UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CAMPUS DE JABOTICABAL
METALOPROTEINASES DA MATRIZ 2 E 9 EM COELHOS
COM CARDIOMIOPATIA INDUZIDA PELA DOXORRUBICINA
Sheila Nogueira Saraiva da Silva
Médica Veterinária
2014
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CAMPUS DE JABOTICABAL
METALOPROTEINASES DA MATRIZ 2 E 9 EM COELHOS
COM CARDIOMIOPATIA INDUZIDA PELA DOXORRUBICINA
Pós-graduanda: Sheila Nogueira Saraiva da Silva
Orientador: Prof. Dr. Marlos Gonçalves Sousa
Dissertação
apresentada
à
Faculdade
de
Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP,
Campus de Jaboticabal, como parte das
exigências para obtenção do título de Mestre
em Medicina Veterinária, área Clínica Médica
Veterinária.
Jaboticabal – SP – Brasil
Fevereiro, 2014
Silva, Sheila Nogueira Saraiva da
S586
Metaloproteinases da matriz 2 e 9 em coelhos com
m cardiomiopatia induzida pela doxorrubicina / Sheila
Nogueira Saraiva da Silva. – – Jaboticabal, 2014
xv, 41 p. : il. ; 28 cm
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual
Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,
2014
Orientadora: Marlos Gonçalves Sousa
Banca examinadora: Aparecido Antonio Camacho,
Ronaldo Jun Yamato.
Bibliografia
1. Zimografia. 2. Atividade enzimática. 3.
Remodelamento. 4. Ecocardiograma. I. Título. II.
Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias.
CDU 619:616.2:636.92
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação –
Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal.
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
SHEILA NOGUEIRA SARAIVA DA SILVA – filha de Maria Neide Nogueira e de
Antonio Paulo Saraiva da Silva, nascida em 29 de janeiro de 1984 na cidade de São
Paulo, estado de São Paulo. Em Julho de 2009, tornou-se Médica Veterinária pela
Universidade Federal do Tocantins (UFT), em Araguaína/TO. Em Janeiro de 2012
concluiu a Residência em Clínica Médica de Pequenos Animais, pela Universidade
Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” (UNESP), na cidade de Araçatuba/SP.
Em Março de 2012, iniciou o curso de Mestrado em Medicina Veterinária, área de
concentração em Clínica Médica Veterinária, junto à Faculdade de Ciências Agrárias
e Veterinárias da UNESP, campus de Jaboticabal, tendo, desde então, participado
das atividades do Serviço de Cardiologia do Hospital Veterinário Governador Laudo
Natel.
Este estudo foi aprovado pela Comissão de Ética no
Uso de Animais da FCAV-UNESP (2243/13).
Aos que estiverem sempre ao meu lado durante esta jornada, nos melhores e
piores momentos.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
À Deus, sobre todas as coisas.
Aos meus pais, pelo amor e dedicação sempre.
Ao meu orientador, Professor Marlos Gonçalves Sousa, pela oportunidade, pela
orientação desde a faculdade, nas iniciações científicas, monitorias, eventos,
estágios e mesmo depois de ter dito “agora chega” me acolheu e me propiciou mais
esta oportunidade de aprendizado.
Ao professor Aparecido Antonio Camacho, um dos grandes nomes da cardiologia
veterinária, agradeço pela oportunidade de aprendizado e vivência na cardiologia.
A professora Gisele F. Machado, pela oportunidade de utilizar o laboratório de
Patologia Aplicada e pela paciência e ajuda ao longo de todos esses meses.
Ao professor Canola, por disponibilizar o Serviço de Radiologia e o aparelho nos
quais os ecocardiogramas foram feitos.
Ao Fabio Nelson Gava, pelos ensinamentos, conselhos, ajuda, pelas manhãs,
tardes, noites e madrugadas de experimento. Por ser amigo e parceiro durante todo
esse tempo.
Ao Fernando, Jorge, Edna, Bruno, que estiveram presentes ao longo das etapas do
experimento, e das pizzas.
Ao Guilherme Dias Melo, que tanto me ajudou ao longo dos 7 meses em que todas
as etapas da zimografia davam errado. Pela ajuda, suporte, paciência e muitos
esclarecimentos.
Ao Roberto, que discutiu comigo cada passo do meu experimento e me ajudou a
encontrar respostas.
A todos os amigos da cardiologia (Cardiobrothers) Fabio, Jorge, Edna, Roberto,
Evandro, Fernando, Fabrício, Rodrigo, Felipe, Ana, Rafael. Pela amizade e
oportunidade de acompanhá-los nos atendimentos.
Aos amigos de hoje e de sempre Janete Silva, Reinaldo Garrido, Mariana Rondelli,
Tales Prado, Guto Schweigert, Ana Paula Gering, Carol Aoki, Mari Mendes, Joana
Mendes, Angela Nogueira, Renato Nogueira, Taisa Rocha, Fernanda Rocha,
Henrique Gomes, Silla Esse, Mariana Cardoso, Luriany Pompeo, Bia Perez, Karina
Yukie, Natália Souza, Thomas Trein, Acácio Pacheco, Camila Vieira, Fernanda
Tamiozzo, Renatinha Figueiredo, Luis Gustavo, Tais Nogueira, todos que com sua
amizade e amor estiverem ao meu lado, perto ou longe, me apoiaram, torceram por
mim, e sempre me mandaram vibrações positivas.
Ao meu namorado João, pelo amor e carinho. Por estar ao meu lado nos bons e
maus momentos. Por me ouvir, entender e apoiar. E por me dar chocolate na TPM.
Aos amigos da Lan & House, por me receberem de braços e corações abertos.
A todos os professores, funcionários, pós-graduandos e residentes do Hospital
Veterinário da FCAV-UNESP- Jaboticabal, pela ajuda e amizade;
A funcionária “Zezé” do Hospital Veterinário, que em momento crítico, foi prestativa e
atenciosa e me ajudou.
A Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Jaboticabal e a pósgraduação, pela oportunidade;
Ao biotério da UNESP- campus de Botucatu, pelo fornecimento dos animais
utilizados nesse estudo;
Aos meus felinos Chico e Bisca (in memorian), Binho e Pretinho. Que foram minha
companhia e minha alegria, durante este período de pós-graduação.
A todos os animais. Em especial aos coelhos que participaram dessa pesquisa;
A todos que colaboraram de alguma forma para a realização desse trabalho.
i
SUMÁRIO
Página
LISTA DE ABREVIATURAS......................................................................................
ii
LISTA DE TABELAS..................................................................................................
iv
LISTA DE FIGURAS..................................................................................................
vi
RESUMO....................................................................................................................
viii
ABSTRACT................................................................................................................
ix
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................
1
2. REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................
2
3. OBJETIVOS...........................................................................................................
8
3.1 Objetivos gerais........................................................................................
X
3.2 Objetivos específicos...............................................................................
X
4. MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................
10
4.1 Laboratórios..............................................................................................
10
4.2 Animais......................................................................................................
10
4.3 Indução da cardiomiopatia tóxica com doxorrubicina..........................
10
4.4 Avaliações.................................................................................................
11
4.5 Determinação da atividade enzimática das MMPs 2 e 9........................
11
4.6 Ecocardiografia.........................................................................................
15
4.7 Análise estatística....................................................................................
17
5. RESULTADOS.......................................................................................................
18
5.1 Indução da cardiomiopatia.......................................................................
18
5.2 Atividade plasmática das MMPs 2 e 9.....................................................
18
5.3 Correlações entre pro-MMPs 2 e 9 e parâmetros ecocardiográficos...
21
5.4 Atividade miocárdica das MMPs 2 e 9....................................................
28
6. DISCUSSÃO...........................................................................................................
X
7. CONCLUSÃO.........................................................................................................
X
8. REFERÊNCIAS......................................................................................................
30
ii
LISTA DE ABREVIATURAS
Amitral
Velocidade máxima do fluxo transmitral no inicio da sístole atrial
A’lat
Velocidade anular mitral lateral máxima no inicio da sístole atrial
A’sep
Velocidade anular mitral septal máxima no inicio da sístole atrial
AE
Átrio esquerdo
AE/Ao
Relação átrio esquerdo aorta
Ao
Artéria aorta
DIVEd
Diâmetro interno do ventrículo esquerdo em diástole
DIVEs
Diâmetro interno do ventrículo esquerdo em sístole
Emitral
Velocidade máxima do fluxo transmitral no inicio da diástole ventricular
E’lat
Velocidade anular mitral lateral máxima no inicio da diástole ventricular
E’sep
Velocidade anular mitral septal máxima no inicio da diástole ventricular
ECG
Eletrocardiograma
ECO
Ecocardiograma
FEC%
Fração de encurtamento
FEJ%
Fração de ejeção
GC
Grupo controle
GD
Grupo doxorrubicina
ICC
Insuficiência cardíaca congestiva
MEC
Matriz extracelular
MMP
Metaloproteinases da matriz
PLVE%
Espessamento fracional da parede livre do VE
PLVEd
Parede livre do ventrículo esquerdo em diástole
PLVEs
Parede livre do ventrículo esquerdo em sístole
PPE
Período de pré-ejeção
Pro-MMP
Forma inativa/latente da MMP
Slat
Velocidade anular mitral lateral máxima na sístole ventricular
Ssep
Velocidade anular mitral septal máxima na sístole ventricular
SIV%
Espessamento fracional do septo interventricular
SIVd
Espessura do septo interventricular em diástole
iii
SIVs
Espessura do septo interventricular em sístole
SSPE
Separação septal do ponto E
TEI
Índice de desempenho miocárdico de Tei
TEVE
Tempo de ejeção ventricular esquerda
TIMP
Inibidores teciduais das metaloproteinases
TRIV
Tempo de relaxamento isovolumétrico
UA
Unidade arbitrária
VmaxAo
Velocidade máxima do fluxo aórtico
VmaxPulm
Velocidade máxima do fluxo pulmonar
iv
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1 -
Percentual e número absoluto de animais onde foram
identificadas bandas representativas da pro-MMP-2 e proMMP-9 plasmáticas nos grupos controle (GC) e doxorrubicina
(GD), ao longo dos momentos estudados. UNESP, Jaboticabal,
SP (2014.....................................................................................
Tabela 2 -
19
Valores médios, desvios-padrão, medianas e resultados da
análise de variância das pro-MMPs 2 e 9 plasmáticas nos
grupos controle (GC) e doxorrubicina (GD), ao longo dos
momentos
estudados.
UNESP,
Jaboticabal,
SP
(2014)...........................................................................................
Tabela 3 -
20
Resultados da correlação de Spearman entre a atividade
plasmática da pro-MMP-2 e as variáveis ecocardiográficas
obtidas em modo B e modo M no grupo doxorrubicina (GD), ao
longo dos momentos estudados. UNESP, Jaboticabal, SP
(2014)............................................................................................
Tabela 4 -
22
Resultados da correlação de Spearman entre a atividade
plasmática da pro-MMP-2 e as variáveis ecocardiográficas
obtidas por Doppler convencional no grupo doxorrubicina (GD),
ao longo dos momentos estudados. UNESP, Jaboticabal, SP
(2014)............................................................................................
Tabela 5 -
24
Resultados da correlação de Spearman entre a atividade
plasmática da pro-MMP-2 e as variáveis ecocardiográficas
obtidas por Doppler tecidual no grupo doxorrubicina (GD), ao
longo dos momentos estudados. UNESP, Jaboticabal, SP
(2014)............................................................................................
Tabela 6 -
25
Resultados da correlação de Spearman entre a atividade
plasmática da pro-MMP-9 e as variáveis ecocardiográficas
obtidas em modo B e modo M no grupo doxorrubicina (GD), ao
longo dos momentos estudados. UNESP, Jaboticabal, SP
(2014)............................................................................................
26
v
Tabela 7 -
Resultados da correlação de Spearman entre a atividade
plasmática da pro-MMP-9 e as variáveis ecocardiográficas
obtidas por Doppler convencional no grupo doxorrubicina (GD),
ao longo dos momentos estudados. UNESP, Jaboticabal, SP
(2014)............................................................................................
Tabela 8 -
27
Resultados da correlação de Spearman entre a atividade
plasmática da pro-MMP-9 e as variáveis ecocardiográficas
obtidas por Doppler tecidual no grupo doxorrubicina (GD), ao
longo dos momentos estudados. UNESP, Jaboticabal, SP
(2014)............................................................................................
Tabela 9 -
28
Valores médios, desvios-padrão, medianas (entre parênteses)
da pro-MMP-2 miocárdica e resultado do teste T não pareado
para comparação dos grupos controle (GC) e doxorrubicina
(GD). UNESP, Jaboticabal, SP (2014).........................................
29
vi
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1 -
Zimograma evidenciando a disposição das bandas da proMMP-9, pro-MMP-2 e MMP-2 no adenocarcinoma mamário
canino utilizado como controle positivo, assim como no
plasma de nove animais pertencentes ao grupo controle.
UNESP, Araçatuba, SP (2014)...................................................
Figura 2 -
19
Medianas, interquartis (25/75), valores mínimos e máximos e
médias (+) das atividades plasmáticas (Unidades Arbitrárias)
da pro-MMP-2 e pro-MMP-9 nos grupos controle (esquerda) e
doxorrubicina (direita), ao longo dos momentos estudados.
UNESP, Jaboticabal, SP (2014).................................................
Figura 3 -
21
Representação gráfica da correlação significativa entre a
atividade plasmática da pro-MMP-2 e as variáveis diâmetro
interno do ventrículo esquerdo em sístole (DIVEs), diâmetro
interno do ventrículo esquerdo em diástole (DIVE d) e septo
interventricular
em
sístole
(SIVs)
em
T45,
no
grupo
doxorrubicina (GD). UNESP, Jaboticabal, SP (2014)................
Figura 4 -
23
Representação gráfica da correlação significativa entre a
atividade plasmática da pro-MMP-2 e as variáveis período de
pré-ejeção (PPE) e índice de desempenho miocárdico de Tei
(TEI) em T15, no grupo doxorrubicina (GD). UNESP,
Jaboticabal, SP (2014)...............................................................
Figura 5 -
24
Representação gráfica das correlações significativas entre a
atividade plasmática da pro-MMP-2 e as variáveis velocidade
anular mitral lateral máxima no inicio da sístole atrial (A’lat) em
T0 e relação entre Emitral e E’sep (Emitral/E’sep) em T45, no grupo
doxorrubicina (GD). UNESP, Jaboticabal, SP (2014)................
25
vii
Figura 6 -
Representação gráfica das correlações significativas entre a
atividade
plasmática
da
pro-MMP-9
e
as
variáveis
espessamento fracional do septo interventricular (PLVE%) em
T30 e tempo de ejeção ventricular esquerda (TEVE) em T45,
no grupo doxorrubicina (GD). UNESP, Jaboticabal, SP
(2014).........................................................................................
Figura 7 -
27
Medianas, interquartis (25/75), valores mínimos e máximos e
médias (+) da atividade miocárdica (Unidades Arbitrárias) da
pro-MMP-2 nos grupos controle e doxorrubicina. UNESP,
Jaboticabal, SP (2014)...............................................................
Figura 8 -
29
Correlação de Pearson entre as atividades plasmática e
miocárdica da pro-MMP-2 nos grupos controle (esquerda) e
doxorrubicina (direita). UNESP, Jaboticabal, SP (2014)............
29
viii
METALOPROTEINASES
DA
MATRIZ
2
E
9
EM
COELHOS
COM
CARDIOMIOPATIA INDUZIDA PELA DOXORRUBICINA
RESUMO – A doxorrubicina é um quimioterápico bastante utilizado em pacientes
oncológicos e sua cardiotoxicidade está relacionada com vários mecanismos
celulares, incluindo necrose e apoptose. Estudos têm aventado a participação das
metaloproteinases da matriz e seus inibidores na cardiotoxicidade induzida pela
doxorrubicina. Assim, esta pesquisa teve como objetivo avaliar as atividades
plasmática e miocárdica das metaloproteinases da matriz 2 e 9 em coelhos com
cardiomiopatia por doxorrubicina, correlacionando-as com o remodelamento
cardíaco que acompanha tal enfermidade. Os animais foram divididos em dois
grupos: controle (n=10) e doxorrubicina (n=15). As atividades plasmática e
miocárdica foram analisadas através do método de zimografia. Foram evidenciadas
apenas as formas inativas das MMPs (pro-MMP) nas amostras sanguíneas
analisadas. A pro-MMP-2 foi documentada no plasma dos animais controle e
daqueles com cardiomiopatia por doxorrubicina em todos os momentos de
avaliação. Já a pro-MMP-9 foi encontrada em algumas amostras dos grupos controle
e enfermo, principalmente nos momentos de valiação T30 e T45, porém em fraca
marcação. Houve diferença significativa na atividade das pro-MMPs-2 e 9 ao longo
dos tempos de estudo. Os testes de correlação entre as pro-MMPs plasmática e os
parâmetros ecocardiográficos evidenciaram resultados significativos. Em T0
verificou-se correlação entre A’lat e pro-MMP-2; em T15 documentaram-se
correlações entre a pro-MMP-2 e os parâmetros PPE e TEI; já em T30 constatou-se
correlação entre pro-MMP-9 e PLVE%; em T45, finalmente, foram observadas
correlações entre pro-MMP-2 e os parâmetros DIVEs, DIVEd, SIVs e Emitral/E’sep,
assim como entre pro-MMP-9 e TEVE. No miocárdio evidenciou-se apenas a proMMP-2. A atividade plasmática das MMPs, em especial a pro-MMP 2, pôde ser
relacionada às alterações morfofuncionais da cardiomiopatia induzida, sendo que
não houve correlação entre a atividade plasmática e miocárdica das MMPs 2 e 9,
limitando a aplicabilidade de sua quantificação sanguínea como biomarcador das
alterações miocárdicas atribuídas à cardiotoxicidade exercida pela doxorrubicina
Palavras chave: zimografia, atividade enzimática, remodelamento, ecocardiograma.
ix
MATRIX METALLOPROTEINASES 2 AND 9 IN RABBITS WITH DOXORUBICIN
INDUCED CARDIOMYOPATHY
ABSTRACT – Doxorubicin is a chemotherapy agent frequently used in oncology
patients. Its cardiotoxicity is related to several cellular mechanisms, including
necrosis
and
apoptosis.
Some
studies
have
ascribed
a
role
to
matrix
metalloproteinases and their inhibitors in the cardiotoxicity induced by doxorubicin.
Therefore, this research was aimed at evaluating the plasma and myocardial
activities of matrix metalloproteinases 2 and 9 in rabbits with doxorubicin-induced
cardiomyopathy, searching for a correlation between them and the cardiac
remodeling attributable to such disease. The animals were assigned into two groups:
control (n=10) and doxorubicin (n=15). The plasmatic and myocardial activities were
analyzed through the method of zymography. Only the inactive MMPs (pro-MMP) have
been identified in the blood samples. The plasma pro-MMP-2 was documented in
both control and doxurubicin animals from T0 to T45. On the contrary, the pro-MMP-9
was found in some samples of control and doxurubicin groups, especially at T30 and
T45, although only weak bands have been demonstrated. A significant difference
was shown to occur in pro-MMPs-2 and 9 along time. Correlation tests between the
plasma pro-MMPs and the echocardiographic data demonstrated significant results.
At T0 a correlation was found between A’lat and pro-MMP-2; at T15 correlations were
documented between pro-MMP-2 and the parameters PEP and TEI; at T30 a
correlation was identified between pro-MMP-9 and PLVE%; lastly, at T45 correlations
have been observed between pro-MMP-2 and the parameters LVIDs, LVIDd, IVSs e
Emitral/E’sep, as well as between pro-MMP-9 and LVET. Only the pro-MMP-2 was
documented at the myocardium, although no significant difference between groups
could be demonstrated. The plasmatic activity of the MMPs, specially the pro-MMP 2,
could be related to the morphofunctional alterations of the induced cardiomyopathy, and
that there was no correlation between the plasmatic and myocardic activities of the
MMPs 2 and 9, disproving the applicability of its blood quantification as biomarker of the
myocardial alterations atributed to the doxorrubicin exerted cardiotoxicity
Key-words: zymography, enzyme activity, remodeling, echocardiogram.
1
1. INTRODUÇÃO
A doxorrubicina é um quimioterápico muito utilizado em pacientes oncológicos
e sua cardiotoxicidade está relacionada com vários mecanismos celulares. Tal
condição se assemelha à cardiomiopatia dilatada, causando insuficiência miocárdica
e dilatação cardíaca, cujas repercussões clínicas incluem insuficiência cardíaca
congestiva, arritmias e até mesmo morte súbita.
O desenvolvimento de insuficiência cardíaca é um processo crônico,
associado com remodelamento, o qual envolve necrose e
apoptose de
cardiomiócitos, proliferação de fibroblastos e alteração de ambos os componentes
intracelulares do miocárdio, bem como das principais proteínas estruturais da matriz
extracelular (MEC). O remodelamento da MEC é atribuído a um papel crucial das
metaloproteinases de matriz (MMPs). No entanto, estudos contemporâneos têm
demonstrado que a MMP cliva não apenas os componentes proteícos principais do
compartimento extracelular do miocárdio, mas também inúmeras proteínas do
sarcômero e do citoesqueleto dentro dos miócitos cardíacos. Tanto a MMP-2 quanto
a MMP-9 desempenham importante função no desenvolvimento de diversas
doenças cardiovasculares.
Assim, as MMPs vêm sendo utilizadas como marcadores de lesão tecidual e,
mais recentemente, como marcador no processo de remodelamento miocárdico em
cães com doença valvular mixomatosa e em humanos, nos casos de cardiomiopatia
dilatada e infarto agudo do miocárdio. Outros estudos têm sido realizados para
avaliar a ação das metaloproteinases da matriz e seus inibidores na cardiotoxicidade
induzida pela doxorrubicina.
2
2. REVISÃO DE LITERATURA
A doxorrubicina, também denominada adriamicina, é um fármaco do grupo
das antraciclinas que está entre os quimioterápicos utilizados na medicina e na
medicina veterinária para o tratamento de diferentes neoplasias malignas,
especialmente tumores sólidos, leucemias e linfomas. Entretanto, possui como
efeitos colaterais toxicidade que envolve alterações hematológicas, gastrointestinais,
dermatológicas, renais e, principalmente, cardiocirculatórias (SPEYER et al., 1988;
STEINHERZ et al., 1991; RODASKI; DE-NARDI, 2008; SANTOS et al., 2009). O
efeito cardiotóxico da doxorrubicina está associado à sua concentração cumulativa,
de modo que dosagens que excedem 250 mg/m² em seres humanos, 240 mg/m² em
cães e 90 mg/m² em gatos desencadeiam degeneração miocárdica progressiva
(SOUZA, 2004; SILVA, CAMACHO, 2005; SOUZA, CAMACHO, 2006; BRUNTON,
LAZO, PARKER, 2007; RODASKI, DE-NARDI, 2008).
Os mecanismos que levam ao desfecho da cardiomiopatia tóxica são
complexos e ainda não estão completamente elucidados. Em 1980, Jaenke e
colaboradores utilizaram coelhos para avaliar os danos causados pela doxorrubicina,
estabelecendo doses máximas toleradas pela espécie. Já em 1985, Arnolda e
equipe estudaram as alterações geradas pela doxorrubicina em coelhos, avaliando a
ativação dos mecanismos vasoconstritores. Porém, na época em que esses estudos
foram realizados, ainda não se dispunha de técnicas modernas de avaliação da
anatomia e função cardíaca, como a eletrocardiografia computadorizada e o
ecodopplercardiograma.
Em cães, o tratamento crônico com doxorrubicina induz a insuficiência
miocárdica e insuficiência cardíaca congestiva (ICC), de forma semelhante à
observada em cães com cardiomiopatia dilatada (SILVA, CAMACHO, 2005). A
cardiotoxicidade induzida pela doxorrubicina é dose-dependente e comumente se
desenvolve em cães após uma dose cumulativa superior a 250 mg/m² (SUSANECK,
1983; JACOBS, 1996). Entretanto Silva (2001) demonstrou, experimentalmente, que
cães desenvolvem cardiotoxicidade mesmo com doses inferiores à mencionada. Já
3
Mauldin et al. (1992) relatou a ocorrência de insuficiência cardíaca congestiva em
sete cães tratados com dose cumulativa média de 150 mg/m².
No cão, as manifestações atribuídas à cardiotoxicidade podem ocorrer de três
maneiras: forma aguda, instantes após a administração do fármaco, com o animal
apresentando anafilaxia, êmese, hipotensão e arritmias; em curto prazo, manifestada
uma a duas semanas após a administração, onde o animal desenvolve
emagrecimento, anorexia, alterações gastrointestinais, hipoplasia de medula óssea,
atrofia linfóide e alopecia; e, finalmente, a forma mais comum, que é crônica, dose
dependente, com início variável dos sinais clínicos, que incluem ICC, anormalidades
eletrocardiográficas, arritmias e morte súbita (SUSANECK, 1983; PRICE, et al.,
1991; MAULDIN, et al., 1992; HANAI, et al, 1996; JACOBS, 1996; TOYODA, et al.,
1998).
As principais alterações ecocardiográficas nos modos bidimensional e em
modo-M encontradas em cães com cardiomiopatia tóxica incluem aumento no
diâmetro interno do ventrículo esquerdo em sístole e diástole e diminuição da fração
de encurtamento do ventrículo esquerdo (HANAI, et al., 1996; TOYODA, et al.,
1998). Silva e Camacho (2005) estudaram as alterações ecocardiográficas em cães
submetidos à terapia prolongada com doxorrubicina e encontraram insuficiência
sistólica, seguida de dilatação atrioventricular esquerda, aumento gradual do
diâmetro e volume ventricular esquerdo ao final da sístole, além de hipocinesia do
septo interventricular e parede livre do ventrículo esquerdo, os quais promoveram
queda proporcional da fração de encurtamento e aumento do volume sistólico final,
com consequente redução da fração de ejeção e do volume ejetado. As maiores
reduções (encurtamento e ejeção) foram observadas após a administração da última
dose de doxorrubicina, levando a crer que a dose total está diretamente relacionada
com o grau de disfunção miocárdica.
A cardiotoxicidade da doxorubicina está relacionada a vários mecanismos
celulares, incluindo necrose e apoptose. Acredita-se que o acúmulo da substância
nas mitocôndrias promova formação de radicais livres e reações de peroxidação. A
liberação de superóxidos propicia a conversão dos ácidos graxos insaturados da
membrana celular miocárdica em peróxidos lipídicos, resultando em alterações
estruturais no miócito, com formação de vacúolos, degeneração mitocondrial, perda
4
dos miofilamentos e atrofia progressiva das miofibrilas. Com a liberação de
citocromo C pelas mitocôndrias no citosol, ocorre ativação da caspase-9,
responsável pela ativação das outras caspases, com consequente morte celular
(GREEN & LEEUWENBURGH, 2002). Ademais, sabe-se que a doxorrubicina pode
desencadear liberação de histamina, metabólitos do ácido araquidônico e fator de
ativação plaquetário, contribuindo para progressão de lesões no miocárdio. Tais
alterações resultam em dilatação cardíaca, perda da capacidade contrátil e
remodelamento miocárdico (SUSANECK, 1983; TOMLINSON et al., 1985; GANZ et
al., 1996; TOYODA et al., 1998; TJEERDSMA et al., 1999; SOUZA, 2007).
A dilatação cardíaca que se desenvolve durante o uso prolongado da
doxorrubicina altera os componentes da matriz extracelular (GOTO et al., 2003). As
altas concentrações de doxorrubicina modificam a rede de colágeno e também os
cardiomiócitos (DIEZ, 2010). No coração, o colágeno é a principal proteína de
sustentação dessas células. Assim, quando a síntese dessa proteína predomina sob
a degradação, o resultado é a fibrose. Ao contrário, quando a degradação
predomina, a perda do colágeno resulta em disfunção contrátil (DIEZ, 2010). Ao
avaliarem os colágenos tipo I, III e IV no coração de ratos após uma única aplicação
de doxorrubicina, Dudnakova et al. (2003) constataram aumento da densidade e
extensão do colágeno, indicando o desenvolvimento de fibrose difusa. Nesse
mesmo estudo, observaram-se apoptose, perda focal de elementos contráteis,
alterações no citoesqueleto e cardiomiócitos com núcleo penetrado por mitocôndrias,
sugerindo drástica alteração na permeabilidade nuclear.
As propriedades estruturais do ventrículo são determinadas não somente
pelos miócitos, mas também pelo tecido conjuntivo intersticial, que é rico em
colágeno fibrilar tipos I e III. Este último forma os suportes nos quais os miócitos são
alinhados. Ramos de fibras colagenosas correm em ângulos retos para a conexão e
alinhamento de fibras musculares cardíacas. Dessa forma, a depleção de tais
suportes pode levar à dilatação cardíaca. A quantidade e o tipo de matriz
extracelular podem também ter profundos efeitos nas propriedades diastólicas do
miocárdio, afetando sua elasticidade e disposição fisiológica (COLUCCI, 2003). A
quantidade e natureza do colágeno na matriz extracelular são determinadas pelo
equilíbrio entre síntese e degradação, sendo esta última regulada pela ação
5
opositora das metaloproteinases da matriz (matrix metalloproteinases ou MMP), uma
família de enzimas que degradam proteínas da matriz, bem como dos inibidores das
metaloproteinases (tissue inhibitors of metalloproteinase ou TIMP), uma família de
enzimas que inibem a atividade das MMPs. No miocárdio de modelos humanos e
animais de insuficiência sistólica, observações ultraestruturais têm mostrado a
depleção de suportes de colágeno fibrilar, que auxiliam na manutenção e
alinhamento dos miócitos. Destarte, tem sido proposto que a depleção da porção do
suporte de colágeno pode contribuir para a dilatação da câmara por permitir um
"deslizamento" de miócitos. Esta informação é consistente com as observações de
que a atividade das MMP encontra-se aumentada no miocárdio de pacientes em
estágio final de insuficiência cardíaca. De modo semelhante, a atividade dos TIMPs
encontra-se diminuída no miocárdio de pacientes em estágio final de insuficiência
cardíaca (COLUCCI, 2003).
As MMPs constituem-se de um grupo de enzimas responsáveis pela
degradação dos componentes da MEC e das membranas basais (NAVARRO et al.,
2006). Trata-se de endopeptidases secretadas na forma de pro-enzimas inativas,
denominadas zimogênios, que são ativadas no ambiente pericelular dos tecidos por
segmentação do pro-peptídeo, ou seja, por quebra de uma ligação de cisteína-Zn++
que bloqueia a reatividade do local ativo. Este processo faz com que os zimogênios
(inativos) se transformem em MMPs (ativas). Cada célula expressa um tipo de
complemento de MMPs e, assim sendo, as citocinas causarão efeitos diferentes
sobre as células (MURPHY, 1997).
As metaloproteinases são classificadas de acordo com o substrato que
degradam. As colagenases que compreendem as MMPs 1, 8, 13 e 18, as
gelatinases MMP-2, MMP-9 as estromelisinas MMPs 3, 7, 10, 11, 19, 20, matrilisinas
MMPs 7 e 16 e as de tipo membrana MT-MMPs: MMPs 14,15, 16, 17, 24 e 25
(VISSE & NAGASE, 2003; LOFTUS & THOMPSON, 2002).
6
O esquema abaixo demonstra a forma de ativação das MMPs no tecido:
Celulas inflamatórias
(neutrófilos, macrófagos)
Celulas de feridas
(células epiteliais,
fibroblastos, células
vasculares endoteliais)
Liberam
Pro-MMPs
Ativam
Proteases
(plasmina, neutrófilos
elastase, mastócito quinase)
MMPs
Inativa
m
TIMPs
TIMPS
(de fibroblastos, células
perivasculares, queratinócitos
basais)
Modificado de Cullen, 2009.
Segundo Birkedal-Hansen (1993) a atividade das MMPs no substrato da
matriz extracelular é regulada por quatro vias: 1) transcrição nos genes das MMPs;
2) ativação de precursores; 3) diferenças de especificidade de substrato; e 4)
inibidores de MMPs. Esses inibidores teciduais de MMPs (TIMPs) são proteínas
pequenas e multifuncionais que regulam ambas as funções das MMPs, o nível de
sua ativação e sua habilidade de hidrolisar um determinado substrato (MURPHY,
1997; SOUSA, 2002). O equilíbrio entre a produção de MMPs e de TIMPs
representa o ponto principal para manutenção da homeostase da matriz extracelular.
Em seres humanos, a atividade das MMPs tem sido relacionada a
importantes doenças, como destruição de articulações nos casos de artrite
reumatóide, osteoartrite, aneurisma aórtico abdominal, infarto agudo do miocárdio e
câncer. As MMPs também participam de processos de remodelamento normais,
7
como no desenvolvimento embrionário, na involução pós-parto do útero, na
remodelação óssea, na ovulação e na reparação de feridas (NAVARRO et al., 2006).
A MEC é responsável pela organização e pela integridade estrutural do
miocárdio. As MMPs, por sua vez, podem degradar componentes da MEC, incluindo
as fibras colágenas tipo I, II e III, gelatina, fibronectina, laminina e vitronectina. No
estresse oxidativo, assim como em outros processos patológicos, pode haver
desequilíbrio entre as proteases e antiproteases, resultando em alterações
quantitativas e/ou qualitativas na composição da matriz. Tal condição possibilita
ruptura do colágeno, com consequente dilatação e remodelamento do miocárdio
(SHAKER & SOUROUR, 2010).
Já se demonstrou que tanto a MMP-2 quanto a MMP-9 desempenham
importante função no desenvolvimento de diversas doenças cardiovasculares
(KIZAKE et al., 2006). Alterações nos níveis dessas metaloproteinases foram
documentadas na cardiomiopatia dilatada em seres humanos (LI et al., 1998;
THOMAS et al., 1998; SPINALE et al., 2000), em doenças hipertensivas utilizando
ratos como modelo experimental (ROBERT et al., 1997), no infarto do miocárdio
(PETERSON et al., 2000), bem como após tratamento agudo (KIZAKE, 2006) e
crônico (ADAMCOVÁ et al., 2010) com doxorrubicina em ratos. Ao estudarem as
MMPs 1 e 9 em cães apresentando fibrilação atrial, Zhang et al. (2008)
demonstraram valores de MMP-9 significativamente maiores nos cães com arritmia
do que nos animais controle. Além disso, também evidenciaram que o uso do
captopril diminuiu concomitantemente o remodelamento atrial e os valores das
MMPs testadas. Em um estudo relativamente recente envolvendo cães com doença
valvular mitral mixomatosa, Ljugvall et al. (2011) documentaram redução da
atividade plasmática da MMP-9 à medida que houve aumento no diâmetro interno do
ventrículo esquerdo em sístole, concluindo que tal avaliação pode ser útil como
marcador do processo de remodelamento miocárdico em cães com tal enfermidade.
No entanto, ainda que essa família de enzima seja promissora para qualificar
o remodelamento cardíaco, testes que avaliam as MMPs e seus inibidores teciduais
ainda se encontram em fases iniciais de desenvolvimento, havendo necessidade de
pesquisas adicionais para elucidar e aprimorar o conhecimento e seu potencial como
biomarcadores. Deste modo, será possível ampliar sua utilização, melhorando seu
8
custo/benefício para diagnóstico e monitoramento das terapias nos pacientes
cardiopatas. Nesse contexto, o modelo de cardiomiopatia tóxica induzido pela
doxorrubicina em coelhos possibilita acompanhar a evolução dos mecanismos
fisiopatológicos envolvidos com essa importante cardiopatia que acomete diversas
espécies.
9
3. OBJETIVOS
3.1.
Objetivos gerais
Esta pesquisa teve como objetivo estudar o remodelamento miocárdico na
cardiomiopatia
induzida
pela
doxorrubicina
em
coelhos,
averiguando-se
o
comportamento das metaloproteinases da matriz 2 e 9 e as modificações
morfofuncionais sabidamente presentes em tal modelo experimental.
3.2.
Objetivos específicos
Foram
objetivos
específicos
desta
pesquisa
a
avaliação
das
metaloproteinases da matriz 2 e 9 ao longo da indução da cardiomiopatia pela
doxorrubicina; a determinação da correlação entre a atividade plasmática das
metaloproteinases 2 e 9 e os indicadores ecocardiográficos de função sistólica e
diastólica; a determinação da concentração miocárdica das metaloproteinases 2 e 9
ao término do processo de indução da cardiomiopatia em questão.
10
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. Laboratórios
As
atividades
experimentais
foram
realizadas
nos
Laboratórios
de
Cardiologia, Patologia Clínica e Radiologia do Hospital Veterinário “Governador
Laudo Natel” da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) da
Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Jaboticabal, SP. As
metaloproteinases foram quantificadas no Laboratório de Patologia Aplicada da
Faculdade de Medicina Veterinária (FMVA) da UNESP, campus de Araçatuba,
SP.
4.2. Animais
Foram utilizados inicialmente 25 coelhos da raça Nova Zelândia Branca,
adultos, machos, peso médio de 3,0±1,0 kg, provenientes de biotério especializado
na criação da espécie. Os coelhos foram mantidos em gaiolas individuais, com
dimensões de 80 cm x 50 cm x 35 cm, sendo oferecida ração comercial própria para
a espécie e água ad libitum. Após ambientação dos animais e cuidadoso exame
físico, procedeu-se a composição de dois grupos experimentais: (GC) grupo
controle, com 10 animais e (GD) grupo doxorrubicina, com 15 animais.
4.3. Indução da cardiomiopatia tóxica com doxorrubicina
Para indução da cardiomiopatia tóxica, foi adotado o protocolo recentemente
estudado por Gava (2011). A diluição do fármaco foi realizada em capela de fluxo
laminar apropriada para manejo de quimioterápicos. Todos os manipuladores
utilizaram acessórios de segurança (luvas, avental, gorro e máscara) durante as
manipulações e administrações do fármaco.
Nenhum animal foi anestesiado durante a administração do fármaco e, para
correta imobilização, utilizou-se um suporte de contenção. Inicialmente foi realizada
11
tricotomia da região auricular e posterior assepsia. Um cateter agulhado (scalp)
número 21 foi inserido na veia auricular, sendo a dose total do fármaco já diluído
aplicada em bolus de forma lenta. Os animais do grupo GD receberm doxorrubicina,
por via intravenosa, na dose de 1 mg/kg, duas vezes por semana (segundas e
quintas-feiras), por seis semanas consecutivas. Os animais do grupo GC receberam
apenas solução de cloreto de sódio 0,9%, em volume semelhante àquele utilizado
para aplicação da doxorrubicina em animal de peso semelhante.
4.4.
Avaliações
As determinações das atividades plasmáticas das metaloproteinases da
matriz 2 e 9, bem como as avaliações ecocardiográficas foram realizadas nos
animais de ambos os grupos, sem qualquer sedação ou anestesia, obedecendo-se
aos seguintes tempos experimentais:
T0: avaliação basal (antes da administração inicial da doxorrubicina);
T15: quinze dias após a primeira administração da doxorrubicina;
T30: trinta dias após a primeira administração da doxorrubicina;
T45: quarenta e cinco dias após a primeira administração da doxorrubicina.
Ao término das avaliações, os animais foram eutanasiados, obedecendo-se
aos critérios éticos e técnicos descritos na Resolução 1000, de 11/05/2012, do
Conselho Federal de Medicina Veterinária, visando a obtenção de amostras
miocárdicas destinadas à determinação da atividade das metaloproteinases de
matriz 2 e 9 no tecido cardíaco. Nesse sentido, foram coletados fragmentos de
ventrículo direito, ventrículo esquerdo e septo interventricular, os quais foram
acondicionados em tubos estéreis e armazenados em freezer a -80ºC até o
momento do processamento.
4.5.
Determinação das atividades enzimáticas das MMPs 2 e 9
Para determinação das atividades plasmáticas das metaloproteinases da
matriz 2 e 9, coletaram-se amostras sanguíneas de 3 mL dos animais em cada um
12
dos tempos estudados, empregando-se tubos estéreis a vácuo contendo
anticoagulante citrato. Na sequência, o material foi centrifugado, sendo o plasma
transferido para tubos estéreis devidamente identificados, onde permaneceram
congelados em freezer -80ºC para análise posterior.
No momento das análises, as amostras de tecido cardíaco, previamente
estocadas, foram descongeladas e mantidas em recipiente com gelo para que se
mantivesse a temperatura de 4ºC. Os fragmentos foram então macerados em 1,0
mL de tampão de lise. O conteúdo foi coletado com pipeta e transferido para tubo
eppendorf, o qual foi centrifugado a 12.000 x g por 15 minutos. Na sequência,
removeu-se o sobrenadante, que foi então tranferido para novos tubos eppendorf.
Para quantificação de proteínas nas amostras plasmáticas e miocárdicas foi
utilizado o método do ácido bicinconínico (BCA 23225, Pierce Biotechnology). Foram
pipetados 10 µL das amostras em placa de ELISA em duplicata, assim como a curva
padrão também em duplicata. Adicionaram-se 200 µL da solução de trabalho (BCA
Protein Assay Reagent, Pierce Biotechnology) à placa, a qual foi incubada a 37ºC
por 30 minutos. Após este período, procedeu-se a leitura em espectrofotômetro com
absorbância de 562 nm. A concentração de proteínas (em µg/mL) foi estimada por
meio de equação de regressão, calculando-se, individualmente, a quantidade em µL
de amostra suficiente para que fosse obtido 15 µg de proteína por amostra.
A zimografia foi realizada segundo o método descrito por Melo et al. (2011)
para o plasma e por Machado et al. (2010) para o tecido. Para tanto, empregou-se
gel de zimograma (poliacrilamida) contendo 1 mg de gelatina. As amostras foram
submetidas à eletroforese por 90 minutos a 150V, em tampão de corrida Tris-Glicina,
pH 8,3, em temperatura de 4ºC. Na sequência, os géis foram lavados em solução
Triton X-100 2,7% por 30 minutos, em temperatura ambiente. Em seguida, os géis
foram incubado em tampão de desenvolvimento (50 mM Tris, 200 mM NaCl, 5 mM
CaCl2, 0,2% Brij 35, pH 7,5) por 20 horas, a 37ºC. Após a incubação, procedeu-se a
coloração dos géis com 0,5 gramas de azul de Comassie dissolvido em 45% de
metanol, 10% de ácido acético e 45% de água destilada, seguido do procedimento
de descoloração em solução de ácido acético 7%.
Na sequência, os géis foram fotografados em alta resolução, empregando-se
fotodocumentador (ImageQuant LAS 4000, GE), sendo as bandas analisadas por
13
densitometria para a comparação dos dados obtidos nos diferentes momentos
avaliados nos grupos GC e GD. Assim, as imagens foram analisadas pelo software
ImageJ 1.46r (Wayne Rasband, National Institutes of Health, Bethesda, EUA;
http://rsb.info.nih.gov/ij), utilizando o método da densidade integrada (expresso em
unidade arbitrária). Para normalização entre os géis, foi utilizada amostra de
adenocarcinoma mamário canino como controle positivo das reações.
4.6.
Ecocardiografia
A avaliação ecocardiográfica foi realizada segundo descrição de Stypmann et
al. (2007), sem empregar quaisquer substâncias tranquilizantes, sedativas e/ou
anestésicas. Dessa forma, realizou-se tricotomia da região torácica e, em seguida,
os animais foram submetidos à contenção física, em decúbito lateral.
Foi
empregado
ecodopplercardiógrafo
equipado
com
transdutor
multifrequencial de 7,5-10,0 MHz, sendo os dados armazenados na memória do
aparelho para realização das medidas e cálculos ao término do exame. O registro
eletrocardiográfico bipolar monocanal foi realizado simultaneamente para permitir a
mensuração de algumas variáveis dependentes do traçado eletrocardiográfico. A
velocidade de registro das variáveis em modo-M e Doppler foi padronizada em 50
mm/s, buscando-se melhor visibilização dos pontos de mensuração, reduzindo a
possibilidade de erros.
Com o animal posicionado em decúbito lateral direito, localizou-se a janela
paraesternal direita. A partir da visualização bidimensional do ventrículo esquerdo
em eixo transversal, foram obtidas imagens em modo-M, em planos cordal e mitral,
para mensuração do diâmetro interno do ventrículo esquerdo na sístole (DIVEs) e
diástole (DIVEd), espessura do septo interventricular na sístole (SIV s) e diástole
(SIVd), espessura da parede livre do ventrículo esquerdo na sístole (PLVEs) e
diástole (PLVEd), além da separação septal do ponto E (SSPE). Ainda na mesma
janela ecocardiográfica em eixo transversal, o transdutor foi inclinado dorsalmente
até que se alcançasse o plano aórtico, sendo então determinados os diâmetros do
átrio esquerdo (AE) e da artéria aorta (AO). Inclinando-se ainda mais dorsalmente o
transdutor, foi obtida a imagem da artéria pulmonar, posicionando-se o cursor
14
distalmente às válvulas pulmonares para mensuração do pico de velocidade do fluxo
transpulmônico (VmaxPulm) pelo Doppler pulsado
Com o animal posicionado em decúbito lateral esquerdo obteve-se imagem
apical quatro câmaras pela janela paraesternal esquerda. Foram então mensurados
o pico de velocidade do enchimento ventricular esquerdo rápido (E mitral) e lento
(Amitral), posicionando-se o cursor do Doppler pulsado na extremidade dos folhetos
da valva mitral durante sua abertura. Na imagem apical cinco câmaras obtida pela
mesma janela, mensurou-se o pico de velocidade do fluxo transaórtico (VmaxAo).
Para mensuração do período de pré-ejeção (PPE), foi determinado o tempo desde a
onda Q observada no traçado eletrocardiográfico simultâneo até o início do espectro
aórtico. O tempo de ejeção ventricular esquerda (TEVE) foi quantificado como o
tempo decorrido do início ao término do envelope espectral aórtico. O tempo de
relaxamento isovolumétrico (TRIV), por sua vez, foi obtido posicionando-se o cursor
Doppler equidistante entre a via de saída do ventrículo esquerdo e o fluxo
transmitral, sendo determinado o tempo decorrido do término do fluxo aórtico ao
início do enchimento ventricular esquerdo rápido.
A avaliação por Doppler tecidual incluiu a mensuração das velocidades
anulares máximas no inicio da diástole ventricular (E’), no início da sístole atrial (A’),
assim como na sístole ventricular (S). Todos os parâmetros foram quantificados com
o cursor posicionado junto à inserção dos folhetos lateral (E’ lat, A’lat, Slat) e septal
(E’sep, A’sep, Ssep) da valva mitral.
Diversos índices ecocardiográficos foram calculados com as variáveis obtidas,
incluindo fração de encurtamento (FEC%), fração de ejeção (FEJ%), espessamento
fracional do septo interventricular (SIV%), espessamento fracional da parede livre do
ventrículo esquerdo (PLVE%), além das relações entre AE e AO (AE/AO), Emitral e
Amitral (Emitral/Amitral), Emitral e TRIV (Emitral/TRIV), E’lat e A’lat (E’lat/A’lat), Emitral e E’lat
(Emitral/E’lat), E’sep e A’sep (E’sep/A’sep), Emitral e E’sep (Emitral/E’sep), além do índice de
desempenho miocárdico de Tei (TEI).
Para todos os parâmetros, o resultado das mensurações ecocardiográficas foi
considerado como a média de três ciclos cardíacos consecutivos. Para os
parâmetros Doppler, procurou-se otimizar o direcionamento do cursor por meio do
15
sinal de áudio, visando maximizar o espectro do pico de velocidade do fluxo
sanguíneo e obter o som mais puro.
4.7.
Análise estatística
Os resultados obtidos foram avaliados segundo o teste de normalidade de
Shapiro-Wilk. Os dados com distribuição normal foram submetidos à comparação
dos tempos experimentais valendo-se de análise de variância com medidas
repetidas, seguido do teste de comparações múltiplas de Tukey. Por outro lado,
utilizou-se o teste de Friedman, seguido do teste de comparações múltiplas de Dunn,
para análise temporal da atividade das MMPs nos dados com distribuição não
paramétrica. Já a comparação individual dos tempos experimentais entre os grupos
GC e GD baseou-se no teste de Mann-Whitney. Finalmente, a comparação entre a
atividade miocárdica das MMPs nos grupos GC e GD foi feita pelo teste T não
pareado.
Diversas correlações foram avaliadas. A correlação entre as atividades
plasmática e miocárdica das MMPs baseou-se o teste de Pearson, enquanto o teste
de Spearman foi empregado para avaliar, especificamente no grupo GD, a
correlação entre os valores das atividades plasmáticas das MMPs e cada um dos
diversos parâmetros ecocardiográficos estudados.
Todas as análises foram realizadas empregando-se o software Graphpad
Prism® versão 5.0, desenvolvido pela Graphpad Software®, San Diego, EUA (2007),
considerando-se P<0,05 como estatisticamente significativo.
16
5. RESULTADOS
5.1.
Indução da cardiomiopatia
Não houve óbito nos animais do grupo GC. No sentido contrário, houve 33%
de óbito (n=5) em GD, os quais ocorreram em T30 (3 animais) e após T45 (2
animais). O processo de indução da cardiomiopatia foi realizado conforme descrito
na metodologia, atingindo-se a dose cumulativa de 12mg/kg, sendo os animais
submetidos à avaliação ecocardiográfica ao longo dos momentos para se constatar
as alterações morfológicas e funcionais cardíacas.
Ao se comparar as variáveis ecocardiográficas obtidas em modo B e modo M
nos tempos T0 e T45 em GC e GD, notou-se dilatação das câmaras cardíacas
apenas nos animais de GD. A comparação das variáveis entre GC e GD demonstrou
diferença significativa nos parâmetros espessura do septo interventricular (4,95±0,36
cm vesus 4,19±0,17 cm), diâmetro interno do ventrículo esquerdo em sístole
(9,16±0,47 cm versus 10,25±0,44 cm), espessura da parede livre em sístole
(4,37±0,09 cm versus 3,45±0,14 cm), fração de encurtamento (38,26±1,45% versus
21,36±0,76%), além da fração de ejeção (71,86±1,73% versus 47,14±1,34%).
5.2. Atividades plasmáticas das MMPs 2 e 9
A avaliação dos zimogramas evidenciou presença apenas das formas inativas
das MMPs (pro-MMP) em todas as amostras plasmáticas estudadas. A figura 1
ilustra a disposição das bandas coradas, evidenciando a comparação de algumas
amostras com tecido oriundo de adenocarcinoma mamário canino utilizado como
controle positivo.
A pro-MMP-2 plasmática foi identificada em 100% das amostras de GC e GD
entre T0 e T30. Entretanto, em T45 esteve presente em apenas 90% dos animais de
GC e 83,3% dos indivíduos com cardiomiopatia (Tabela 1). A tabela 1 também
evidencia que, em GD, a pro-MMP-9 plasmática esteve ausente em T0, presente em
8,3% das amostras em T15, presente em 91,7% em T30 e em 60% dos animais em
T45. De forma semelhante, nos animais de GC a pro-MMP-9 esteve presente em
17
10% dos coelhos em T0, ausente em T15, presente em 50% das amostras em T30 e
em 80% em T45. No entanto, embora estivessem presentes, as bandas relativas à
pro-MMP-9 apresentaram-se fracamente marcadas em ambos os grupos, tendo
valores próximos a zero (Tabela 2).
Pro-MMP-9
Pro-MMP-2
MMP-2
Figura 1 – Zimograma evidenciando a disposição das bandas da pro-MMP-9, proMMP-2 e MMP-2 no adenocarcinoma mamário canino utilizado como
controle positivo, assim como no plasma de nove animais pertencentes
ao grupo controle. UNESP, Araçatuba, SP (2014)
Tabela 1 - Percentual e número absoluto de animais onde foram identificadas
bandas representativas da pro-MMP-2 e pro-MMP-9 plasmáticas nos
grupos controle (GC) e doxorrubicina (GD), ao longo dos momentos
estudados. UNESP, Jaboticabal, SP (2014).
Variável
Grupos
Pro-MMP-2
Tempos
T0
T15
T30
T45
GC
100% (10/10)
100% (10/10)
100% (10/10)
90% (9/10)
Plasmática
GD
100% (12/12)
100% (12/12)
100% (12/12)
83,3% (10/12)
Pro-MMP-9
GC
10% (1/10)
0% (0/10)
50% (5/10)
80% (8/10)
Plasmática
GD
0% (0/12)
8,3% (1/12)
91,7% (11/12)
58,3% (7/12)
A análise das atividades plasmáticas das pro-MMPs pelo teste de
normalidade de Shapiro-Wilk evidenciou distribuição não normal em todos os dados,
à exeção da pro-MMP-2 do GC. Dessa forma, optou-se por calcular as médias e
18
desvios-padrão, além das medianas dos resultados das atividades plasmáticas das
pro-MMPs, obtidos como unidades arbitrárias (Tabela 2). A figura 6 também ilustra
medianas, interquartis (25/75), valores máximos e mínimos, além das médias das
atividades plasmáticas das pro-MMP 2 e 9 ao longo dos momentos estudados, nos
grupos GC e GD.
A análise temporal da pro-MMP-2 resultou em diferença significativa entre T15
e todos os tempos estudados no GC. Para GD, houve diferença entre T0 e T30, bem
como entre T30 e T45. Já a avaliação da pro-MMP-9 ao longo dos tempos
demonstrou diferença estatística entre T15 e T45 no GC, bem como entre T0 e T30
no GD. Ao se comparar os resultados obtidos entre os grupos em cada tempo
individualmente, constatou-se diferença significativa na atividade plasmática da proMMP-2 em T15 e T30. Conforme arrolado na Tabela 2, a atividade plasmática da
pro-MMP-9 não apresentou variação significativa entre grupos.
Tabela 2 - Valores médios, desvios-padrão, medianas e resultados da análise de
variância das pro-MMPs 2 e 9 plasmáticas nos grupos controle (GC) e
doxorrubicina (GD), ao longo dos momentos estudados. UNESP,
Jaboticabal, SP (2014).
Variável
Pro-MMP-2
Plasmática
Pro-MMP-9
Plasmática
Grupos
GC
GD
GC
GD
Tempos
T0
T15
T30
T45
1,520,26
0,450,27
1,210,37
1,240,76
(1,50)Aa
(0,45)Ba
(1,20)Aa
(1,15)Aba
1,500,48
1,100,29
0,910,15
1,591,59
(1,45)
Aa
(1,15)
ABb
0,0080,029
0,000,00
(0,00)ABa
(0,00)Aa
0,000,00
0,0080,02
(0,00)
Aa
(0,00)
ABa
(0,90)
Bb
(1,80)Aa
0,0500,090 0,1070,125
(0,00)ABa
(0,09)Ba
0,0920,067 0,0650,074
(0,10)Ba
(0,05)ABa
P
0,0003
0,0010*
0,0004*
0,0005*
* Teste de Friedman (os dados de pelo menos um dos tempos de avaliação não passou no teste de
normalidade de Shapiro-Wilk).
Letras maiúsculas diferentes na mesma linha: diferença significativa (P<0,05) entre momentos de
avaliação (Teste de Dunn).
Letras minúsculas diferentes na mesma coluna: diferença significativa (P<0,05) entre grupo controle
e grupo doxorrubicina (Teste Mann-Whitney).
19
Figura 2 – Medianas, interquartis (25/75), valores mínimos e máximos e médias
(+) das atividades plasmáticas (Unidades Arbitrárias) da pro-MMP-2 e
pro-MMP-9 nos grupos controle (esquerda) e doxorrubicina (direita),
ao longo dos momentos estudados. UNESP, Jaboticabal, SP (2014).
5.3. Correlações entre pro-MMPs 2 e 9 e parâmetros ecocardiográficos
As atividades plasmáticas das pro-MMPs 2 e 9 foram correlacionadas com os
diversos parâmetros ecocardiográficos obtidos ao longo dos tempos estudados no
GD. Especificamente para a pro-MMP-9, as correlações foram realizadas apenas em
T30 e T45, tendo em vista a inexistência ou o baixo percentual de animais onde tal
metaloproteinase inativa foi identificada em T0 e T15. Considerando-se que as proMMPs 2 e 9 apresentaram distribuição não normal em GD, as correlações foram
realizadas empregando-se o teste de Spearman.
Na tabela 3 estão arrolados os coeficientes de correlação (r) e os valores de P
relativos
às
correlações
entre
a
pro-MMP-2
plasmática
e
as
variáveis
ecocardiográficas derivadas do modo B e modo M. Foram identificadas correlações
positivas significativas com os parâmetros DIVEs e DIVEd em T45. Também foi
constatada correlação negativa significativa com SIVs em T45. Sendo que, no
20
momento 45 é que os parâmetros ecocardiográficos demonstram o remodelamento
cardíaco dos animais induzidos. Esta correlação pode demonstrar que a Pro-MMP 2
ainda que na sua forma latente, esteve aumentada no momento de maior lesão ao
miocárdio. Na figura 3 estão ilustradas as correlações significativas entre pro-MMP-2
e tais variáveis ecocardiográficas.
Tabela 3 – Resultados da correlação de Spearman entre a atividade plasmática da
pro-MMP-2 e as variáveis ecocardiográficas obtidas em modo B e modo
M no grupo doxorrubicina (GD), ao longo dos momentos estudados.
UNESP, Jaboticabal, SP (2014).
Variável
T0
T15
T30
T45
r
P
r
P
r
P
r
P
DIVEs
0,1578
0,6192
-0,2572
0,4197
0,2599
0,4145
0,6273
0,0462*
DIVEd
0,0212
0,9477
-0,3195
0,3112
0,2047
0,5233
0,7110
0,0211*
SIVs
0,5018
0,0965
0,1163
0,7189
-0,5054
0,0936
-0,6469
0,0432*
SIVd
0,1294
0,6885
-0,0914
0,7775
-0,3477
0,2680
-0,4499
0,1920
PLVEs
0,4171
0,1773
0,3113
0,3246
-0,1776
0,6013
-0,3240
0,3610
PLVEd
-0,3369
0,2842
0,3029
0,3386
-0,4593
0,1330
0,1715
0,6357
SSPE
0,2687
0,4528
-0,5371
0,1094
0,3030
0,3947
-0,5958
0,1191
AE/Ao
0,5442
0,0674
-0,1865
0,5829
0,4509
0,1412
0,2635
0,4620
FEC%
-0,0355
0,9129
0,0107
0,9737
-0,4284
0,1647
-0,1483
0,6825
FEJ%
-0,1009
0,7550
0,0107
0,9737
-0,3784
0,2251
-0,2321
0,5187
SIV%
0,1044
0,7467
0,4243
0,1692
-0,2219
0,4882
-0,4405
0,2026
PLVE%
0,3180
0,3705
-0,1632
0,6315
0,2863
0,3670
-0,3387
0,3383
* Correlação significativa (P<0,05)
21
DIVEs x MMP-2 miocárdica - INDUZIDOS - T45
16
DIVEs (mm)
14
12
10
8
6
1.0
1.5
2.0
2.5
MMP-2 plasmática (UA)
DIVEd x MMP-2 miocárdica - INDUZIDOS - T45
3.0
SIVs x MMP-2 miocárdica - INDUZIDOS - T45
6
20
4
16
SIVs (mm)
DIVEd (mm)
18
14
2
12
10
8
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
0
1.0
MMP-2 plasmática (UA)
1.5
2.0
2.5
3.0
MMP-2 plasmática (UA)
Figura 3 – Representação gráfica da correlação significativa entre a atividade
plasmática da pro-MMP-2 e as variáveis diâmetro interno do
ventrículo esquerdo em sístole (DIVEs), diâmetro interno do ventrículo
esquerdo em diástole (DIVEd) e septo interventricular em sístole
(SIVs) em T45, no grupo doxorrubicina (GD). UNESP, Jaboticabal, SP
(2014).
A tabela 4 lista os resultados das correlações entre pro-MMP-2 plasmática e
os parâmetros ecocardiográficos obtidos por Doppler convencional. Nota-se
correlação negativa significativa com as variáveis PPE e TEI em T15. A
representação gráfica dessas correlações significativas pode ser observada na figura
4.
Na tabela 5 estão descritos os coeficientes de correlação e valores de P
obtidos entre pro-MMP-2 e os parâmetros ecocardiográficos obtidos por Doppler
tecidual. Em T0 houve correlação negativa com a variável A’lat, enquanto em T45
identificou-se correlação positiva com a relação Emitral/E’sep. Tais correlações
significativas podem ser observadas na figura 5.
22
Tabela 4 – Resultados da correlação de Spearman entre a atividade plasmática da
pro-MMP-2 e as variáveis ecocardiográficas obtidas por Doppler
convencional no grupo doxorrubicina (GD), ao longo dos momentos
estudados. UNESP, Jaboticabal, SP (2014).
T0
Variável
T15
T30
T45
r
P
r
P
r
P
r
P
Emitral
0,0318
0,9218
0,3167
0,3725
-0,6135
0,0592
0,4852
0,1855
Amitral
-0,1057
0,7570
0,0408
0,9110
-0,4814
0,1589
0,2383
0,5368
Emitral/Amitral
-0,0716
0,8343
0,5739
0,0828
-0,3870
0,2693
0,0385
0,9217
VmaxPulm
0,0954
0,7680
-0,3311
0,3199
-0,1610
0,6171
-0,2769
0,4387
VmaxAo
-0,1484
0,6453
-0,2052
0,5445
0,2004
0,5323
0,1505
0,6780
PPE
-0,3515
0,3537
-0,6949 0,0176* -0,1199
0,7414
-0,6605
0,1063
TEVE
-0,2706
0,4208
0,5736
0,0650
-0,2266
0,5290
-0,4705
0,1699
TRIV
-0,4931
0,1233
0,0326
0,9241
0,3472
0,3256
-0,4247
0,2211
TEI
0,0874
0,7984
-0,6902 0,0187*
0,1573
0,6642
-0,0815
0,8228
Emitral/TRIV
0,1471
0,6659
-0,0696
-0,2517
0,4829
0,4512
0,2229
0,8587
* Correlação significativa (P<0,05)
TEI x MMP-2 plasmática - INDUZIDOS - T15
PPE x MMP-2 plasmática - INDUZIDOS - T15
1.0
60
0.8
PPE (ms)
Índice de Tei
40
20
0.6
0.4
0.2
0
0.0
0.5
1.0
MMP-2 plasmática (UA)
1.5
0.0
0.0
0.5
1.0
1.5
MMP-2 plasmática (UA)
Figura 4 – Representação gráfica da correlação significativa entre a atividade
plasmática da pro-MMP-2 e as variáveis período de pré-ejeção (PPE)
e índice de desempenho miocárdico de Tei (TEI) em T15, no grupo
doxorrubicina (GD). UNESP, Jaboticabal, SP (2014).
23
Tabela 5 – Resultados da correlação de Spearman entre a atividade plasmática da
pro-MMP-2 e as variáveis ecocardiográficas obtidas por Doppler tecidual
no grupo doxorrubicina (GD), ao longo dos momentos estudados.
UNESP, Jaboticabal, SP (2014).
T0
Variável
T15
T30
T45
r
P
r
P
r
P
r
P
E’lat
-0,4369
0,1555
0,6190
0,0603
0,0815
0,8382
-0,1384
0,7029
A’lat
-0,6732 0,0164*
0,3586
0,3089
-0,4328
0,2182
-0,0753
0,8362
Slat
-0,5617
0,0573
-0,0313
0,9317
-0,0627
0,8633
-0,6135
0,0592
E’lat/A’lat
0,3183
0,3132
0,4699
0,1706
0,4746
0,1657
-0,1617
0,6776
Emitral/E’lat
0,2910
0,3589
-0,1501
0,6790
-0,4705
0,1699
0,3827
0,2751
E’sep
0,2929
0,3555
0,2959
0,4394
-0,5365
0,1099
-0,3638
0,3013
A’sep
0,2758
0,3856
0,0609
0,8763
-0,2045
0,5709
0,2611
0,4661
Ssep
0,4228
0,1709
0,0348
0,9291
0,3661
0,2982
-0,4671
0,1735
E’sep/A’sep
-0,0772
0,8116
0,3671
0,3311
-0,2720
0,4472
-0,3830
0,2746
Emitral/E’sep -0,1215
0,7068
0,1218
0,7548
-0,2800
0,4333
0,7917
0,0110*
* Correlação significativa (P<0,05)
Emitral / Eseptal x MMP-2 plasmática - INDUZIDOS - T45
Alateral x MMP-2 plasmática - INDUZIDOS - T0
15
10
10
6
Emitral / Esep
Alat (cm/s)
8
4
5
2
0
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
MMP-2 plasmática (UA)
0
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
MMP-2 plasmática (UA)
Figura 5 – Representação gráfica das correlações significativas entre a atividade
plasmática da pro-MMP-2 e as variáveis velocidade anular mitral
lateral máxima no inicio da sístole atrial (A’lat) em T0 e relação entre
Emitral e E’sep (Emitral/E’sep) em T45, no grupo doxorrubicina (GD).
UNESP, Jaboticabal, SP (2014).
24
No tocante à pro-MMP-9 plasmática, houve correlação negativa significativa
com as variáveis PLVE% em T30 (Tabela 6) e TEVE em T45 (Tabela 7). Essas
correlações significativas encontram-se ilustradas na figura 6. A tabela 8, por sua
vez, traz os coeficientes de correlação encontrados entre pro-MMP-9 e os
parâmetros ecocardiográficos obtidos por Doppler tecidual, cujos resultados não
foram significativos.
Tabela 6 – Resultados da correlação de Spearman entre a atividade plasmática da
pro-MMP-9 e as variáveis ecocardiográficas obtidas em modo B e modo
M no grupo doxorrubicina (GD), ao longo dos momentos estudados.
UNESP, Jaboticabal, SP (2014).
Variável
T30
T45
r
P
r
P
DIVEs
0,2625
0,4354
-0,2143
0,6445
DIVEd
0,3364
0,3118
-0,2523
0,5852
SIVs
0,2877
0,3910
-0,1982
0,6700
SIVd
0,2625
0,4354
-0,1428
0,7599
PLVEs
-0,2796
0,4339
-0,5357
0,2152
PLVEd
0,4977
0,1192
-0,4286
0,3374
SSPE
0,1427
0,7150
0,2236
0,7177
AE/Ao
-0,0592
0,8627
-0,1786
0,7016
FEC%
-0,2671
0,4271
0,2523
0,5852
FEJ%
-0,3126
0,3492
0,2143
0,6445
SIV%
0,0911
0,7899
-0,1071
0,8191
PLVE%
-0,6970
0,0171*
0,0000
1,000
* Correlação significativa (P<0,05)
25
Tabela 7 – Resultados da correlação de Spearman entre a atividade plasmática da
pro-MMP-9 e as variáveis ecocardiográficas obtidas por Doppler
convencional no grupo doxorrubicina (GD), ao longo dos momentos
estudados. UNESP, Jaboticabal, SP (2014).
T30
Variável
T45
r
P
r
P
Emitral
-0,0669
0,8641
0,0286
0,9571
Amitral
0,0335
0,9319
-0,7714
0,0724
Emitral/Amitral
0,1088
0,7805
0,2571
0,6228
VmaxPulm
-0,3143
0,3465
0,3928
0,3833
VmaxAo
0,1777
0,6012
0,5357
0,2152
PPE
0,4435
0,2318
0,5798
0,2278
TEVE
0,0000
1,0000
-0,8214
0,0234*
TRIV
0,3598
0,3415
0,3063
0,5040
TEI
0,3667
0,3317
0,7500
0,0522
E/TRIV
-0,2000
0,6059
-0,3714
0,4685
* Correlação significativa (P<0,05)
PLVE% x MMP-9 plasmática - INDUZIDOS - T30
TEVE x MMP-9 plasmática - INDUZIDOS - T45
180
60
160
PLVE% (%)
TEVE (ms)
40
20
140
120
100
0
0.00
0.10
0.20
0.30
MMP-9 plasmática (UA)
80
0.00
0.10
0.20
MMP-9 plasmática (UA)
0.30
Figura 6 – Representação gráfica das correlações significativas entre a atividade
plasmática da pro-MMP-9 e as variáveis espessamento fracional da
parede livre do VE (PLVE%) em T30 e tempo de ejeção ventricular
esquerda (TEVE) em T45, no grupo doxorrubicina (GD). UNESP,
Jaboticabal, SP (2014).
26
Tabela 8 – Resultados da correlação de Spearman entre a atividade plasmática da
pro-MMP-9 e as variáveis ecocardiográficas obtidas por Doppler tecidual
no grupo doxorrubicina (GD), ao longo dos momentos estudados.
UNESP, Jaboticabal, SP (2014).
Variável
T30
T45
r
P
r
P
E’lat
-0,1928
0,6198
-0,2143
0,6445
A’lat
-0,1856
0,6325
-0,0714
0,8790
Slat
0,1171
0,7640
-0,3214
0,4821
E’lat/A’lat
-0,1021
0,7937
0,0714
0,8790
Emitral/E’lat
0,5858
0,0974
-0,1786
0,7016
E’sep
0,3952
0,3325
-0,2500
0,5887
A’sep
0,2036
0,6287
0,1071
0,8191
Ssep
0,5629
0,1463
-0,3964
0,3786
E’sep/A’sep
0,4397
0,2756
-0,1091
0,8159
Emitral/E’sep
-0,0359
0,9327
0,0286
0,9571
5.4. Atividade miocárdica das MMPs 2 e 9
A forma ativa da MMP-2 e as formas inativa e ativa da MMP-9 não foram
identificadas nas amostras de tecido analisadas. Os resultados da atividade
miocárdica da pro-MMP-2 foram então submetidos ao teste de normalidade de
Shapiro-Wilk, demonstrando distribuição normal. A comparação entre GC e GD foi
realizada pelo teste T não pareado, cujo resultado não evidenciou diferença
significativa (Tabela 9). A figura 7 exibe as medianas, interquartis, valores mínimos e
máximos, além das médias da pro-MMP-2 miocárdica obtida nos grupos GC e GD.
Na sequência, o teste de Pearson foi utilizado para averiguar a existência de
correlação entre as atividades plasmática e miocárdica da pro-MMP-2, não sendo
27
identificadas correlações significativas (Figura 8) em tais parâmetros obtidos nos
grupos GC (r=0,1541, P=0,6922) e GD (r=0,0860, P=0,8258).
Tabela 9 – Valores médios, desvios-padrão, medianas (entre parênteses) da proMMP-2 miocárdica e resultado do teste T não pareado para
comparação dos grupos controle (GC) e doxorrubicina (GD). UNESP,
Jaboticabal, SP (2014).
Variável
Grupos
GC (n=9)
GD (n=9)
Pro-MMP-2
0,2880,082
0,2010,091
Miocárdica
(0,280)
(0,170)
P
0,0706
Figura 7 – Medianas, interquartis (25/75), valores mínimos e máximos e médias
(+) da atividade miocárdica (Unidades Arbitrárias) da pro-MMP-2 nos
grupos controle e doxorrubicina. UNESP, Jaboticabal, SP (2014).
Figura 8 – Correlação de Pearson entre as atividades plasmática e miocárdica da
pro-MMP-2 nos grupos controle (esquerda) e doxorrubicina (direita).
UNESP, Jaboticabal, SP (2014).
28
6. DISCUSSÃO
A indução da cardiomiopatia tóxica ocorreu ao longo de 45 dias, aplicando-se
a doxorrubicina duas vezes por semana. Os índices ecocardiográficos retratam a
dilatação cardíaca, com alteração progressiva da função miocárdica. Sousa (2007),
estudando
cães
com
cardiomiopatia
induzida
por
doxorrubicina,
observou
modificações significativas nas variáveis ecocardiográficas indicativas de função
sistólica e diastólica. Gava (2011), por sua vez, ao estudar a cardiomiopatia com
doxorrubicina em coelhos, encontrou dilatação do ventrículo esquerdo em sístole e
diminuição da fração de encurtamento e ejeção já em T45 e T60 nos animais
tratados, concluindo que tais achados refletem prejuízo à função sistólica ocorrida
após exposição cumulativa à doxorrubicina.
Durante o estudo houve mortalidade de 33% nos animais tratados com
doxorrubicina, corroborando Jaenke et al. (1980), Arnolda et al. (1985), Chen et al.
(2010) e Gava (2011), as causas dos óbitos foram compactação intestinal (1),
pneumonia (1) e em decorrência de complicações de ICC (3). Ademais, os achados
macroscópicos de necropsia indicaram que os animais perdidos nesta pesquisa
apresentaram ao menos um sinal clínico atribuído à ICC, sendo o edema pulmonar o
mais freqüente, embora alguns animais também tenham desenvolvido ascite e
efusão pericárdica, sinais estes descritos por Sisson et al. (2004), O´Grady &
O´Sullivan
(2004)
e
Ware
(2006).
Souza
(2009),
em
um
modelo
de
cardiomiotoxicidade aguda em ratos, também identificou efusão pericárdica.
Semelhante ao relatado por Ivanova et al. (2012) em um estudo focado na
atividade das MMPs em ratos com cardiomiopatia induzida pela doxorrubicina, as
formas ativas das MMP 2 e 9 não foram evidenciadas nesta pesquisa. Em contraste,
a pro-MMP 2 plasmática esteve presente na maioria dos momentos estudados,
corroborando os resultados do referido autor. A análise estatística da concentração
plasmática de pro-MMP 2 ratificou a variação significativa entre o momento basal e
T30, havendo queda nos valores de unidade arbitrária, assim como entre T30 e T45,
onde há um abrupto aumento desse valor. Ao se comparar os grupos GC e GD, é
tácita a diferença significativa em T15 e T30, embora no estudo de Ivanova et al.
(2012) não tenha sido constatada diferença significativa nos valores da atividade da
29
pro-MMP 2 entre animais induzidos e controles. Contudo, Squire et al. (2004)
encontrou aumento significativo da atividade plasmática de MMP 2 em seres
humanos apresentando infarto agudo do miocárdio.
A pro-MMP 9, por sua vez, apresentou-se fracamente marcada nas amostras
em que esteve presente, embora tenha resultado em diferença significativa entre os
momentos T15 e T45, comparativamente ao momento basal no GC. Em GD, por
outro lado, foi perceptível diferença apenas entre T0 e T30, momento este em que o
valor atinge seu pico de atividade. Não houve diferença significativa entre os grupos,
corroborando Ivanova et al (2012), ao pesquisar a MMP 9 no plasma de ratos com
cardiomiopatia induzida por doxorrubicina. Em tal estudo, os autores detectaram a
atividade da pro-MMP 9 pelo método de zimografia após 4 e 8 semanas de
administração de doxorrubicina, mas também não encontraram diferença entre os
animais induzidos e controles. Em contraste, Uzuelli (2008), ao induzir embolia
pulmonar aguda em cães, demonstrou aumento na atividade plasmática da pro-MMP
9 diante de embolia grave, com diferença significativa em relação ao grupo controle,
mas não encontrou diferença significativa quando a embolia pulmonar mostrava-se
mais leve.
Ao se avaliar a correlação entre a pro-MMP 2 plasmática e os resultados dos
parâmetros ecocardiográficos, observa-se correlações positivas significativas com as
variáveis DIVEs e DIVEd, bem como correlação negativa significativa com o
parâmetro SIVs, sugerindo que a pro-MMP 2 supostamente participa do processo de
remodelamento
miocárdico
proveniente
da
cardiotoxicidade
exercida
pela
doxorrubicina. Nesse sentido, Silva & Camacho (2005), ao estudarem cães com
cardiomiopatia induzida por doxorrubicina, encontraram aumento significativo do
diâmetro interno do ventrículo esquerdo em sístole (DIVEs) e em diástole (DIVEd),
além de diminuição significativa na espessura do septo interventricular na sístole
(SIVs). Ademais, Kittleson (1998) cita que o aumento gradual do diâmetro do
ventrículo esquerdo ao final da sístole é indicativo de comprometimento da
contratilidade cardíaca, fato este identificado neste estudo.
No tocante às variáveis ecocardiográficas obtidas por Doppler convencional,
houve correlação negativa significativa entre pro-MMP 2 e os parâmetros PPE e TEI
em T15. Boon (2013) refere que o PPE é sensível às mudanças na pré e pós-carga,
30
podendo estar alterado antes mesmo do remodelamento cardíaco. O índice de TEI
foi relatado em alguns trabalhos como método de detecção precoce de
cardiotoxidade induzida por antraciclinas em crianças (ISHII et al, 2000; EIDEM et al,
2000). Para o Doppler tecidual, já se demonstrou sua aplicabilidade como método
aparentemente mais sensível para detecção de lesão miocárdica subclínica em
crianças tratadas com antraciclinas (KAPUSTA et al, 2000). Neste estudo houve
correlação positiva significativa entre Emitral/E´sep e pro-MMP 2 em T45, sugerindo
que a Pro-MMP 2 se eleva à medida que progride o quadro congestivo do paciente.
Os achados de correlação entre a pro-MMP 2 e as variáveis ecocardiográficas
remetem à participação dessa substância no processo de remodelamento
miocárdico, aventando seu emprego como marcador de lesão e/ou remodelamento
do tecido cardíaco. De forma semelhante, Cogni, (2012), ao avaliar pessoas com
infarto agudo do miocárdio, demonstrou que a forma ativa da MMP-2 foi indicadora
do remodelamento, sendo que cada elevação de uma unidade no nível da MMP-2 foi
associado a um aumento de 39% na probabilidade de remodelamento ventricular.
Condições semelhantes também são encontradas no remodelamento que ocorre em
outros tecidos em condições diversas. Ao avaliar a expressão da MMP-2 em
colesteatomas
valendo-se
de
imunoistoquímica,
Morales
(2007)
evidenciou
expressão mais intensa de MMP-2 em colesteatomas invasivos comparativamente
aos latentes. Finalmente, estudo de Navarro et al. (2006) evidenciou a participação
MMPs nos processos fisiológicos da cavidade bucal, incluindo mineralização
dentinária, erupção dental e remodelação do colágeno nos tecidos periodontais,
assim como nas condições patológicas, como destruição tedidual periodontal, lesões
de cárie radicular, desordens da articulação temporomandibular e metástases
tumorais.
A pro-MMP 9, por sua vez, mostrou correlação negativa significativa com
PLVE% em T30, onde foi identicado seu maior valor plasmático. Para Henik (2002), o
encurtamento fracional da parede livre pode estar diminuído na cardiomiopatia
dilatada e em outras doenças que causem dilatação da câmara. Nesse sentido, à
medida que progrediu a disfunção miocárdica, houve redução do referido parâmetro,
ao passo que a concentração plasmática da pro-MMP 9 se elevou, ilustrando sua
participação no remodelamento do músculo cardíaco. De maneira semelhante,
31
também foi identificada correlação negativa entre pro-MMP 9 e TEVE em T45,
refletindo a redução do tempo de ejeção ventricular esquerda conforme progride o
remodelamento e, consequentemente, a disfunção miocárdica (BOON, 2013).
No tecido cardíaco foi evidenciada apenas a pro-MMP 2, cujo resultado não
diferiu entre grupos. Resultados semelhantes foram encontrados por Adamcova et
al. (2010), ao estudarem o mesmo modelo experimental em coelhos. Naquela
ocasião, foi identificada a presença de MMP 2, com valores maiores no grupo de
animais
induzidos,
embora
não
tenha
havido
diferença
significativa
comparativamente ao grupo controle em face da grande variabilidade encontrada
nos resultados, assim como observado nesta pesquisa. Ao estudarem ratos com
cardiomiopatia por doxorrubicina, Ivanova et al. (2012) encontraram aumento na
atividade miocárdica da pro-MMP 2 apenas após 8 semanas de indução, quando
havia sido alcançada a dose cumulativa de 15 mg/kg. Embora não tenha sido
identificada neste estudo, Adamcova et al. (2010) constatou, valendo-se de técnicas
imunoistoquímicas, expressão leve e esporádica da MMP 2 em cardiomiócitos e
fibroblastos em focos de dano tóxico significativo em ratos com cardiomiopatia
induzida pela doxorrubicina, ao passo que nos indivíduos incluídos no grupo
controle, a referida enzima não foi identificada.
Assim como no estudo em tela, o grupo de Adamcova et al. (2010) não
idenfificou formas inativas e/ou ativas de MMP 9 no tecido miocárdico. Concluíram
que, embora a atividade da MMP 9 esteja envolvida em muitas outras enfermidades
cardíacas, os dados encontrados sugeriam fortemente que a MMP 9 não participa na
cardiotoxicidade crônica exercida pela antraciclina, que pode estar associada com
ausência de infiltrado inflamatório típico. De modo similar, Ivanova et al. (2012), em
seu estudo em ratos, também não encontrou as formas inativas e/ou ativas da MMP
9 no tecido cardíaco. Em contraste com os dados desta investigação científica,
Aupperle et al. (2007), por meio de imunoistoquimia, encontrou aumento na
expressão de MMP 1, MMP 2 e MMP 9 em cardiomiócitos de coelhos com
cardiomiopatia induzida por doxorrubicina, comparativamente aos animais do grupo
controle.
Não houve correlação significativa entre as atividades plasmática e
miocárdica das metaloproteinases nesta pesquisa. Alguns autores argumentam
32
acerca da validade das mensurações dos níveis de metaloproteinases obtidas em
amostras de soro ou plasma. Em estudos sobre arteriosclerose aórtica em humanos,
Tanus-Santos e Gerlach (2005) afirmaram que não há correlação entre os níveis
séricos e plasmáticos de MMP-9 e, mesmo valendo-se de plasma tratado com
diferentes anticoagulantes e de soro, as concentrações mostraram-se artificialmente
alteradas.
De fato, Meisser, et al. (2005) verificaram que as condições pré-analíticas
afetam a mensuração das concentrações (plasmáticas e séricas) das MMPs 2 e 9
circulantes, sendo que normalmente os anticoagulantes (EDTA, heparina e citrato)
aumentariam os níveis plasmáticos de MMP 9, enquanto os níveis de MMP 2 são
reduzidos. Ainda assim, concluíram que o melhor anticoagulante a ser usado na
coleta de plasma seria o citrato, o qual evita a liberação de colagenages pelas
células sanguíneas, reduzindo o efeito do tempo, sendo esta a mesma conclusão de
Mannello (2008). Em estudos sobre câncer, Ferretti et al. (2006) reforçaram o
paradigma de que não há correlação entre os níveis séricos e plasmáticos de MMP
9. Por ser instável, sua concentração reflete a liberação de proteinases pelos
leucócitos durante a coleta do sangue. Ao mesmo tempo, os autores citam que uma
eventual correlação entre valores séricos e plasmáticos de MMP 9 não implica
necessariamente em correlação com a atividade tecidual dessa colagenase. No
sentido oposto, Nikkola et al. (2005) e Vihinen (2005) afirmaram que há correlação
segura e significativa entre os níveis séricos e plasmáticos das MMP.
No tocante à aplicabilidade das MMP-2 e MMP-9 como biomarcador, Nikkola
et al. (2005) comentaram que o uso clínico dos valores séricos da MMP-9 seria útil
para o acompanhamento clínico e individual do desenvolvimento do câncer,
obviamente apoiando-se em outros exames. Cogni (2012) demonstrou que a
atividade sérica da forma ativa da MMP-2 funcionou como marcador prognóstico do
remodelamento ventricular. Gusmão (2013), ao estudar pessoas com cardiomiopatia
dilatada crônica atribuída ao Trypanossoma cruzi, constatou que os níveis séricos da
MMP-9 estiveram aumentados, estando associados com a gravidade do
acometimento cardíaco. Contudo, para Gerlach et al. (2007), o nível sérico de MMP
9 é artificialmente maior nas amostras plasmáticas, independentemente do tipo de
anticoagulante empregado, comparativamente à sua concentração tissular. Mesmo
33
assim, recomendaram que a mensuração dos níveis de MMP-9 seja feita com uso
de plasma com heparina ou citrato, desabonando o uso de soro, visto que os níveis
dessa metaloproteinase poderia se apresentar artificialmente maior.
As MMPs estão distribuídas ao longo de todo o organismo, sendo
responsáveis pelo controle de diversos eventos biológicos (ARAÚJO, et al. 2011).
Como descrito por De-Nardi (2008) a doxorrubicina desencadeia toxicidade como
efeito colateral, envolvendo não apenas alterações cardiocirculatórias, mas também
hematológicas, gastrointestinais, dermatológicas e renais. A suposta modificação da
atividade fisiológica das MMPs nessa miríade de tecidos lesados e a aparente
inexistência de correlação entre a atividade plasmática e miocárdica das
metaloproteinases neste estudo desabona a utilização da quantificação plasmática
das MMPs como biomarcador que retrate, especificamente, a lesão/remodelamento
miocárdico neste modelo experimental.
As limitações encontradas ao longo do experimeto foram a restrição
financeira, que não nos permitiu ir além nas técnicas de pesquisa, na detecção das
TIMPs e em outras formas de detecção das MMPs. E o fato de executar uma técnica
pouco conhecida (zimografia), que foi padronizada pelo laboratório a partir de artigos
científicos, mas que nos faltava conhecimento para, quando algo na técnica não
dava certo, entendermos o por que não estava dando certo. Foram necessários
meses, até que tudo estivesse pronto, pois cada etapa que dava errada, era
necessário muitas repetições, até se descobrir qual era o ponto exato a ser corrigido.
34
7. CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos neste estudo, foi possível estabelecer as
seguintes conclusões:
A atividade plasmática das metaloproteinases da matriz, em especial a proMMP 2, pôde ser relacionada às alterações morfofuncionais que se estabelecem ao
longo da indução da cardiomiopatia em questão;
Não houve correlação entre a atividade plasmática e miocárdica das MMPs 2
e 9, limitando a aplicabilidade de sua quantificação sanguínea como biomarcador
das
alterações
miocárdicas
atribuídas
à
cardiotoxicidade
exercida
pela
doxorrubicina;
São necessários estudos mais profundos para esclarecimento da aplicação
prática das MMPs como biomarcador de lesão e/ou remodelamento miocárdico.
35
8. REFERÊNCIAS1
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