CIRCUITOMATOGROSSO
CULTURA EM CIRCUITO PG 7
CUIABÁ, 20 A 26 DE JUNHO DE 2013
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PARALELO 15
Por Bolívar FFigueiredo
igueiredo
IGREJA DE SANT’ANA
Bolívar Figueiredo é jornalista e
artista plástico formado em Brasília, militante
verde e fundador nacional do PV,
sagitariano, calango do cerrado e
assuntador de fatos e varredor de palavras.
A cada missa de que
participo na Igreja Matriz
da Chapada dos
Guimarães – Nossa
Senhora de Sant’Ana –,
sinto não apenas a
vivência da dilatação do
espírito, mas também a
cronologia mansa da
eternidade da alma, frente
à linha do tempo. Em
sincronia espiritual e
sensorial, envolvidos no
cenário sacro do barroco
rococó, que permeia os
entalhes em madeira, nos
azulejos portugueses do
século XVIII, que resistiram
aos deslocamentos de
navio e lombo de animais,
e de serra abaixo vieram
os seixos brancos, que
resistem até hoje no pátio
de entrada da igreja,
pedras transportadas do
rio Coxipó nos ombros de
índios, serra acima. E neste
clima barroco de fé, ser
observado pelas imagens
sacras seculares de Nossa
Senhora de Sant’Ana e de
São Miguel Arcanjo. Em
imaginar que todo este
conjunto sacro foi montado
na época em que os
mandatários do nosso país
eram D. Pedro e Maria I.
E em nome da Coroa,
não de Maria I, e sim da
outra Coroa, a
portuguesa, em 1779, o
juiz de fora José Carlos
Pereira efetivou a
construção da Igreja
Matriz, com o objetivo de
fortalecer o núcleo
produtor que abastecia
com sua produção a
leis, o outro com a força.
O primeiro é próprio do
homem, o segundo, dos
animais; mas, como o
primeiro modo muitas
vezes não é suficiente,
convém recorrer ao
segundo. Portanto, a um
príncipe torna-se
necessário saber bem
empregar o animal e o
homem. Esta matéria,
aliás, foi ensinada aos
príncipes, veladamente,
pelos antigos escritores, os
quais descrevem como
Aquiles e muitos outros
príncipes antigos foram
confiados à educação do
centauro Quiron. Isso não
quer dizer outra coisa, o
ter por preceptor um ser
meio animal e meio
homem, senão que um
príncipe precisa saber usar
uma e outra dessas
naturezas: uma sem a
outra não é durável.
Necessitando um
príncipe, pois, saber bem
empregar o animal, deve
deste tomar como
modelos a raposa e o
leão, eis que este não se
defende dos laços e
aquela não tem defesa
contra os lobos. É preciso,
portanto, ser raposa para
conhecer os laços e leão
para aterrorizar os lobos.
Aqueles que agem apenas
como o leão não
conhecem a sua arte.
Logo, um senhor prudente
não pode nem deve
guardar sua palavra,
quando isso seja
prejudicial aos seus
interesses e quando
desapareceram as causas
que o levaram a
empenhá-la. Se todos os
homens fossem bons, este
preceito seria mau; mas,
cidade de Cuiabá e a
zona de garimpo.
Edificação que contou com
as mãos e os pés de índios
e negros, que
transformaram o barro nas
paredes da fé, por onde
ressoam hoje os cânticos
de louvor. E diz a lenda
que corpos dos índios
construtores estão
enterrados sob o piso da
igreja. Com a construção
da Igreja Sant’Ana, tantos
os garimpeiros e colonos
fincaram o pé, criando o
núcleo populacional no
entorno da Igreja de
Sant’Ana, o marco zero da
fé e da aventura épica de
se domar o cerrado
chapadense. No CentroOeste, apenas três igrejas
barrocas do período
colonial sobreviveram ao
tempo, e estão em plena
atividade. Duas estão
Mato Grosso e a outra em
Goiás. A Igreja Matriz da
Chapada foi concluída
vinte anos após a expulsão
dos jesuítas, que
construíram a capela de
taipa que ficava nas
imediações da Aldeia
Velha. No dia 31 de julho,
a Igreja de Sant’Ana foi
benta pelo vigário José
Correia Leitão, que rezou a
primeira missa. No dia
seguinte, 1 de agosto, foi
realizada a cerimônia de
dedicação a Nossa
Senhora de Sant’Ana, a
padroeira. Ei, e por falar
em fé, a Dilma está
precisando dar uma
confessadinha... Que vaia
que ela tomou no Estádio
Mané Garrinha, afff!
Porém, dentro do espírito
cristão em que estou neste
momento, divido as vaias
à Dilma com os políticos
de plantão, incluindo
alguns governadores e os
pupilos dela – o Zé Dirceu
e o Delúbio. Brasil, pátria
de chuteiras, das
empreiteiras e das vaias...
Saravá, amém, até a vaia
da semana que vem. Fui!
porque são maus e não
observariam a sua fé a teu
respeito, não há razão
para que a cumpras para
com eles. Jamais faltaram
a um príncipe razões
legítimas para justificar a
sua quebra da palavra.
Disto poder-se-ia dar
inúmeros exemplos
modernos, mostrar
quantas pazes e quantas
promessas foram tornadas
írritas e vãs pela
infidelidade dos príncipes;
e aquele que, com mais
perfeição, soube agir
como a raposa, saiu-se
melhor. Mas é necessário
saber bem disfarçar esta
qualidade e ser grande
simulador e dissimulador:
tão simples são os
homens e de tal forma
cedem às necessidades
presentes que aquele
que engana sempre
encontrará quem se
deixe enganar
enganar...”.
Nicolau Maquiavel
(1469-1527)
Nicolau Maquiavel foi
um historiador, poeta,
diplomata e músico
italiano do Renascimento.
INCLUSÃO LITERÁRIA
Por Clóvis Mattos
O PRÍNCIPE
Clóvis é historiador e
Papai Noel nas horas vagas
[email protected]
(Maquiavel)
CAPÍTULO XVIII
DE QUE MODO OS
PRÍNCIPES DEVEM
MANTER A FÉ DA PALAVRA
DADA
(QUOMODO FIDES A
PRINCIPIBUS SIT
SERVANDA)
“Quando seja
louvável em um príncipe o
manter a fé (da palavra
dada) e viver com
integridade, e não com
astúcia, todos
compreendem; contudo,
vê-se nos nossos tempos,
pela experiência, alguns
príncipes terem realizado
grandes coisas a despeito
de terem tido em pouca
conta a fé da palavra
dada, sabendo pela
astúcia transtornar a
inteligência dos homens;
no final, conseguiram
superar aqueles que se
firmaram sobre a
lealdade.
Deveis saber, então,
que existem dois modos
de combater: um com as
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IGREJA DE SANT`ANA O PRÍNCIPE