A TOMADA DE
CONSCIÊNCIA
Capítulo II:
O trajeto de um projétil
arremessado por uma funda
Página 20 - 38
Elaborado por: Ana Luiza Scarparo e Diana L. dos Santos
2010/1
A TOMADA DE
CONSCIÊNCIA
Capítulo II:
O trajeto de um projétil
arremessado por uma funda
Página 20 - 38
Elaborado por: Ana Luiza Scarparo e Diana L. dos Santos
2010/1
A TOMADA DE
CONSCIÊNCIA
Capítulo II:
O trajeto de um projétil
arremessado por uma funda
Página 20 - 38
Elaborado por: Ana Luiza Scarparo e Diana L. dos Santos
2010/1
Uma bola de madeira (5cm de diametro)
fixada na extremidade de um barbante,
que o sujeito, depois de ter dado algumas voltas,
no plano horizontal e ao nível do chão,
solta, buscando atingir um alvo.
Instruções do experimento
1º momento da técnica:
• Inicia-se com uma demonstração dos movimentos
circulares (pelo experimentador) da bola (plano horizontal
e ao nível do chão) e ainda sem indicação de alvo:
“Em qual a direção irá a bola se ela for solta?”
• Não se precisam os pontos em que poderá ser solta
a bola, mas ela é movimentada ora no sentido dos
ponteiros do relógio (direita) ora em sentido oposto
(esquerda).
• Verifica-se se a criança prevê direções opostas.
Instruções do experimento
2º momento da técnica:
• o próprio sujeito faz a experiência (de rotação)
9h
6h
12h
3h
Obs: desconsiderar a pausa em 12h
Instruções do experimento
3º momento da técnica:
• se propõe um alvo sob a forma de uma caixa de
papelão, retangular, à qual a criança deverá
fazer chegar a bola, soltando-a simplesmente.
9h
6h
12h
Instruções do experimento
• Em outros casos: começa diretamente com as
tentativas de se atingir o alvo, soltando a bola,
depois de tê-la feito girar, sem exercício prévio de
rotação.
9h
6h
12h
Instruções do experimento
Experimento com alvo:
• A caixa é inicialmente situada em frente ao círculo
de rotação (12horas).
• O sujeito é colocado em (6horas).
• A distância entre a caixa e do sujeito é a
necessária  para que o sujeito tenha que soltar a
bola na altura de 9h (rotação da direita) e 3h
(rotação da esquerda) para atingir a caixa.
Obs: desconsiderar a pausa em 12h
9h
6h
12h
3h
6 horas
distância
12 horas
Momento de soltar a bola – sentido da rotação
Sentido: Horário (direita)
9h
12h
6h
3h
6 horas
12 horas
Distância: que for necessária para soltar a bola em 9 ou 3 horas e atingir a caixa.
Momento de soltar a bola – sentido da rotação
Sentido: Anti-horário (esquerda)
9h
12h
6h
3h
6 horas
12 horas
Distância: que for necessária para soltar a bola em 9 ou 3 horas e atingir a caixa.
• Quase todos os sujeitos a partir de 4 anos
alcançam êxito nesse exercício motor.
Portanto, não são as etapas dessa ação com tal
que nos fornecerão os critérios dos níveis que
vamos descrever.
• Trata-se de analisar com cuidado as
tentativas das crianças dos diferentes níveis.
Antes de preocupar-se com o seu
sucesso mais ou menos rápido.
O problema interessante, como já foi dito,
é a tomada de consciência e da conceituação
dessas ações:
Pergunta-se inicialmente em que ponto o sujeito soltou a
bola e ele pode responder:
• verbalmente;
• mostrando apenas o lugar (com um sinal);
• através de um desenho;
• reproduzindo em ritmo mais lento sua ação;
• dando instruções ao experimentador que executa
conforme a orientação.
Modificações:
Pode-se:
• deslocar o alvo para a direita ou para a
esquerda em relação a 12horas
9h
• mudar a criança de lugar
6h
12h
3h
• fazer que a criança preveja em que direção irá a
bola se for solta em determinado ponto
9h
6h
12h
3h
Exemplo: TOM (pg.21)
Nível IA
• Êxito prático dos sujeitos – conseguem através de
tentativas – soltar a bola nos lugares apropriados
para atingir o alvo.
• A TC do sujeito e a explicação de sua ação insistem
muito mais sobre sua própria posição e a força
utilizada do que sobre dados de observação
relativos ao objeto, a não ser quando se refere a
uma opinião unânime: a bola uma vez solta, não
continua a girar no mesmo ritmo circular de antes,
mas não sendo mais retida no barbante, parte para
o exterior “em linha reta”.
Nível IA
• A idéia do arremesso ainda é forte.
• As direções privilegiadas , nas situações sem alvo,
só são aceitas excepcionalmente dependendo de a
bola ter girado num sentido ou no outro: não tendo
preocupação com o ponto em que é solta a bola.
• 1º problema direção da bola sem alvo:
Somente no estágio III é compreendida a trajetória da
bola (tangente orientada a partir do sentido da rotação).
Quando o sujeito visa um alvo..
• Acredita que deve colocar-se na frente dele (caixa)
para atingir;
• Quando se pergunta onde a bola foi solta ou
quando se pede a descrição do que aconteceu, o
sujeito indica como ponto de soltura o lugar mais
próximo de sua posição (a bola atravessa o círculo:
sentido 612h);
9h
6h
12h
3h
Nível IB
Transição de IA  IIA.
Reações dos sujeitos são pouco homeogêneas  as
características abaixo não ocorrem ao mesmo tempo.
Progressos apenas parciais e variam de um sujeito para outro
• Desnecessidade de colocar-se na frente do alvo
para atingir-lo;
• Sem alvo – consegue prever que a partida da bola
será para o mesmo sentido da rotação;
• Situa ponto de soltura da bola em 12 horas.
Exemplo: MAR (p.25) e VER (p.26)
Nível IIA
• O sentido que a bola irá – depende do sentido da
rotação;
• Conseguem alcançar o alvo em qualquer posição;
• Conceitua o ponto de soltura da bola como em
frente ao alvo...
Mas... após fracassos – modifica ponto de soltura.
Nível IIA
• Quando o sujeito gira em círculo a bola e depois
solta sem alvo, sua idéia é que essa bola vai tomar
o rumo da direta/esquerda conforme a direção da
rotação; ele tem a idéia de uma espécie de
arremesso, desde que o barbante deixa de ser
retido.
• De outro, uma vez colocando o alvo, o sujeito
procura mirá-lo e para uma pontaria comum, a
direção de arremesso é perpendicular a um alvo
retangular (caixa) que aqui serve de recipiente de
chegada.
Nível IIA
• Rotação + arremesso = movimentos
heterogêneos
9h
6h
12h
3h
Exemplo: GUN (p.29)
Nível IIB
• Acredita inicialmente que solta em 12h
mas depois corrigem.
Como eles chegam a essa TC?
• Há a intervenção de uma parte de
inferências que as torna possível,
desfazendo uma contradição que era
insuperável até o momento.
Nível IIB
• Essa inferência só pode ser de natureza operatória
e explica-se facilmente pelos progressos que se
constatam geralmente nessa idade no sentido das
primeiras composições direcionais e vetoriais
ligadas à construção dos sistemas naturais de
coordenadas.
Compreender como o sujeito vai desfazer a
pseudocontradição que o impedia de coordenar
de modo conveniente as ação,
ou antes sua conceituação, quando elas já eram no
plano sensorimotor graças a regulações
relativamente fáceis.
Nível IIB
• A criança já admitindo que a soltura da bola
sem alvo leva a uma partida lateral
Basta, para explicar a chegada ao alvo,
descobrir que sua mira do alvo não constitui
uma nova ação separada da rotação que
imprime à bola, mas realiza-se durante o
próprio desenrolar desse movimento.
Exemplo: KAB e AIN (p.31 )
Estado III
• Obtém-se de imediato a TC das condições
do êxito:
IIIA – trajetos permanecem curvos ou
salientes e angulosos
essa forma curva das trajetórias constitui o indício de
que para o sujeito não há mais duas ações,
movimentar circularmente e depois arremessar,
mas sim um único movimento.
IIIB – trajetos propriamente tangenciais
Estado III
É preciso aguardar a idade média de 11-12
anos para que o sujeito se liberte
imediatamente das pesudocontradições
que pesaram sobre a TC dos pontos de
soltura (nível I e II) e compreenda que a
partida da bola durante a trajetória circular
e antes de estar em frente ao alvo é
suficiente para garantir a chegada a esse.
Experimento no pátio
(Arremesso no espaço)
• Um grupo de sujeitos foi interrogado no pátio da
escola (e não numa pequena sala), sendo então
solicitado a realizar as rotações da funda no
espaço e de pé (não mais no nível do chão).
• Com o plano de rotação livre (em cima da cabeça
ou diante do corpo), se for necessário, provocamse ações complementares nos planos não
escolhidos  nesse caso é indispensável o
desenho  para poder julgar a representação
elaborada em relação às suas próprias ações.
Arremesso no espaço
• Foi solicitado para um grupo de sujeitos que
atingissem um alvo conservando uma
posição vertical.
• O ponto não é mais único e dependerá da
força da propulsão que será preciso regular
 a medida que a trajetória for descrevendo
curvaturas mais ou menos grandes.
Arremesso no espaço
• A vantagem dessa técnica consiste em
permitir uma observação mais detalhada
das adaptações motoras da ação e em
compará-las com a tomada de
consciência conceituada.
• Constata-se que essas situações exigem
mais regulação ativa do que no dispositivo
ao nível do chão.
Arremesso no espaço
• As relações entre a ação de movimentar
circularmente o objeto e arremessá-lo
contra a caixa são diferentes:
No plano vertical e obliquo o objeto deve ser
previamente orientado para o alvo e a
escolha do ponto de soltura depende do
trajeto previsto de cima para baixo ou de
baixo para cima com término na caixa 
condições que podem modificar as da TC.
O ponto não é mais único e dependerá da
força da propulsão.
9h
Movimentando-o circularmente sem
precisar plano de rotação.
6h
12h
O objeto deve ser previamente orientado para o
alvo e a escolha do ponto de soltura
depende do trajeto previsto de cima para baixo
ou de baixo para cima com término na caixa.
3h
6 horas
distância
12 horas
Exemplo: CEL (p. 32-33)
Nível I
• Praticamente não se percebe diferença
entre a experiência em horizontal e as
reações ao nível do chão.
• Em compensação, em vertical, o sujeito
sabe que soltou a bola para baixo.
Exemplo: LOU (p.34)
Nível IIA
Nível IIB
Considerações
• Nas rotações horizontais ao nível do chão, a dificuldade
para o sujeito consistia em coordenar, no plano da
conceituação, a direção que conduzia ao alvo com os
movimentos prévios para fazer girar a bola.
• Nos planos verticais/obliquos, ao contrário, o problema
da direção que conduz ao alvo é antecipadamente
resolvido pela orientação do plano que é preciso ajustar:
Resta apenas regular a distância a ser percorrida,
que depende ao mesmo tempo da força adquirida
durante a rotação e dos pontos de soltura (diversos).
Considerações
• Não existe mais contradição para o sujeito (ou
pseudocontradição) entre as ações de soltar ou
arremessar na direção do alvo e a de movimentar
circularmente a bola.
• Donde a facilidade das TC, reforçadas aliás graças
ao maior número de regulações ativas exigidas:
O sujeito desenha que a bola agora parte da parte
superior ou inferior dos trajetos circulares.
Nível IIIA
Exemplo: DOM (p.35).
Nível IIIB
• “(...) essa sondagem a respeito da TC conceituada
dos movimentos da funda no espaço confirma os
resultados precedentes:
• em horizontal  reencontram-se as mesmas
tendências, apesar dos êxitos da ação, com o
conflito pseudocontraditório entre as direções para
o alvo e a ação prévia de fazer girar a bola,
• ao passo que em rotação nos planos verticais ou
oblíquos  essa pseudocontradição é desfeita
pelos ajustamentos da orientação no plano, daí
resultando uma melhor TC”.
A grande diferença que Piaget coloca
entre os dois métodos, é que este último
(arremesso no espaço) existe mais
regulação ativa por parte do sujeito,
facilitando a TC, já que não há
pseudocontradições que o outro
movimento poderia gerar.
Conclusão
• Resultados são um exemplo de uma
situação na qual TC e conceituação que a
TC supõe encontram-se deformadas.
• O problema consiste em compreender:
Em que consiste a pseudocontradição
inicial que impede a coordenação
nocional e através de que caminhos
lógicos ela é posteriormente
ultrapassada?
Conclusão 1
A pseudocontradição inicial é, num certo
sentido, uma contradição efetiva mas entre
duas suposições indevidamente limitadas
por postulados restritivos, portanto relativas
a referenciais demasiadamente estreitos.
Essa contradição é do tipo mais primitivo,
entre duas ações ou seus esquemas, como
a que haveria um bebê que pretendesse
alcançar um objeto desejado e tomasse o
rumo contrário.
Conclusão 2
• Em compensação e pelas mesmas razões, o
sujeito permanece insensível à contradição real
segundo a qual a bola solta prolongando o sentido
de rotação, não poderia deslocar-se
perpendicularmente a tangente.
• Não se trata na realidade de dois movimentos
distinto, os quais o segundo não prolonga o
primeiro, mas simplesmente lhe sucede, donde a
ausência de coordenação.
Conclusão 3
Há, na situação em questão, uma
necessária geometrização do detalhe das
trajetórias no momento da soltura, com
tudo o que isso supõe como exigência de
referências ou como coordenadas.
Conclusão 4
• Quanto ao suposto trajeto entre o ponto
de soltura e a chegada ao alvo,
bastará então a criança generalizar a
obliquidade desses trajetos para atenuar a
pseudocontradição inicial e orientar-se
para uma coordenada dos movimentos
circulares e dos trajetos depois da soltura
da bola.
Conclusão 5
• Essa coordenação conceituada é diferente da coordenação
sensomotriz que assegura desde os quatro anos o sucesso
final da ação.
• Neste último caso, a ação parte de tentativas variadas - com
regulações em função dos resultados – que levam a restringir
gradativamente essas possibilidades através de aproximações
cada vez mais limitadas.
• A conceituação, ao contrário, parte de um ou dois dados
de observação e de postulados limitados, a condição
previa da coordenação conceitual sendo uma generalização
a todas as possibilidades quanto aos trajetos após soltura
independente do alvo e quanto aos trajetos retos ou obliquos
de chegada ao alvo.
Conclusão 6
A superação da pseudocontradição inicial e
a dissolução da contradição real do início
explicam-se ambas, portanto,
por uma extensão progressiva dos
referenciais, a partir das classes de dados
limitados de observação até as de todas
as possibilidades.
Conclusão 7
Não deixa de ser verdade que essa
coordenação inferencial ou conceituada é
extraída da coordenação sensorimotriz
das ações através de abstração
“refletidora”.
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Experimento funda