A Contratação de
Trabalhadores Arriscados
Prof. Giácomo Balbinotto Neto
Economia dos Recursos Humanos
Bibliografia Recomendada
Lazear (1995) – Hiring Risky Workers. NBER WP
5334, november
Lazear (1998, cap. 2)
Bollinger & Hotchkiss (2003), Journal of Labor
Economics, 21 (4)
Burgess; Lane & Stevens. (1998). Hiring Risky
Workers: Some Evidence. Journal of Economic and
Management Strategy, 7 (4): 669-676
2
A Contratação
Hiring is the primary role of many personnel
departaments, bet few personnel specialists
provide managers of other departaments with
much guindance on how to set hiring standards.
Nor are they often asked. Our first substantive
capter is, therefore, a discussion of hiring.
Edward Lazear (1998, p.9)
3
A Contratação
Hiring policies are at the heart of firms’
overall HRM strategy.
Robert J. LaLonde (2004)
4
A Contratação
Prioridades nos recursos humanos
-
Recrutamento, seleção e colocação
Treinamento e desenvolvimento
Benefícios aos empregados
Compensação
Empregado/ Relações trabalhistas
- 55%
- 46%
- 36%
- 32%
- 28%
Fonte: www.bna.com [BNA, 49 (4), pt.II (january), 1998.
5
A razão para a ocorrência de vagas
[Lars Behrenz (2001, p. 264 – Tabela 2)]
o caso sueco
Razão
Número
%
Aposentadoria de um empregado
27
3,4
Demissão voluntária
154
19,6
Empregado mudou de posição
41
5,2
O próprio candidato fez o contato
20
2,6
Expansão de uma certa atividade
386
49,2
O empregado está deixando o emprego
130
16,6
Outras razões
66
8,4
Total
784
100,0
6
A Contratação (Hiring)
7
A importância dos artigos
de Lazear (1995, 1998)
Segundo Bollinger & Hotchkiss (2003, p.924), as implicações
dos modelos de Lazear (1995, 1998) são importantes para o
mercado de trabalho como um todo porque o modelo de
contratação de trabalhadores arriscados (hiring risky
workers) proporciona uma explicação não discriminatória de
porque nós devemos esperar que os trabalhadores jovens
ganhem mais do que os trabalhadores maduros e porque nós
devemos esperar que os trabalhadores homens sejam pagos
com salários maiores, em média do que as mulheres,ceteris
paribus. Assim, seu modelo proporciona uma estrutura de
análise baseada na maximização dos lucros para aqueles dois
importantes resultados.
8
Os principais resultados referentes a
contratação de trabalhadores de risco
Segundo Lazear (1995, p.1-2), a incerteza
representa um dos principais desafio aos
empregadores que estão formulando uma política de
contratação.
Apesar dos esforços feitos a fim de obter dados
sobre a qualidade dos trabalhadores, ela não é
conhecida com certeza no momento da contratação.
Contudo, as firmas devem tomar decisões com
relação a contratação sob incerteza.
9
Os principais resultados referentes a
contratação de trabalhadores de risco
Para Lazear (1995, p.2), a variância provê
aos empregadores uma opção – os
trabalhadores de risco têm um valor porque
um trabalhador que se sai melhor do que o
esperado pode ser mantido e um com baixo
desempenho pode ser despedido.
10
Os principais resultados referentes a
contratação de trabalhadores de risco
Lazear (1995, 1998) destaca que uma das
principais características dos mercados
financeiros é que o risco carrega consigo um
grande potencial para elevados retornos e
que este mesmo potencial existe no
mercado de trabalho, sendo que o
empregador paga um prêmio para contratar
os trabalhadores arriscado (risky workers).
11
Definição de trabalhos arriscados
[risky workers] [cf. B & H (2003, p.924)]
Os trabalhadores arriscados (risky workers) referem-se
aqueles trabalhadores cuja produtividade seja variável
ou incerta.
Os empregadores valorizam os trabalhadores arriscados
porque os trabalhadores na cauda superior da
distribuição de produtividade pode ser retido e o
trabalhador na cauda inferior pode ser demitido.
Portanto, temos que o risco provê uma opção de valor
(option value) para o trabalhador.
12
As principais hipóteses do modelo de
Lazear (1995) sobre os risky workers
Lazear (1995,1998) desenvolveu um modelo teórico no
qual ele busca mostrar que:
(i) os trabalhadores arriscados (isto é, os trabalhadores
com uma produtividade incerta) irão receber salários
mais altos do que os trabalhadores previsíveis; isto
ocorre porque o trabalhador arriscado têm uma option
value, e a firma está disposta a pagar mais para
contratar um trabalhador com um potencial superior.
[cf. p.1]
13
As principais hipóteses do modelo de
Lazear (1995) sobre os risky workers
(ii) o prêmio salarial que um trabalhador arriscado
recebe varia diretamente com a extensão de sua carreira
(o tempo que ele permanece na vida ativa) e
inversamente com o período que é necessário para
determinar-se ou aferir sua produtividade.
Assim, por exemplo, restrições com relação as demissões
podem reduzir o valor dos trabalhadores arriscados
relativamente aos trabalhadores previsíveis.
14
As principais hipóteses do modelo de
Lazear (1995) sobre os risky workers
(iii) para que a firma possa receber os
benefícios da contratação de trabalhadores
arriscados, a firma deve ter algum tipo de
vantagem competitiva (informação privada
sobre o trabalhador ou sobre os custos de sua
mobilidade, isto é, algum poder de
monopsônio).
15
As principais hipóteses do modelo de
Lazear (1995) sobre os risky workers
(iv) A informação sobre os trabalhadores tem valor.
Portanto as firmas estão dispostas a pagar para
aprender sobre a verdadeira produtividade do
trabalhador.
Deste modo, a firma pode eliminar ter tolerado
trabalhadores de baixa produtividade durante o período
de estágio probatório a fim de encontrar aqueles que ela
deseja reter em seu quadro funcional (isto explica por
que as empresas adotam programas de treinamento).
16
As principais hipóteses do modelo de
Lazear (1995) sobre os risky workers
(v) o equilíbrio de mercado que ajusta os salários para
tornar a firma marginal indiferente entre contratar um
trabalhador arriscado e um previsível.
Assim, segundo Lazear (1995), firmas novas em
indústrias crescentes preferem contratar trabalhadores
jovens, trabalhadores arriscados.
Já firmas em indústrias em declínio preferem
trabalhadores maduros, trabalhadores previsíveis. Como
exemplo ele cita o caso do Silicon Valey, que deveria ter
trabalhadores jovens e altas taxas de rotatividade, se
comparado ao Rust Belt.
17
A importância do modelo de Lazear (1995)
referente aos risky workers [cf. B & H (2003)]
As implicações do modelo de Lazear (1995,1998) são
importantes para o mercado de trabalho no sentido de
que apontam, também ou proporcionam uma explicação
não discriminatória de porque nós devemos esperar que
os trabalhadores jovens devam ser pagos mais do que
os trabalhadores maduros e porque nós devemos
esperar que os homens recebam salários mais elevados
do que as mulheres, em média, ceteris paribus.
18
Produtos esperados de um canditato
maduro e de um candidato jovem
Probabilidade do
produto indicado
Maduro
Jovem
0
Qy
Qo
Produto
19
Os principais resultados referentes a
contratação de trabalhadores de risco
Quando vale a pena contratar trabalhadores
arriscados?
Vale a pena contratar um trabalhador arriscado
porque a firma tem um valor de opção - se o
trabalhador não tiver sucesso, ele pode ser
despedido, reduzindo os custos potenciais, mas
se ele tiver sucesso, os benefícios podem ser
obtidos ao longo de toda a sua carreira.
20
Os principais resultados referentes a
contratação de trabalhadores de risco
O problema enfrentado pela firma:
(i) suponha que uma firma deva fazer uma escolha
entre dois trabalhadores:
trabalhador #1 – cuja produtividade é extremamente
previsível. Ele produz $ 200.000/ano com certeza.
trabalhador #2 – cuja produtividade é menos previsível.
Ele pode produzir $ 500.000/ano, mas pode levar a um
prejuízo de (-$100.000/ano);
21
Os principais resultados referentes a
contratação de trabalhadores de risco
(ii) suponha também que cada um dos cenários
acima seja igualmente provável. Assim, o
produto do trabalhador #2 num dado ano é de
$ 200.000
E(V) = 0,5 (500.000) + 0,5 (-100.000) =
$200.000
22
Os principais resultados referentes a
contratação de trabalhadores de risco
Questão:
Se o produto esperado de #1 e #2 são os mesmos e se
os custos de cada empregado também são os mesmos,
qual deles a firma deveria contratar?
23
Os principais resultados referentes a
contratação de trabalhadores de risco
(iii) suponha que ambos os trabalhadores tenham 30
anos e que seja esperado, também que continuem
trabalhando até 65 anos;
(iv) é assumido que se leve um ano para determinar-se
se #2 é uma estrela [$500.000] ou um fracasso
[-$100.000];
(v) o salário que é pago a ambos os trabalhadores é de
$ 100.000/ano.
24
Os principais resultados referentes a
contratação de trabalhadores de risco
(vi) Se #1 é contratado, a firma lucra $
100.000/ano durante 35 anos.
Isto significa que #1 produz um lucro líquido
para firma de $ 3.5 milhões durante sua
carreira na firma;
25
Os principais resultados referentes a
contratação de trabalhadores de risco
Se #2 é contratado, temos uma probabilidade de
0,5 de que ele produza $ 500.000/ano, o que
implica que a firma iria lucrar 14 milhões em 35
anos;
Mas, igualmente, ele pode levar a firma a ter um
prejuízo líquido de -200.000 ($100.000 devido aos
salários e $100.000 devido a perda que ele causa).
26
Os principais resultados referentes a
contratação de trabalhadores de risco
1
Contratar #1
2
$3,5 milhões
Reter #2
$14 milhões
Demitir #2 depois de um ano
3
-$200.000
27
Os principais resultados referentes a
contratação de trabalhadores de risco
O valor esperado de #2 é dado por:
0,5 (14.000.000) + 0,5 (-200.000) = $ 6,9 milhões

#2 vale muito mais que #1 !!
28
Os principais resultados referentes a
contratação de trabalhadores de risco
Perna-depau
Pelé
Estrela
Fracasso
Valor
200.000 *35
500.000*35
(-100.000)
Custo
100.000* 35
100.000 * 35
100.000
Liquido
3.5 milhões
14 milhões
-200.000
1
0.5
0.5
Probabilidade
Valor esperado
3.5 milhões
6.9 milhões
29
Os principais resultados referentes a
contratação de trabalhadores de risco
Mesmo que o valor esperado no primeiro ano
seja $200.000 para ambos os trabalhadores, #2
vale muito mais para a firma, visto que ela pode
ficar com ele se for um bom empregado, mas
demiti-lo se ele se mostrar um mau empregado.
O valor de longo prazo de #2, o empregado
com risco, é maior.
30
Os principais resultados referentes a
contratação de trabalhadores de risco –
princípio geral
Visto que a firma tem a opção de demitir os maus
trabalhadores, vale a pena dar uma chance aos
trabalhadores com risco. Assim como princípio geral
temos que:
Se dois trabalhadores possuem o mesmo valor esperado
e os mesmos salários, então é melhor contratar o
trabalhador de risco. Os maus resultados podem ser
mitigados por uma separação e os bons resultados
podem ser magnificados através da retenção.
31
Os principais resultados referentes a
contratação de trabalhadores de risco –
princípio geral
O valor de ter uma chance de contratar uma
estrela é tão grande que geralmente é a melhor
estratégia, mesmo quando o trabalhador seguro
têm um maior valor esperado.
32
Os principais resultados referentes a
contratação de trabalhadores de risco –
a questão do tempo
Quanto menor for o tempo requerido para se aprender
sobre a produtividade do trabalhador, mais valioso é o
trabalhador arriscado.
Se for requerido 34 anos, de um total de 35 para
determinar se o trabalhador de risco é produtivo, o seu
valor é diminuído significativamente, enquanto valor de
opção. Então a firma terá que retê-lo até a idade de 64
anos para aprender sobre sua produtividade.
33
Principais resultados referentes a
contratação de trabalhadores de risco
- os trabalhadores arriscados são preferidos aos
seguros a uma dada taxa salarial porque eles têm uma
opção de valor – uma firma está mais disposta a pagar
mais para contratar um trabalhador com uma
produtividade potencial maior;
- o prêmio salarial que os trabalhadores arriscados
comandam varia diretamente com a extensão do tempo
restante de vida do trabalho e inversamente com o
tempo que se leva para determinar sua produtividade;
34
Principais resultados referentes a
contratação de trabalhadores de risco
- quanto mais jovem for um trabalhador, maior
o valor de um trabalhador com risco; pois maior
será seu valor de opção e maior será o prêmio
de risco.
35
Principais resultados referentes a
contratação de trabalhadores de risco
- geralmente é preferível contratar trabalhadores com
risco mesmo quando o valor esperado é menor do que o
trabalhador com menor risco;
- restrições sobre a demissão de trabalhadores podem
reduzir o valor dos “trabalhadores arriscados”
relativamente aos “trabalhadores seguros”; portanto,
custos como a multa sobre o saldo FGTS, reduzem o
prêmio de risco.
36
Principais resultados referentes a
contratação de trabalhadores de risco
- Firmas que tem um horizonte temporal de longo
prazo e que têm maior probabilidade de obter
vantagem do valor de opção (option value) estarão
dispostas a pagar um prêmio elevado e empregar
trabalhadores com alto risco.
Já as firmas com um horizonte de emprego mais curto
irão empregar trabalhadores mais seguros.
[cf. Lazear (1995, p. 21)]
37
De um modo geral... Contrate o
trabalhador arriscado...
Porque ....
Os maus resultados podem ser mitigados
pela demissão ou separação, mas os bons
resultados podem ser magnificados
através da retenção do trabalhador !
38
Os trabalhadores arriscados
são mais lucrativos…
(i) Quanto mais jovem for o trabalhador;
(ii) Quanto maior o potencial de ganho;
(iii) Quanto mais rapidamente aprendemos sobre a
produtividade dos trabalhadores;
(iv) Quanto menores forem os custos de demissão.
39
O modelo formal de Lazear (1995)
Os pressupostos
(i) considere um mercado de trabalho
competitivo na qual estejam entrando dois
trabalhadores de tipos diferentes, sendo que
um seja previsível e outro imprevisível.
(ii) O trabalhador do tipo previsível tem um
produto certo Mc e o trabalhador imprevisível
tem um produto Mi, o qual é uma variável
aleatória, com média Mc.
40
O modelo formal de Lazear (1995) –
os pressupostos
(iii) O trabalhador imprevisível (arriscado) possui um
produto especifico a firma mas que é desconhecido a
priori, S. Nós assumimos que E(Si) = 0 e que Si é
independente de Sj para todo o i, j de M. Portanto, o
produto total da firma i é dado por M + Si.
(iv) A carreira de um trabalhador inicia no período 0
[zero] e encerra no período T.
41
O modelo formal de Lazear (1995) –
os pressupostos
(v) As habilidades dos trabalhadores são aprendidas
pelas firma que o contrata durante um período t, no
qual 0 T t  0.
Além disso, temos que o conhecimento sobre um
trabalhador não é público, mas sim se a firma o reteve
ou o demitiu.
42
O modelo formal de Lazear (1995) –
os pressupostos
(vi) visto que o produto tem um componente específico
a firma, um trabalhador demitido por uma firma pode
ser contratado por outra, com o mesmo salário.
(vii) O trabalhador com o produto previsível irá receber
um salário igual a Mc por período de tempo, o qual é
igual ao seu produto.
43
O modelo formal de Lazear (1995) –
os pressupostos
(viii) visto que o produto do trabalhador
arriscado não pode ser distinguido inicialmente,
temos que o salário até o período t deve ser o
mesmo para todos os indivíduos.
Este salário que ele recebe é Wt e nós
chamamos o período entre 0 e t de “estágio
probatório”(probation).
44
O modelo formal de Lazear (1995) –
os pressupostos
(ix) A firma deseja manter todos os trabalhadores cujo
produto exceda seus salários. Ela irá contratar em
definitivo somente aqueles cujos salários pós estágio
probatório excederem o produto.
Portanto, se o salário pago após o estágio probatório
for WT, então a firma retém todos os trabalhadores
cujo:
(1) M + Si > WT
45
O modelo formal de Lazear (1995) –
os pressupostos
(x) WT é o salário que a firma deve pagar ao
trabalhador após o estágio probatório a fim de mantê-lo
na firma e fazer com que ele não vá para as outras
firmas. O montante que as outras firmas, j, desejariam
oferecer a um trabalhador que foi retido pela firma
inicial, i, é dado por:
(2) WT = E (M + Sj / M + Si > WT )
É o produto esperado de um trabalhador na
firma j que foi contratado pela firma i.
46
O modelo formal de Lazear (1995) –
os pressupostos
Observação #1: dado a especificidade do
trabalho, as valores não são os mesmos nas
duas firmas e isto permite que a firma i pagar o
trabalhador retido (contratado) um salário maior
do que a firma j iria lhe oferecer.
47
O modelo formal de Lazear (1995) –
os pressupostos
Observação #2: para que exista um equilíbrio, é
necessário que (2) tenha uma solução.
Qualquer salário maior do que WT irá reter na firma os
trabalhadores desejados, mas a firma inicial pode não
ser capaz de comprometer-se de modo crível com o
pagamento de salários acima de WT.
48
O modelo formal de Lazear (1995) –
os pressupostos – a solução de equilíbrio
para WT
Se existir uma solução para a equação (2), então isto
implica que haverá um salário pós-estágio probatório a
ser ganho pelo trabalhador retido pela firma que não
pode ser igualado pelas outras firmas e que irá induzir a
retenção somente daqueles trabalhadores cujo produto
excede aquele salário.
Reescrevendo a equação (2) como:
(3) E (M| M +Si > WT) - WT = 0
49
O modelo formal de Lazear (1995) –
os pressupostos – a solução de equilíbrio para WT
(3)
E (M| M +Si > WT) - WT = 0
porque E (Si) = 0.
50
Principais resultados do modelo de Lazear
(1995) - Proposição #1
O equilíbrio salarial inicial para os trabalhadores
arriscados é mais alto do que o equilíbrio inicial
para os trabalhadores previsíveis (safe workers).
Este prêmio reflete o valor da opção (option
value) de contratar um trabalhador arriscado.
51
Principais resultados do modelo de Lazear
(1995) - Proposição #1 – condições necessárias
Segundo Bollinger & Hotchkiss (2003) seriam necessárias
certas condições de mercado para que aquele resultado
ocorresse:
(i) em primeiro lugar, os empregadores deveriam
desfrutar de alguma vantagem com respeito a informação
sobre a produtividade de seus trabalhadores sobre as
outras firmas. Tal vantagem surge da posse de alguma
informação da firma sobre o trabalhador, de alguma
restrição com relação a sua mobilidade, ou de algum
mecanismo de seleção;
52
Principais resultados do modelo de Lazear (1995)
- Proposição #1 – condições necessárias
(ii) outro fator necessário seria a existência de
um período probatório durante o qual a firma
aprendesse sobre a distribuição da produtividade
do seu trabalhador; por fim, a firma tem que ter
a capacidade de demitir o trabalhador que não
alcançasse algum nível desejado de
produtividade;
.
53
Principais resultados do modelo de Lazear
(1995) - Proposição #1 – condições necessárias
(iii) algum aspecto da distribuição da
produtividade seja especifico a firma, o que
implica que algum aspecto do produto do
trabalhador em uma firma não está
necessariamente relacionado ao produto do
trabalhador em outra firma
54
Principais resultados do modelo de Lazear
(1995) - Proposição #1
Prova da proposição #1: o equilíbrio competitivo requer
que o produto esperado iguale o salário esperado ao
longo do ciclo da vida. Se r for a taxa de juros, então
temos que:
onde PR é a probabilidade de ser retido, isto é, a
prob (M+Si > WT).
55
Principais resultados do modelo de Lazear
(1995) - Proposição #1
A equação acima pode ser reescrita como:
o segundo termo da eq. (4) é positiva, a qual implica
que W1 > Mm. Visto que os contratados sem riscos
recebem Mm, o salário inicial para um trabalhador
arriscado excede aquele do trabalhador seguro.
56
Principais resultados do modelo de Lazear
(1995) - Proposição #1
Dado que os trabalhadores arriscados tem um valor de
opção (option value), uma firma está disposta a pagar
um salário mais elevado aos trabalhadores para qual
existe uma significativa parte superior (upside).
Os trabalhadores que não trabalham produtivamente
(work out) podem ser sempre mandados embora, o que
significa que para os trabalhadores arriscados, a
distribuição ex-post do produto é maior do que a
distribuição ex-ante do produto.
57
Principais resultados do modelo de Lazear
(1995) - Proposição #1
Os trabalhadores seguros situam-se na parte
inferior e superior de uma distribuição, mas o
valor dos trabalhadores da parte superior excede
o custo dos trabalhadores da parte inferior
porque as perdas podem ser trucadas e é esta
assimetria que aumenta os salário inicial dos
trabalhadores arriscados.
58
Principais resultados do modelo de Lazear
(1995) - Proposição #2
A existência de custos de demissão (firing
costs) pode na pior das hipóteses tornar a firma
indiferente entre contratar um trabalhador
arriscado e um seguro a mesma taxa salarial.
Na maioria das circunstâncias, os trabalhadores
arriscados são preferidos.
59
Principais resultados do modelo de Lazear
(1995) - Proposição #3
O prêmio que o novo trabalhador arriscado contratado
recebe sobre o trabalhador seguro aumenta com a
extensão da vida de trabalho (T) do mesmo.
Ao mesmo tempo, temos que o prêmio diminui a
medida em que o período de estágio probatório (t)
aumenta – isto é, o período necessário para
descobrirmos o tipo do trabalhador.
60
Principais resultados do modelo de Lazear
(1995) - Proposição #3
Prova: O salário que o novo trabalhador arriscado contratado
recebe é dado por:
Como definida em (4), a eq. (2), a qual define WT é
independente de T e t. Portanto, nem M nem Si dependem
de T ou t.
61
Principais resultados do modelo de Lazear
(1995) - Proposição #3
62
Principais resultados do modelo de Lazear
(1995) - Proposição #3
A intuição por traz da proposição #3 é clara. O valor da
opção dos trabalhadores arriscados aumenta a medida
em que o montante de tempo para recuperar os
retornos aumentam.
Conseqüentemente, o salário de equilíbrio que o
trabalhador arriscado recebe aumenta a medida em que
o tempo de trabalho pós-estágio probatório aumenta. O
período pós-estagio probatório aumenta a medida em
que T aumenta e t diminui.
63
Principais resultados do modelo de Lazear
(1995) - Proposição # 3
No caso em que T = t, temos que a firma não iria
aprender a produtividade do trabalhador até que a data
da aposentadoria, ou seja num ponto que seria muito
tarde para a firma usar a informação.
Neste caso, o valor da opção será zero e (4) nos mostra
que Wi = Wm.
64
Principais resultados do modelo de Lazear (1995) –
Proposição # 3a trabalhadores jovens e maduros
A análise do modelo prove duas racionalizações para
contratar-se trabalhadores jovens ao invés de maduros:
(i) a variância das estimativas da produtividade de
trabalhadores jovens é provável que seja maior do que a
de trabalhadores maduros. Portanto, para dois
trabalhadores com o mesmo produto esperado, a
variância é maior para os trabalhadores jovens. Da
proposição #1 temos que os trabalhadores jovens, para
o qual a precisão das estimativas é baixa, seriam
melhores opções de contratação do que de
trabalhadores maduros a uma mesma taxa de salário.
65
Principais resultados do modelo de Lazear (1995) –
Proposição # 3a - trabalhadores jovens e maduros
(ii) T (o tempo até a aposentadoria) é maior para os
trabalhadores mais jovens. Portanto, mesmo se a média
e a variância for mesma, o tempo de vida ativa
(worklife) é maior para os trabalhadores jovens, o que
lhes aumenta o valor de opção.
Pela proposição #2, temos que a uma mesma taxa
salarial, os trabalhadores jovens constituem-se numa
melhor opção de contratação do que os trabalhadores
maduros porque eles tem um fluxo de serviços pósestágio probatório mais longo.
66
Principais resultados do modelo de Lazear (1995) –
Proposição # 3a - trabalhadores jovens e maduros Implicações
- As firmas estão dispostas a pagar um prêmio para
trabalhadores jovens porque eles tem um elevado valor
de opção.
- ao mesmo salário, uma firma irá preferir contratar um
trabalhador jovem a um velho, mesmo que um
trabalhador jovem, mesmo com uma ligeira qualidade
esperada superior. O déficit do trabalhador jovem com
relação a qualidade esperada que a firma tolera aumenta
com o montante de incerteza sobre a qualidade dos
trabalhadores jovens aumenta.
67
Principais resultados do modelo de Lazear (1995) –
Proposição # 3a - trabalhadores jovens e maduros Implicações
Consideremos agora as firmas em uma indústria em
declínio, que espera encerrar suas atividade antes de t
períodos.
Neste caso temos que os trabalhadores de risco não
produzem uma opção de valor (option value) para esta
firma, pois o seu valor esperado é M*, a firma numa
indústria em declínio será indiferentes entre os
trabalhadores de risco e seguros a mesma taxa salarial.
68
Principais resultados do modelo de Lazear (1995) –
Proposição # 3a - trabalhadores jovens e maduros Implicações
Mas como W1 excede M*, temos que firmas em
indústrias ou setores que se encontram em declínio
deveriam preferir trabalhadores mais maduros com
horizontes mais curtos de tempo e com uma
produtividade bem-conhecida e estabelecida.
Por outro lado, firmas que esperam um longo horizonte e
apresentam uma perspectiva de crescimento no longo
prazo iriam preferir trabalhadores de risco com um
salário inicial W1.
69
Principais resultados do modelo de Lazear (1995) –
Proposição # 3a - trabalhadores jovens e maduros Implicações
Como exemplo disto, Lazear (1995,p.13) cita
os casos do Vale do Silício (Silicon Valey) na
Califórnia (EUA) – um lugar com
trabalhadores jovens e uma alta taxa de
rotatividade e o Rust Belt, onde encontramos
uma grande participação de trabalhadores
maduros na indústria.
70
Principais resultados do modelo de Lazear (1995) –
Proposição #3a - trabalhadores homens e mulheres Implicações
Segundo Lazear (1995, p. 13 -15), seria possível
racionalizar a alta demanda por trabalhadores
homens jovens em detrimento das mulheres
jovens quando levamos em conta a variância da
distribuição, mesmo que a média dos
desempenhos seja a mesma.
71
Principais resultados do modelo de Lazear (1995) –
Proposição #3a - trabalhadores homens e mulheres Implicações
Assim, se os homens foram mais arriscados que as
mulheres, os empregadores iriam preferir contratar
homens ao mesmo salário.
Do mesmo modo que os trabalhadores jovens tem um
maior valor de opção que os trabalhadores mais
maduros, os homens teriam uma maior valor de opção
que as mulheres.
72
Principais resultados do modelo de Lazear (1995) –
Proposição # 4
Proposição # 4 - a fim de ser uma opção de valor
contratar um trabalhador arriscado, o empregador inicial
deve ter uma vantagem sobre as outras firmas.
Dois tipos de vantagens são a informação privada sobre
a capacidade de um trabalhador e os custos de
mobilidade que fazem com que o trabalhador prefira o
seu emprego corrente sobre o emprego em outras
firmas.
73
Qual a razão pela qual é criado uma
opção de valor dos trabalhadores de risco?
As fontes de risco
O modelo de Lazear (1995) possui duas fontes
de risco: o produto geral (M) e o específico (S).
Devemos ter claro que é somente as variações
no produto especifico (S) que proporcionam
uma opção de valor para a firma.
74
Demonstração
Suponha que S seja invariante entre as firmas e
que S = 0. Portanto, não haveria razão para os
trabalhadores serem mandados embora.
Qualquer trabalhador que seja retido pelo
empregador inicial possui exatamente o mesmo
valor para qualquer outra firma.
75
Demonstração
Os outsiders irão aceitar (match) qualquer
oferta que o empregador inicial fizer, pois
qualquer salário é lucrativo para a firma inicial é
também lucrativa para qualquer outra firma.
Deste modo, temos que o empregador inicial
não pode capturar qualquer retorno sobre os
riscos gerais.
76
Demonstração
Se a informação permanece privada, um equilíbrio
constitui-se em simplesmente pagar a cada trabalhador
um valor M* ao longo de sua carreira.
Colocando em termos formais, se S = 0, então não há
solução para a eq. (2). Isto é, não existe um salário que
mantenha um bom trabalhador, com os trabalhadores
de baixa qualidade movendo-se para outras firmas.
Portanto, para o risco ter algum valor de opção, os
riscos dever se específicos a firma.
77
Demonstração
Além disso, é totalmente desnecessário que M seja
arriscado. Se S é não degenerativo e diferente entre as
firmas, os trabalhadores arriscados tem uma opção de
valor mesmo quando M = M* . O risco é somente
especifico a firma, mas todas a proposições são mantidas.
Sob as condições acima, temos que as soluções para a eq.
(2) é WT = M* . Cada trabalhador demitido tem um valor
esperado de M* para a firma pois E (Sj) = 0.
Este é um equilíbrio bem definido.
78
Principais conclusões do
modelo de Lazear (1995)
De um modo geral vale a pena contratar
trabalhadores mais arriscados porque a firma tem um
“valor de opção” (option value).
Se o trabalhador não for uma “estrela” (star), ele
pode ser despedido, reduzindo os custos potenciais.
Se ele for uma estrela (ou um sucesso), os benefícios
de sua permanência na empresa podem ser
desfrutados pela firma durante toda a sua carreira.
79
Principais Conclusões
Além disso, quanto mais jovem for o trabalhador
ou quanto mais curto for o período requerido
para aprendermos sobre a produtividade do
trabalhador, maior será o valor de um
trabalhador arriscado.
80
Conclusão fundamental
É o risco específico à firma, e não a variação nas
habilidades gerais que é necessário para criar uma
opção de valor!
É o risco no produto do componente específico a firma
que proporciona a opção de valor. Mesmo uma variação
desconhecida na habilidade geral não proporciona uma
opção de valor para o empregador inicial. [cf. p.22]
81
Evidências Empíricas & Resultados
Evidências Empíricas & Resultados
BURGESS, S. ; LANE, J. e STEVENS, D. (1998). Hiring
Risky Workers: Some Evidence. Journal of Economics &
Management Strategy, 7 (4): 669 - 676, winter.
BOLLINGER, C.R. e HOTCHKISS, J. L. (2003). The
Upside Potencial of Hiring Risky Workers: Evidence from
the Baseball Industry. Journal of Labor Economics, 21
(4): 923 - 944
83
BOLLINGER & HOTCHKISS (2003)
Objetivo do Artigo
O objetivo do artigo foi o de testar as principais
hipóteses do modelo de Lazear (1995,1998)
para trabalhadores arriscado usando dados da
indústria do beisebol americano para os anos de
1993-1995.
84
BOLLINGER & HOTCHKISS (2003)
Predições testadas
Os autores testaram três predições do modelo de Lazear
(1995):
(i) se há um prêmio associado com o risco de um
trabalhador;
(ii) se o prêmio de risco diminui durante a vida de
trabalho de um trabalhador;
(iii) imperfeições no mercado de trabalho influenciam o
prêmio de risco.
85
BOLLINGER & HOTCHKISS (2003)
Dados
Período: 1987-1993
Dados: beisebol (EUA) – existência de dados sobre a
produtividade dos trabalhadores (níveis e variabilidade).
Parte da produtividade dos trabalhadores é específica a
firma, existem preditores com respeito a extensão da
vida de trabalho do jogador e o mercado é estruturado
de modo que as firmas desfrutam de uma vantagem
competitiva com relação a suas novas contratações.
Todas estas características são necessárias para
formular testes empíricos razoáveis das teorias de
Lazear (1995,1998).
86
BOLLINGER & HOTCHKISS (2003)
Teste para o prêmio de risco
Teste #1 – a variância no desempenho de um jogador
contribui positivamente para a determinação do seu
salário.
variância
ln(Wage) = X + VC (X) + D
Componente de receitas marginais, tal como
televisionamentos, tamanho do estádio e outros
termos não específicos aos jogador mas que afetam as
receitas marginais da equipe.
87
BOLLINGER & HOTCHKISS (2003)
Principais conclusões do artigo
Um aumento na variância do desempenho de um
jogador, medido por um D.P, ceteris paribus, irá elevar
os salários em cerca de 7%.
Jogadores cujas carreiras são mais longas são os que
apresentaram um prêmio mais elevado por conta de seu
risco.
Também confirmou-se que as firmas devem desfrutar de
algum grau de poder de marcado a fim de estar disposto
a pagar um prêmio pelo risco.
88
BOLLINGER & HOTCHKISS (2003)
Implicações resultantes das evidências do
modelo de Lazear (1995)
Segundo B &H (2003,p.940) – o estabelecimento da
validade da teoria de Lazear significa que as implicações
do seu modelo deveriam ser levadas a sério quando
fossem oferecidas explicações potenciais para o fenômeno
do mercado de trabalho.
Ele discute dois fenômenos importantes para o mercado de
trabalho:
(1) que os trabalhadores mais jovens recebem maiores
salários que os mais maduros, em média e;
(2) que os homens recebem salários mais elevados do que
as mulheres.
89
BOLLINGER & HOTCHKISS (2003)
Implicações resultantes das evidências
do modelo de Lazear (1995)
O pagamento mais elevado feito aos homens no modelo de
Lazear (1995, 1998) pode ser explicado por duas razões
básicas:
(1) o desempenho dos trabalhadores jovens será
tipicamente mais incerto do que o de trabalhadores
maduros – implicando na existência de um prêmio de risco
e;
(2) os trabalhadores jovens tem uma carreira mais longa do
que a dos trabalhadores mais maduros – levando também a
um prêmio de risco mais elevado para os trabalhadores
jovens do que para trabalhadores mais maduros.
90
BOLLINGER & HOTCHKISS (2003)
Implicações resultantes das
evidências do modelo de Lazear (1995)
Lazear (1995) cita, também, que as mulheres
tem uma produtividade mais certa do que a dos
homens, isto é, os homens possuem uma
variância mais elevada com relação ao produto
com base em testes de QI normalizados.
Assim, enquanto que os trabalhadores
masculinos e femininos alcançam resultados
similares, o desempenho dos trabalhadores
masculinos é mais variável.
91
BOLLINGER & HOTCHKISS (2003)
Implicações resultantes das evidências do
modelo de Lazear (1995)
Assim, de acordo com Lazear (1995) ao menos
em parte, o diferencial de salário entre homens
e mulheres pode ser visto como sendo o
resultado de um prêmio de risco que é pago
para contratar trabalhadores masculinos
arriscados.
92
Burgess; Lane & Stevens (1998)
BLS (1998) testam a hipótese sugerida por Lazear
(1995) de que novas firmas em industrias crescentes
irão preferir trabalhadores jovens e arriscados
(younger, riskier workers) e firmas em indústrias em
declínio ou velhas irão preferir trabalhadores seguros
(safer workers) e que as industrias que estão crescendo
irão ser caracterizadas, também por elevadas taxa de
rotatividade.
Contudo, implicitamente esta-se assumindo que a taxa
de crescimento da indústria é uma boa proxy do
horizonte esperada da firma.
93
Burgess; Lane & Stevens (1998):
A Hipótese Testada
A hipótese testada pelos autores foi de que uma
elevada rotatividade dos trabalhadores está
relacionada a medida de Lazear referente ao
horizontes esperado de sobrevivência de uma
firma e a sua idade na indústria.
94
Burgess; Lane & Stevens (1998)
Dados
Período: III/1985 - III/1994
Local: Maryland , EUA
95
Burgess; Lane & Stevens (1998)
Principal Resultado
1) a contratação será mais elevada em firmas
que estão crescendo, embora a força desta
evidência dependa de fatores específicos as
firmas;
96
Burgess; Lane & Stevens (1998)
A intuição por trás daquela hipóteses é, segundo BLS
(1998, p.670-671), de que as firmas que atribuem uma
baixa probabilidade de sobrevivência além do período do
estágio probatório do trabalhadores iria preferir
trabalhadores “seguros”, isto é com uma produtividade
mais previsível, visto que os trabalhadores arriscados
não tem valor de opção para eles.
Já as firmas com um longo horizonte de crescimento
iriam preferir trabalhadores “arriscados” e , portanto,
iriam esperar encontrar uma alta rotatividade de
trabalhadores.
97
A Utilidade da ERH
Personnel is now a science that provides detailed and
unambiguous answers to the issues that trouble
managers today.
Edward Lazear (1998)
Human resources are key to organizational success or
failure.
Baron & Kreps (1999)
98
FIM
ECONOMIA DOS RECURSOS HUMANOS
PROF. GIÁCOMO BALBINOTTO NETO
UFRGS
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