ampliar o
horizonte de expectativas do aluno-leitor,
encaminhando-o para a literatura adulta.
4
6/29/06 11:13:15 AM
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
preocupação e a raiva de André, seu único
filho, mas recebendo o carinho encantado
e risonho do resto da família.
Antes da leitura
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
RICARDO AZEVEDO
Chega de saudade
UM POUCO SOBRE O AUTOR
literatura, inclusive a infantil, é, sem dúvida, uma forma de tentar compreender a
vida e o mundo.
Ricardo Azevedo nasceu em São Paulo, em
1949. É formado em Comunicação Visual
pela Faculdade de Artes Plásticas da Faap
e doutor em Letras, na área de Teoria Literária, pela Universidade de São Paulo.
Casado, pai de três filhos, gosta de ler, ouvir
música e conversar com os amigos.
Começou a produzir livros infantis em 1980,
com O peixe que podia cantar, e até o ano
de 2005 já publicou mais de cem títulos. Destaca-se em seu trabalho a pesquisa em literatura popular, que resultou em publicações
como Meu livro do folclore, além de sua
saborosa produção poética para crianças,
como Dezenove poemas desengonçados.
A respeito da literatura diz: Acho que a
literatura deve tratar sempre daqueles assuntos meio vagos, sobre os quais ninguém
pode ensinar, só compartilhar: as emoções,
os medos, as paixões, as alegrias, as injustiças, o cômico, os sonhos, a passagem
inexorável do tempo, a dupla existência da
verdade, as utopias, o sublime, o paradoxal,
as ambigüidades, a busca do autoconhecimento, coisas banais que fazem parte do
dia-a-dia de todas as pessoas. Para mim, a
RESENHA
Ophélia tem quase oitenta anos de idade,
perdeu o marido, vai se aposentar. Todas
essas mudanças desencadeiam uma grande
crise pessoal. Sente-se velha, desprezada,
doente, acabada. O que fazer agora?
Ao fundo, como um cenário, o velho bairro
em que sempre viveu perde suas características; a praça pode ceder lugar a um
grande empreendimento imobiliário, o
joão-de-barro assiste a tudo: um passarinho
me contou...
Um dia, quase por acaso, Ophélia reencontra Araújo, antigo colega de escola e
ex-namorado da juventude. A partir daí, a
vida dos dois amigos passa por uma inesperada reviravolta: lutar pela preservação da
praça, reconstruir as próprias vidas.
Cheios de planos, Araújo e Ophélia partem
para descobrir o Brasil, levando na bagagem esperança e alegria. Como o príncipe-pássaro da história, Ophélia deixa sua
casa para trás. Enfrentando o espanto, a
5
Enc chega de saudade.indd 1
1. O título do livro Chega de saudade faz referência a uma linda canção de Tom Jobim
com letra do poeta Vinicius de Moraes:
Vai minha tristeza e diz a ela
que sem ela não pode ser...
Você pode encontrar toda a letra no endereço: http://tom-jobim.letras.terra.com.
br/letras/49028
Ouça a canção com a turma e soltem a voz
para cantá-la!
Na seção “Autor e obra”, Ricardo nos conta
uma outra história: a de como produziu
este livro a partir de Araújo ama Ophélia,
de 1981, e da versão de Chega de saudade,
de 1984. Escrever, reescrever... a busca do
escritor pela palavra mais justa. Ou será o
desejo de encontrar de novo personagens
queridas, matar as saudades, como também
acontece com os leitores após a palavra
“fim”?
Como o escritor, Ophélia precisa contar
e recontar a mesma história — a sua
própria —, relembrar e reinventar-se a
cada perda. Um passarinho nos conta sua
história, Ophélia conta a Araújo sua história, Ophélia remói internamente sua história:
a das pessoas que amou, a do bairro em
que vive... As crianças, netos de Ophélia,
vão, a seu modo, reunindo os fragmentos
da história da avó; que é outra aos olhos
de André, seu único filho; outra ainda aos
olhos de Solange, a nora. Cartas. E-mails.
Cada um se escreve e escreve ao outro nas
mal-traçadas linhas...
Em meio a esse mosaico de vozes, o leitor é
convidado a aproximar-se das personagens
e de suas emoções, pois, como o príncipe-pássaro da história, jovens ou idosos,
todos precisam encontrar seus caminhos
de viver.
2. Estimule os estudantes a explicitarem as
expectativas que o título e a letra da canção
projetam em relação ao enredo do livro: é
provável que esperem encontrar uma história de amor, de um casal que se separou
e depois se reencontra...
3. Mostre a capa que reproduz um belo
trabalho de Rogério Borges. O detalhe das
duas mãos entrelaçadas sugere um encontro. Certamente, os alunos devem notar as
rugas que riscam as mãos. Que casal será
esse? Que efeito produz o contraste da
figura das mãos com o fundo, que representa um céu estrelado? Detenham-se na
observação da imagem da borboleta e no
lirismo que introduz à composição. A borboleta, como algumas espécies de animais,
passa por transformações. O que será que
essa história nos reserva?
QUADRO-SÍNTESE
4. Leia o texto da quarta capa e promova
o ajuste das expectativas levantadas tanto
pela análise do título quanto da capa do
livro.
Gênero: novela
Palavras-chave: velhice, amor, família,
meio ambiente
Áreas envolvidas: Língua Portuguesa,
Educação Artística
Temas transversais: Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural
Público-alvo: alunos da 7a e 8a séries do
Ensino Fundamental
cer e morrer. Que imagem os vários idosos,
que fazem parte de nossa vida pessoal,
afetiva e intelectual, nos transmitem sobre
o envelhecimento?
revelar a fonte. Mas em Chega de saudade
é mesmo um passarinho, um joão-de-barro,
uma das vozes que narram os acontecimentos. Descobrir quem está narrando os
acontecimentos é uma das estratégias que
Ricardo Azevedo emprega para manter a
atenção do leitor: quem é esse “eu”?
Não revele quem é esse narrador, mas chame a atenção para o fato e estimule-os a
descobrir quem está narrando a história.
Após a revelação, volte atrás para justificar
alguns detalhes. Por exemplo, a implicância
do narrador com os gatos etc.
4. Os diálogos de que participam Júlia e
Beto (Alberto), netos de Ophélia, são muito
divertidos, principalmente pela maneira
pessoal com que interpretam o mundo
dos adultos. Localize os trechos no livro e
encarregue alguns alunos de prepararem
uma leitura expressiva das passagens. Se
desejarem, vale transformá-las em cenas
para representação teatral.
2. Há no livro uma variedade de fontes e
estilos de fonte: Garamond, Courier New,
itálico, negrito... Peça aos alunos que tentem descobrir a função que esses recursos
gráficos têm no texto.
5. No capítulo 11, Júlia ensina a Beto como
falar uma estranha língua maluca falada
pela avó. Veja como é:
A = aus E = enter I = inis O = omber
U = ufter
Vombercenter gomberstomberufer domber
linisvromber chentergaus denter sausufterdausdenter?
Há várias “línguas secretas”. A mais conhecida é, sem sombra de dúvida, a “língua
do pê”:
Pêvopêcê pêgospêtou pêde pêler pêo
pêlipêvro pêChepêga pêde pêsaupêdapêde? É só dividir a palavra em sílabas e,
antes de cada uma, acrescentar “pê”: Pêé
pêfápêcil!
Há ainda esta outra versão: Vopôcêpê gospôtoupô depê lerpê opô lipivropô Chepêgapá depê saupádapádepê? Depois de cada
sílaba, é só acrescentar a consoante “p” com
a vogal que é o núcleo daquela sílaba.
Que tal organizar um torneio?
Organize a turma em equipes. Em homenagem ao título do livro, cada uma deve
tentar adivinhar títulos de canções falados
em uma língua secreta.
Depois da leitura
✦ nas tramas do texto
1. Os capítulos em que o livro é dividido são
apenas numerados, não receberam títulos.
Organize a turma em duplas e sorteie entre
elas um ou mais capítulos, para que, a partir de uma releitura atenta, criem um bom
título para ele. Concluída a atividade, peça
aos grupos para apresentar suas propostas
para serem avaliadas pela turma. Ao final,
terão elaborado um sumário para Chega
de saudade.
2. Aproveite as cartas e os e-mails que aparecem no livro e sugira aos alunos que escolham um deles para responder, assumindo
as características de uma das personagens.
Promova a leitura dos textos e avalie com o
grupo se os pontos de vista das personagens
foram preservados na resposta.
6. No capítulo 18, o leitor encontra a partitura do chorinho “Monte Alegre”, composto por Vicente Alves Araújo, o simpático
namorado de Ophélia. Verifique se alguém
toca algum instrumento para conhecer a
melodia. Aproveite para introduzir os es-
Durante a leitura
1. Você certamente conhece a expressão
um “passarinho me contou”. Em geral, a
empregamos quando queremos contar a
alguém uma história que nos contaram sem
6
3. O tema do livro permite discutir a velhice com os jovens. Certamente, para eles o
envelhecimento apresenta-se como uma
realidade muito distante, pois, em geral, se
vive como se só os outros fossem envelhe-
tudantes nesse estilo musical. Aí vão alguns
endereços para ajudá-lo em sua pesquisa:
• http://www.chorinhonet.hpg.ig.com.br/
index.htm
• http://www.cliquemusic.com.br/br/resgate/resgate.asp?Nu_Materia=3751
• http://almanaque.folha.uol.com.br/choro.
htm
7. Ophélia é uma avó que é muito apreciada pelas histórias que conta. O leitor teve o
prazer de “escutar” uma delas no capítulo
8. Que tal presentear seus alunos com a
leitura do conto em voz alta?
8. Ricardo Azevedo, como sua personagem
Ophélia, é também um excelente contador
de histórias. Graças a suas pesquisas de cultura popular brasileira, os leitores podem
saborear outras lindas histórias como esta.
Leve a turma à biblioteca e estimule-a a
selecionar um outro conto tradicional recontado pelo autor, para ler em voz alta.
Aí vão alguns títulos do escritor em que
encontrarão lindas histórias:
• Histórias de bobos, bocós, burraldos e
paspalhões –– Porto Alegre, Projeto
• No meio da noite escura tem um pé de
maravilha –– São Paulo, Ática
• Contos de enganar a morte –– São Paulo,
Ática
• Contos de bichos do mato –– São Paulo,
Ática
• Contos de espanto e alumbramento
–– São Paulo, Scipione
Após ensaiarem a leitura, os alunos poderão ler as histórias para os colegas menores,
com a idade de Júlia e Beto, por exemplo.
Ou então organizar uma visita a um asilo
para ler as histórias aos idosos que lá estão
e que certamente irão apreciar a história,
a visita e a conversa.
✦ nas telas do cinema
História real, dirigido por David Lynch, conta
a história de um viúvo que vive em uma comunidade rural com a filha e que, numa noite, recebe a notícia de que seu irmão sofreu
um derrame. Decide então visitá-lo antes
que morra. Mas sem dinheiro e orgulhoso
para pedir ajuda, resolve fazer a viagem com
o único meio de transporte de que dispõe:
um cortador de grama. (Distribuição: Buena
Vista Pictures / Lumière Brasil.)
DICAS DE LEITURA
◗ do mesmo autor
Trezentos parafusos a menos –– São Paulo,
Companhia das Letras
Lúcio vira bicho –– São Paulo, Companhia
das Letras
Três lados da mesma moeda –– São Paulo,
Ática
Coração maltrapilho –– São Paulo, FTD
◗ sobre o mesmo assunto
Os amigos –– Kazumi Yumoto, São Paulo,
Martins Fontes
O outono do álamo –– Kazumi Yumoto, São
Paulo, Martins Fontes
Vá aonde seu coração mandar –– Susanna
Tamaro, Rio de Janeiro, Rocco
◗ leitura de desafio
Leia com a turma dois contos de Clarice
Lispector que também discutem o tema da
velhice: “Feliz aniversário”, do livro Laços
de família, que narra o mergulho trágico
em uma festa familiar nos 89 anos da matriarca; “Viagem a Petrópolis”, do livro A
legião estrangeira, que narra a profunda
solidão de uma velhinha que, sem lugar
para morar, é empurrada de uma casa para
outra. Os dois livros são publicados pela
Editora Rocco.
7
6/29/06 11:21:06 AM
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
preocupação e a raiva de André, seu único
filho, mas recebendo o carinho encantado
e risonho do resto da família.
Antes da leitura
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
RICARDO AZEVEDO
Chega de saudade
UM POUCO SOBRE O AUTOR
literatura, inclusive a infantil, é, sem dúvida, uma forma de tentar compreender a
vida e o mundo.
Ricardo Azevedo nasceu em São Paulo, em
1949. É formado em Comunicação Visual
pela Faculdade de Artes Plásticas da Faap
e doutor em Letras, na área de Teoria Literária, pela Universidade de São Paulo.
Casado, pai de três filhos, gosta de ler, ouvir
música e conversar com os amigos.
Começou a produzir livros infantis em 1980,
com O peixe que podia cantar, e até o ano
de 2005 já publicou mais de cem títulos. Destaca-se em seu trabalho a pesquisa em literatura popular, que resultou em publicações
como Meu livro do folclore, além de sua
saborosa produção poética para crianças,
como Dezenove poemas desengonçados.
A respeito da literatura diz: Acho que a
literatura deve tratar sempre daqueles assuntos meio vagos, sobre os quais ninguém
pode ensinar, só compartilhar: as emoções,
os medos, as paixões, as alegrias, as injustiças, o cômico, os sonhos, a passagem
inexorável do tempo, a dupla existência da
verdade, as utopias, o sublime, o paradoxal,
as ambigüidades, a busca do autoconhecimento, coisas banais que fazem parte do
dia-a-dia de todas as pessoas. Para mim, a
RESENHA
Ophélia tem quase oitenta anos de idade,
perdeu o marido, vai se aposentar. Todas
essas mudanças desencadeiam uma grande
crise pessoal. Sente-se velha, desprezada,
doente, acabada. O que fazer agora?
Ao fundo, como um cenário, o velho bairro
em que sempre viveu perde suas características; a praça pode ceder lugar a um
grande empreendimento imobiliário, o
joão-de-barro assiste a tudo: um passarinho
me contou...
Um dia, quase por acaso, Ophélia reencontra Araújo, antigo colega de escola e
ex-namorado da juventude. A partir daí, a
vida dos dois amigos passa por uma inesperada reviravolta: lutar pela preservação da
praça, reconstruir as próprias vidas.
Cheios de planos, Araújo e Ophélia partem
para descobrir o Brasil, levando na bagagem esperança e alegria. Como o príncipe-pássaro da história, Ophélia deixa sua
casa para trás. Enfrentando o espanto, a
5
Enc chega de saudade.indd 1
1. O título do livro Chega de saudade faz referência a uma linda canção de Tom Jobim
com letra do poeta Vinicius de Moraes:
Vai minha tristeza e diz a ela
que sem ela não pode ser...
Você pode encontrar toda a letra no endereço: http://tom-jobim.letras.terra.com.
br/letras/49028
Ouça a canção com a turma e soltem a voz
para cantá-la!
Na seção “Autor e obra”, Ricardo nos conta
uma outra história: a de como produziu
este livro a partir de Araújo ama Ophélia,
de 1981, e da versão de Chega de saudade,
de 1984. Escrever, reescrever... a busca do
escritor pela palavra mais justa. Ou será o
desejo de encontrar de novo personagens
queridas, matar as saudades, como também
acontece com os leitores após a palavra
“fim”?
Como o escritor, Ophélia precisa contar
e recontar a mesma história — a sua
própria —, relembrar e reinventar-se a
cada perda. Um passarinho nos conta sua
história, Ophélia conta a Araújo sua história, Ophélia remói internamente sua história:
a das pessoas que amou, a do bairro em
que vive... As crianças, netos de Ophélia,
vão, a seu modo, reunindo os fragmentos
da história da avó; que é outra aos olhos
de André, seu único filho; outra ainda aos
olhos de Solange, a nora. Cartas. E-mails.
Cada um se escreve e escreve ao outro nas
mal-traçadas linhas...
Em meio a esse mosaico de vozes, o leitor é
convidado a aproximar-se das personagens
e de suas emoções, pois, como o príncipe-pássaro da história, jovens ou idosos,
todos precisam encontrar seus caminhos
de viver.
2. Estimule os estudantes a explicitarem as
expectativas que o título e a letra da canção
projetam em relação ao enredo do livro: é
provável que esperem encontrar uma história de amor, de um casal que se separou
e depois se reencontra...
3. Mostre a capa que reproduz um belo
trabalho de Rogério Borges. O detalhe das
duas mãos entrelaçadas sugere um encontro. Certamente, os alunos devem notar as
rugas que riscam as mãos. Que casal será
esse? Que efeito produz o contraste da
figura das mãos com o fundo, que representa um céu estrelado? Detenham-se na
observação da imagem da borboleta e no
lirismo que introduz à composição. A borboleta, como algumas espécies de animais,
passa por transformações. O que será que
essa história nos reserva?
QUADRO-SÍNTESE
4. Leia o texto da quarta capa e promova
o ajuste das expectativas levantadas tanto
pela análise do título quanto da capa do
livro.
Gênero: novela
Palavras-chave: velhice, amor, família,
meio ambiente
Áreas envolvidas: Língua Portuguesa,
Educação Artística
Temas transversais: Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural
Público-alvo: alunos da 7a e 8a séries do
Ensino Fundamental
cer e morrer. Que imagem os vários idosos,
que fazem parte de nossa vida pessoal,
afetiva e intelectual, nos transmitem sobre
o envelhecimento?
revelar a fonte. Mas em Chega de saudade
é mesmo um passarinho, um joão-de-barro,
uma das vozes que narram os acontecimentos. Descobrir quem está narrando os
acontecimentos é uma das estratégias que
Ricardo Azevedo emprega para manter a
atenção do leitor: quem é esse “eu”?
Não revele quem é esse narrador, mas chame a atenção para o fato e estimule-os a
descobrir quem está narrando a história.
Após a revelação, volte atrás para justificar
alguns detalhes. Por exemplo, a implicância
do narrador com os gatos etc.
4. Os diálogos de que participam Júlia e
Beto (Alberto), netos de Ophélia, são muito
divertidos, principalmente pela maneira
pessoal com que interpretam o mundo
dos adultos. Localize os trechos no livro e
encarregue alguns alunos de prepararem
uma leitura expressiva das passagens. Se
desejarem, vale transformá-las em cenas
para representação teatral.
2. Há no livro uma variedade de fontes e
estilos de fonte: Garamond, Courier New,
itálico, negrito... Peça aos alunos que tentem descobrir a função que esses recursos
gráficos têm no texto.
5. No capítulo 11, Júlia ensina a Beto como
falar uma estranha língua maluca falada
pela avó. Veja como é:
A = aus E = enter I = inis O = omber
U = ufter
Vombercenter gomberstomberufer domber
linisvromber chentergaus denter sausufterdausdenter?
Há várias “línguas secretas”. A mais conhecida é, sem sombra de dúvida, a “língua
do pê”:
Pêvopêcê pêgospêtou pêde pêler pêo
pêlipêvro pêChepêga pêde pêsaupêdapêde? É só dividir a palavra em sílabas e,
antes de cada uma, acrescentar “pê”: Pêé
pêfápêcil!
Há ainda esta outra versão: Vopôcêpê gospôtoupô depê lerpê opô lipivropô Chepêgapá depê saupádapádepê? Depois de cada
sílaba, é só acrescentar a consoante “p” com
a vogal que é o núcleo daquela sílaba.
Que tal organizar um torneio?
Organize a turma em equipes. Em homenagem ao título do livro, cada uma deve
tentar adivinhar títulos de canções falados
em uma língua secreta.
Depois da leitura
✦ nas tramas do texto
1. Os capítulos em que o livro é dividido são
apenas numerados, não receberam títulos.
Organize a turma em duplas e sorteie entre
elas um ou mais capítulos, para que, a partir de uma releitura atenta, criem um bom
título para ele. Concluída a atividade, peça
aos grupos para apresentar suas propostas
para serem avaliadas pela turma. Ao final,
terão elaborado um sumário para Chega
de saudade.
2. Aproveite as cartas e os e-mails que aparecem no livro e sugira aos alunos que escolham um deles para responder, assumindo
as características de uma das personagens.
Promova a leitura dos textos e avalie com o
grupo se os pontos de vista das personagens
foram preservados na resposta.
6. No capítulo 18, o leitor encontra a partitura do chorinho “Monte Alegre”, composto por Vicente Alves Araújo, o simpático
namorado de Ophélia. Verifique se alguém
toca algum instrumento para conhecer a
melodia. Aproveite para introduzir os es-
Durante a leitura
1. Você certamente conhece a expressão
um “passarinho me contou”. Em geral, a
empregamos quando queremos contar a
alguém uma história que nos contaram sem
6
3. O tema do livro permite discutir a velhice com os jovens. Certamente, para eles o
envelhecimento apresenta-se como uma
realidade muito distante, pois, em geral, se
vive como se só os outros fossem envelhe-
tudantes nesse estilo musical. Aí vão alguns
endereços para ajudá-lo em sua pesquisa:
• http://www.chorinhonet.hpg.ig.com.br/
index.htm
• http://www.cliquemusic.com.br/br/resgate/resgate.asp?Nu_Materia=3751
• http://almanaque.folha.uol.com.br/choro.
htm
7. Ophélia é uma avó que é muito apreciada pelas histórias que conta. O leitor teve o
prazer de “escutar” uma delas no capítulo
8. Que tal presentear seus alunos com a
leitura do conto em voz alta?
8. Ricardo Azevedo, como sua personagem
Ophélia, é também um excelente contador
de histórias. Graças a suas pesquisas de cultura popular brasileira, os leitores podem
saborear outras lindas histórias como esta.
Leve a turma à biblioteca e estimule-a a
selecionar um outro conto tradicional recontado pelo autor, para ler em voz alta.
Aí vão alguns títulos do escritor em que
encontrarão lindas histórias:
• Histórias de bobos, bocós, burraldos e
paspalhões –– Porto Alegre, Projeto
• No meio da noite escura tem um pé de
maravilha –– São Paulo, Ática
• Contos de enganar a morte –– São Paulo,
Ática
• Contos de bichos do mato –– São Paulo,
Ática
• Contos de espanto e alumbramento
–– São Paulo, Scipione
Após ensaiarem a leitura, os alunos poderão ler as histórias para os colegas menores,
com a idade de Júlia e Beto, por exemplo.
Ou então organizar uma visita a um asilo
para ler as histórias aos idosos que lá estão
e que certamente irão apreciar a história,
a visita e a conversa.
✦ nas telas do cinema
História real, dirigido por David Lynch, conta
a história de um viúvo que vive em uma comunidade rural com a filha e que, numa noite, recebe a notícia de que seu irmão sofreu
um derrame. Decide então visitá-lo antes
que morra. Mas sem dinheiro e orgulhoso
para pedir ajuda, resolve fazer a viagem com
o único meio de transporte de que dispõe:
um cortador de grama. (Distribuição: Buena
Vista Pictures / Lumière Brasil.)
DICAS DE LEITURA
◗ do mesmo autor
Trezentos parafusos a menos –– São Paulo,
Companhia das Letras
Lúcio vira bicho –– São Paulo, Companhia
das Letras
Três lados da mesma moeda –– São Paulo,
Ática
Coração maltrapilho –– São Paulo, FTD
◗ sobre o mesmo assunto
Os amigos –– Kazumi Yumoto, São Paulo,
Martins Fontes
O outono do álamo –– Kazumi Yumoto, São
Paulo, Martins Fontes
Vá aonde seu coração mandar –– Susanna
Tamaro, Rio de Janeiro, Rocco
◗ leitura de desafio
Leia com a turma dois contos de Clarice
Lispector que também discutem o tema da
velhice: “Feliz aniversário”, do livro Laços
de família, que narra o mergulho trágico
em uma festa familiar nos 89 anos da matriarca; “Viagem a Petrópolis”, do livro A
legião estrangeira, que narra a profunda
solidão de uma velhinha que, sem lugar
para morar, é empurrada de uma casa para
outra. Os dois livros são publicados pela
Editora Rocco.
7
6/29/06 11:21:06 AM
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
preocupação e a raiva de André, seu único
filho, mas recebendo o carinho encantado
e risonho do resto da família.
Antes da leitura
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
RICARDO AZEVEDO
Chega de saudade
UM POUCO SOBRE O AUTOR
literatura, inclusive a infantil, é, sem dúvida, uma forma de tentar compreender a
vida e o mundo.
Ricardo Azevedo nasceu em São Paulo, em
1949. É formado em Comunicação Visual
pela Faculdade de Artes Plásticas da Faap
e doutor em Letras, na área de Teoria Literária, pela Universidade de São Paulo.
Casado, pai de três filhos, gosta de ler, ouvir
música e conversar com os amigos.
Começou a produzir livros infantis em 1980,
com O peixe que podia cantar, e até o ano
de 2005 já publicou mais de cem títulos. Destaca-se em seu trabalho a pesquisa em literatura popular, que resultou em publicações
como Meu livro do folclore, além de sua
saborosa produção poética para crianças,
como Dezenove poemas desengonçados.
A respeito da literatura diz: Acho que a
literatura deve tratar sempre daqueles assuntos meio vagos, sobre os quais ninguém
pode ensinar, só compartilhar: as emoções,
os medos, as paixões, as alegrias, as injustiças, o cômico, os sonhos, a passagem
inexorável do tempo, a dupla existência da
verdade, as utopias, o sublime, o paradoxal,
as ambigüidades, a busca do autoconhecimento, coisas banais que fazem parte do
dia-a-dia de todas as pessoas. Para mim, a
RESENHA
Ophélia tem quase oitenta anos de idade,
perdeu o marido, vai se aposentar. Todas
essas mudanças desencadeiam uma grande
crise pessoal. Sente-se velha, desprezada,
doente, acabada. O que fazer agora?
Ao fundo, como um cenário, o velho bairro
em que sempre viveu perde suas características; a praça pode ceder lugar a um
grande empreendimento imobiliário, o
joão-de-barro assiste a tudo: um passarinho
me contou...
Um dia, quase por acaso, Ophélia reencontra Araújo, antigo colega de escola e
ex-namorado da juventude. A partir daí, a
vida dos dois amigos passa por uma inesperada reviravolta: lutar pela preservação da
praça, reconstruir as próprias vidas.
Cheios de planos, Araújo e Ophélia partem
para descobrir o Brasil, levando na bagagem esperança e alegria. Como o príncipe-pássaro da história, Ophélia deixa sua
casa para trás. Enfrentando o espanto, a
5
Enc chega de saudade.indd 1
1. O título do livro Chega de saudade faz referência a uma linda canção de Tom Jobim
com letra do poeta Vinicius de Moraes:
Vai minha tristeza e diz a ela
que sem ela não pode ser...
Você pode encontrar toda a letra no endereço: http://tom-jobim.letras.terra.com.
br/letras/49028
Ouça a canção com a turma e soltem a voz
para cantá-la!
Na seção “Autor e obra”, Ricardo nos conta
uma outra história: a de como produziu
este livro a partir de Araújo ama Ophélia,
de 1981, e da versão de Chega de saudade,
de 1984. Escrever, reescrever... a busca do
escritor pela palavra mais justa. Ou será o
desejo de encontrar de novo personagens
queridas, matar as saudades, como também
acontece com os leitores após a palavra
“fim”?
Como o escritor, Ophélia precisa contar
e recontar a mesma história — a sua
própria —, relembrar e reinventar-se a
cada perda. Um passarinho nos conta sua
história, Ophélia conta a Araújo sua história, Ophélia remói internamente sua história:
a das pessoas que amou, a do bairro em
que vive... As crianças, netos de Ophélia,
vão, a seu modo, reunindo os fragmentos
da história da avó; que é outra aos olhos
de André, seu único filho; outra ainda aos
olhos de Solange, a nora. Cartas. E-mails.
Cada um se escreve e escreve ao outro nas
mal-traçadas linhas...
Em meio a esse mosaico de vozes, o leitor é
convidado a aproximar-se das personagens
e de suas emoções, pois, como o príncipe-pássaro da história, jovens ou idosos,
todos precisam encontrar seus caminhos
de viver.
2. Estimule os estudantes a explicitarem as
expectativas que o título e a letra da canção
projetam em relação ao enredo do livro: é
provável que esperem encontrar uma história de amor, de um casal que se separou
e depois se reencontra...
3. Mostre a capa que reproduz um belo
trabalho de Rogério Borges. O detalhe das
duas mãos entrelaçadas sugere um encontro. Certamente, os alunos devem notar as
rugas que riscam as mãos. Que casal será
esse? Que efeito produz o contraste da
figura das mãos com o fundo, que representa um céu estrelado? Detenham-se na
observação da imagem da borboleta e no
lirismo que introduz à composição. A borboleta, como algumas espécies de animais,
passa por transformações. O que será que
essa história nos reserva?
QUADRO-SÍNTESE
4. Leia o texto da quarta capa e promova
o ajuste das expectativas levantadas tanto
pela análise do título quanto da capa do
livro.
Gênero: novela
Palavras-chave: velhice, amor, família,
meio ambiente
Áreas envolvidas: Língua Portuguesa,
Educação Artística
Temas transversais: Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural
Público-alvo: alunos da 7a e 8a séries do
Ensino Fundamental
cer e morrer. Que imagem os vários idosos,
que fazem parte de nossa vida pessoal,
afetiva e intelectual, nos transmitem sobre
o envelhecimento?
revelar a fonte. Mas em Chega de saudade
é mesmo um passarinho, um joão-de-barro,
uma das vozes que narram os acontecimentos. Descobrir quem está narrando os
acontecimentos é uma das estratégias que
Ricardo Azevedo emprega para manter a
atenção do leitor: quem é esse “eu”?
Não revele quem é esse narrador, mas chame a atenção para o fato e estimule-os a
descobrir quem está narrando a história.
Após a revelação, volte atrás para justificar
alguns detalhes. Por exemplo, a implicância
do narrador com os gatos etc.
4. Os diálogos de que participam Júlia e
Beto (Alberto), netos de Ophélia, são muito
divertidos, principalmente pela maneira
pessoal com que interpretam o mundo
dos adultos. Localize os trechos no livro e
encarregue alguns alunos de prepararem
uma leitura expressiva das passagens. Se
desejarem, vale transformá-las em cenas
para representação teatral.
2. Há no livro uma variedade de fontes e
estilos de fonte: Garamond, Courier New,
itálico, negrito... Peça aos alunos que tentem descobrir a função que esses recursos
gráficos têm no texto.
5. No capítulo 11, Júlia ensina a Beto como
falar uma estranha língua maluca falada
pela avó. Veja como é:
A = aus E = enter I = inis O = omber
U = ufter
Vombercenter gomberstomberufer domber
linisvromber chentergaus denter sausufterdausdenter?
Há várias “línguas secretas”. A mais conhecida é, sem sombra de dúvida, a “língua
do pê”:
Pêvopêcê pêgospêtou pêde pêler pêo
pêlipêvro pêChepêga pêde pêsaupêdapêde? É só dividir a palavra em sílabas e,
antes de cada uma, acrescentar “pê”: Pêé
pêfápêcil!
Há ainda esta outra versão: Vopôcêpê gospôtoupô depê lerpê opô lipivropô Chepêgapá depê saupádapádepê? Depois de cada
sílaba, é só acrescentar a consoante “p” com
a vogal que é o núcleo daquela sílaba.
Que tal organizar um torneio?
Organize a turma em equipes. Em homenagem ao título do livro, cada uma deve
tentar adivinhar títulos de canções falados
em uma língua secreta.
Depois da leitura
✦ nas tramas do texto
1. Os capítulos em que o livro é dividido são
apenas numerados, não receberam títulos.
Organize a turma em duplas e sorteie entre
elas um ou mais capítulos, para que, a partir de uma releitura atenta, criem um bom
título para ele. Concluída a atividade, peça
aos grupos para apresentar suas propostas
para serem avaliadas pela turma. Ao final,
terão elaborado um sumário para Chega
de saudade.
2. Aproveite as cartas e os e-mails que aparecem no livro e sugira aos alunos que escolham um deles para responder, assumindo
as características de uma das personagens.
Promova a leitura dos textos e avalie com o
grupo se os pontos de vista das personagens
foram preservados na resposta.
6. No capítulo 18, o leitor encontra a partitura do chorinho “Monte Alegre”, composto por Vicente Alves Araújo, o simpático
namorado de Ophélia. Verifique se alguém
toca algum instrumento para conhecer a
melodia. Aproveite para introduzir os es-
Durante a leitura
1. Você certamente conhece a expressão
um “passarinho me contou”. Em geral, a
empregamos quando queremos contar a
alguém uma história que nos contaram sem
6
3. O tema do livro permite discutir a velhice com os jovens. Certamente, para eles o
envelhecimento apresenta-se como uma
realidade muito distante, pois, em geral, se
vive como se só os outros fossem envelhe-
tudantes nesse estilo musical. Aí vão alguns
endereços para ajudá-lo em sua pesquisa:
• http://www.chorinhonet.hpg.ig.com.br/
index.htm
• http://www.cliquemusic.com.br/br/resgate/resgate.asp?Nu_Materia=3751
• http://almanaque.folha.uol.com.br/choro.
htm
7. Ophélia é uma avó que é muito apreciada pelas histórias que conta. O leitor teve o
prazer de “escutar” uma delas no capítulo
8. Que tal presentear seus alunos com a
leitura do conto em voz alta?
8. Ricardo Azevedo, como sua personagem
Ophélia, é também um excelente contador
de histórias. Graças a suas pesquisas de cultura popular brasileira, os leitores podem
saborear outras lindas histórias como esta.
Leve a turma à biblioteca e estimule-a a
selecionar um outro conto tradicional recontado pelo autor, para ler em voz alta.
Aí vão alguns títulos do escritor em que
encontrarão lindas histórias:
• Histórias de bobos, bocós, burraldos e
paspalhões –– Porto Alegre, Projeto
• No meio da noite escura tem um pé de
maravilha –– São Paulo, Ática
• Contos de enganar a morte –– São Paulo,
Ática
• Contos de bichos do mato –– São Paulo,
Ática
• Contos de espanto e alumbramento
–– São Paulo, Scipione
Após ensaiarem a leitura, os alunos poderão ler as histórias para os colegas menores,
com a idade de Júlia e Beto, por exemplo.
Ou então organizar uma visita a um asilo
para ler as histórias aos idosos que lá estão
e que certamente irão apreciar a história,
a visita e a conversa.
✦ nas telas do cinema
História real, dirigido por David Lynch, conta
a história de um viúvo que vive em uma comunidade rural com a filha e que, numa noite, recebe a notícia de que seu irmão sofreu
um derrame. Decide então visitá-lo antes
que morra. Mas sem dinheiro e orgulhoso
para pedir ajuda, resolve fazer a viagem com
o único meio de transporte de que dispõe:
um cortador de grama. (Distribuição: Buena
Vista Pictures / Lumière Brasil.)
DICAS DE LEITURA
◗ do mesmo autor
Trezentos parafusos a menos –– São Paulo,
Companhia das Letras
Lúcio vira bicho –– São Paulo, Companhia
das Letras
Três lados da mesma moeda –– São Paulo,
Ática
Coração maltrapilho –– São Paulo, FTD
◗ sobre o mesmo assunto
Os amigos –– Kazumi Yumoto, São Paulo,
Martins Fontes
O outono do álamo –– Kazumi Yumoto, São
Paulo, Martins Fontes
Vá aonde seu coração mandar –– Susanna
Tamaro, Rio de Janeiro, Rocco
◗ leitura de desafio
Leia com a turma dois contos de Clarice
Lispector que também discutem o tema da
velhice: “Feliz aniversário”, do livro Laços
de família, que narra o mergulho trágico
em uma festa familiar nos 89 anos da matriarca; “Viagem a Petrópolis”, do livro A
legião estrangeira, que narra a profunda
solidão de uma velhinha que, sem lugar
para morar, é empurrada de uma casa para
outra. Os dois livros são publicados pela
Editora Rocco.
7
6/29/06 11:21:06 AM
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
preocupação e a raiva de André, seu único
filho, mas recebendo o carinho encantado
e risonho do resto da família.
Antes da leitura
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
RICARDO AZEVEDO
Chega de saudade
UM POUCO SOBRE O AUTOR
literatura, inclusive a infantil, é, sem dúvida, uma forma de tentar compreender a
vida e o mundo.
Ricardo Azevedo nasceu em São Paulo, em
1949. É formado em Comunicação Visual
pela Faculdade de Artes Plásticas da Faap
e doutor em Letras, na área de Teoria Literária, pela Universidade de São Paulo.
Casado, pai de três filhos, gosta de ler, ouvir
música e conversar com os amigos.
Começou a produzir livros infantis em 1980,
com O peixe que podia cantar, e até o ano
de 2005 já publicou mais de cem títulos. Destaca-se em seu trabalho a pesquisa em literatura popular, que resultou em publicações
como Meu livro do folclore, além de sua
saborosa produção poética para crianças,
como Dezenove poemas desengonçados.
A respeito da literatura diz: Acho que a
literatura deve tratar sempre daqueles assuntos meio vagos, sobre os quais ninguém
pode ensinar, só compartilhar: as emoções,
os medos, as paixões, as alegrias, as injustiças, o cômico, os sonhos, a passagem
inexorável do tempo, a dupla existência da
verdade, as utopias, o sublime, o paradoxal,
as ambigüidades, a busca do autoconhecimento, coisas banais que fazem parte do
dia-a-dia de todas as pessoas. Para mim, a
RESENHA
Ophélia tem quase oitenta anos de idade,
perdeu o marido, vai se aposentar. Todas
essas mudanças desencadeiam uma grande
crise pessoal. Sente-se velha, desprezada,
doente, acabada. O que fazer agora?
Ao fundo, como um cenário, o velho bairro
em que sempre viveu perde suas características; a praça pode ceder lugar a um
grande empreendimento imobiliário, o
joão-de-barro assiste a tudo: um passarinho
me contou...
Um dia, quase por acaso, Ophélia reencontra Araújo, antigo colega de escola e
ex-namorado da juventude. A partir daí, a
vida dos dois amigos passa por uma inesperada reviravolta: lutar pela preservação da
praça, reconstruir as próprias vidas.
Cheios de planos, Araújo e Ophélia partem
para descobrir o Brasil, levando na bagagem esperança e alegria. Como o príncipe-pássaro da história, Ophélia deixa sua
casa para trás. Enfrentando o espanto, a
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Enc chega de saudade.indd 1
1. O título do livro Chega de saudade faz referência a uma linda canção de Tom Jobim
com letra do poeta Vinicius de Moraes:
Vai minha tristeza e diz a ela
que sem ela não pode ser...
Você pode encontrar toda a letra no endereço: http://tom-jobim.letras.terra.com.
br/letras/49028
Ouça a canção com a turma e soltem a voz
para cantá-la!
Na seção “Autor e obra”, Ricardo nos conta
uma outra história: a de como produziu
este livro a partir de Araújo ama Ophélia,
de 1981, e da versão de Chega de saudade,
de 1984. Escrever, reescrever... a busca do
escritor pela palavra mais justa. Ou será o
desejo de encontrar de novo personagens
queridas, matar as saudades, como também
acontece com os leitores após a palavra
“fim”?
Como o escritor, Ophélia precisa contar
e recontar a mesma história — a sua
própria —, relembrar e reinventar-se a
cada perda. Um passarinho nos conta sua
história, Ophélia conta a Araújo sua história, Ophélia remói internamente sua história:
a das pessoas que amou, a do bairro em
que vive... As crianças, netos de Ophélia,
vão, a seu modo, reunindo os fragmentos
da história da avó; que é outra aos olhos
de André, seu único filho; outra ainda aos
olhos de Solange, a nora. Cartas. E-mails.
Cada um se escreve e escreve ao outro nas
mal-traçadas linhas...
Em meio a esse mosaico de vozes, o leitor é
convidado a aproximar-se das personagens
e de suas emoções, pois, como o príncipe-pássaro da história, jovens ou idosos,
todos precisam encontrar seus caminhos
de viver.
2. Estimule os estudantes a explicitarem as
expectativas que o título e a letra da canção
projetam em relação ao enredo do livro: é
provável que esperem encontrar uma história de amor, de um casal que se separou
e depois se reencontra...
3. Mostre a capa que reproduz um belo
trabalho de Rogério Borges. O detalhe das
duas mãos entrelaçadas sugere um encontro. Certamente, os alunos devem notar as
rugas que riscam as mãos. Que casal será
esse? Que efeito produz o contraste da
figura das mãos com o fundo, que representa um céu estrelado? Detenham-se na
observação da imagem da borboleta e no
lirismo que introduz à composição. A borboleta, como algumas espécies de animais,
passa por transformações. O que será que
essa história nos reserva?
QUADRO-SÍNTESE
4. Leia o texto da quarta capa e promova
o ajuste das expectativas levantadas tanto
pela análise do título quanto da capa do
livro.
Gênero: novela
Palavras-chave: velhice, amor, família,
meio ambiente
Áreas envolvidas: Língua Portuguesa,
Educação Artística
Temas transversais: Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural
Público-alvo: alunos da 7a e 8a séries do
Ensino Fundamental
cer e morrer. Que imagem os vários idosos,
que fazem parte de nossa vida pessoal,
afetiva e intelectual, nos transmitem sobre
o envelhecimento?
revelar a fonte. Mas em Chega de saudade
é mesmo um passarinho, um joão-de-barro,
uma das vozes que narram os acontecimentos. Descobrir quem está narrando os
acontecimentos é uma das estratégias que
Ricardo Azevedo emprega para manter a
atenção do leitor: quem é esse “eu”?
Não revele quem é esse narrador, mas chame a atenção para o fato e estimule-os a
descobrir quem está narrando a história.
Após a revelação, volte atrás para justificar
alguns detalhes. Por exemplo, a implicância
do narrador com os gatos etc.
4. Os diálogos de que participam Júlia e
Beto (Alberto), netos de Ophélia, são muito
divertidos, principalmente pela maneira
pessoal com que interpretam o mundo
dos adultos. Localize os trechos no livro e
encarregue alguns alunos de prepararem
uma leitura expressiva das passagens. Se
desejarem, vale transformá-las em cenas
para representação teatral.
2. Há no livro uma variedade de fontes e
estilos de fonte: Garamond, Courier New,
itálico, negrito... Peça aos alunos que tentem descobrir a função que esses recursos
gráficos têm no texto.
5. No capítulo 11, Júlia ensina a Beto como
falar uma estranha língua maluca falada
pela avó. Veja como é:
A = aus E = enter I = inis O = omber
U = ufter
Vombercenter gomberstomberufer domber
linisvromber chentergaus denter sausufterdausdenter?
Há várias “línguas secretas”. A mais conhecida é, sem sombra de dúvida, a “língua
do pê”:
Pêvopêcê pêgospêtou pêde pêler pêo
pêlipêvro pêChepêga pêde pêsaupêdapêde? É só dividir a palavra em sílabas e,
antes de cada uma, acrescentar “pê”: Pêé
pêfápêcil!
Há ainda esta outra versão: Vopôcêpê gospôtoupô depê lerpê opô lipivropô Chepêgapá depê saupádapádepê? Depois de cada
sílaba, é só acrescentar a consoante “p” com
a vogal que é o núcleo daquela sílaba.
Que tal organizar um torneio?
Organize a turma em equipes. Em homenagem ao título do livro, cada uma deve
tentar adivinhar títulos de canções falados
em uma língua secreta.
Depois da leitura
✦ nas tramas do texto
1. Os capítulos em que o livro é dividido são
apenas numerados, não receberam títulos.
Organize a turma em duplas e sorteie entre
elas um ou mais capítulos, para que, a partir de uma releitura atenta, criem um bom
título para ele. Concluída a atividade, peça
aos grupos para apresentar suas propostas
para serem avaliadas pela turma. Ao final,
terão elaborado um sumário para Chega
de saudade.
2. Aproveite as cartas e os e-mails que aparecem no livro e sugira aos alunos que escolham um deles para responder, assumindo
as características de uma das personagens.
Promova a leitura dos textos e avalie com o
grupo se os pontos de vista das personagens
foram preservados na resposta.
6. No capítulo 18, o leitor encontra a partitura do chorinho “Monte Alegre”, composto por Vicente Alves Araújo, o simpático
namorado de Ophélia. Verifique se alguém
toca algum instrumento para conhecer a
melodia. Aproveite para introduzir os es-
Durante a leitura
1. Você certamente conhece a expressão
um “passarinho me contou”. Em geral, a
empregamos quando queremos contar a
alguém uma história que nos contaram sem
6
3. O tema do livro permite discutir a velhice com os jovens. Certamente, para eles o
envelhecimento apresenta-se como uma
realidade muito distante, pois, em geral, se
vive como se só os outros fossem envelhe-
tudantes nesse estilo musical. Aí vão alguns
endereços para ajudá-lo em sua pesquisa:
• http://www.chorinhonet.hpg.ig.com.br/
index.htm
• http://www.cliquemusic.com.br/br/resgate/resgate.asp?Nu_Materia=3751
• http://almanaque.folha.uol.com.br/choro.
htm
7. Ophélia é uma avó que é muito apreciada pelas histórias que conta. O leitor teve o
prazer de “escutar” uma delas no capítulo
8. Que tal presentear seus alunos com a
leitura do conto em voz alta?
8. Ricardo Azevedo, como sua personagem
Ophélia, é também um excelente contador
de histórias. Graças a suas pesquisas de cultura popular brasileira, os leitores podem
saborear outras lindas histórias como esta.
Leve a turma à biblioteca e estimule-a a
selecionar um outro conto tradicional recontado pelo autor, para ler em voz alta.
Aí vão alguns títulos do escritor em que
encontrarão lindas histórias:
• Histórias de bobos, bocós, burraldos e
paspalhões –– Porto Alegre, Projeto
• No meio da noite escura tem um pé de
maravilha –– São Paulo, Ática
• Contos de enganar a morte –– São Paulo,
Ática
• Contos de bichos do mato –– São Paulo,
Ática
• Contos de espanto e alumbramento
–– São Paulo, Scipione
Após ensaiarem a leitura, os alunos poderão ler as histórias para os colegas menores,
com a idade de Júlia e Beto, por exemplo.
Ou então organizar uma visita a um asilo
para ler as histórias aos idosos que lá estão
e que certamente irão apreciar a história,
a visita e a conversa.
✦ nas telas do cinema
História real, dirigido por David Lynch, conta
a história de um viúvo que vive em uma comunidade rural com a filha e que, numa noite, recebe a notícia de que seu irmão sofreu
um derrame. Decide então visitá-lo antes
que morra. Mas sem dinheiro e orgulhoso
para pedir ajuda, resolve fazer a viagem com
o único meio de transporte de que dispõe:
um cortador de grama. (Distribuição: Buena
Vista Pictures / Lumière Brasil.)
DICAS DE LEITURA
◗ do mesmo autor
Trezentos parafusos a menos –– São Paulo,
Companhia das Letras
Lúcio vira bicho –– São Paulo, Companhia
das Letras
Três lados da mesma moeda –– São Paulo,
Ática
Coração maltrapilho –– São Paulo, FTD
◗ sobre o mesmo assunto
Os amigos –– Kazumi Yumoto, São Paulo,
Martins Fontes
O outono do álamo –– Kazumi Yumoto, São
Paulo, Martins Fontes
Vá aonde seu coração mandar –– Susanna
Tamaro, Rio de Janeiro, Rocco
◗ leitura de desafio
Leia com a turma dois contos de Clarice
Lispector que também discutem o tema da
velhice: “Feliz aniversário”, do livro Laços
de família, que narra o mergulho trágico
em uma festa familiar nos 89 anos da matriarca; “Viagem a Petrópolis”, do livro A
legião estrangeira, que narra a profunda
solidão de uma velhinha que, sem lugar
para morar, é empurrada de uma casa para
outra. Os dois livros são publicados pela
Editora Rocco.
7
6/29/06 11:21:06 AM
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