Manifesto da Juventude do Socialismo XXI ao III Congresso da JPT O nosso partido vive um momento crucial da sua história. A ofensiva da direita contra o sucesso do nosso projeto político ganhou uma enorme dimensão no último período. Aqueles que jamais se conformaram com o ProUni e as cotas, com as novas universidades públicas e escolas técnicas, com os pontos de cultura e as políticas de oportunidades para a juventude, com o aumento do poder de compra do trabalhador, deixaram de se esconder. Passaram a jogar todas as cartas para destruir o nosso partido pelo que ele representa para a esquerda brasileira. Eles nos atacam, não pelos nossos erros, mas pelos nossos acertos, como bem disse o presidente Lula. O ano de 2013 ficará na história do Brasil. Foi o ano em que uma geração de jovens, antes chamada de acomodada, ocupou as ruas para exigir transporte público de qualidade e mais investimentos em saúde e educação. A juventude petista estava nas ruas ao lado de milhares de jovens que queriam o aprofundamento da democracia e um avanço nos serviços públicos. Mas foi em 2013 também que vimos setores da direita organizada tentarem capitanear os movimentos e a indignação de muitos jovens. Desde então nosso projeto não tem sido capaz de produzir uma resposta a uma juventude que anseia por transformações mais profundas em nossos país. Ao final das eleições de 2014, finalmente disputamos valores na sociedade quando falamos em combate à homofobia, à violência contra os jovens negros e quando dissemos que em direitos trabalhistas não se mexia. Tudo isso foi fundamental para ganharmos as eleições. Mas parou por aí. O V Congresso do PT, ao negar o debate interno e a construção de uma agenda de mudanças que pudesse fazer com que recuperássemos a condução do governo e a vitalidade das instâncias contribuiu para a postura frágil do nosso partido atualmente. Entendemos que situação semelhante não pode acontecer no III Congresso da JPT. A atual conjuntura exigirá ousadia e coragem da nossa militância, em especial da juventude petista. Este Congresso precisa representar um momento de mobilização, debate, protagonismo da militância. Não precisamos de extensivos balanços para saber que os históricos problemas de relação do PT com os seus jovens e, consequentemente, com a juventude brasileira, ficaram piores. Falhamos quando o partido não superou a visão utilitarista dos jovens petistas e a concepção setorial, e não estratégica, de juventude. Acertamos quando o nosso acúmulo conquistou as cotas geracionais, e hoje elas evidenciem um grande problema de renovação dos quadros partidários (menos de 10% dos filiados do PT tem até 29 anos), fato que exige prioridade do partido. Entretanto, falar do que acertamos e do que erramos será um mero discurso se não apresentarmos uma proposta concreta para tirar a nova organização de juventude do papel. Assim, na opinião da Juventude do Socialismo XXI, o III Congresso da JPT deverá ser marcado por: Sustentação do nosso projeto político. Em todas as etapas, devemos sair às ruas e produzir documentos públicos que disputem opinião na sociedade, mostrando o quanto o Brasil é hoje um país melhor para os seus jovens graças ao nosso projeto de mudanças. Não aceitaremos a criminalização do PT! Mobilização dos jovens petistas. Embora o calendário seja apertado e em meio a um conjunto de agendas partidárias, as etapas do Congresso devem servir para produzir atividades amplas, nas ruas e construídas com o conjunto dos movimentos juvenis e falando para fora. Todas as etapas do Congresso da JPT devem fortalecer o debate e as mobilizações Contra a Redução da Maioridade Penal e Contra o Extermínio da Juventude Negra e da Periferia, além de reforçar e orientar o partido, não apenas a juventude, na campanha Fora Cunha! Protagonismo nas Conferências de Juventude. Mais do que nunca, precisamos ocupar as Conferências Municipais, Estaduais e Nacional de Juventude. Os acúmulos dos Congressos da JPT devem servir para orientar nossa militância durante todo o processo. Atualização programática. Devemos refletir o que colocamos em prática da nossa formulação e o que ficou no papel. E mais, precisamos fazer com que a JPT acumule cada vez mais para os desafios do nosso projeto político. Devemos ter um programa para a juventude brasileira no século XXI e sermos protagonistas do debate acerca de uma nova política de drogas, da descriminalização do aborto, da reforma política, da reforma tributária e tantos outros temas. Uma pauta ao governo Dilma. Temos que fazer com que o nosso governo tenha uma agenda política para os 50 milhões de brasileiros com idade entre 15 e 29 anos. Sem engavetamentos. A vida da juventude é maior que a necessidade de ajustes. Uma agenda para a disputa eleitoral. É preciso definir diretrizes para o conjunto do partido quando falamos em disputa eleitoral. O PT não tem conseguido renovar seus quadros públicos. Será preciso ampliar o número de jovens vereadores(as) e de prefeitos(as) e vices, em 2016. E isso só acontecerá com uma política que articule orçamento específico com prioridade nas chapas que disputaremos. Uma nova concepção de organização. A JPT, enquanto juventude de um partido de massas, deve se abrir. Precisamos aprofundar nossa elaboração rumo a uma nova concepção de organização, que não reproduza os vícios de uma burocracia partidária que queremos superar e que dialogue com as novas formas de se organizar. Provocações ao PT. A JPT não pode ter medo de mandar um grande recado ao conjunto do partido. Sejam as necessárias mudanças na atual política econômica do governo, que potencialmente atinge os mais jovens, com cortes na educação e ajustes na conta dos trabalhadores, sejam as pautas que o PT tem se ausentado, como uma nova política de drogas. Uma Frente de Esquerda de Lutas. É papel da JPT propor uma Frente Ampla de Movimentos e Forças Políticas, recuperando as Jornadas da Juventude e indo além, agregando os novos movimentos que disputam valores progressistas e inovadores na sociedade. Não podemos ficar parados! Unidade política. A construção coletiva requer o respeito à diferença de opiniões, e também a elaboração de sínteses. No atual momento, é fundamental que todas as forças políticas trabalhem buscando uma unidade que não mascare o que nos diferencie, mas que sublinhe o que nos une – que é muito maior do que qualquer disputa que possamos fazer. O Partido dos Trabalhadores tem uma marca na história deste país: inovar, alimentando os sonhos. Mostramos ser possível organizar a classe trabalhadora e construir um partido de massas. Mostramos ser possível mudar a vida da população, começando por aqueles que nunca foram prioridade dos governos. O PT nasceu como o partido do sonho, da esperança e da utopia. Ficamos maiores quando transformamos tudo isso em realidade. É papel da Juventude do PT sacudir o nosso partido, ajudando o projeto popular a avançar cada vez mais. Precisamos inovar mais uma vez. Precisamos voltar a apresentar novidade, disputando valores e resgatando sonhos. A juventude brasileira precisa enxergar no PT a ferramenta de transformação da sociedade. Sem qualquer medo de ser feliz, sejamos o partido do futuro. Façamos o novo de novo. Porto Alegre, agosto de 2015