Organização Territorial
da Indústria no Brasil
Estágios do processo formação espacial do
território econômico brasileiro
 Tempos coloniais até o início do século XX:
desenvolvimento baseado em ligações externas das
economias regionais através do comércio internacional
 Período pós Segunda Guerra: preocupação do governo
em desenvolver um complexo industrial no Centro-Sul do
país, com o Sudeste do sendo o grande beneficiário
 Final da década de 50 até 90: preocupação explícita das
autoridades com os desequilíbrios - projetos de
desenvolvimento regional (ex: Pólo Petr. Camaçari) e
incentivos fiscais (ex: Zona Franca de Manaus)
 Período após a Nova Constituição de 1988: mudanças
estruturais, perda de receita do Governo e redução da
capacidade de investimento associada ao aumento do
Custo Brasil (deterioração da infra-estrutura)
Efeitos espaciais da industrialização
A distribuição geográfica da indústria no Brasil resultou de
uma lógica locacional, que combinou fatores econômicos
e político-institucionais
 O padrão locacional da indústria brasileira foi centrípeto,
concêntrico e hierárquico, com tendência de explorar
vantagens de escala da concentração espacial
 A cidade de São Paulo foi o centro polarizador devido ao
papel das cidades na hierarquia urbana nacional
 Fatores político-institucionais foram decisivos para atenuar
a concentração da industrialização
•
•
Centrípeto: que puxa o corpo para o centro da trajetória em um movimento curvilíneo ou circular.
Concêntrico: que tem o mesmo centro e raios diferentes
Efeitos espaciais da industrialização
 O provimento de investimentos em infraestrutura possibilitou a exploração de recursos
naturais e o surgimento de novas centralidades
 A metropolização de algumas cidades como as
capitais estaduais possibilitou um processo de
maior dispersão da indústria - “dispersão
concentrada”
Questionamentos
 Quais seriam os centros industriais dinâmicos no
espaço econômico brasileiro, ou seja, as
“Aglomerações Espaciais Industriais”?
 Quais concentrações industriais possuem capacidade
de transbordamento espacial?
 Quais são os pólos de inovação tecnológica da
indústria brasileira e sua interação com fatores
econômicos e sociais?
Base de dados industrial municipal
 Base de dados espacializada capaz de expressar a
diversidade regional que caracteriza os espaços
econômicos no Brasil
 Atlas de Desenvolvimento Humano (IPEA e FJP)
 Sistema de Informações Socioeconômicas dos
Municípios Brasileiros - Simbrasil 2.0 (IPEA e
FADE/UFPE
 Ipeada: www.ipeadata.gov.br
 Pesquisa Industrial-Inovações Tecnológicas
(Pintec/IBGE)
 Pesquisa Industrial Anual (PIA/IBGE)
Base de dados industrial municipal
 Variáveis: foram definidas para cada um dos 5.507
municípios brasileiros, em geral para o ano de 2000
 Variáveis industriais: empresas com 30 ou mais
pessoas ocupadas presentes na amostra da PIA,
totalizando 35.600 unidades locais em 2.517
municípios
 Classificação das unidades industriais: (A) firmas
que inovam ou diferencial produtos; (B) firmas que
produzem produtos padronizados; (C) firmas que não
diferenciam produtos e tem produtividade menor
Distribuição espacial das firmas: concentração
industrial na região Sudeste
Na região Sudeste estão:
 79% do VTI
 53% do total de pessoas ocupadas na indústria
 68% das exportações
 69% das importações
Concentração espacial da indústria
 As variáveis industriais apresentam-se mais concentradas do que a renda
 Os 250 maiores municípios (pelo VTI e renda) representam 70% da renda, 85% do
VTI, 85% das exportações e 97% das importações
Concentração espacial da indústria
Os 250 maiores municípios (pelo VTI) representam:
 98% do total do VTI de firmas que inovam e diferencial produtos
 87% do total de firmas que produzem produtos padronizados
 78% do total de firmas que não diferenciam produtos
Concentração espacial do emprego
 Segue o mesmo padrão de concentração
Características espaciais da ocorrência de unidades locais
 As firmas que inovam e diferenciam produtos se distribuem por 465 municípios, que
representam 49% da população e 70% da renda
 Neste espaço, 13,7% da população (acima de 25 anos ou com mais que 12 anos de
estudo) tem educação superior, 90,87% dos domicílios com rede de esgoto
 Nos espaços onde não se concentram as firmas que inovam ou diferenciam produtos os
indicadores caem para 4,21% e 63,38% respectivamente
 A renda per capita é dos municípios com a presença de firmas que inovam é
significativamente superior à média nacional
Presença de unidades locais industriais
 Concentração no Sudeste
 Vazios econômicos no Norte de Nordeste
Presença de firmas que inovam e diferenciam produto




Concentração no entorno da RMS em direção ao interior do estado
Destaca-se a área ocupada no estado de Goiás
Apenas 05 municípios da região Norte, enquanto que no Sudeste, 234
Os estados com a presença de firmas inovadores têm grande diferencial de renda per
capita, educação e infra-estrutura
Quociente: Renda per capita (com presença / com ausência) de ULs
 Na maioria dos espaços a renda per capita com presença de firmas é maior do que nos
municípios com ausência
 Os coeficientes são mais elevados no Norte e Nordeste do que no Sul e Sudeste
Características espaciais da presença de ULs (caráter metropolitano)
 48% das firmas industriais estão em municípios de áreas metropolitanas
 Regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro juntas: 30% do VTI
Considerações
 Os espaços estaduais do Norte e Nordeste possuem
poucos atrativos para a localização ou expansão da
atividade industrial
 Embora ilustrativos da heterogeneidade e
concentração industrial brasileira, os indicadores
analisados não revelam o grau de inter-relação da
localização industrial entre as três categorias de
firmas, nem a sua relação com os diversos
indicadores locacionais
Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE)
AEDE - uso de dados georreferenciados para descrever e
visualizar padrões espaciais [Anselin (1998)]
 distribuições espaciais
 localidades atípicas (outliers)
 agrupamentos de observações semelhantes (clusters)
 formas de heterogeneidade espacial
Aglomerações Industriais Brasileiras
Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE)
 Estatística I de Moram: fornece a indicação formal
do grau de associação linear entre os vetores de
valores observados no período t (zt) e a média
ponderada dos valores da vizinhança, ou as
defasagens espaciais (Wzt)
Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE)
 Estatística Lisa - Local Indicators of Spatial
Association: serve para detectar padrões locais de
autocorrelação espacial nas variáveis
 Faz a decomposição dos indicadores globais em
indicadores locais permitindo avaliar a contribuição
individual de cada observação para a estatística global
 Permite evidenciar a presença de clusters: high-high,
low-low, high-low ou low-high
Tipologia das Aglomerações Industriais
 Procedimento estatístico: Estimação da correlação do VTI do
município j em relação à média do VTI de seus m-1 vizinhos
 A evidência dependerá da significância estatística do teste de
autocorrelação espacial (10%)
 A autocorrelação positiva evidenciará transbordamentos
espaciais entre municípios contíguos, ou seja, multiplicador do
produto industrial no espaço (efeitos de vizinhança –
transbordamento espaciais e encadeamento que geram
externalidades)
 Espera-se que as firmas que inovam e diferenciam produtos
possuam uma reprodução mais restrita no espaço e uma
tendência maior à concentração
Tipologia das Aglomerações Industriais
 AIE – Aglomerações Industriais Espaciais: as aglomerações
incorporam municípios cujo VTI está estatisticamente
correlacionado com a média dos vizinhos (HH)
 AILs – Aglomerações Industriais Localizadas: produção
industrial localizada em apenas um município , integrada à
base produtiva local não-industrial em uma região com rede
urbana densa (HL)
 EIs – Enclave Industrial: produção industrial localizada em
apenas um município e um entorno de subsistência (HL)
 Regiões excluídas pela atividade industrial em que existe
restrição geográfica dos transbordamentos espaciais (LL)
 Produção localizada em um único município e que não atinge
nível de significância esperado, mas proporciona a significância
do vizinho de baixo VTI (LH) – será classificado como EI ou
AIL caso os municípios vizinhos tenham renda alta
Aglomerações Industriais Brasileiras
 15 AIEs num agrupamento de 254 dos 5.507 municípios (75% do produto industrial)
 90% do produto dessas aglomerações são de firmas que inovam e diferenciam
produtos e firmas especializadas em produtos padronizados
Concentração industrial




Corredores industriais delimitados ao longo do Sul e Sudeste
No Nordeste existem AIEs apenas nas regiões metropolitanas das principais capitais
Na região Norte não se verificou nenhuma AIE
No Centro-Oeste a ausência de AIE indica que o processo de agroindustrialização nos
últimos 20 anos não foi suficiente para gerar densidade industrial
Concentração industrial municipal na região sul
Concentração industrial municipal na região sul
Concentração industrial e global de firmas que
inovam e diferenciam produtos na região sul
Concentração industrial municipal no
Estado de São Paulo
Concentração industrial municipal no Estado de São Paulo
Concentração industrial municipal
na região Sudeste
Concentração industrial municipal
na região Sudeste
Concentração industrial municipal
na região Nordeste
Concentração industrial municipal
na região Nordeste
Concentração industrial
Aglomerações Industriais Locais e Enclaves Industriais
Renda baixa e
Renda
concentrada
Concentração industrial
Aglomerações Industriais Locais e Enclaves Industriais
Resultado da AEDE
 Poucas AIEs no país com distribuição geográfica restrita a
algumas áreas metropolitanas
 As AIEs concentram 75% do produto industrial do país
 É forte a heterogeneidade entre as AIEs, cujo espectro varia
da AIE de São Paulo (firmas que inovam) a AIE de Recife
(firmas que não inovam)
 Pouca presença de AILs, implicando pequena participação
no produto industrial e efeitos positivos limitados
 Os EIs são mais relevantes e com maior participação no
produto industrial (6%), mas com poucas condições
materiais de promover integração produtiva
A fragmentação espacial da indústria pode criar conflitos
econômicos e políticos se não houver coordenação das
políticas industrias e de desenvolvimento regional
Considerações finais
Como conciliar objetivos? Três linhas de ação
 Política de promoção industrial e integração produtiva
metropolitana das AIEs menos produtivas
 Política de desenvolvimento regional das AIEs potenciais
(porém desarticuladas), buscando construir
complementaridade produtiva regional
 Política de desenvolvimento local no entorno de AILs isoladas
no território
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