ID: 54764390
10-07-2014
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Tiragem: 17456
Pág: 25
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 8,03 x 23,81 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 1 de 1
BLOGOSFERA À DIREITA
Médicos dos hospitais e centros
de saúde fazem greve. Comente.
Que nunca caiam
as pontes entre nós
Diogo Agostinho
Economista
As Corporações movimentam-se.
Poderia ser o primeiro sinal do início, a sério e promissor,
da tão propalada Reforma do Estado. Será? Bem, o que
temos é uma nova greve. A diferença está no sector. Na
saúde não se brinca e quando se chega aqui, as tensões
aumentam e o mediatismo faz o resto. Ora, razões de
queixa, penso que, existem um pouco por todas as
profissões e actividades da sociedade portuguesa. O cinto
apertou, as carreiras congelaram, as reformas e os cortes
levam a descontentamentos naturais. O Estado Social está
em mutação. Ninguém hoje consegue afirmar para onde
caminhamos ao certo. No entanto, penso ser transversal na
nossa sociedade que, se há sector em que o Estado tem
que estar e garantir a universalidade do acesso é a Saúde.
Olhando para esta greve, não podemos por isso descontar
o grau de insatisfação dos médicos. Contudo, importa e
muito olhar para lá da greve e perceber que se faz pela
metade. Quem conhece a realidade sindical dos médicos
sabe reconhecer a diferença, existem dois grandes
sindicatos a FNAM e o SIM. E esta tomada de decisão parte
da FNAM, afecta à CGTP. Nunca entrei, nem entro na
contestação do direito à greve. Se qualquer trabalhador se
sentir lesado deve avançar para a greve. Todavia,
parafraseando um ex-primeiro-ministro, a via do diálogo é
crucial. Deve existir sempre um canal aberto entre
governantes e sindicatos. É fulcral esgotar todas as vias de
negociação. É inteiramente legítimo lutar pelos direitos,
mas deve-se também atender ao enquadramento do País.
Se há Ministério que tem um titular competente e de
reconhecido mérito é a Saúde e Paulo Macedo tem um
percurso que fala por si. Não duvido das boas intenções
dos médicos em querer garantir a qualidade do SNS nos
cuidados prestados aos doentes. É fundamental e merece
o investimento devido. Mas que se esgotem todas as
formas de Diálogo. Este país já tem crispação a mais.
Porém um diálogo obriga a cedências de ambas as partes.
Não podemos ter uma ditadura da austeridade, nem a
inflexão de posições das corporações. Meio-termo precisa-se. Que nunca caiam as pontes. ■
O Estado Social está em mutação.
No entanto, penso ser transversal
na nossa sociedade que, se há
sector em que o Estado tem que
estar e garantir a universalidade
do acesso é a Saúde.
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Que nunca caiam as pontes entre nós