INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
FUNORTE / SOEBRÁS
TÉCNICAS ANESTÉSICAS PARA CIRURGIAS MANDIBULARES
Adriano Miquelante
Monografia apresentada ao Programa de Especialização em
Implantodontia do ICS – FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO
BRASÍLIA, como parte dos requisitos para obtenção do titulo de
Especialista.
Brasília, 2012
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
FUNORTE / SOEBRÁS
TÉCNICAS ANESTÉSICAS PARA CIRURGIAS MANDIBULARES
Adriano Miquelante
Monografia
apresentada
ao
Programa
de
Especialização em Implantodontia do ICS –
FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO BRASÍLIA,
como parte dos requisitos para obtenção do titulo de
Especialista.
ORIENTADOR: Prof. Ms. Daniel Rey Carvalho
Brasília, 2012
ADRIANO MIQUELANTE
TÉCNICAS ANESTÉSICAS PARA CIRURGIAS MANDIBULARES
Monografia apresentada ao Programa de Especialização
em implantodontia ao ICS - FUNORTE/SOEBRÁS –
Núcleo Brasília como parte dos requisitos para
obtenção do título de Especialista.
Orientador: Prof. Ms. Daniel Rey Carvalho
Aprovada em _________/__________/___________
COMISSÃO EXAMINADORA
________________________________________________
Orientador: Prof. Ms. Daniel Rey Carvalho
________________________________________________
Luciana de Freitas Bezerra
__________________________________________________
Eric Jacomino Franco
RESUMO
O presente trabalho abordou os diversos fatores envolvidos na eficácia do uso de
anestésicos locais. Dentre os fatores mais discutidos, tem-se: variação anatômica, tipo de
anestésico utilizado e técnica adequadamente empregada. De forma geral, a variação
anatômica sofre influência da localização de forames e nervos individualmente, associados
diretamente a presença ou ausência de dentes, por outro lado observamos que o anestésico e a
técnica com melhor resposta dependem da localização e grau de inflamação ou infecção local.
Portanto, concluímos que o sucesso depende de variáveis que podem interferir de alguma
maneira no sucesso clínico, sendo de fundamental importância seu conhecimento e
valorização.
Unitermos: anestesia, anatomia, mandíbula
ABSTRACT
This article covered various factors involved in the efficacy of local anesthetics.
Among the most discussed factors, we have: anatomical variation, type of anesthetic
technique and properly employed. In general, the influence of anatomical variation suffers
location of foramina and nerves individually, directly associated with the presence or absence
of teeth, on the other hand we observed that the anesthetic technique and the best answer
depends on the location and degree of inflammation or local infection. Therefore, we
conclude that success depends on variables that may interfere in some way with clinical
success, which is paramount in their knowledge and appreciation.
Key words: anesthesia, anatomy, mandible
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 7
2 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... 8
2.1 ANATOMIA ................................................................................................................ 8
2.2 TIPOS DE ANESTÉSICO .......................................................................................... 13
2.3 TÉCNICA UTILIZADA ............................................................................................. 17
3 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 28
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 29
7
1 INTRODUÇÃO
Existe uma importante diferença clínica nas taxas de sucesso quando comparadas
anestesia local maxilar e mandibular, raramente existe dificuldade em se obter sucesso clínico
em anestesias locais na maxila por se tratar de um osso menos denso facilitando a difusão da
solução anestésica, exceto em casos de anomalias anatômicas ou condições patológicas,
porém o mesmo não ocorre na mandíbula devido a maior densidade da lâmina alveolar
vestibular, o acesso limitado ao nervo alveolar inferior além da grande variação anatômica,
considera-se que um dentre cada cinco pacientes precisará de outra injeção para obter
anestesia clinicamente adequada na região da mandíbula (MALAMED, 2005).
O presente trabalho abordou os diversos fatores envolvidos na eficácia do uso de
anestésicos locais em técnicas mandibulares. Dentre os fatores mais discutidos, tem-se:
variação anatômica, tipo de anestésico utilizado e técnica adequadamente empregada. De
forma geral, a variação anatômica sofre influência da localização de forames e nervos
individualmente, associados diretamente a presença ou ausência de dentes, por outro lado
observamos que o anestésico e a técnica com melhor resposta dependem da localização e grau
de inflamação ou infecção local.
8
2 REVISÃO DE LITERATURA
A efetividade dos anestésicos locais utilizados em cirurgias mandibulares depende de
diversos fatores, como anatomia, tipo de anestésico e a técnica utilizada.
2.1 ANATOMIA
O nervo trigêmio (V par craniano) é um nervo misto responsável pela sensibilidade da
face e pela motricidade dos músculos da mastigação e diversos pequenos músculos. Do
gânglio trigeminal partem seus três ramos: nervo oftálmico, nervo maxilar e nervo
mandibular, que é a divisão inferior e maior do nervo trigêmio.O nervo mandibular é o único
ramo misto do nervo trigêmio. Seus ramos motores, em sua grande maioria, recebem a
denominação dos músculos a que se destinam e seus ramos sensitivos são representados pelos
nervos aurículotemporal, bucal, lingual e alveolar inferior, sendo que esse último origina o
nervo mentoniano, o nervo incisivo e o nervo milohióideo. O nervo lingual emerge do tronco
do nervo mandibular e une-se, na região zigomática ao nervo corda do tímpano, que possui
fibras associadas gustativas. É responsável pela inervação sensitiva dos dois terços anteriores
da língua e da mucosa da cavidade bucal em sua face lingual (ROSA, ESCOBAR e
BRUSCO, 2007).
O nervo alveolar inferior nasce do nervo mandibular, a 4 ou 5 mm abaixo do forame
oval, descendo entre os dois músculos pterigóideos, interpondo-se ao músculo pterigóide
medial e ao ramo da mandíbula. no seu trajeto está envolto por tecido gorduroso, que o
circunda desde sua origem até 1 cm do forame da mandíbula, penetrando neste que é aberto
para cima e para trás, na face interna do ramo da mandíbula. O trajeto do nervo alveolar
inferior passa do forame oval ao forame da mandíbula em ângulo aproximado de 45° com o
ramo (MARZOLA et al., 2005).
O forame da mandíbula localiza-se na fossa interna do ramo da mandíbula, alguns
milímetros acima do plano oclusal dos dentes molares inferiores, mais próximos da incisura
da mandíbula (MARZOLA et al., 2005).
O canal mandibular localiza-se entre o forame mandibular e o forame mentual, e
contém em seu interior o nervo alveolar inferior e estruturas vasculares associadas.
Ramificações derivadas do alveolar inferior são responsáveis pela inervação dos dentes,
papilas, periodonto, osso mandibular e tecido moles adjacentes (NEVES et al., 2009).
9
O nervo alveolar inferior penetra na mandíbula pelo forame mandibular, percorrendo
o canal mandibular até o dente incisivo central de cada lado. Pouco antes de penetrar no
forame mandibular emite um de seus ramos, o nervo milohioídeo. Após penetrar no forame,
emite ramos às raízes dos molares e pré-molares e à mucosa dos dentes. Na região entre os
pré-molares, emite seus ramos terminais: nervo mentoniano, que emerge para fora da
mandíbula inervando hemi-lábio, hemi-mento, gengiva vestibular de pré-molares para anterior
e nervo incisivo, que irá inervar os dentes anteriores inferiores (ROSA, ESCOBAR e
BRUSCO, 2007).
De acordo com Marzola et al. (2005) para aumentar o índice de sucesso nas anestesias
vários estudos procuram oferecer mais detalhes, quanto à entrada do nervo alveolar inferior
no forame da mandíbula, foram encontradas tantas e tais variações quanto à situação da
língula da mandíbula. Do mesmo modo em relação às dimensões ântero-posterior e súperoinferior do ramo da mandíbula, em relação ao plano oclusal dos dentes molares inferiores, ou
à porção mais côncava da borda anterior do ramo da mandíbula, a ponto de não ser possível
fornecer ao clínico uma referência padrão.
O canal mandibular tem sido amplamente estudado em relação à sua localização e seu
trajeto, bem como às possíveis variações em sua anatomia normal, uma vez que estas podem
apresentar diversos aspectos, exibindo canais acessórios com diferentes configurações
(NEVES et al., 2009).
As variações anatômicas da posição do nervo lingual no espaço pterigomandibular,
relacionadas ao local da injeção de bloqueio do nervo alveolar inferior, é um fator de
constante confusão e causador de dificuldade para a anestesia. Foram feitas medidas do
diâmetro dos nervos e as distâncias entre a agulha e os nervos de acordo com marcos
anatômicos. Foram simuladas 44 injeções, nas quais 42 (95,5%) passaram lateral ao nervo
lingual, 7 (16%) passaram a 0,1 mm do nervo, e 2 (4,5%) penetraram no nervo. A posição do
nervo lingual em relação aos pontos ósseos no interior da fáscia foi altamente variável
(MORRIS et al., 2010).
Mendoza et al. (2003) avaliaram quarenta e uma mandíbulas humanas secas de adultos
os espécimes apresentavam dentada parcial ou total, sem desgaste significativo da sua
estrutura,foram realizadas medições com o auxílio de paquímetro e régua milimetrada, para
determinar os pontos anatômicos de referência em relação ao forame mandibular; para os
lados direito e esquerdo de cada mandíbula da seguinte forma: 1)Distância entre o vértice do
trígono retromolar ao centro do forame mandibular; 2) Distância entre o gônio e o centro do
forame mandibular; 3) Distância entre o ponto médio da chanfradura sigmóide e o centro do
10
forame mandibular e 4) Distância entre a borda posterior do ramo mandibular no centro do
forame mandibular. Para determinar esta localização, utilizou-se um paquímetro com o qual
foi medido o ponto mais extremo superior e inferior da abertura do forame mandibular e
traçou-se uma reta. Foram também medidos o ponto mais extremo anterior e o posterior do
forame mandibular e traçou-se uma outra reta, de maneira que o ponto de interseção das duas
retas foi padronizado como o centro do forame mandibular. Na série apresentada de
mandíbulas secas observou-se que o valor médio e o desvio padrão, para a distância entre o
vértice do trígono retromolar no centro do forame mandibular para o lado direito e o
esquerdo, foi respectivamente de 1,98±0,35 e 2,04±0,36 centímetros. Para a distância entre o
gônio e o centro do forame mandibular, a média e o desvio padrão encontrado foi de
2,71±0,47 e 2,72±0,54 centímetros para os lados direito e esquerdo respectivamente. Os
valores encontrados para a distância entre o ponto médio da chanfradura sigmóide e o centro
do forame mandibular foram, respectivamente, para o lado direito e esquerdo, 1,68±0,26 e
1,60±0,27 centímetros para os lados direito e esquerdo respectivamente. Os valores
encontrados para a distância entre o ponto médio da chanfradura sigmóide e o centro do
forame mandibular foram, respectivamente, para o lado direito e esquerdo, 1,68±0,26 e
1,60±0,27 centímetros.
Outro estudo se propôs a avaliar a variabilidade da posição do forame mandibular em
indivíduos dentados e desdentados mandibulares, por meio de um paquímetro digital
(precisão de 0,1 mm). Neste estudo, observou-se a variação da posição do forame em
pacientes edêntulos, então as mudanças do forame mandibular posição com perda de dentes e
essa variabilidade pode ser responsável por falha ocasional do bloqueio do nervo alveolar
inferior (PRADO et al., 2010).
Na figura 1 pode-se observar a redução do tecido ósseo anterior (tracejado) para após a
perda dentária, gerando mudança anatômica.
11
Figura 1- Mandíbula edêntula com perda óssea importante.
Marzola et al. (2005) aferiram medidas ou valores de localização do forame da
mandíbula, mensurando a distância da borda inferior do forame da mandíbula e da borda
superior da língula da mandíbula em relação aos pontos localizados nas bordas do ramo da
mandíbula, foram definidos pontos e linhas no ramo mandibular para mensuração com
paquímetro. O valor do ângulo da mandíbula fora avaliado com goniômetro. Foram definidos
dois pontos anatômicos no ramo da mandíbula: Ponto A, localizado na borda inferior do
forame da mandíbula e, Ponto B, localizado na borda superior da língula da mandíbula.
Foram traçadas 6 linhas: duas tangentes as bordas anterior e posterior do ramo da mandíbula
(linhas 5 e 6), duas linhas tangentes aos pontos A e B (linhas 2 e 4) paralelas à linha 1 na base
da mandíbula e a linha 3 no processo condilar e paralela à linha 1: Linha 1: linha tangente à
base da mandíbula. Linha 2: paralela à linha 1 passando pela borda inferior do forame da
mandíbula (ponto A). Linha 3: paralela à linha 1, tangente a borda superior do processo
condilar da mandíbula. Linha 4: paralela a linha 1, passando na borda superior da língula da
mandíbula (ponto B). Linha 5: tangente à borda posterior do ramo da mandíbula. Linha 6:
tangente à borda anterior do ramo da mandíbula. A intersecção entre as linhas e os pontos de
12
reparo da mandíbula define 6 pontos mais externos do ramo da mandíbula: Ponto C:
localizado na bissetriz do ângulo formado entre as linhas 1 e 5 no ângulo da mandíbula. Ponto
D: localizado na linha 1 e define o ponto mais inferior e posterior da base da mandíbula.
Ponto E: intersecção das linhas 2 e 5. Ponto F: intersecção das linhas 2 e 6. Ponto G:
intersecção das linhas 4 e 5. Ponto H: intersecção das linhas 4 e 6. Ponto I: intersecção das
linhas 3 e 5. Ângulo da mandíbula: formado pelas linhas 1 e 5. Através do goniômetro foram
mensurados os valores do ângulo da mandíbula direito e esquerdo e, traçadas as linhas que
definem os pontos. Com o auxílio do paquímetro foram medidas as distâncias em milímetros
entre esses pontos e, em graus o ângulo entre as linhas 1 e 5. Estas medidas foram realizadas
em 120 mandíbulas dentadas e 120 desdentadas e, colocadas numa tabela que posteriormente,
foram analisadas estatisticamente, os dados colhidos nessa pesquisa demonstram a distância
entre o forame e borda posterior do ramo de 16 mm nas mandíbulas dentadas e 15 mm nas
desdentadas. A distância entre o forame e a borda anterior do ramo é de 22 mm nas
mandíbulas dentadas e desdentadas. A distância entre o forame e a base da mandíbula é de 21
mm nas dentadas e 20 mm nas desdentadas. A distância entre o forame e a borda superior do
processo condilar de 30 mm nas mandíbulas dentadas e 27 mm nas desdentadas, além de
apresentar como valor médio da distância entre borda superior da língula da mandíbula e a
borda posterior do ramo da mandíbula de 17 mm , como valor médio da distância entre a
borda superior da língula da mandíbula e a borda anterior do ramo da mandíbula foram
encontrados 18 mm demonstrando eqüidistância entre esses valores. O valor médio da
distância entre a borda inferior do forame da mandíbula e a base da mandíbula foram 21 mm,o
valor médio da distância entre a borda inferior do forame da mandíbula e a borda superior do
processo condilar da mandíbula é de 28 mm não deixando de descontar o valor da distância
entre borda inferior do forame da mandíbula e borda superior da língula da mandíbula com
média de 7 mm o que totaliza o valor de 21 mm, provando eqüidistância entre esses valores.
Os autores consideraram a grande importância na mensuração desses parâmetros uma
eficiente e correta anestesia do nervo alveolar inferior, baseados nesses resultados puderam
observar que as mandíbulas dentadas têm em média ângulo de 126° e as desdentadas de 130°,
confirmando que a ausência de dentes faz o ângulo mandibular aumentar, o ângulo da
mandíbula entre lado esquerdo e direito nas mandíbulas dentadas e desdentadas apresenta-se
com valor médio de 128° sem diferença estatisticamente significante, a distância entre a borda
posterior do ramo da mandíbula e a borda superior da língula da mandíbula é em média de 17
mm do lado direito e 18 mm do esquerdo, com diferença estatística significante, a distância
entre a borda superior da língula da mandíbula e a borda anterior do ramo da mandíbula é em
13
média de 18 mm, tanto para mandíbulas dentadas como para as desdentadas, devendo-se
observar este valor quando realizada penetração da agulha anestésica nesta região, o forame
da mandíbula localiza-se num ponto eqüidistante entre a distância antero-posterior do ramo da
mandíbula (H-G), a 18 mm da borda anterior (B-H) e, a 17 mm da borda posterior do ramo
(B-G), na altura da língula da mandíbula, o forame da mandíbula localiza-se num ponto
eqüidistante entre a distância súpero-inferior do ramo (I-D), a 21 mm da base da mandíbula
(A-D) e, a 21 mm da borda superior do côndilo da mandíbula (A-I=28 mm subtraindo-se 7
mm referente a distância entre a borda inferior do forame e a borda superior da língula
resultando 21mm). A distância entre a borda inferior do forame da mandíbula e a borda
superior da língula da mandíbula é de 7 mm em média, tanto nas mandíbulas dentadas quanto
desdentadas, independente do lado em questão ser o direito ou esquerdo, a distância entre a
borda inferior do forame da mandíbula e a base da mandíbula é de 21 mm nas mandíbulas
dentadas e 20 mm nas desdentadas e, somando 7 mm a esse valor que é referente à distância
entre a borda inferior do forame da mandíbula e a borda superior da língula da mandíbula, a
distância do nervo idealmente exposta ao líquido anestésico encontra-se em média entre
21mm e 28mm da base da mandíbula sem diferença estatisticamente significante entre lados
direito e esquerdo, a distância entre a borda inferior do forame da mandíbula e a borda
superior do processo condilar do ramo da mandíbula é em média de 28 mm do lado esquerdo
e 29 mm do lado direito e, as mandíbulas dentadas apresentam-se em média 3 mm mais altas
na região citada (30mm) em relação às desdentadas (27mm), a borda inferior do forame da
mandíbula está em média 22 mm de distância da borda anterior do ramo da mandíbula
tornando necessário o aprofundamento da agulha em 22 mm nas anestesias por bloqueio do
nervo alveolar inferior, a distância entre a borda inferior do forame da mandíbula e a borda
posterior do ramo da mandíbula é em média 16 mm, sem diferença significante
estatisticamente entre lado direito e esquerdo.
2.2 TIPOS DE ANESTÉSICO
Dentre os anestésicos locais comercializados, os mais utilizados na Odontologia são a
lidocaína, a prilocaína, a mepivacaína e a bupivacaína. Incluem-se ainda a articaína, a
ropivacaína e a levobupivacaína, sendo estas duas últimas, alternativas mais seguras para a
bupivacaína, por apresentar menos toxicidade sistêmica (PAIVA e CAVALCANTI, 2005).
A lidocaína é considerada o anestésico padrão em Odontologia, com o qual todos os
outros anestésicos são comparados. Foi o primeiro agente anestésico do grupo amida a ser
sintetizado, em 1943 por Nils Lofgren. Inicia sua ação por volta de 2 a 3 minutos e tem
14
eficácia em uma concentração de 2%. Sua dose máxima recomendada é de 7,0mg/Kg em
adultos, não excedendo 500mg ou 13 tubetes anestésicos. É encontrada comercialmente nas
concentrações de 1% e 2%, com ou sem vasoconstrictor. Para aplicação tópica sua
concentração pode ser de 5% ( PAIVA e CAVALCANTI, 2005).
A Prilocaína apresenta uma potência e toxicidade duas vezes maior que a lidocaína e
um início de ação mais retardado, por volta de 2 a 4 minutos. A dose máxima recomendada é
de 6,0 mg/kg, não excedendo 400mg ou 7 tubetes anestésicos na concentração de 4%, no
paciente adulto. A concentração odontológica eficaz é de 4%. Esse anestésico não apresenta
formulação tópica. A técnica infiltrativa oferece pouco tempo de anestesia pulpar, enquanto o
bloqueio regional fornece uma anestesia pulpar de até 60 minutos. Comercialmente, só é
encontrado na concentração 3% e tendo a felipressina como vasoconstrictor . Formulações
genéricas podem ser encontradas na concentração de 4%, sendo estas as que provêm melhores
resultados ( PAIVA e CAVALCANTI, 2005).
A mepivacaína é amplamente utilizada no campo odontológico, sendo classificada
como um anestésico de duração intermediária. Foi preparada por A. F. Ekenstam, em 1957 e
introduzida na odontologia em 1960. Apresenta potência e toxicidade duas vezes maior que a
lidocaína, tendo o seu início da ação por volta de 1 ½ a 2 minutos. A dose máxima é de 6,6
mg/kg, não devendo ultrapassar 400mg ou 11 tubetes anestésicos. A concentração
odontológica eficaz é de 2% (com vasoconstritor) e de 3% (sem vasoconstritor). Uma de suas
vantagens é que esta substância consegue ter um tempo maior de anestesia do que os outros
anestésicos sem o uso do vasoconstritor. É sintetizada apenas por laboratórios especializados
em artigos odontológicos ( PAIVA e CAVALCANTI, 2005).
No Brasil, dentre os anestésicos de longa duração, somente o cloridrato de
bupivacaína está disponível comercialmente. Apresenta potência quatro vezes maior que a
lidocaína e uma toxicidade quatro vezes menor. Inicia sua ação por volta de 6 a 10 minutos.
Apresenta uma dose máxima recomendada de 1,3mg/ kg, não devendo ultrapassar 90mg ou
10 tubetes. Quanto ao tempo de duração, a anestesia mandibular pode persistir de 5 a 9 horas.
Os estudos sobre sua toxicidade mostram que ocorrem devido à superdosagem ou por injeção
acidental do anestésico nos vasos sanguíneos, não sendo essas reações diferentes das que
ocorrem com os outros anestésicos locais. Em tubetes anestésicos é encontrado na
concentração de 0,5%, porém em ampolas de 20ml podem ser encontrados nas concentrações
de 0,25%, 0,50% e 0,75% (com ou sem vasoconstritor). É o anestésico mais utilizado em
recintos hospitalares ( PAIVA e CAVALCANTI, 2005).
15
A articaína foi aprovada para uso nos Estados Unidos em abril de 2000, tendo como
nome comercial Steptocaine 4% com 1:100.000 de epinefrina. Sua dose máxima recomendada
é de 6,6mg/kg, não ultrapassando 500mg ou 6 tubetes ( PAIVA e CAVALCANTI, 2005).
Os vasoconstritores são importantes componentes das soluções anestésicas. No
passado, atribuíam-se várias desvantagens a eles, porém muitas delas decorriam em função do
uso inadequado: injeções intravasculares, concentrações elevadas, aplicações rápidas e
grandes volumes, levando à intoxicação relativa. Hoje, sabe-se que quase nenhuma solução
anestésica teria efeito sem o emprego dos vasoconstrictores, tendo como principal vantagem a
absorção lenta do sal anestésico, que reduz a toxicidade deste, aumenta a duração da
anestesia, possibilita o uso de quantidades menores de solução, além de aumentar o efeito
anestésico. As substâncias vasoconstritoras podem pertencer a dois grupos farmacológicos:
aminas simpatomiméticas e análogos da vasopressina. As mais comuns são a
adrenalina/epinefrina, a noradrenalina/noraepinefrina, a fenilefrina e o octapressin/
felipressina.
Normalmente, os vasoconstritores associados aos anestésicos locais não
produzem efeitos farmacológicos, além da constrição arteriolar localizada. Uma das maiores
polêmicas que existe em relação aos vasoconstritores, é o de usá-los ou não em pacientes
cardiopatas, uma vez que a adrenalina eleva a pressão sistólica e a freqüência cardíaca,
causando palpitações e dor torácica. A felinefrina não provoca estímulo cardíaco direto, mas
pode elevar de forma significativa as pressões sistólica e diastólica. Como conseqüência
destas alterações, através do reflexo vagal, provoca-se a queda da freqüência cardíaca. A
noradrenalina eleva as pressões sistólica e diastólica e praticamente não interfere com a
freqüência cardíaca. Por induzir vasoconstrição mais acentuada, o dano tecidual é maior, o
que leva alguns autores desaconselharem o uso deste vasoconstrictor (PAIVA e
CAVALCANTI, 2005).
A felipressina ou octapressin é uma análoga sintética da vasopressina, hormônio
produzido pela neurohipófise e também conhecida como hormônio antidiurético ou ADH.
Não apresenta efeitos diretos sobre o miocárdio, mas é um potente vasoconstritor coronariano
o que pode levar a crises de angina com isquemia miocárdica, em pacientes com alguma
deficiência na circulação coronariana caso aconteça alguma complicação com o paciente não
será pelo vasoconstrictor do anestésico, mas sim pelas catecolaminas endógenas liberadas na
circulação, já que a quantidade liberada, em uma situação de estresse, é muito acima da
contida em um tubete odontológico, tornando-se irrisória a quantidade ali presente. Como
contra-indicações no uso de vasocontritores, a literatura cita angina pectóris instável, infarto
do miocárdio recente (até 6 meses), acidente vascular cerebral recente, cirurgia de
16
revascularização miocárdica recente, arritmias refratárias, insuficiência cardíaca congestiva
intratável
ou
não-controlada,
hipertensão
grave
não-tratada
ou
não-controlada,
hipertireoidismo não-controlado, diabete mellitus não-controlado, feocromocitoma e
hipersensibilidade a sulfitos ( PAIVA e CAVALCANTI, 2005).
A comparação duplo-cega e randomizada com uso de 1,8 mL de lidocaína ou 2% ou
4% de articaína, ambas com adrenalina 1:100.000, foi avaliada no sulco vestibular na região
do primeiro molar inferior, e constatou-se que a infiltração de articaína suplementar aumentou
significativamente a eficácia anestésica comparada com a infiltração de lidocaína (88% vs
71% de sucesso da anestesia, respectivamente) (HAASE et al., 2008).
Outro estudo randomizado, duplo-cego avaliou o uso de 1,8 mL de articaína 4% com
adrenalina 1:100.000 no sulco vestibular da região do primeiro molar inferior complementar a
anestesia de bloqueio com lidocaína 2% com 1:80.000 adrenalina. Esses pesquisadores
observaram um aumento na incidência de anestesia pulpar nos dentes da mandíbula após a
infiltração de articaína complementar. A infiltração de articaína complementar produziu uma
taxa de sucesso de 89% em comparação com 67% para o bloqueio do nervo alveolar inferior
sozinho. Este achado demonstra um efeito sobre o tronco do nervo dentro do canal alveolar
inferior e não apenas através da difusão aos ápices do primeiro dente molar. Se este é o
resultado da difusão direta para o canal no local da injeção ou espalhar-se para o forame
mental e a entrada nesse momento não é possível determinar, mas isso está sendo investigado
em outro estudo, inédito no momento da escrita (KANAA et al., 2006).
A eficácia foi comparada pelo grau de anestesia pulpar obtida utilizando 1,8 mL e 3,6
mL de lidocaína a 2% com adrenalina 1:50.000 em comparação com 1,8 ml de lidocaína 2%
com 1 : 100.000 adrenalina para o nervo alveolar inferior do bloco, e verificou-se que ao
utilizar 1,8 mL de lidocaína 2% com adrenalina 1:50.000, a anestesia pulpar de sucesso variou
de 33% -50%, e quando se utiliza 3,6 mL de lidocaína a 2% com adrenalina 1:50.000, o
sucesso foi de 40% -60% . Ao usar 1,8 mL de lidocaína 2% com adrenalina 1:100.000, o
sucesso foi de 40% -60%, sem diferença significativa entre as três soluções anestésicas,
portanto o aumento da concentração de epinefrina a 1:50.000 ou aumentar o volume para 3,6
mL de lidocaína a 2% com epinefrina 1:50.000 não resulta em anestesia pulpar mais bemsucedida quando comparados com 1,8 mL de lidocaína 2% com adrenalina 1:100.000 para
anestesia regional (WALI et al., 2010).
Quando se compara a eficácia e a segurança da articaína com lidocaína em infiltrações
maxilar e mandibular em anestesia de bloqueio, observa-se que articaína é mais provável que
a lidocaína para alcançar um sucesso anestésico, e não há diferença no pós-injeção de eventos
17
adversos entre articaína e lidocaína. Entretanto, os resultados de injeção de articaína em maior
dor medida pela pontuação na Escala Analógica Visual, que a lidocaína no local da injeção
após a reversão da anestesia, diminuindo no terceiro dia após a injeção. Portanto é valido o
argumento de que a articaína é mais eficaz do que a lidocaína no êxito do ato anestésico e,
além disso, ambas as drogas parecem ter perfis semelhantes de efeito adverso, exceto para o
impacto clínico da pontuação de dor pós-injeção que é maior na articaína do que na lidocaína
(KATYAL et al., 2010).
Outros autores encontraram resultados semelhantes no qual a articaína (Figura 2)
proporcionou uma maior taxa de sucesso (p <0,001) do que a lidocaína para anestesia do
incisivo lateral (32,5%), canino (55%), primeiro (72,5%) e segundo (80%) pré-molares e uma
menor latência (p <0,05) e duração aumentada (p <0,05). Porém este estudo afirmou que não
houve diferenças nos escores de dor entre as soluções (p> 0,05) (SILVA et al, 2010).
Figura 2- Embalagem comercial do anestésico articaína.
2.3 TÉCNICA UTILIZADA
A analgesia durante os procedimentos cirúrgicos é produzida mediante a administração
de anestésicos locais, isolados ou em associação a sedação por inalação, sedação intravenosa
ou anestesia geral. As técnicas anestésicas utilizadas em cirurgia oral não diferem das
empregadas em procedimentos não cirúrgicos (MALAMED, 2005).
18
Malamed (2005) descreve seis técnicas de anestesia mandibular, duas envolvendo o
nervo mentoniano e bucal, que produzem anestesia de tecidos moles, e quatro de bloqueios
que promovem insesibilidade dentária, são elas: bloqueio do nervo alveolar inferior, boqueio
do nervo incisivo, bloqueio do nervo mandibular pela técnica de Gow-Gates e o mandibular
de Vazirani-Akinose (com a boca fechada). Outras três técnicas anestésicas importantes para a
mandíbula são anestesia do ligamento periodontal, intra-óssea e intra-septal.
O bloqueio do nervo alveolar inferior ( Figura 3 ) tem taxa de sucesso significamente
menor quando comparada à outras técnicas, podendo chegar à aproximadamente 15 a 20%
dos fracassos clínicos em anestesia local, devido a grande variação anatômica na altura do
forame mandibular na face lingual do ramo e maior profundidade da penetração necessária
nos tecidos moles, no entanto é a técnica mais utilizada, sendo útil para se trabalhar em um
quadrante devendo-se ser complementada durante uma cirurgia, por exemplo, pelo bloqueio
do nervo bucal, são contra-indicações para essa técnica infecção ou inflamação aguda na área
da injeção o que é relativamente raro, e pacientes que poderiam eventualmente morder a
língua como crianças pequenas ou adulto com incapacidade física ou mental. Dentre as
vantagens da técnica estão a grande área anestesiada, útil para o tratamento em todo o
quadrante, porém isso se torna desvantagem quando o procedimento é localizado, A
localização do forame da mandíbula para anestesia por bloqueio regional do nervo alveolar
inferior pela técnica direta é conseguida colocando-se o dedo indicador da mão esquerda no
ponto de maior depressão da borda anterior do ramo da mandíbula. A agulha deverá ser
inserida na depressão da mucosa entre a prega do ligamento ptérigo-maxilar por dentro e, a
linha oblíqua interna por fora com a seringa voltada para pré-molares do lado oposto
recomenda-se para tal técnica a utilização de agulha longa de calibre 25 para paciente adulto,
a agulha deverá ser introduzida na mucosa medial do ramo mandibular, na interseção de duas
linhas: uma horizontal, representando a altura da injeção, e a outra vertical, representando o
plano ântero-posterior da injeção, os pontos de referência para a execução da técnica são a
insisura coronóide (maior concavidade na borda anterior do ramo, rafe pterigomandibular e
plano oclusal dos dentes posteriores inferiores, considerando-se três parâmetros durante a
administração: a altura da injeção, a posição ântero-posterior da agulha e a profundidade da
penetração , como causas mais comuns de flhas nessa técnica estão a injeção muito baixa,
injeção muito anterior além de penetraçãoa antes de contato com o osso (MALAMED, 2005 e
MARZOLA et al., 2005).
19
Figura 3: Bloqueio do Nervo Alveolar Inferior.
O nervo bucal é responsável pela inervação sensitiva dos tecidos moles pela vestibular
adjacentes aos molares inferiores, sendo necessária o bloqueio desse nervo (Figura 4) quando
houver necessidade de manipulação desses tecidos, recomenda-se o uso de agulha longa de
calibre 25, devendo ser introduzida na membrana mucosa distal e vestibular, até o molar mais
distal do arco (MALAMED, 2005).
20
Figura 4: Bloqueio do nervo bucal.
Em 1973, George Albert Edwards Gow-Gates descreveu uma nova técnica para
anestesia mandibular, devido à alta taxa de fracassos na anestesia mandibular citadas
anteriormente, a técnica de Gow-Gates ( Figura 5 ) é um verdadeiro bloqueio do nervo
mandibular, produzindo anestesia nos nervos alveolar inferior, lingual, milo-hióideo,
mentoniano, incisivo, auriculotemporal e bucal, dentre as vantagens dessa técnica quando
comparada ao bloqueio do nervo alveolar inferior incluem a maior taxa de sucesso, menor
incidência de aspiração positiva e ausência de problemas com a inervação sensitiva acessória
21
dos dentes inferiores, essa técnica é indicada para tratamento em múltiplos dentes inferiores,
quando empregada portanto não necessita ser complementada com a técnica de bloqueio do
nervo bucal, possui como vantagem a baixa taxa de aspiração e poucas complicações após a
injeção, dentre as desvantagens estão o desconforto ao paciente e o tempo para o início da
anestesia que é um pouco maior, para que a técnica seja empregada com sucesso é necessária
experiência clínica, para a execução da técnica recomenda-se a utilização de agulha longa
calibre 25, a agulha deve ser introduzida na mucosa medialmente no ramo da mandíbula, em
uma linha que vai da incisura intertragus até o angulo da boca, imediatamente distal ao
segundo molar superior, sendo a área-alvo para essa injeção a face lateral do colo do côndilo,
logo abaixo da inserção do músculo pterigóideo lateral (MALAMED, 2005).
Figura 5- Técnica de Gow Gates com a carpule em posição.
Em 1977 estimulado pela introdução da técnica de Gow Gates Joseph Akinosi relatou
uma técnica para anestesia mandibular com a boca fechada, sendo indicada para pacientes
com abertura mandibular limitada, sendo indicada , por exemplo, para casos em que há
presença de espasmo dos músculos da mastigação (trismo), Vazirani também descreveu uma
técnica semelhante com a boca fechada em 1960, em 1992 Wolfe descreveu uma modificação
da técnica Vazirani-Akinose (Figura 6), a técnica descrita era idêntica a original exceto pela
curavatura em 45 graus da agulha possibilitando uma maior proximidade da face medial do
22
ramo da mandíbula, a técnica de boca fechada consiste na introdução da solução anestésica
nos tecidos moles sobre a borda medial do ramo mandibular diretamente adjacente à
tuberosidade da maxila, na altura da junção mucogengival, correspondente ao terceiro molar
superior, sendo a área-alvo os tecidos moles na borda medial do ramo da região dos nervos
alveolar inferior, lingual e forame oval em direção ao forame mandibular, sendo a altura da
injeção da técnica de Vazirani-Akinose, abaixo da altura da técnica de Gow Gates, mas acima
da altura da técnica de bloqueio do nervo alveolar inferior ( MALAMED, 2005).
No método de Vazirani, o anestésico é aplicado intra-oral com a boca fechada, sendo a
agulha inserida paralelamente às margens gengivais dos dentes superiores ou da crista
alveolar, com penetração da mesma na dobra pterigomandibular atravessando pele, mucosa,
músculo bucinador, aponeurose bucal, face interna do ramo ascendente, espaço
pterigomandibular, com profundidade de 15 cm onde se localiza o forame da mandíbula
(MARZOLA et al., 2005).
A localização do forame da mandíbula pela técnica de anestesia por bloqueio regional
do nervo alveolar inferior com boca fechada é realizada na borda anterior do ramo da
mandíbula, calculando-se 1 cm acima do plano oclusal dos dentes inferiores (esta altura está
situada aproximadamente nas papilas gengivais dos molares superiores) aprofundando-se a
agulha até chegar na altura da língula da mandíbula (MARZOLA et al., 2005).
Figura 6 – Bloqueio mandibular com a boca fechada de Varzirani-Akinosi.
23
Falhas na obtenção da anestesia do nervo alveolar inferior são devidas, geralmente, à
falta de observância da localização do forame da mandíbula, notando-se suas variações,
alguns autores demonstram técnicas convencionais diferindo entre si nas manobras, porém
concordando no objetivo de deposição da solução anestésica no sulco do colo mandibular,
num plano pouco acima da língula, onde se localiza o forame da mandíbula (MARZOLA et
al., 2005).
A localização do forame da mandíbula pela técnica extra-oral via anterior de Nevin e
Puterbaugh é feita com a localização inicialmente das bordas anterior e posterior do ramo da
mandíbula. Traça-se em seguida uma linha horizontal que passa 1 cm acima do plano oclusal
dos molares inferiores, dividindo-se esta linha em três partes iguais, repartindo-se
conseqüentemente este ramo da mandíbula em três partes iguais. O forame da mandíbula
situa-se aproximadamente no meio da porção mediana, a mais ou menos 2 cm da borda
anterior do ramo da mandíbula (MARZOLA et al., 2005).
A técnica extra-oral pela via inferior de anestesia do canal da mandíbula de Thoma
modificando as técnicas de Kantorowicz e Gadd consiste em traçar uma linha partindo do
tragus até a borda ântero-inferior do músculo masseter. Partindo da porção mediana do
músculo masseter, traça nova linha paralela ao ramo posterior do ramo da mandíbula. Na
intersecção dessas duas linhas está localizado o forame da entrada do nervo alveolar inferior
onde a agulha deverá penetrar aproximadamente 2,5 cm, direcionada de baixo para cima ao
nível da porção mediana do músculo masseter, passando pela pele e músculo pterigóideo
medial (MARZOLA et al., 2005).
A modificação da técnica de Thoma por Seldin consiste em traçar a primeira linha a
partir da borda póstero-inferior do músculo masseter até a porção superior do processo
coronóide e, a segunda linha sendo a mesma preconizada por Thoma, isto é, paralela à borda
posterior do ramo da mandíbula, partindo da porção mediana do músculo masseter
(MARZOLA et al., 2005).
Na técnica de bloqueio regional do nervo alveolar inferior pela via posterior extra-oral
de Finochietto ou de Peackcht e Schloesser, traça-se uma linha que passa pela comissura
labial, paralelamente ao plano oclusal dos dentes e localiza-se a seguir o lóbulo da orelha. O
forame está localizado numa linha que passa 1 cm abaixo do lóbulo da orelha e outra 1 cm
acima da linha que passa pela comissura labial, penetrando a agulha 2 cm, de trás para frente,
passando através da parótida e músculo pterigóideo medial (MARZOLA et al., 2005).
No bloqueio regional do nervo alveolar inferior pela via superior extra-oral de
Finochietto, traça-se uma linha que vai do tragus à borda inferior do osso zigomático e, em
24
seguida, demarca-se com uma linha o arco que corresponde à incisura da mandíbula. Penetra
com a agulha de cima para baixo atravessando pele, músculo masseter até chegar à face
externa da mandíbula, nas proximidades da incisura da mandíbula. Retira-se a agulha
dirigindo-a para cima até encontrar a incisura, que é quando sua ponta penetra na fossa
infratemporal, sendo introduzida até a altura do forame (MARZOLA et al., 2005).
Utilizando cabeças congeladas seccionadas, com a boca amplamente aberta, à altura da
comissura labial e ao nível do plano de penetração da agulha para anestesia numa técnica
comum de bloqueio regional do nervo alveolar inferior, num plano acima da língula da
mandíbula e num plano de secção mais baixo, foram constatados que o nervo alveolar inferior
encontra-se afastado do ramo da mandíbula até a entrada do nervo no forame da mandíbula
(MARZOLA et al., 2005).
A deposição do líquido anestésico pode ser feita em nível mais elevado que o normal,
diferenciando das técnicas-padrão direta e indireta onde o anestésico é depositado
imediatamente atrás do forame da mandíbula que fica aproximadamente 1 cm acima do plano
oclusal dos dentes molares inferiores (MARZOLA et al., 2005).
Na abordagem externa para anestesia do nervo alveolar inferior pelo método de Kurt,
localiza-se o forame da mandíbula com os seguintes pontos de reparo: margem anterior do
músculo masseter com paciente cerrando os dentes e, no ponto mais baixo dessa crista traçase uma linha ligando este ponto com o trago do meato auditivo externo e, o ponto médio dessa
linha determina a posição do forame da mandíbula. Desenha-se outra linha descendente a
partir desse ponto e paralela à margem posterior da mandíbula até sua margem inferior onde
será o ponto de penetração da agulha (MARZOLA et al., 2005).
Para anestesiar o nervo alveolar inferior pelas vias anterior e posterior, introduz-se a
agulha num ponto eqüidistante às linhas horizontais de 15 a 16 mm, onde a penetração será
menor para a via posterior que para a anterior, pois o forame dista da borda posterior 13,9 mm
e da borda anterior 16,2 mm. Para anestesia pelas vias superior e inferior, deve-se introduzir a
agulha num ponto eqüidistante às linhas verticais, onde para via inferior, a agulha penetra 25
mm e para a via superior 23 mm. Isto porque a distância do forame à incisura da mandíbula é
de 22,3 mm e do forame à borda inferior é de 24,6 mm (MARZOLA et al., 2005).
Na técnica extra-oral de bloqueio regional do nervo alveolar inferior pelas quatro vias
são traçadas duas linhas tangentes à borda anterior e posterior do ramo da mandíbula e, outras
duas linhas, uma na altura da incisura da mandíbula e outra pela borda inferior da mandíbula,
iniciando-se no seu ângulo. O ponto de penetração da agulha será eqüidistante às duas linhas
que possuam uma mesma orientação vertical e horizontal (MARZOLA et al., 2005).
25
Dissecadas hemi-cabeças via intrabucal encontrou-se o nervo alveolar inferior
protegido, pela língula da mandíbula na região do forame, de possíveis traumas durante
injeções por bloqueio. Devido à divergência com o corpo da mandíbula e irregularidades da
superfície medial do ramo da mandíbula, o nervo alveolar inferior encontra-se lateralmente ao
nervo lingual, podendo-se anestesiar os dois nervos simultaneamente na linha imaginária
paralela à borda inferior do corpo da mandíbula, pouco acima do forame, estendendo-se do
sulco do colo da mandíbula à região de pré-molares do lado oposto. A localização do forame
da mandíbula está a 1 cm acima da oclusal dos molares inferiores e, também, na altura das
papilas gengivais dos dentes superiores num indivíduo com a boca fechada (MARZOLA et
al., 2005).
O
elevado
índice
de
insensibilidade
pós-anestesia
convencional
se
deve
principalmente à variabilidade anatômica da localização do forame da mandíbula, assim como
a ausência de pontos de referência anatômica fixa que auxiliariam na localização exata do
forame (MARZOLA et al., 2005).
As variações anatômicas dos tecidos duros e outras causas, como nervo bífido, são
responsabilizadas pelo insucesso dos bloqueios regionais dos nervos alveolares inferiores,
lingual e bucal (MARZOLA et al., 2005).
A taxa de insucesso nos bloqueios regionais dos nervos alveolares inferiores é devida
à variação anatômica da altura do forame da mandíbula na face lingual do ramo e, à
necessidade de maior profundidade de penetração nos tecidos moles (MARZOLA et al.,
2005).
Existem fatores que podem afetam a posição relativa do forame da mandíbula: 1.
largura do ramo ascendente (quanto maior a largura do ramo ascendente, mais posterior será a
localização do forame da mandíbula); 2. largura do arco da mandíbula (quanto mais amplo for
o arco, mais para trás o corpo da seringa deverá ser posicionado no lado oposto ao da injeção,
para que a agulha ultrapasse a crista oblíqua interna, atingindo o forame da mandíbula); 3.
inclinação do ângulo da mandíbula (quanto mais oblíquo for o ângulo da mandíbula, mais
para frente e para cima estará o forame) (MARZOLA et al., 2005).
Realizou-se um estudo morfométrico em 60 hemi-mandíbulas humanas seccionadas
entre os forames mentoniano e da mandíbula, em 9 segmentos de 7 mm. Estes cortes foram
estudados morfometricamente em quinze locais diferentes, em cada um dos cortes C2, C3,
C4, C5, C6, C7 eC8. No corte C9, além das quinze mensurações, foram feitas outras três
mensurações com informações específicas do ramo da mandíbula, relacionadas com a
26
incisura, forame, tábuas óssea interna e externa no sentido vertical e, com informações muito
importantes para odontologia e a implantodontia especificamente (MARZOLA et al., 2005).
Os pontos de reparo intra-orais para localização do forame da mandíbula são a borda
anterior do ramo da mandíbula, a linha oblíqua interna, o ligamento pterigomandibular e, o
plano oclusal dos molares inferiores. Para realizar o bloqueio regional do nervo alveolar
inferior introduz-se o dedo indicador da mão esquerda localizando-se os pontos de reparo e,
no ponto de maior depressão do ramo da mandíbula coloca-se a polpa do dedo, virando-o de
tal modo que a unha fique voltada para o plano sagital. O centro da unha mostrará o ponto
exato da inserção da agulha a 01 cm acima do plano oclusal dos molares tangenciando a linha
oblíqua interna e, com a seringa voltada para pré-molares do lado oposto, introduz-e a agulha
com profundidade tal, que venha a encontrar resistência óssea (MARZOLA et al., 2005).
São apontadas três razões para insucesso da anestesia dos nervos alveolar inferior,
lingual, bucal pelas técnicas convencionais: 1. deposição da solução anestésica no nível
abaixo do forame da mandíbula; 2. inervação suplementar proveniente dos nervos aurículotemporal, miloideo e possivelmente do plexo cervical; 3. dose inadequada de solução
anestésica, afirmando que o volume de 2ml utilizado freqüentemente é insuficiente
(MARZOLA et al., 2005).
A técnica de Gow-Gates de bloqueio regional do nervo alveolar inferior trouxe
melhores resultados em relação à anestesia pela técnica convencional, atribuindo-se essa
diferença às variações anatômicas em raças distintas , contrariando os resultados apresentados
de maior sucesso com utilização da técnica convencional de anestesia por bloqueio regional
do nervo alveolar em relação à técnica de Gow-Gates, também, atribuindo esse resultado às
variações anatômicas entre raças (MARZOLA et al., 2005).
Vários autores têm desenvolvido estudos no sentido de verificar as vantagens da
técnica de Gow-Gates para anestesia do nervo mandibular em relação às técnicas
convencionais para anestesia por bloqueio regional do nervo alveolar (MARZOLA et al.,
2005).
Cruz et al. (1994) comparou três técnicas de bloqueio do nervo mandibular (o clássico,
o Akinosi e Gow-Gates) foi realizada em quarenta e cinco pacientes com dente posterior
mandibular indicado para extração, que foram divididos igualmente em três grupos que
representam as três técnicas de bloqueio do nervo mandibular. Após a administração do
anestésico local, os pacientes foram avaliados utilizando a folha de avaliação elaborados para
o estudo. Os resultados mostram que a técnica de Gow-Gates foi a mais efetiva na indução da
anestesia, enquanto a técnica Akinosi parecia ser o mais aceitável entre os pacientes.
27
Outros autores também ressaltam que a técnica de Gow-Gates tem várias vantagens
sobre as técnicas tradicionais para alcançar a anestesia do nervo mandibular, no entanto
discutem que seu uso rotineiro é bastante limitado, principalmente devido a complicações
durante o alinhamento dos marcos de referência visual. Para isto verificaram a validade e a
precisão de um novo método para chegar ao local da injeção. Teste t pareado mostrou que o
segmento de linha ideal de punção punção modificados, 5,17 mm, foi 3 vezes menor (P
<0,001) do que a linha de punção punção segmento ideal Gow-Gates, 17,91 mm. Como
calculado por regressão linear, a injeção da técnica modificada dependia apenas das posições
ântero-posterior e látero-medial do côndilo. A técnica modificada mostrou-se válido e preciso
e tem um determinado local efetivo da injeção (SHINAGAWA et al., 2009).
Considerando-se o grau de anestesia pulpar obtida com a técnica alveolar inferior
convencional, a Gow-Gates, e Vazirani-Akinosi em dentes vitais assintomáticos, em pacientes
que receberam as três técnicas, de forma aleatória, utilizando 3,6 mL de lidocaína 2% com
adrenalina 1:100.000 em 3 consultas em separado. Os índices de sucesso da anestesia foram
os seguintes: técnica alveolar inferior 25% -62%; técnica de Gow-Gates 16% -44%, e para a
técnica Vazirani-Akinosi 13% -50%. Não houve diferença significativa (P> 0,05) para o
sucesso entre as três técnicas, portanto o bloqueio do nervo alveolar inferior convencional é
semelhante às técnicas de Gow-Gates e Vazirani-Akinosi quanto ao sucesso da anestesia, mas
tem um início mais rápido da anestesia pulpar na técnica convencional (GOLDBERG et al.,
2008).
28
3 CONCLUSÃO
A efetividade da anestesia no trans operatório é indiscutivelmente um fator primordial,
porém deve-se estar atento para as possíveis variáveis que podem interferir de alguma
maneira no sucesso clínico, para que se possa ter a anestesia com melhor resultado e conforto
para o profissional e paciente. Portanto, concluímos que o sucesso depende de variáveis que
podem interferir de alguma maneira no sucesso clínico, sendo de fundamental importância seu
conhecimento e valorização.
29
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