1.3 A comunicação e a construção do indivíduo
Actividades complementares
1. Lê o seguinte texto sobre a história de duas meninas «selvagens» encontradas na floresta na Índia.
«Nas regiões da Índia, onde os casos de crianças-lobos foram relativamente numerosos, descobriram-se, em
1920, duas meninas – Amala e Kamala de Midnapore – que viviam numa família de lobos. A primeira, a mais
nova, morreu um ano depois; a segunda, Kamala, que deveria ter uns oito anos, viveu até fins de 1929. Segundo
a descrição do Reverendo Singh que as recolheu, elas nada tinham de humano, e o seu comportamento era exactamente semelhante ao dos pequenos lobos, seus irmãos: incapazes de permanecerem de pé, caminhavam a
quatro patas, apoiadas nos cotovelos e nos joelhos para percorrerem pequenos trajectos e apoiadas nas mãos e
nos pés, quando o trajecto era longo e rápido; apenas se alimentavam de carne fresca ou putrefacta, comiam e bebiam como os animais, acocoradas, com a cabeça lançada para a frente, sorvendo os líquidos com a língua.
Passavam o dia escondidas e prostradas, à sombra; de noite, pelo contrário, eram activas e davam saltos, tentavam
fugir e uivavam, realmente, como os lobos. Nunca choravam ou riam, característica que se encontra em todas as
crianças-selvagens. Reintegrada na sociedade dos homens onde viveu oito anos, Kamala humaniza-se lentamente,
mas note-se, sem nunca recuperar o atraso: passaram seis anos antes de conseguir caminhar na posição erecta.
Na altura da morte apenas dispõe de umas cinquenta palavras. Contudo, se esses progressos são lentos, são
também contínuos e realizam-se simultaneamente em todos os sectores da sua personalidade. Surgem atitudes
afectivas: Kamala chora, pela primeira vez, quando morre a irmã, torna-se, pouco a pouco, capaz de sentir
afeições pelas pessoas que cuidam dela, especialmente pela senhora Singh; sorri quando lhe falam. A sua
inteligência desperta também; consegue comunicar com as outras pessoas, por meio de gestos, gradualmente reforçados com algumas palavras simples de um vocabulário rudimentar; consegue compreender e executar ordens
simples, etc. No entanto, a dar crédito a outro observador, o bispo Pakenham Walsh, que viu Kamala seis anos
depois de ser encontrada, a criança não tomava qualquer iniciativa de contacto, nunca utilizava espontaneamente
as palavras que aprendera e, especialmente, mergulhava numa atitude de total indiferança, mal as pessoas
deixavam de a solicitar.»
B. Reymond-Rivier, O Desenvolvimento Social da Criança e do Adolescente
1.1 Qual a relação entre a ausência de comunicação e o fraco desenvolvimento das crianças?
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1.2 Identifica formas de comunicação das meninas com as outras pessoas.
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1.3 Poder-se-á concluir que a comunicação é essencial ao desenvolvimento do ser humano? Justifica a
tua resposta.
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1.3 A comunicação e a construção do indivíduo
Actividades complementares
2. «Comunicar é também entender os outros e a sua cultura.»
Lê o seguinte texto, procurando identificar as dificuldades de comunicação entre duas culturas tão
diferentes como a dos europeus e a dos povos da Polinésia.
O Papalagui nunca tem tempo
«O Papalagui1 adora o metal redondo e o papel forte, gosta de encher a barriga com uma série de líquidos provenientes de frutos mortos, e come carne de porco, boi e outros horríveis animais, mas acima de tudo gosta de
uma coisa que se não pode agarrar e que no entanto existe: o tempo. Leva-o muito a sério e conta toda a espécie
de tolices acerca dele. Embora não possa haver mais tempo do que o que medeia do nascer ao pôr do sol, isso para
o Papalagui nunca é o bastante. O Papalagui nunca está contente com o tempo que lhe coube e censura o Grande
Espírito por não lhe ter dado mais. Chega mesmo a blasfemar contra Deus e a sua grande sabedoria dividindo e
subdividindo cada novo dia que nasce, segundo um plano bastante preciso. Corta-o em pedaços como se cortaria
uma noz de coco mole com um cutelo. As várias partes têm todas elas um nome: segundo, minuto, hora. O
segundo é mais pequeno do que o minuto e este mais pequeno do que a hora. As horas são feitas de todos os segundos e minutos juntos, e é preciso ter sessenta minutos e muitos mais segundos para fazer uma hora. É uma
coisa muito confusa que eu na realidade nunca percebi, pois me indispõe reflectir mais do que o devido sobre
coisas tão pueris. O Papalagui, contudo, faz disso toda uma ciência. Os homens, as mulheres e até mesmo as
crianças que ainda mal se têm nas pernas trazem consigo, quer presa por grossas cadeias de metal que lhe pendem
do pescoço quer atada ao punho com a ajuda de uma correia de couro, uma pequena máquina achatada e redonda
onde podem ler o tempo, o que não é mesmo nada fácil. Ensinam isso às crianças encostando-lhes a máquina ao
ouvido, para lhes despertar a curiosidade.
Pode-se facilmente pegar em tal máquina só com dois dedos; lá dentro têm umas máquinas parecidas com as
que há no bojo dos grandes barcos que todos vós conheceis. Mas nas cabanas há outras máquinas do tempo,
grandes e pesadas, e outras ainda suspensas no cimo das mais altas cabanas, para que se veja bem de longe.
Quando decorreu um certo tempo, isso é-nos indicado por dois dedinhos postados na parte de fora da máquina;
ao mesmo tempo que ela solta um grito e um espírito bate num ferro que há lá dentro, fazendo-o ressoar. Sim, há
um barulho enorme, um formidável estrondo, nas cidades europeias, ao fim de certo e determinado tempo.
Ao ouvir o barulho da máquina do tempo queixa-se o Papalagui assim: ‘‘Que pesado fardo; mais uma hora que
se passou!’’ E, ao dizê-lo, mostra geralmente um ar triste, como alguém condenado a uma grande tragédia. No entanto, logo a seguir principia uma nova hora! Como nunca fui capaz de entender isto, julgo que se trata de uma
doença grave. ‘‘O tempo escapa-se-me por entre os dedos!’’, ‘‘O tempo corre mais veloz do que um cavalo!’’,
‘‘Dá-me um pouco mais de tempo!’’ – tais são os queixumes do Homem Branco. Dizia eu que se deve tratar de
uma espécie de doença… Suponhamos, com efeito, que um Branco tem vontade de fazer qualquer coisa e que o
seu coração arde em desejo por isso: que, por exemplo, lhe apetece ir deitar-se ao sol, ou andar de canoa no rio, ou
ir ver a sua bem-amada. Que faz ele então? Na maior parte das vezes estraga o prazer com esta ideia fixa: ‘‘não
tenho tempo de ser feliz’’. Mesmo dispondo de todo o tempo que queira, nem com a melhor boa vontade o reconhece. Acusa mil e uma coisas de lhe tomarem o tempo e, de mau grado e resmungando, debruça-se sobre o
trabalho que não tem vontade nenhuma de fazer, que não lhe dá qualquer prazer e que ninguém, a não ser ele próprio, obriga a fazer. Quando de repente se dá conta de que tem tempo, que tem realmente todo o tempo à sua
frente, ou quando alguém lhe dá tempo – os Papalaguis dão frequentemente tempo uns aos outros, é mesmo a
acção que mais apreciam –, nessa altura, ou já não tem vontade, ou já se cansou desse trabalho sem alegria. E geralmente deixa para o dia seguinte o que podia fazer no próprio dia. Pretendem alguns Papalaguis que nunca têm
tempo. Correm desvairados de um lado para o outro como se estivessem possuídos pelo aitu (Diabo) e causam
terror e desgraça onde quer que cheguem, só porque perderam o seu tempo. Esse estado de frenesi e demência é
uma coisa terrível, uma doença que nenhum Homem de medicina pode curar, doença que atinge muitos homens
e que os leva à desgraça. Como vivem obcecados pelo medo de perderem o seu tempo, todos os Papalaguis –
sejam homens, mulheres ou crianças de tenra idade – sabem com exactidão quantas vezes nasceu o sol e a lua
desde que viram pela primeira vez a luz do dia. Este acontecimento é considerado tão importante que o celebram
a intervalos de tempo fixos e regulares, com flores e grandes festas. Reparei, muitas vezes, que eles, no meu lugar,
se sentiam envergonhados quando, ao perguntarem-me a idade que tinha, eu não era capaz de responder a tal pergunta, que só me dava vontade de rir! ‘‘Mas não podes deixar de saber a tua idade!’’ Eu calava-me, pensando para
comigo: mais vale não saber. Ter uma idade, quer dizer: ter vivido um determinado número de luas. Isto de se
1
Papalagui é o homem branco referido pelo autor do texto, o chefe indígena da Polinésia, Tuiavii. Estes discursos foram traduzidos e publicados por Erich
Scheurmann, alemão que conviveu com a comunidade referida no início do século XX. Tuiavii visitou vários países europeus por ocasião da apresentação
dos povos ultramarinos ao imperador alemão na data referida.
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1.3 A comunicação e a construção do indivíduo
Actividades complementares
perguntar qual o número de luas apresenta grandes perigos, pois foi assim que se acabou por determinar quantas
luas dura em geral a vida dos homens. Ora acontece que cada um, sempre muito atento a isso, passadas que foram
já inúmeras luas, dirá: ‘‘Pronto! Não tarda muito que eu morra.’’ Nada mais lhe causa alegria e, de facto, acaba
por morrer daí a pouco tempo.
Raros são os que, na Europa, dispõem realmente de tempo. Ou talvez nem sequer existam. É por isso que eles
passam a vida a correr à velocidade de uma pedra lançada ao ar. A maior parte olha para o chão, quando caminha,
e balança muito os braços para ir mais depressa. Quando os detêm, gritam indignados: ‘‘Que ideia a tua, de me
vires perturbar! Não tenho tempo! E tu, trata de empregar bem o teu!’’ Tudo se passa como se o que anda
depressa tivesse mais valor e bravura do que o que vai devagar. Vi um Homem cuja cabeça parecia prestes a
estoirar e cujo rosto passava sucessivamente do vermelho ao verde, um Homem que rolava os olhos em todos os
sentidos, que abria a boca como um peixe que vai morrer e batia com os pés e com as mãos, tudo porque o seu
criado chegara um pouco mais tarde do que tinha prometido. Esse atraso mínimo representava para o amo uma
perda enorme e irreparável. O criado teve que se ir embora da cabana, pois o Papalagui expulsou-o, dizendo: ‘‘Já
me roubaste muito tempo! Quando um indivíduo não tem a mínima consideração pelo tempo, só estamos a
perder o nosso com ele!’’ Encontrei, uma única vez, um Homem que não se queixava de estar a perder tempo e
que o tinha de sobra; mas esse era pobre, sujo e desprezado. As pessoas desviavam-se, para o evitar, e ninguém o
respeitava. Não entendi tal comportamento, pois ele andava devagar e tinha um olhar sorridente, calmo e bondoso.
Quando lhe perguntei qual a razão disso, o seu rosto crispou-se e respondeu-me com voz triste: ‘‘Nunca soube
empregar o meu tempo de maneira útil; é por isso que não passo de um pobre-diabo desprezado por toda a
gente!’’ Aquele Homem tinha tempo, mas nem mesmo ele era feliz.
O Papalagui emprega todas as suas forças, bem como a sua capacidade de raciocínio, a tentar ganhar tempo.
Utiliza a água, o fogo, a tempestade e os relâmpagos para parar o tempo. Põe rodas de ferro nos pés e dá asas às
palavras, só para ganhar tempo. E porquê tanta canseira? Como é que o Papalagui emprega o seu tempo? Nunca
percebi muito bem, embora, pelos seus gestos e palavras, sempre me tivesse dado a impressão de alguém que o
Grande Espírito tivesse convidado para um fono (reunião, assembleia). A meu ver, é precisamente por o Papalagui
tentar reter o tempo com as mãos que ele se lhe escapa por entre os dedos, como uma serpente por mão molhada.
O Papalagui nunca deixa que ele venha ao seu encontro. Corre sempre atrás dele de braços estendidos, não lhe
concede o repouso necessário, não o deixa apanhar um pouco de sol. Tem de ter sempre o tempo ao pé de si, para
lhe cantar ou contar qualquer coisa. Mas o tempo é calma, é paz e sossego, gosta de nos ver descansar, estendidos
na nossa esteira. O Papalagui não se apercebeu ainda do que o tempo é, não o compreendeu. É por isso que o maltrata, com os seus modos rudes. Oh! Meus queridos irmãos! Nós nunca nos queixámos do tempo, amámo-lo e
acolhemo-lo tal como ele era, nunca corremos atrás dele, nunca tentámos amalgamá-lo ou cortá-lo em pedaços.
Nunca ele nos deixou desesperados ou acabrunhados. Se algum de nós há aí a quem falte tempo, que diga! Todos
nós o possuímos em quantidade, não temos razões de queixa. Não precisamos de mais tempo do que o que temos,
temos sempre tempo suficiente. Sabemos que atingiremos o nosso alvo a tempo, e que muito embora ignoremos
quantas luas se passaram, o Grande Espírito nos chamará quando lhe aprouver. Devemos curar o Papalagui da sua
loucura e desvario, para que ele volte a ter a noção do verdadeiro tempo que tem perdido. Devemos destruir as
suas pequenas máquinas do tempo e levá-lo a confessar que há muito mais tempo do nascer ao pôr do sol, do que
ao Homem lhe é dado gastar.»
O Papalagui – discursos de Tuiavii, recolhidos por Erich Sheurmann,
em 1914, nas ilhas Samoa, Lisboa, Antígona
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1.3 A comunicação e a construção do indivíduo
Actividades complementares
3. Conhecer o código de linguagem usado na comunicação é essencial para a compreensão da mensagem.
Identifica o código utilizado na seguinte mensagem.
De: Rui Santos (rui [email protected])
Para: Isabel
Data: 05-08-2003
Assunto: Re: Party!
Olá Isa!
Então k tal de férias? Falaste na terrinha, tás em Murça kom a famelga? O k é k se faz por aí? Pouca koisa, n?
Mas olha k por aki na kapital tb tá 1 seca. O pessoal tá kuase todo de férias, o trânsito tá melhor mas só se
vêem camones e n se passa nada. Mesmo no cinema n tem passado nada de jeito e tb n tenho ninguém kom kem
ir. Por isso tenho passado a maior parte do tempo a jogar online e a ouvir a minha mãe a keixar-se de k passo demasiado tempo agarrado «àkela porkaria». O meu irmão, pra variar, passa o tempo todo fora de kasa.
Komo vês, n perdes nada. Mas se tiveres algum kampeonato ou treino ou assim e tenhas de ká vir, dá-me 1 tok
e vamos tomar kafé. Abraços, Rui
P.S. – Isto é 1 bocado xato de se dizer, mas kuase k tenho inveja da Mafalda. Tb kurtia bue ir para Nova Iorque
fazer o 12.o! Ainda por cima, parece k lá é mto fácil, só precisas de te safar a falar inglês, kalhava bem porque tb
não tenho notas de jeito a + nada…☺
Ana Sofia Ferrão, O mail da Mafalda, Lisboa, Texto
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4. Os anagramas são palavras escritas segundo códigos. Muitos romances têm sido escritos com base na
decifração de anagramas. No site abaixo podes criar alguns anagramas. Diverte-te!
http://www.divertudo.com.br/anagrama.htm
5. Ionesco, conhecido dramaturgo (1909-1994), escreveu a peça A Cantora Careca, onde o absurdo é a nota
dominante.
5.1 Procura informação sobre o autor, a peça e o contexto em que a mesma foi
escrita.
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5.2 Lê a peça e verifica a in-comunicação no quotidiano dos indivíduos, mesmo falando!
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1.3 A comunicação e a construção do indivíduo
Actividades complementares
6. A comunicação pela Arte é outra forma de comunicação. Procura identificar a mensagem do pintor
(emissor).
Picasso, Guernica
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7. A música e a dança procuram, através do som e do movimento, interpretar estados de alma e situações
específicas. Exemplifica, através de uma obra ou peça, por ti escolhida.
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1.3 A comunicação e a construção do indivíduo
Actividades complementares
8. A poesia transmite-nos os sentimentos dos seus autores. Decifra a intenção deste conhecido poema de
António Gedeão.
Calçada de Carriche
«Luísa sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Sobe, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe
sobe a calçada.
Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheira
desengonçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Luísa é nova,
desenxovalhada,
tem perna gorda,
bem torneada.
Ferve-lhe o sangue
de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas
não dá por nada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu a sopa
numa golada;
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada,
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce o passeio,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga;
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina,
volta à toada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga.
Regressa a casa
é já noite fechada.
Luísa arqueja
pela calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.»
António Gedeão,
Poesias Completas,
(1956-1967)
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1.3 A comunicação e a construção do indivíduo
Actividades complementares
9. O link http://www.youtube.com/watch?v=_6FdXRIn_hI&feature=channel faz um apelo para a alteração de
alguns dos nossos comportamentos consumistas. Identifica os elementos da comunicação, de acordo com
o modelo de Lasswell.
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10. Faz uma análise ao rap de Boss AC e justifica que a mensagem não é unidireccional.
Farto de…
«Farto de ser o culpado sem ter
culpa de nada
Ser rejeitado, farto de conversa fiada
Farto deste sistema de merda que
nos engole
Farto destes políticos a coçar colhões ao sol
Farto de promessas da treta
Sobem ao poder metem as promessas na gaveta
Farto de ver o país parado como
uma lesma
Ver as moscas mudarem e a merda
ser a mesma
Farto de os ver saltar quando os barcos naufragam
Quanto mais tiverem melhor, menos
impostos pagam
Farto de rir quando me apetece chorar
Farto de comer calado e calado ficar
Farto das notícias na televisão
Farto de guerras, conflitos, fome e
destruição
Farto de injustiças, tanta desigualdade
Cegos são os que fingem que não
vêem a verdade
E eu tou farto...
Injustiça, Guerra, Racismo, Fome,
Desemprego, Pobreza
E eu tou farto
Mentiras, Traição, Inveja, Cinismo,
Maldade, Tristeza
E eu tou farto
Injustiça, Guerra, Racismo, Fome,
Desemprego, Pobreza
E eu tou farto
Mentiras, Traição, Inveja, Cinismo,
Maldade, Tristeza
Já chega...
Farto de miséria, o povo na pobreza
Uns deitam a comida fora, outros
não a tem á mesa
Farto de rótulos, estigmas e preconceitos
Abrir os olhos e ver não temos os
mesmos direitos
Farto de mentiras, farto de tentar
acreditar
Farto de esperar sem ver nada a melhorar
Farto de ser a carta fora do baralho
Farto destes cabrões neste sistema
do caralho
Ser acusado de coisas que eu próprio condeno
Farto de ser político quando só
quero ser mc
Não te iludas ninguém quer saber
de ti
Todos falam da crise mas nem todos
a sentem
Muitos com razão, mas muitos deles
apenas mentem
Crimes camuflados durante anos a
fio
Tavam lá todos eles mas ninguém
viu
Não foi ninguém, ninguém fez nada,
E se por acaso perguntarem ninguém diz nada
Farto de ver intocáveis saírem impunes
Dizem que a justiça é para todos
mas muitos são imunes
Dois pesos, duas medidas
Fazem o que fazem, seguem com as
suas vidas
Para o povo não há facilidades
E os verdadeiros criminosos do lado
errado das grades.»
Ver roubar o que é nosso, impávido
e sereno
Boss AC
11. Prepara uma visita de estudo ao Museu das Comunicações. Visita o site http://www.fpc.pt e informa-te
sobre o que podes visitar no museu. Para este tema que estudaste, a «Casa do Futuro» e a «Escola do
Futuro» são exposições a não perder!
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