BEZERRINHA
Lannoy Dorin
Sempre usei pseudônimos, masculinos e femininos. É que nos jornais de nosso interiorzão
os caros amigos que os mantinham, e alguns ainda os mantêm sempre me pediam mais que um
artigo. Eu, que escrevia obsessivamente, mandava três, sendo dois com pseudônimos. Não fica bem
a um jornal ou revista publicar mais que um artigo de determinado autor em cada edição.
Em 1984, a convite da Editora do Brasil, orientei alguns professores sobre os desejos,
anseios, interesses, problemas, conflitos e frustrações característicos dos adolescentes. O objetivo
do editor era que eles viessem a escrever livros para jovens sobre a vontade destes de amarem e
serem amados, a gravidez não desejada, ausência de diálogo no lar, abuso de drogas etc.. E acabei
me tornando orientador de mim mesmo.
A partir do assassinato de uma garotinha no bairro São Luís, de Itu, imaginei uma história,
que comecei a escrever no Hotel do Lago, em Londrina, onde fora fazer uma palestra a estudantes
de Psicologia, alunos de meu ex-aluno, hoje professor-doutor Ricardo Flores. Era sobre um jovem
que deixa as drogas e outro que se afunda nelas, comete estupros e assassinatos. Este último tinha o
apelido de Bezerrinha, por ser filho de Eleutério Bezerra, o prefeito da cidade, o qual tinha o mesmo
nome do pseudônimo que criei. É que eu achava singular o nome de Eleutério Bacci. Ele trabalhava
em Tambaú na Cia. Mogiana de Estrada de Ferro e, tempos depois, fora efetivado como inspetor de
alunos no Ginásio Estadual, mais tarde EE Padre Donizetti. E Bezerra é um nome que sempre gostei
por causa de Bezerra de Menezes, que foi um cristão culto e caridoso. Mas lembro que a
personalidade do filho não lembrava a do pai, o prefeito, um político simplório mas de caráter
íntegro.
Em fevereiro de 2008, o editor da Editora do Brasil, sr. Felipe Poletti, me pediu para
atualizar, enxugar e revisar o livro em apreço, intitulado Á procura do sol. Quando o referido estava
sendo composto, Francisco Donizetti Sartori, o radialista Fiquinho, de Tambaú, me enviou o
Boletim Informativo de maio de 2008 da Associação de Fiéis de Pe. Donizetti, no qual há uma
entrevista que fez com que o sr. Osvaldo Gomes, de Santa Rosa do Viterbo (SP), vulgarmente
conhecido como Bezerrinha, o taxista. Nela, o chofer, que foi coroinha do Pe. Donizetti de 1949 a
54, dizia dos milagres que testemunhou e da milagrosa cura de um câncer de pele (melanona), que o
atormentava desde quando fora diagnosticado como maligno. Isto ocorreu em 1963, após voltar à
Casa Paroquial, na qual Pe. Donizetti viveu de 1927 até seu falecimento em 1961.
Uma pessoa com formação científica pode dizer que curas milagrosas são psicológicas. A
ciência, como sabemos, é materialista. Mas a grande maioria do povo não, porque crê no que os
olhos não vêem e no que está muito distante da presunçosa razão científica. E diz que milagre é um
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fato ou efeito no mundo físico que se desvia das leis da natureza.
Para quem se viu curado de insidioso mal sem qualquer intervenção humana, milagres
existem. E isto está muito além do que nos ensinam a ciências e as doutrinas filosóficas
materialistas. Aliás, como nos ensinaram todos os santos e beatos que operaram milagres. Pe.
Donizetti, por exemplo, via-se apenas como um instrumento da vontade divina e sempre dizia aos
que eram curados: “Quem cura é a sua fé e a graça de Deus. Quem cura é Nossa Senhora
Aparecida, eu não curo ninguém.” Palavras repetidas por Bezerrinha, o real, Osvaldo Gomes,
homem de 63 anos em 2008, pai de Osvaldo, José Renato e Juliano, este estudando para ser padre,
por vocação e, provavelmente, com voto de pobreza, como o fez Pe. Donizetti no dia de sua
ordenação. E, sobre esse voto, sugiro ao leitor consultar as páginas 98 e 132 da obra Padre
Donizetti de Tambaú, escrita por José Wagner Cabral de Azevedo e publicada pela Editora
Santuário, de Aparecida (SP), 2ª edição em 2008, com a colaboração da Cerâmica Atlas
(www.ceratlas.com.br).
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