ADEQUAÇÃO CONFORME NORMA REGULAMENTADORA Nº 10
(1) Rogério Pereira da Silva
Resumo
Este trabalho tem como objetivo geral apresentar uma forma de Adequação a NR-10
e a elaboração do Prontuário.
Descrevendo os riscos da eletricidade e a forma que devemos adotar para evitar
acidentes com eletricidade que geralmente levam a fatalidades e perda de
patrimônio, divulgar para aos profissionais ações simples que eliminam os riscos de
acidentes com eletricidade, divulgar quanto é importante o treinamento,
procedimentos e modelos de trabalhos. Com isto ter mais um material que contribua
como pesquisa na ajuda de adequação das instalações elétricas conforme
exigências da NR 10, tendo assim um sistema de gerenciamento de risco em
eletricidade.
1 INTRODUÇÃO
Algumas empresas iniciaram os trabalhos de adequação antes da aprovação da
revisão da norma, porém a grande maioria preocupou - se após o vencimento do
prazo.
Houve grande resistência por parte de administradores de empresa, prestadores de
serviços e fabricantes de equipamentos.
A eletricidade é um dos grandes causadores de acidente, pelo fato de ela não ser
vista e percebida com uma simples observação. Os acidentes atingem profissionais
que trabalham com instalações elétricas, operadores de sistemas elétricos, usuários
de equipamentos elétricos e curiosos que submetem a reparar e instalar
equipamentos elétricos.
A prevenção depende muito dos recursos tecnológicos que existem atualmente,
como poderemos observar abaixo:
Painéis Metal Clad que têm por finalidade extinguir o arco elétrico fora da direção do
operador, limitar o arco elétrico internamente e não permitir acesso direto nas partes
energizadas.
Painéis com acionamentos a distâncias através de Sistemas Supervisórios, evitando
a exposição dos operadores aos riscos elétricos.
( 1 ) Cia Nitro Química – Engenharia de Manutenção - Engenheiro Eletricista
Análises de circuitos elétricos que permitem a detecção das falhas, antes que se
torne um risco para os profissionais, operadores, usuários e patrimônio.
Ferramentas de análise de risco preliminar que nos leva a identificação prévia do
risco e proporciona a adoção de ações e mitigação do risco.
O grande problema é a existência de varias indústrias, construtoras, prestadores de
serviços e comércios que não tem um trabalho voltado para o gerenciamento dos
riscos elétricos. Esta situação contribui para o aumento de acidentes que só é
percebido quando resulta em fatalidade.
No período em que a economia estava em crescimento acelerado, ocorreu
escassez de profissionais qualificados e muitas empresas assumiram o risco de
contratar profissionais com pouca experiência, permitindo assim um aumento de
acidentes ocasionados pela falta de conhecimento.
A gestão de riscos em eletricidade durante a adequação da NR -10 resultaram na
redução dos acidentes com eletricidade. Porém, com todos os recursos
tecnológicos, treinamentos e formações profissionais, os acidentes continuam
acontecendo.
O fator humano é um grande contribuinte dos desvios que levam ao acidente com
eletricidade.
A revisão da NR 10 propiciou uma forma prática e uniforme para gerenciarmos as
instalações elétricas e seus riscos.
2 IMPLANTAÇÕES DE ADEQUAÇÃO A NR 10
Inicialmente divulgar para alta Gerência a importância de adequação, conforme
NR – 10.
2.1 Comentários sobre a NR-10 e a obrigatoriedade de sua implantação na
empresa.
O cumprimento das Normas Brasileiras (NBR) é obrigatório, devido às legislações
complementares, tais como Código de Defesa do Consumidor, Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT), Normas Regulamentadoras (NR), Código Civil, etc. Por
estas legislações, responde Civil e Criminalmente, qualquer cidadão responsável por
danos a propriedade ou a pessoa física que não tenha observado as Normas
Brasileiras em sua total extensão. As principais ações que podem ocorrer quanto ao
não cumprimento dessas ações é: multas, interdições e responsabilização Civil e
Criminal de todos os envolvidos (responsabilidade solidária).
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3 LEVANTAMENTOS DAS NECESSIDADES PARA ADEQUAÇÃO
Mediante ao levantamento das necessidades de adequação, foram priorizados o
trabalhos quanto à gravidade de risco e investimento.
Foi criado o Comitê de Segurança em eletricidade que se reúnem mensalmente para
avaliar o andamento e a manutenção da Gestão de Segurança em eletricidade.
Com fechamento de contratos corporativos de fornecimento de equipamentos e
materiais, garantimos o fornecimento de equipamentos e materiais em conformidade
à norma.
Vale ressaltar que algumas situações foram mitigadas os riscos e incluímos
modernização nos investimentos próximos anos.
3. 1 Proteção contra queimadura por arcos elétricos
O arco elétrico é um fenômeno da eletricidade inerente dos sistemas elétricos.
Podem liberar calor intenso e controlado como nos casos de solda elétrica e fornos
industriais ou com liberação de pequena quantidade de calor como nos casos de
interruptores para lâmpadas.
As falhas elétricas ou curtos-circuitos com formação de arco elétrico é um fenômeno
indesejável que libera uma enorme quantidade de calor. Esse fenômeno, além do
calor, libera partículas de metais ionizadas que podem conduzir correntes, provocar
deslocamento de ar com aparecimento de alta pressão prejudicial ao sistema
auditivo, emitir raios ultravioletas prejudiciais a visão e liberação de gases tóxicos
como resultado da combustão dos materiais internos ao painel. Baseado nos dados
do estudo de seletividade foi possível efetuar os cálculos de energia incidente.
Definimos como uniforme o (risco 2) e para valores maiores o uso da capa de 7/8
(risco 4).
Durante a revisão do estudo de seletividades e manutenções no sistema de
proteção detectamos que alguns relés estavam apresentando desvios nos ajustes.
A avaliação do sistema foi fundamental para justificar a troca de relés no sistema
elétrico.
Baseado no artigo “ Proteção contra Queimadura por arcos elétricos, definimos o
valor da energia incidente das instalações elétricas.
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Cálculo de Vestimenta de Proteção contra os efeitos dos Arcos Elétricos
SUBESTAÇÃO
KV KA = ibf KVA
t (s)
D (M) K
K1
K2
G CF X
PRINCIPAL
SUB AT 02
SUB AT 03
SUB AT 04
SUB AT 05
SUB AT 06
SUB AT 07
SUB AT 08
SUB AT 09
SUB AT 10
SUB AT 11
SUB AT 12
CCMs
CCM BT 01
CCM BT 02
CCM BT 03
CCM BT 04
CCM BT 05
CCM BT 06
CCM BT 07
CCM BT 08
CCM BT 09
88
4,16
4,16
4,16
4,16
4,16
4,16
4,16
4,16
4,16
4,16
4,16
KV KA
0,44
0,44
0,44
0,44
0,44
0,44
0,44
0,44
0,44
6,6
17500
1,7
3 - 0,097 -0,555
0
C/cm2
1
15,7
9,2
9,2
9,7
9,51
11,8
11,9
3,7
8
9,2
10,7
2450
0,2 0,8 -0,097 -0,555 -0,113 102 1 0,973 3,51
1625
0,4 0,8 -0,153 -0,792 -0,113 102 1 0,973
4
1225
0,7 0,8 -0,153 -0,792 -0,113 102 1 0,973
4
4725
0,5 1,5 -0,097 -0,555 -0,113 102 1 0,973 5,26
612,5
0,3 0,8 -0,097 -0,555 -0,113 102 1 0,973
3,1
4500
0,5 0,8 -0,097 -0,555 -0,113 102 1 0,973 6,49
3225
0,6 0,8 -0,097 -0,555 -0,113 102 1 0,973 7,84
1045
0,3 0,8 -0,097 -0,555 -0,113 102 1 0,973
1
600
0,3 0,8 -0,153 -0,555 -0,113 102 1 0,973 2,56
1025
0,7 0,8 -0,097 -0,555 -0,113 102 1 0,973
4
5315,5
0,4 0,8 -0,097 -0,555 -0,113 102 1 0,973 4,67
KVA
t (s)
D (M) K
K1
K2
G CF X
C/cm2
17,7 ********
4 0,45 -0,097 -0,555 -0,113 32 1,5 1,473 12,38
16 ********
0,3 0,45 -0,097 -0,555 -0,113 32 1,5 1,473
8,5
20,7 ********
0,39 0,45 -0,097 -0,555 -0,113 32 1,5 1,473 13,78
14,4 ********
0,3 0,45 -0,097 -0,555 -0,113 32 1,5 1,473 7,75
19,2 ********
0,5 0,45 -0,097 -0,555 -0,113 32 1,5 1,473 16,56
18,8 ********
0,3 0,45 -0,097 -0,555 -0,113 32 1,5 1,473 9,76
22,4 ********
0,7 0,45 -0,097 -0,555 -0,113 32 1,5 1,473 18,93
7,8 ********
0,3 0,45 -0,097 -0,555 -0,113 32 1,5 1,473 4,56
24,2 ********
0,5 0,45 -0,097 -0,555 -0,113 32 1,5 1,473 20,24
Quadros 1 - Dados dos Cálculos de Energia Incidente
3.2 Implantamos etiquetas para identificação dos painéis elétricos
Figura 1: Etiqueta de identificação dos painéis elétricos
3.3 Reavaliação dos planos de manutenção
Avaliamos os cronogramas conforme técnicas e ferramentas de trabalhos, dentre
elas, análise de óleo, termografia, avaliação conforme o RCM e métodos de análise
de falha.
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3.4 Melhorias realizadas
Construção de uma nova Subestação 88 kV automatizada com comando a distância
e painéis Metal Clad.
Figura 2: Subestação 88 KV
Figura 3: Subestação 4,16 KV
Demarcação de piso conforme as zonas de risco, controlada e livre.
Figura 4: Demarcação piso sala de CCMs
3.5 Avaliação aquisição e controles de ferramentas
O objetivo da inspeção é retirar as ferramentas inadequadas de circulação e
regularizar as mesmas, nas situações onde não for possível esta adequação faz-se
necessário a substituição por ferramenta adequada.
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Figura 5: Ferramentas Elétricas
Figura 6: Abrangência do uso do Multímetro
Figura 7: Formulário de inspeção de equipamentos elétricos
3.6 Treinamentos
Treinamento de combate a incêndio e primeiros socorros.
Destacando quando e como devemos agir nessas situações.
Figura 8: Combate incêndio em transformadores
Figura 9: Combate incêndio em painéis elétricos
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Figura 10: Primeiros socorros
3.7 Prontuários das Instalações Elétricas – Eletrônico e Físico
Figura 10: Caminho de acesso ao Prontuário eletrônico
Figura 11: Prontuário físico
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Para facilitar a consulta no prontuário eletrônico foi elaborado o fluxograma do
prontuário.
Figura 12: Fluxograma do Prontuário
3.8 Áreas Classificadas
Dentro do processo de adequação trabalhamos em consulta com a norma IEC NBR
60079. Contratamos auditoria externa, elaboramos o plano de ação, plano de
inspeção e requalificação de fornecedores.
Locais de produção contendo áreas classificadas deverão ser sinalizados em todas
as suas entradas por meio de sinais que costuma ser o seguinte:
Pode-se ainda acrescentar informações sobre zoneamento, classe de temperatura,
grupo de gases etc.
Existe a tendência de demarcar as áreas classificadas em planta nas distâncias
definidas pelo desenho de classificação de áreas, por meio de faixas de sinalização
da cor vermelha, sendo contínua quando a área é “Zona 1” e tracejada quando a
área é “Zona 2”.
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Figura 13: Sinalização áreas classificadas
3. 9 Processo de Capacitação, Qualificação, Habilitação e Autorização
Atualmente existe um Engenheiro Eletricista designado formalmente para efetuar o
processo de qualificação, conhecimento técnico, segurança, cursos e histórico
profissional.
Para garantir a atualização das informações e cumprimento das regras e
procedimentos, foi necessário colocar um profissional dedicado na manutenção do
prontuário, sendo que o sistema é dinâmico e trabalhamos com serviços
terceirizados.
A cada contratação temos a necessidade de efetuar a reciclagem da NR -10, com
foco na nossa realidade.
( 1 ) Cia Nitro Química – Engenharia de Manutenção - Engenheiro Eletricista
Figura 14: Ficha de Autorização
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4 CONCLUSÃO
Com base no conhecimento dos riscos da eletricidade, fica claro que todos que
interagem no sistema elétrico estão envolvidos para garantir a segurança em
eletricidade, sendo assim, evidência a importância dos treinamentos exigidos pela
NR 10 e garante que todos terão conhecimento do assunto.
Foram relatados de forma bem simplificada, exemplos práticos de adequação, riscos
adicionais, controle, normas especificas, exigências e gerenciamento que orienta o
caminho para elaborar o guia das instalações elétricas que com a inclusão das
particularidades de cada instalação elétrica, pode ser o prontuário.
Diante do conhecimento do risco da eletricidade, treinamento e informações
relatadas, fica fácil iniciar a elaboração do guia de segurança das instalações
elétricas e mediações.
O assunto esta a nível operador que facilita o entendimento das pessoas que estão
mais expostas aos riscos de eletricidade e devem ter conhecimento do guia das
instalações.
Finalizamos na certeza existem muitas ações que podem ser realizadas sem que
envolva um alto valor de investimento.
( 1 ) Cia Nitro Química – Engenharia de Manutenção - Engenheiro Eletricista
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TOMIYOSHI, Luiz K.Proteção contra queimadura por arcos elétricos: Dupont do Brasil
S.A
( 1 ) Cia Nitro Química – Engenharia de Manutenção - Engenheiro Eletricista
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