Conhecimento – Dividir para somar!
(Texto escrito para o Jornal Universitário do IESD de Dourados-MS em 2005)
Houve um tempo em que freqüentar faculdade era quase um luxo. Para falar a verdade,
era um luxo que poucos podiam pagar! Havia duas hipóteses: ou o sujeito tinha um
capital intelectual acima da média, ou um capital financeiro que lhe permitisse fazer
frente aos custos elevados a que a vida de estudante em tempo integral obrigava.
Algumas vezes, é certo, as duas hipóteses andavam juntas, porém, nunca foi fácil
conciliar as expectativas do estudante com as da família que, via de regra, lhe dava o
suporte financeiro necessário.
Ao que parece, nem tudo mudou no mundinho acadêmico! Ainda é freqüente encontrar
no estacionamento da faculdade os carrões daqueles que, tal qual gado no matadouro,
vão ao encontro do destino traçado por seus pais sem que suas vocações tenham sido
levadas em conta! Mas como nem tudo são más notícias, observamos um número
crescente de jovens que, perante a perspectiva de uma carreira que poderá ter peso
definitivo na construção de suas vidas, consegue conversar com seus pais e professores,
participar de palestras e atividades que lhes servirão de parâmetro para uma escolha
menos aleatória.
Parece, entretanto, que todo mundo hoje quer ser doutor! Nem se cogita uma profissão
de nível técnico, até mesmo por que, se o governo não deixa muitas opções, também
não se pode dizer que o mercado, ao promover um ambiente de competição neurótica e
feroz, esteja contribuindo muito para aliviar a barra dos que ousam desafiar suas regras,
tendências e imposições quebrando paradigmas! Assim sendo, e mais uma vez
recorrendo ao gado como analogia, o jeito para nossos jovens é seguir a manada.
Uma coisa me preocupa em todo esse processo triturador e massificado: será que os
jovens de hoje, perdidos entre centenas de opções, estão tendo chance de escolher a
carreira onde melhor desenvolveriam seu potencial? Ou estão apenas surfando na onda
da moda da vez? Fico preocupado quando pergunto aos estudantes de turismo, por
exemplo, qual a razão da escolha, e ouço como resposta um prosaico “é que eu adoro
viajar”!!! Ora meus caros, eu adoro dirigir automóveis e nem por isso me formei em
engenharia mecânica!
Eu sei que escolher uma profissão que pode acompanhar-nos por toda a vida não é
tarefa muito fácil, ainda menos quando se tem apenas 17 ou 18 anos, mas, de nada
resolve ir para a faculdade apenas para acompanhar modismos ou realizar o sonho dos
pais! Então o que podemos fazer? Dirão alguns já achando que só estou lhes mostrando
becos sem saída!!! Pois é galera, se fosse fácil e eu tivesse a resposta perfeita, estaria
milionário com alguma empresa de orientação vocacional infalível e não aqui escrevendo
para o Jornal Universitário!
Mas nem tudo são espinhos e há algumas dicas que vocês podem levar em conta: leiam
muito, leiam tudo que lhes cair nas mãos, conversem com profissionais do setor que
possam dar-lhes informações sobre o mercado, assistam palestras, procurem fazer
cursos técnicos ligados à área onde pretendem atuar, participem de seminários, enfim,
adquiram todo o conhecimento que puderem independentemente do que possam
aprender no ambiente universitário. Só assim, acumulando conhecimento e não se
negando nunca a aprender, vocês terão chance de manter algo muito mais importante
que o emprego: a empregabilidade! Expressão hoje muito usada para traduzir o
capital de conhecimento que o profissional acumulou e que pode ser colocado a serviço
da organização que o contrata. Quando se perde a empregabilidade, perde-se muito
mais que o emprego, perde-se a chance de continuar inserido no mercado de trabalho,
não importa a qualidade da licenciatura que obtiveram!
Por fim, quero propor-lhes uma reflexão: lembrem-se que o conhecimento é a
única coisa que, ao ser dividida, acaba somando. Trocando em miúdos, se você,
por exemplo, tiver que dividir uma caneta com alguém, você será obrigado a quebrá-la
no meio e cada um ficará com uma metade inútil. Entretanto, se você divide uma
informação, uma parte do seu conhecimento com outra pessoa, esse produto pode ser
reproduzido por inteiro na cabeça de duas ou mais pessoas, que ficarão com o
conhecimento na íntegra, tendo somado com a divisão!!! Parece complicado? Nem
tanto, experimente aprender qualquer coisa e ensiná-la aos seus colegas para que estes
façam o mesmo, e você vai formar a melhor corrente do bem que o ser humano pode
produzir!!!
Pense nisso e nunca tenha preguiça de acumular conhecimento do que quer que seja,
afinal, como dizia o meu avô, “o saber não ocupa espaço!!!”. No que me diz respeito,
ainda acho que viver intensamente cada minuto e assimilar o que o mundo à nossa
volta nos diz, pode ser uma poderosíssima fonte de aprendizado e uma excelente
universidade. Só não podemos é andar no mundo apenas como espectadores passivos,
é preciso interagir com ele o tempo todo e tirar dele tudo que pudermos.
Boa sorte.
Rui Carvalho
Jornalista e Diretor da Federação Brasileira de Convention & Visitors Bureaux
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