XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão.
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
MODELAGEM DO PROCESSO DE
NEGOCIAÇÃO E DECISAO EM
COOPERATIVAS AGROINDUSTRIAIS
Juliano Munik (PUCPR)
[email protected]
Glauber Ribeiro Pereira (PUCPR)
[email protected]
Luiz Rodrigo Ribeiro Soltovski (PUCPR)
[email protected]
Vilmar Rodrigues Moreira (PUCPR)
[email protected]
Roberto Max Protil (PUCPR)
[email protected]
Este artigo discute o processo de modeagem do processo de
negociacao e decisao em cooperativas. A base conceitual do modelo
esta apoiado nas abordagens do Pensamento Sistemico e Sistemas
Multiagentes. As relação de causa e efeito das diferrentes variáveis
presentes no processo foram modeladas utilizando-se o software
Netlogo. Este procedimento permitiu identificar as variáveis que
influenciam o processo de tomada de decisão e negociação de um
projeto de investimento em uma assembleia de cooperados. O
desenvolvimento do modelo também permitiu avaliar as peculiaridades
presentes na governança corporativa destas organizações.
Palavras-chaves: MODELAGEM, NEGOCIAÇÃO, DECISÃO,
ESTRATEGIA ORGANIZACIONAL, COOPERATIVA
AGROINDUSTRIAL
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1. Introdução
As cooperativas agroindustriais são organizações intermediárias entre os empreendimentos
dos cooperados e o mercado. São organizações importantes e participantes no contexto do
agronegócio, responsáveis por grande parte da absorção da produção e capazes de promover
altos graus de coordenação das atividades do setor. Algumas características deste tipo de
organização são marcantes e servem para distingui-las dos demais tipos, como as empresas de
capital por exemplo. Os proprietários das cooperativas são ao mesmo tempo clientes,
fornecedores, usuários e gestores das cooperativas. As decisões são tomadas em assembleias e
cada membro tem direito a um voto. Tais características influenciam diretamente a cultura
organizacional e o processo decisório, onde os conflitos gerados por interesses que nem
sempre são convergentes, são mediados por comportamentos políticos com forte influência do
poder de negociação de cada agente envolvido.
A negociação está presente no dia a dia das pessoas. Constantemente nesse processo ocorrem
ganhos, trocas, perdas de concessões e barganhas. As pessoas envolvidas têm como objetivo
chegar a um acordo comum, viabilizar a troca mútua de bens e/ou a resolução de conflitos. A
capacidade de obter êxitos nos processos de negociação é algo que exige das partes
envolvidas a capacidade de gerar estratégias. Tais estratégias servem para planejar e organizar
táticas com o intuito de facilitar o relacionamento e alcançar os resultados esperados.
No contexto das cooperativas agroindustriais, o processo de negociação frequentemente é
complexo, sobretudo porque geralmente envolve vários agentes com objetivos e interesses
conflitantes. O estudo do processo de negociação em cooperativas, sobretudo durante as
assembleias onde são tomadas as decisões, é algo relevante e que pode auxiliar no
entendimento do comportamento dos decisores. Por ser um processo complexo, altamente
interdependente, em que as partes envolvidas podem mudar de posição a qualquer momento e
cada mudança em cada um dos estágios influencia diretamente, de forma causal, na situação
do sistema, a sua análise somente é viável mediante o uso de uma metodologia que consiga
capturar as relações de causa e efeito. A abordagem do pensamento sistêmico, conjugada com
a técnica de modelagem de agentes, são opções viáveis no auxílio à modelagem do processo
de negociação e tomada de decisão em cooperativas.
A abordagem do pensamento sistêmico, juntamente com a modelagem de agentes, permite o
desenvolvimento de um modelo de estruturas sociais. Cada indivíduo é representado de forma
distinta, com suas qualidades pessoais bem definidas inicialmente, mas influenciadas pelos
demais agentes após cada interação. Dessa forma os agentes transformam-se conforme
interagem entre si.
Utilizando a abordagem do pensamento sistêmico com a modelagem de agentes, foi descrito e
simulado o processo de aprovação de um projeto durante uma assembléia. A organização
estudada foi uma cooperativa agroindustrial localizada no interior do estado do Paraná, onde
foram realizadas entrevistas com as pessoas envolvidas nos processos de negociação e tomada
de decisão, e pessoas envolvidas nas assembléias, nas quais são tratados e discutidos os
interesses gerais e do grupo. Neste processo, após a realização da negociação entre o grupo de
cooperados, um ambiente racional de tomada de decisão é identificado e os cooperados
entram em acordo. Neste momento os objetivos são previamente conhecidos e são reunidas as
informações necessárias para a avaliação do conjunto de alternativas mais apropriadas para
suportar as decisões.
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Este artigo apresenta um modelo de apoio ao processo de negociacao e decisao em
cooperativas. As variáveis e a relação de causa e efeito presentes no processo foram
modeladas e simuladas utilizando o software Netlogo. Este procedimento permitiu identificar
as variáveis que influenciam o processo de tomada de decisão e negociação entre os
cooperados e a direcao de cooperativas. Também permitiu avaliar as peculiaridades presentes
na governança corporativa destas organizações.
2. Cooperativismo no Brasil
Hoje no Brasil existem cerca de 7.682 Cooperativas brasileiras em 13 ramos de atividade,
com 7,887 milhões de associados e 4.182 postos de atendimento. Segundo dados da
Organização das Cooperativas brasileiras (OCB, 2009), 7.355 são Cooperativas singulares;
81 Cooperativas centrais (que englobam vários setores); 76 federações e 13 confederações.
Todo esse sistema gera 182 mil empregos e representa 6% do PIB (Produto Interno Bruto)
nacional, movimentando cerca de US$ 1,09 bilhão em exportações. (MINISTÉRIO DA
AGRICULTURA, 2007)
O faturamento do setor vem crescendo ano apos ano da seguinte maneira 11,61% em 2006,
6,15% em 2007 e 15,87% em 2008, porem é importante ressaltar a existência de uma
barreira, que são os próprios limites operacionais do setor. O desempenho da agropecuária
brasileira é incomparável. Nenhum outro país do mundo teve um crescimento tão expressivo
na agropecuária quanto o Brasil nos últimos anos. (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,
2007)
No Brasil as cooperativas agroindustriais possuem uma alta representatividade e participação
na produção e comercialização de produtos agropecuários. Elas absorvem grande parte da
produção agropecuária e podem influenciar de algum modo as decisões de produção e
comercialização. Segundo a Organização das Cooperativas do Brasil (2007), existem cerca de
1500 cooperativas agroindustriais que empregam cerca de 124 mil trabalhadores e possuem
880 mil associados.
As cooperativas participam com 41,53% da receita total gerada no agronegócio e os
estabelecimentos que estão associados a alguma cooperativa apresentam rentabilidade maior
que a média nacional: Brasil – R$ 123 / ha (hectare), sendo que não cooperados – R$ 92 / ha e
cooperados – R$ 237 / ha. A participação das cooperativas na produção de alguns itens
também é representativa: milho – 17% ; café – 28% ; soja – 30% ; suínos – 32% ; algodão –
39% ; leite – 40% ; trigo – 62% (ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS NO BRASIL,
2007)
3. Cooperativismo no Estado do Paraná
O cooperativismo paranaense agrupa mais de 500 mil associados e tem suas raízes nos
pioneiros esforços cooperativistas das comunidades de imigrantes europeus, que procuraram
organizar suas estruturas de compra e venda em comum, além de suprir suas necessidades de
consumo, eletrificação rural e crédito através de sociedades cooperativistas. Os investimentos
sociais do sistema cooperativista paranaense somam mais de 2 bilhões de reais por ano.
Participando dos diversos ciclos econômicos do Estado do Paraná, as Cooperativas
expandiram as fronteiras agrícolas e passaram a desenvolver-se também no meio urbano nas
áreas da saúde, trabalho, turismo, crédito, consumo, educação e habitação.
O cooperativismo agropecuário representa cerca de 55% da economia agrícola do Estado do
Paraná com um faturamento de 22 bilhões de reais no ano de 2007, participa de forma intensa
em todo o processo de produção, beneficiamento, armazenamento e industrialização
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agropecuário, fazendo com que o cooperado seja um agente ativo no mercado interno e
externo, bem como nas ações sociais em sua comunidade. (OCEPAR, 2008)
Com seu desenvolvimento as cooperativas passaram a ser importantes instrumentos de
difusão de tecnologias e implementadoras de políticas desenvolvimentistas, agindo também
como elo de ligação entre o produtor rural e o governo. Isto ocorreu com a difusão do crédito
rural, armazenagem, manejo e conservação de solos, manejo integrado de pragas,
assentamento de agricultores, agroindustrialização, entre outros, e levou o Paraná à liderança
nacional de produção e produtividade agrícola, transformando as cooperativas em agentes de
desenvolvimento econômico e social. Com a integração dos produtores em cooperativas,
organizou-se também a produção e, com isso, reduziram-se os agentes de comercialização,
aumentando a eficiência dos mecanismos de arrecadação tributária do Estado, o que torna as
cooperativas, importantes instrumentos na execução da política fiscal do governo. (OCEPAR,
2008)
A expressiva participação dos pequenos e médios produtores (área até 50 ha) nos quadros
sociais das cooperativas, representando 70% do total, evidencia a importância das
cooperativas para essa faixa de produtores, que são normalmente os menos favorecidos. A
integração das cooperativas e a agregação dos interesses dos produtores rurais permitiram a
montagem de uma boa infra-estrutura de armazenagem da produção, sendo a participação das
cooperativas no total da capacidade estática de armazenagem do Estado de 54%.
A vocação agropecuária do Paraná oferece um grande potencial para o desenvolvimento do
setor agroindustrial, face à disponibilidade de matérias-primas, de energia, infra-estrutura para
escoamento da produção, proximidade aos grandes centros de consumo e pela capacidade
empreendedora do estado.
Por outro lado, a indisponibilidade de novas áreas agricultáveis no estado faz com que o
crescimento da produção ocorra através da melhoria da produtividade e da agregação de
valores aos produtos primários, via agroindustrialização. Outro aspecto que merece citação é a
diversificação das cooperativas, que operam com todos os produtos agrícolas importantes para
a economia paranaense, além de serem pioneiras na implantação de novas culturas e projetos
agroindustriais (OCEPAR, 2008)
O desenvolvimento nos últimos oito anos cresceu não só quantitativamente, mas também
qualitativamente, com agregação de valores aos produtos, vantagens competitivas e
principalmente com responsabilidade social. As Cooperativas investiram muito nesse período,
principalmente em agroindústrias e serviços. Na assistência dos cooperados, na infra-estrutura
de serviço, na armazenagem, logística e em mercado, somente em 2008 foram investidos
cerca de R$ 1.275 bilhões de reais. As cooperativas exportam seus produtos para mais de 50
países atendendo as exigências dos principais mercados do mundo. (OCEPAR, 2008)
4. Características Organizacionais
Agroindustriais
e
Processo
Decisório
nas
Cooperativas
O modelo gerencial das Cooperativas Agroindustriais possui características próprias que as
diferenciam das demais empresas mercantis. O processo de negociação e tomada de decisão é
feito de forma coletiva. O associado sendo proprietário, fornecedor e cliente simultaneamente,
participa diretamente dos processos decisórios na aprovação de projetos de investimentos,
independente da sua área agrícola ou volume de produção. (BARREIROS, 2005)
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A adesão do associado é voluntária e livre, aberta a toda e qualquer pessoa desde que esteja
disposta a utilizar os serviços e esteja enquadrada no regime e função da mesma. Não existe
distinção entre gênero, idade, raça, cultura e religião.
É permitido aos membros receber remuneração em caso de sua adesão ao grupo, proporcional
ao faturamento e renda que a mesma desenvolva no período. Existem porém algumas
exceções para o não recebimento de receitas, uma vez que os fundos sejam destinados a
reservas, benefícios a algumas operações e apoio a outras atividades aprovadas em
Assembléia. (BARREIROS, 2005)
Para Daft (1999), os processos decisórios nas empresas podem ser considerados como o
cérebro e o sistema nervoso em uma organização, estando presente em todos os níveis
empresariais (estratégico, tático e operacional), assim como em todas as áreas funcionais
como produção, finanças, marketing e recursos humanos.
Segundo Reynolds (1997), os agricultores fundam e mantém uma cooperativa quando é
possível alcançar seus objetivos de forma mais ampla e completa, em relação às suas ações
individuais como agentes econômicos separados. Cooperativas são organizações voluntárias e
operam sob princípios democráticos de governança corporativa. As cooperativas, dessa forma,
estabelecem-se como organizações baseadas e dependentes de consenso entre seus associados.
Os membros das Cooperativas têm interesses econômicos divergentes, dadas as diferenças de
porte, nível tecnológico e tipo dos empreendimentos individuais e que a manutenção da
coesão e a geração de incentivos para a cooperação é tão mais complexa quanto mais
diferenciados forem os processos produtivos e tecnológicos.
Dessa forma, para atender aos interesses dos associados há a necessidade do estabelecimento
de políticas claras, que fundamentem consistentemente o relacionamento entre cooperativa e
associado, de forma que qualquer transação efetuada com um cooperado possa ser avaliada
por todos os outros.
Bialoskorski (2001), define as cooperativas como organizações intermediárias entre o
mercado, de um lado e, de outro, os empreendimentos econômicos dos cooperados. A missão
fundamental da economia empresarial cooperativista é servir como intermediária entre o
mercado e os cooperados, para promover seu incremento e integração. Sendo assim, as
cooperativas não possuem uma existência autônoma, como as sociedades mercantis, mas
dependente da prestação de serviços aos cooperados.
Sendo criada para a satisfação das necessidades das economias agregadas dos cooperados, a
cooperativa passa a ser gerida pelo grupo de coalizão que lhe deu origem. Daí surge a
ausência de separação entre controle e propriedade, que é um problema característico desse
tipo de sociedade.
Pinheiro (2003), argumenta que no campo da estratégia o modelo cooperativo é de difícil
gestão, em virtude da necessidade de atendimento de demandas muito heterogêneas,
induzindo a um aumento natural do peso político no processo decisório. A governança se
torna muito complexa, e grande parte do esforço gerencial se concentra nela. Além disso,
reforça que nas cooperativas brasileiras normalmente não há a separação entre propriedade e
controle, na medida em que, em boa parte das organizações, os gestores provém do próprio
quadro de associados, o que pode levar a dificuldades gerenciais na medida em que aumenta a
complexidade e o nível concorrencial dos negócios.
5. Processo de Negociação nas Cooperativas Agroindustriais
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A negociação política em um grupo de cooperados deve-se considerar as ações praticadas,
pois apresenta um duplo resultado sendo um aspecto concreto e um aspecto simbólico. A
situação concreta é a propriedade da ação de transformar em um curto espaço de tempo a
pratica de novas ações no processo de Negociação. Em uma empresa mercantil quem possuir
o maior volume de ações ou participação dos investimentos terá maior poder e influência
sobre as decisões.
A gestão democrática realizada pelos associados é desenvolvida através da política e cultura
da cooperativa, onde são eleitos representantes que tem como função tomar decisões dentro
do grupo. A votação das aprovações dos projetos é realizada através do poder de voto único,
ou seja, um homem um voto, independente do capital, tempo ou quantidade de bens que o
mesmo possua ou atue dentro da organização. Os sócios têm poder do controle do capital
democraticamente, onde todos têm acesso as informações e dados da propriedade da
cooperativa.
As formas de participação do cooperado e diretrizes da cooperativa fazem parte do processo
de Negociação para aprovação de projetos de investimentos. Algumas variáveis como ética,
faixa etária, nível de produção, influência, poder e aspectos culturais podem diretamente e
indiretamente interferir na forma e o resultado da negociação.
A análise de viabilidade econômica financeira de projetos possibilita ao tomador de decisões
uma melhor análise estrutural, para implantar suas decisões com menos risco e maior
segurança, podendo aumentar sua confiabilidade, seu desempenho e condições de equilíbrio
das ações e o desenvolvimento sustentável das atividades, podendo concorrer melhor em seu
mercado. Os valores de ajuda mútua e responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e
solidariedade são algumas características do grupo. Na tradição dos seus fundadores, os
membros das Cooperativas acreditam nos valores éticos da honestidade, transparência,
responsabilidade social e preocupação pelo seu semelhante.
De acordo com a teoria representada pelo “homus econonomicus” herdado da economia, o
homem é um ser que toma decisões ótimas em um ambiente, que pode ser representado por
modelos matemáticos e estatísticos que levam sempre a maximização dos lucros e resultados.
Para Luciano (2000), o ambiente racional de tomada de decisão se caracteriza como
atividades prescritivas e determinísticas onde as informações podem ser totalmente reunidas e
processadas com vistas a decisões ótimas. Os indivíduos entram em decisão com os objetivos
previamente conhecidos. Os indivíduos reúnem informações coerentes e determinam um
conjunto de alternativas e escolhem a mais apropriada.
De acordo com Motta (1998), as dimensões comportamentais como motivação, conflitos,
personalidade, dimensões políticas, interesses pessoais e em grupo restringem o resultado de
uma Negociação. Neste contexto existe uma racionalidade limitada humana, isto se
caracteriza por uma total impossibilidade de análise das informações, alternativas e dimensões
no processo decisório. Sendo assim a racionalidade se reduz a uma aceitação do razoável,
onde as alternativas são selecionadas pelo critério de encaixe em algum sistema de valores.
Algumas decisões são direcionadas para interesses simbólicos, podem ser no aspecto sobre a
auto-imagem, reputação, rede de contatos, faixa etária e níveis de instrução. Para aspectos
materiais é definida em estratégias de ganhos de lucros financeiros, riquezas e alcance de
objetivos, podendo ser para ganhos de produção no sentido de volume e conquista de novos
mercados.
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Para Barreiros (2005), quem possui maiores poderes na organização tendem a dominar uma
negociação. Quando os decisores envolvidos no processo de negociação estão conscientes
desta tendência eles podem agir para manipular o processo pela via política. Este modelo é
relevante quando condições de ambigüidade são maiores que as de certeza. Nesta perspectiva
os decisores estariam mais preocupados com a procura de alternativas que provocassem uma
acomodação dos diversos interesses no interior da organização.
A abordagem política identifica a existência de jogos de poder e influência nas organizações
através de rede de contatos, status, poder, influência, auto-imagem, hierarquia ou função
exercida. Indivíduos com menos influencia ou poder de persuasão precisam desenvolver
estratégias de negociação que permitam alcançar seus objetivos, ultrapassando barreiras
impostas pelos grupos e indivíduos com maior poder.
6. Pensamento Sistêmico e Sistemas de Multi-Agentes
Segundo Capra (2003), a maioria das crises e perturbações no ambiente são desenvolvidas
interligações existentes entre diversos fenômenos, por isso as soluções dos acontecimentos
devem derivar de uma mudança de pensamento e de valores, que pode ser conduzida pelo
Pensamento Sistêmico.
Para Senge (2005), o Pensamento Sistêmico está inserido em um círculo causal dos fatos, e
não em uma forma linear dos acontecimentos. O círculo causal tem como característica ser
alimentado por dados e informações inter-ligadas entre si, ocasionando e projetando um
impacto sobre a próxima variável do sistema. De tal forma as ações estão ligadas entre si,
sendo possível simular a conseqüência da ação em um espaço de tempo podendo ser a curto e
longo prazo.
Para Aurélio (1997), a ciência sistêmica apresenta o dessecamento das estruturas em níveis
hierárquicos, cujas propriedades diferenciam níveis de complexidade. Em cada nível o
fenômeno é observado em um determinado conjunto e sempre colocado em estudo todas as
suas relações e correlações do mesmo nível que a estrutura emerge originando o sistema
completo.
Dessa forma um conjunto constituída por funcionários, clientes, fornecedores direta e
indiretamente interligados e correlacionados entre si, formam uma determinada empresa. Essa
empresa depende de informações e dados para prosseguir com os processos e mecanismos que
originem sua sobrevivência no mercado. Cada indivíduo existente neste grupo, é considerado
um agente capaz de interagir e desenvolver mudanças neste ambiente ao possuir habilidades,
pró-atividade e aspectos de influência pessoal.
O uso de agentes permite o desenvolvimento de um bom modelo de estruturas sociais. Cada
indivíduo é representado de forma distinta, com suas qualidades pessoais bem definidas
inicialmente, mas influenciadas pelos demais agentes, após cada interação. Dessa forma os
agentes se “transformam” conforme interagem entre si.
Conforme Wooldridge (1995), define que um agente é inteligente e comporta-se como um
sistema de computação sendo capaz de interagir em algum ambiente e de realizar ações de
forma autônoma (dependendo apenas das informações que o agente possui no momento) para
atingir seus objetivos. Normalmente, agentes possuem características tanto reativas (ações
provocadas pelo ambiente) como proativas (ações voluntárias do agente).
Há duas classes de sistemas de múltiplos agentes:
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- Sistemas de Resolução Distribuída de Problemas: nos quais os agentes envolvidos são
explicitamente projetados para, de maneira cooperativa, atingirem um dado objetivo,
considerando-se que todos os eles são conhecidos à priori e supondo que todos são
benevolentes, existindo desta forma confiança mútua em relação às suas interações.
- Sistemas Abertos: nos quais os agentes não são necessariamente projetados para atingiram
um objetivo comum, podendo ingressar e sair do sistema de maneira dinâmica. Neste caso, a
chegada dinâmica de agentes desconhecidos precisa ser levada em consideração, bem como a
possível existência de comportamento não benevolente no curso das interações.
Os sistemas Multi-Agentes, abordados no trabalho, estão contidos em Sistemas Abertos.
Neste tipo de sistema, investiga-se o comportamento de um conjunto de agentes autônomos,
possivelmente pré-existentes, que interagem objetivando a resolução de um problema que está
além das capacidades de um único indivíduo.
Assim o comportamento do sistema é resultado da interação entre os agentes, o que
caracteriza um comportamento social, permitindo sua utilização para a análise do processo
decisório.
Conforme Wooldridge e Jennings (1995), um agente deve possuir algumas características
fundamentais como:
- Autonomia: Operação sem a intervenção direta de humanos ou outros agentes, e capacidade
de controlar seu estado interno;
- Habilidade Social: Interação com outros agentes ou humanos através de algum tipo de
linguagem de comunicação entre agentes;
- Reatividade: Agentes percebem o ambiente e respondem rapidamente a mudanças que
ocorrem;
- Pró-Atividade: Agentes devem ser capazes de tomar iniciativas para atingir um objetivo.
7. Metodologia de Pesquisa
Este estudo pode ser considerado exploratório, tendo como objeto de pesquisa as cooperativas
agroindustriais do estado do Paraná. A revisão bibliográfica foi realizada em livros e artigos
relacionados diretamente ou indiretamente ao assunto abordado. Depoimentos pessoais
através de entrevistas e visitas na organização também foram usados para a coleta de
informações. Reuniões e discussões dos membros do grupo de pesquisa complementaram os
instrumentos de coleta de dados e informações gerando o estudo de caso.
De acordo com Yin (2001), o estudo de caso é uma maneira de se fazer pesquisa em uma
determinada ciência, através do levantamento e análise dessas informações, a ponto de chegar
a uma conclusão ou resolução de um problema de pesquisa levantado. No geral o estudo de
caso levanta e representa a estratégia quando se colocam questões do tipo “como” e “por
que”, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontra
em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real. Sugere a análise de
três fatores: o tipo de problema a ser resolvido, o controle que o investigador possui sobre os
acontecimentos e o grau de foco em eventos contemporâneos em contraste com eventos
históricos.
Utilizou-se como ferramenta de modelagem e simulação do processo de negociação e tomada
de decisão o software Netlogo. Este software de modelagem é baseado em agentes e foi
desenvolvido pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology). O NetLogo é uma linguagem
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de programação simples e adaptada à modelagem / simulação de fenômenos naturais e/ou
sociais:
•
•
•
é adequada à modelação de sistemas complexos que evoluem no tempo,
é apropriada à modelação de centenas ou milhares de indivíduos (pessoas, bactérias,
insetos, nações, organizações, etc.) que interagem entre si e com o meio-ambiente,
permite explorar a conexão entre as interações locais entre os indivíduos e os padrões
macroscópicos emergentes dessas mesmas interações.
É também um ambiente de programação fácil de usar para criar / testar tais modelos.
•
•
•
•
•
Permite correr e experimentar simulações.
Permite criar modelos para testar hipóteses sobre sistemas descentralizados.
Vem munido de uma grande biblioteca contendo simulações em ciências naturais e/ou
sociais, que podem ser usadas e modificadas.
Os modelos são construídos usando uma linguagem simples, mesmo para aqueles que
estão a aprender a sua primeira linguagem de programação.
Possui uma interface gráfica fácil de usar.
NetLogo é baseado num novo paradigma de modelagem: o uso de agentes .
•
•
•
Um agente é um indivíduo sintético, autônomo, munido de um conjunto de características
e regras que governam o seu comportamento e com a capacidade de tomar decisões.
Os agentes interagem entre si e com o meio-ambiente obedecendo a um conjunto de
regras.
Os agentes são flexíveis e têm a capacidade de aprenderem e de adaptarem o seu
comportamento baseado na experiência. Tal requer alguma forma de memória. Os agentes
podem ainda ter regras para mudar suas regras de comportamento.
8. Descrição e Caracterização do Modelo Conceitual
Com base na abordagem sistêmica, foi caracterizado o processo de negociação e tomada de
decisão em cooperativas para a aprovação projetos de investimento. São descritos os enlaces
causais e relações diretas e indiretas evolvidas neste processo, exercida pelos cooperados.
Cada cooperado exerce uma força dentro de seu próprio grupo, sendo aspectos
influenciadores na questão financeira e psicológica dos demais elementos.
Dessa forma uma cooperativa constituída por funcionários, clientes, fornecedores e todas as
partes diretamente e indiretamente interligadas e correlacionadas entre si, formam uma
empresa. Essa empresa depende de informações e dados para prosseguir com os processos e
mecanismos que permitam sua sobrevivência no mercado. Assim como um sistema, as
negociações e tomadas de decisões apresentam diversas relações de causa e efeito.
Na Figura 01 é apresentado o modelo que representa uma assembléia de cooperados. Em uma
análise simplificada cada variável representa as influencias que um indivíduo provoca em seu
grupo, gerando um conjunto de enlaces causais, ou seja, influenciando e promovendo diversos
resultados de negociação e tomada de decisão em uma Assembléia.
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nível
instrução
diretoria
Demanda
Mercado
+
+
+
comissão
cooperados
+
+ Apresentação
projeto
+
regimento
interno
-
Assembléia
-
+
aprovação do
projeto
-
adesão ética
social
influencia cultura
organizacional
+
+ interesses
individuais
estatuto
social
+
+
faixa
etária
Comportamento
Ético
economico
+
+
Diretrizes da
Cooperativa
+
+
interesses do
grupo
+
+
politico
social
+
fidelidade do
cooperado
Figura 01 – Processo de Negociação e Tomada de Decisão – Assembléia
Podemos observar a inter-relação e enlaces causais das variáveis do processo de negociação e
tomada de decisão em um grupo de cooperados, durante a deliberação de um projeto em uma
assembléia de cooperados. O grupo é formado por pessoas, com interesses individuais que
procuram maximizar seus objetivos.
Um projeto é aprovado se obtiver a maioria dos votos. Neste processo ocorre um jogo de
poder e persuasão dentre os grupos de poder presentes na assembléia, cujo objetivo é obter
um consenso da maioria dos cooperados em torno de uma proposta de investimento.
O comportamento ético é apresentado como resultado da interação de algumas variáveis, o
que permite que haja diferentes resultados na votação dos projetos.
O comportamento da maioria dos cooperados em assembléia geralmente é influenciado por
cooperados manipuladores, que podem se caracterizar como aqueles que apresentam maiores
volumes de produção, poder aquisitivo, históricos positivos de resultados de safras passadas e
acúmulo de riquezas, etc.
Com a percepção voltada a esse grupo manipulador, os demais cooperados manipulados
passam a acreditar que se votarem e aprovarem projetos que estes grupos apóiam ou
defendem, terão os mesmos resultados positivos alcançados por estes no passado.
Essas informações causam no modelo mental das pessoas uma distorção das informações
criando uma dissonância cognitiva, transformando uma poderosa fonte de influência aos seres
humanos. Durante a discussão na aprovação do projeto é normal presenciar a seguinte
situação dentro do grupo de cooperados: ”se ele conseguiu bons resultados, eu também vou
conseguir... se ele possui riquezas eu também vou possuir desde que eu passe a agir como
ele...”
No aspecto psicológico alguns cooperados são influenciados pelos grupos ou indivíduos que
possuem maior nível de instrução, dessa forma passam a acreditar que o conhecimento e
obtenção das informações fazem uma correta aprovação dos projetos. A faixa etária também é
uma forma de influência, uma vez que pessoas experientes que passaram por várias situações
saberão tomar boas decisões.
Na Figura 02, segue uma representação da dinâmica do modelo de negociação gerado no
estudo, simulado no Netlogo. Sua interpretação é da forma como os agentes (cooperados)
comportam-se no ambiente (Assembléia). Os agentes começam todo do centro da figura e
quando o sistema começa a rodar, os que são favoráveis ao voto SIM, tendem a se deslocar
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para a parte superior (verde), e os que são favoráveis ao NÃO, contra a proposta em votação,
se deslocam em direção a parte inferior (vermelho). Antes que todos os agentes tomem sua
decisão, ocorre uma interação entre eles, de modo que todo agente influencia e é influenciado
pelos outros agentes.
Figura 02 – Modelo de Simulação de Processo de Negociação e Tomada de Decisão
9. Discussão do Modelo e Implicações Práticas
Quando a questão discutida envolve ganhos de bens e barganhas, em algumas situações podese verificar um comportamento contrário a ética, sendo assim os processos tomam rumos
diferentes, pois envolve interesses do grupo e interesses individuais de cada cooperado,
principalmente quando tem a presença de ganhos de bens e lucros financeiros. A seguir, os
principais fatores apresentados na pesquisa que são temas de discussão:
- Durante a discussão da negociação e tomada de decisão sobre a aprovação do projeto, alguns
Cooperados sofrem influências de outros indivíduos que possuem maiores volumes de
produção, rede de contatos, volume de riquezas e bom nível de instrução. (Fatores
psicológicos e financeiros);
- Alguns cooperados correspondem a uma porcentagem menor no grupo da cooperativa, esses
apresentam níveis de produção elevados em comparação a um grupo maior, por isso as
estratégias são direcionadas a essa população. Nesta perspectiva os decisores estariam mais
preocupados com a procura de alternativas que provocassem uma acomodação dos interesses
no interior da organização e alcance dos objetivos do grupo que proporcione maiores lucros
financeiros a cooperativa;
- As Cooperativas poderiam apresentar ao seu grupo de cooperados, através de uma
divulgação, a transparência e a clareza dos conjuntos de normas e diretrizes sobre o estatuto
social. Sendo assim os cooperados teriam mais conhecimentos das formas de atuação
individual e em grupo, deixando explicito seus limites nas Negociações e aspectos éticos da
organização;
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- Identifica-se que as estratégias desenvolvidas têm por objetivos fazer com que a
porcentagem menor de cooperados que contribuem a altos níveis de produção seja
direcionada, mas a contrapartida aponta que esses níveis fazem diferença na produção e na
sobrevivência da organização. A inexistência da ética prejudica quem tem menos poder, em
relação aos indivíduos do grupo. Esses poderes podem ser econômicos, culturais, políticos e
sociais.
Segundo Kapaz (2007), presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial, uma questão
cultural ampla atinge todos os setores da sociedade organizada. Não há capitalismo
desenvolvido sem ética concorrencial e respeito aos indivíduos. A falta de ética faz ruir o
sistema capitalista por dentro, pois vai contra as regras de desenvolvimento, em detrimento do
aumento da produtividade e tecnologia.
O modelo apresentado pode ser usado como uma ferramenta de análise, pois informações
podem ser utilizadas para apresentar situações das Organizações, prevendo resultados, riscos e
desenvolvimento de estratégias de acordo com as metas esperadas. Demonstra uma situação
real de um ambiente formado por indivíduos (cooperados) que diretamente e indiretamente
estão interligados entre si, formando uma Cooperativa (sistema).
10. Conclusão
O processo de negociação e tomada de decisão presente no grupo de cooperados e na
Cooperativa Agroindustrial é determinado por um regimento e pela legislação da
Organização.
Quando presente aspectos de discussão em grupo, cooperados que obtém e apresentam uma
produção em maior quantidade, rede de contatos, poder aquisitivo e influência pessoal, são
favorecidos pelas estratégias que a diretoria apresenta. Essa indução e direcionamento das
estratégias a determiandos cooperados, tem como intenção favorecer alguns indivíduos que
correspondem a uma grande fatia de participação dentro da receita da cooperativa. Essa
receita pode ser em volume de produção e lucros financeiros, sendo assim ocorrem maiores
probabilidades da Cooperativa atingir suas metas e resultados positivos.
O Cooperativismo foi criado para reunir um grupo de pessoas unindo forças e buscando
atingir seus objetivos comuns de forma mais fácil. Mesmo com determinados conflitos
presentes nesse grupo formado por inúmeras personalidades, envolvendo interesses
individuais e interesses do grupo, fazem com que esse processo seja beneficiário para os
cooperados. É muito mais fácil prosseguir em grupo, mesmo com alguns conflitos internos ao
invés de viver isoladamente em uma única esfera limitada de forças e união.
O código de ética deveria ser respeitado durante a assembléia na cooperativa estudada, a fim
de direcionar o equilíbrio sobre as condutas exercidas pelos cooperados, assegurando a
justiça, igualdade, direitos, deveres e liberdade, estando em harmonia com a missão e a visão
sobre as atitudes e decisões tomadas.
A cooperativa agrícola poderia apresentar ao seu grupo de cooperados, através de uma
divulgação, a transparência e a clareza dos conjuntos de normas e diretrizes sobre o estatuto
social. Sendo assim os cooperados teriam mais conhecimentos dos seus limites e formas de
atuação individual e em grupo, deixando explicito seus limites nas negociações e tomadas de
decisão dentro da organização.
A Dinâmica de Sistemas em conjunto com Sistemas Multiagenes sao abordagens úteis para o
desenvolvimento de ferramenta de apoio ao processo de negociação e tomada de decisão em
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grupos heterogeneos. Estas ferramentas permitem que durante o processo de discussão e
aprovação de um projeto de investimento em uma assembléia de cooperados, seja possível
analisar e avaliar os riscos de diferentes estratégias de investimento, através da geração de
diferentes cenários. Desta forma seria possível apresentar com mais propriedade os prós e
contras de diferentes investimentos, e desta forma minimizar os conflitos atingindo com mais
facilidade um concenso coletivos sobre a melhor alternativa de investimento.
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