Our discussion will be adequate if it has as much clearness as the subject-matter admits of, for precision is
not to be sought for alike in all discussions, any more than in all the products of the crafts. (…) We must be
content, then, in speaking of such subjects and with such premisses to indicate the truth roughly and in
outline, and in speaking about things which are only for the most part true and with premisses of the same
kind to reach conclusions that are no better. In the same spirit, therefore, should each type of statement
be received; for it is the mark of an educated man to look for precision in each class of things just so far as
the nature of the subject admits; it is evidently equally foolish to accept probable reasoning from a
mathematician and to demand from a rhetorician scientific proofs. (Aristóteles, Ética a Nicômaco, I, 1094)
Projeto Farol
Poucas coisas são mais irritantes do que a atitude daqueles – um filho, um adversário político,
um antagonista religioso etc. – que ficam incessante e indefinidamente, perguntando “mas por
quê?” ou que, simplesmente, repetem infinitas vezes “ainda não estou convencido”. Ou
daqueles que, na presença de uma bem razoável opinião, recusam-na apenas com a
observação “mas isso é 100% certo”? É próprio do homem educado, em algum momento,
cessar a indagação das causas e das razões, bem como aceitar crenças e realizar ações que
parecem razoáveis, embora não absolutamente seguras.
Ocorre, porém, que normalmente estamos muito longe de situações limite, em que a pergunta
seguinte é indevida ou em que não podemos ganhar, com paciência e atenção, um pouco mais
de certeza. Quase sempre ficamos muito aquém do que seria educado indagar. É mais comum
aceitarmos acriticamente o que nos é dito, sem, sequer, fazermos a primeira pergunta da série.
E isso é, hoje, um problema, muito maior do que era no tempo de Aristóteles, o pai fundador da
Teoria da Argumentação. O que não deixa de ser paradoxal.
No mundo contemporâneo – bem mais do que na velha Grécia - vivemos em meio a uma
abundância espantosa de informações, de opiniões, de escolhas (e de escolas), que nos são
apresentadas das mais diversas maneiras: imagens (símbolos ou não), atitudes, textos de toda
a sorte, hipertextos e por aí vai. Esse contexto demanda avidamente que nos posicionemos a
todo o instante, pedindo que acreditemos nisso ou que façamos aquilo. Por outro lado, muitos
de nós não querem ficar olhando passivamente este desfile de manifestações e de alteridade;
querem ocupar seu lugar ao sol, devolvendo de modo mais ou menos reciclado, reformado ou
totalmente alterado, o que recebem. Num mundo assertivo, queremos ser assertivos,
expressando nossas opiniões e, se possível, convencendo nossos próximos – ou o mundo todo
– de que estamos certos e de que realizar tal ou qual ação é a melhor coisa a fazer.
Daí que dificilmente terá havido um período na história com mais material para a
argumentação. Temos na palma da mão acesso a quaisquer assuntos. Transitamos entre
política, religião, ciência, moda e o que mais quisermos com uma velocidade e facilidade
espantosas.
StudioClio – Instituto de Arte & Humanismo
Rua José do Patrocínio, 698, Cidade Baixa, Porto Alegre - RS - CEP 90050-002
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Paradoxalmente, argumentamos muito menos do que esse estado de coisas faria supor. E,
quando o fazemos, raramente articulamos de modo consciente e ordenado um poderoso
recurso de convencimento, perdendo com isso oportunidades de analisar e pensar criticamente
o que nos é apresentado e de influenciar, de modo consistente, crenças e ações de outras
pessoas.
Nada obstante isso, fato é que, ao lado de outras técnicas de convencimento – umas muito
pouco nobres, outras, apenas, pouco consistentes – o argumento é um recurso de que não
podemos abrir mão se quisermos, simplesmente, viver bem em sociedade (e mesmo viver bem
a sós, pois, como alguém já disse, somos muitos e esses muitos precisam, às vezes, conversar
e trocar ideias). Precisamos argumentar e argumentos existem à profusão, desde as
sofisticadas provas da lógica formal até os mais humildes recursos – que alguns chamam de
falácias - à autoridade, misericórdia e outros tantos instrumentos de justificação e persuasão
que usamos no quotidiano.
Em resumo: material e oportunidades para argumentar existem aos montes. Uso consciente de
técnicas argumentativas, nem tanto. Com base nestas convicções é que o StudioClio lança-se
a um novo desafio. Trata-se do Projeto Farol.
Com o lançamento desta iniciativa, pretende-se estabelecer no StudioClio um ambiente
permanente de diálogo, discussão e exercitação em temas ligados à lógica e argumentação
aplicadas ao quotidiano e em áreas especializadas do saber (direito, psicologia, medicina,
jornalismo, propaganda dentre outros).
Para este ano de 2015, começaremos com dois tipos de atividades de caráter formativo,
coordenadas mas distintas.
As atividades
A atividade inaugural do Projeto Farol será o curso “Lógica e Teoria da Argumentação
Aplicadas”.
Trata-se de uma série de encontros dedicados a analisar e, sobretudo, a praticar, de forma leve
e descontraída, essa peça essencial de nossa racionalidade: o argumento. E sem preconceito
de tipo, forma e local de aparição: argumentos visuais, formais, informais, na política, na
religião, no quotidiano, no direito e – por que não? – no marketing e na propaganda.
Multidisciplinar, o curso pretende congregar todos aqueles que estiverem interessados em
dividir conhecimentos e tomar contato com manifestações diversas dessa mesma arte e
prática: dar e trocar razões em benefício de uma conclusão que, ao final, se espera seja
compartilhada.
Na sequência deste curso introdutório, duas novas atividades já estão previstas, concebidas
como suas sequências setorialmente orientadas (ainda que não exista relação de dependência
entre uma atividade e outra).
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Trata-se de dois “pocket cursos” que desenvolvem e especializam os temas argumentativos
para, inicialmente, duas áreas profissionais: psicologia – na sua vertente cognitivocomportamental – TCC - e direito – em geral.
É sabida a importância que a argumentação possui no desempenho destas atividades assim
como são conhecidas as especificidades de cada qual e de seus respectivos contextos (as
distintas “audiências” a que tais discursos se destinam). Daí a razão para estudar, de modo
individualizado, as diferentes técnicas argumentativas de que lançam mão terapeutas
cognitivo-comportamentais, juristas, advogados e juízes, dentre outros profissionais destas
áreas.
Para 2016 pretendemos ampliar as ofertas de cursos especializados, bem como iniciar novas
atividades, como workshops, gincanas argumentativas e uma segunda edição do curso
introdutório “Lógica e Teoria da Argumentação Aplicadas”.
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