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Projeto de Educação Ambiental e
Patrimonial capacita artesãos
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Manejo de copaíbas garante
sustentabilidade e renda
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ANO 5 • Nº 37• MARÇO / ABRIL 2014
CULTURA que percorre rios
Obras feitas por carpinteiros, as embarcações
de madeira representam o principal meio
de transporte fluvial na Amazônia
E
las transportam produtos, carregam
gente e histórias pelos rios da região
amazônica. De porto em porto, as
embarcações de madeira conduzem homens
e mulheres por diversas localidades. Produzidas por carpinteiros em oficinas conhecidas
como estaleiros, elas representam o principal
meio de transporte fluvial de ribeirinhos e
boa parte dos moradores da Amazônia.
Os saberes e técnicas da profissão não
foram aprendidos em bancos de escola
ou no ensino formal. O ofício costuma ser
repassado entre familiares e amigos mais
próximos. “Eu trabalho nessa área desde os
oito anos de idade e aprendi essa profissão
com meu irmão, que me criou. Faço acabamento da embarcação, da tolda ao camarote, beliche e tudo o que um barco necessita, incluindo reparos”, afirma Valdomiro
Pinheiro de Souza, carpinteiro de embarcações, em Oriximiná.
Canoas, bajaras e rabetas são as mais pedidas. Dependendo do tamanho da embarcação, o tempo dedicado chega a até um ano.
“Uma canoa a gente faz em quatro dias, um
bote em seis dias e uma bajara em um mês.
Os preços vão de R$ 750 para a canoa até
R$ 6 mil se for uma bajara pequena”, informa
Adercírio Gemaque Godinho, 69 anos, dono
de estaleiro em Oriximiná. Se o serviço for
executado em um barco de grande porte, o
tempo de trabalho pode se estender por um
ano inteiro.
Embora a construção de embarcações
de madeira seja uma atividade importante
para a economia e integração da região
amazônica, a atividade parece estar com os
dias contados. A falta de interesse da nova
geração em aprender o ofício e a dificuldade
cada vez maior em conseguir madeira para as
construções ameaçam a atividade. “A gente
teme o futuro da nossa profissão porque ninguém mais quer aprender a fazer esse trabalho. Nós que trabalhamos com isso estamos
no final de carreira, daqui a pouco vamos
parar e quem vai fazer o que fazemos? Por
outro lado, já estamos tendo dificuldades
com a fiscalização para conseguir a madeira
e precisamos dela para construir, reformar,
sem a itaúba não tem como fazer um barco”,
alerta Valdomiro.
No meu tempo, quando eu
aprendi essa profissão, a gente não tinha
orça de vontade de aprender.
salário, só a força
Esse trabalho foi muito importante para
mim, pois me ajudou a criar meus filhos e
a oportunidade de estudar.
dar a eles uma
u tenho muito orgulho de
Além disso, eu
o é qualquer um que sabe
saber que não
jara, por exemplo.”
fazer uma bajara,
maque Godinho,
Adercírio Gemaque
o de estaleiro
69 anos, dono
á
em Oriximiná
O carpinteiro Valdomiro Pinheiro de Souza:
uma vida dedicada ao ofício
QUAL A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO?
amamentação, além de oferecer todos os
nutrientes necessários para o desenvolvimento
dos bebês nos primeiros meses de vida, promove
uma série de benefícios, dentre eles, a contribuição
para uma vida mais saudável. Estudos apontam que
crianças amamentadas até os seis meses de idade
são, inclusive, mais inteligentes. Confira o que as
mães falam sobre essa questão.
Diva Mendes,
Pedagoga,
Oriximiná
“As crianças amamentadas por mais tempo se desenvolvem
melhor, aprendem mais rápido, são saudáveis.
Quando os bebês ficam doentes e não querem comer
nada, a amamentação é única forma de mantê-los
alimentados e nutridos. Eu dei de mamar à minha filha
caçula até os seis anos de idade, ela dificilmente adoece e é
muito inteligente. Aconselho às mães a amamentarem seus
filhos pelo tempo máximo possível.”
Projeto beneficia artesãos em Oriximiná
Ações de educação
ambiental e patrimonial
resgatam cultura da
produção de cerâmica
D
epois de beneficiar artesãos das comunidades Moura e Boa Vista, o
projeto de Educação Ambiental e
Patrimonial, da Mineração Rio do Norte, está
resgatando novos ceramistas nas localidades
Curuçá-Mirim e Jamari. A produção de peças em cerâmica é uma atividade que atravessa gerações de famílias em comunidades
ribeirinhas, com grande influência nas áreas
quilombolas de Oriximiná, no oeste do Pará.
No entanto, essa tradição vivenciava um processo de abandono, por ser considerada pelos jovens uma prática ultrapassada.
Com objetivo de resgatar essa cultura,
em 2001, a MRN e parceiros iniciaram uma
série de atividades com foco na preservação do patrimônio cultural e ambiental da
região. “O projeto traz para os envolvidos
a possibilidade de conhecer o trabalho com
cerâmica, proporcionando o resgate material e imaterial da cultura quilombola da
região. Por outro lado, oportuniza a adoção de práticas sustentáveis, colaborando
com a preservação do meio ambiente,
além de criar uma oportunidade de geração de renda para os participantes”, conta
Sabrina Rêgo, analista de Relações Comunitárias da MRN.
Na segunda etapa da iniciativa, 25
comunitários de Curuçá-Mirim e Jamari
aprimoraram suas técnicas de produção de
cerâmicas por meio de oficinas ministradas
pelos beneficiados no primeiro ciclo do trabalho. “As principais atividades executadas
são oficinas para confecção de peças, visitas
técnicas e reuniões com as comunidades.
O trabalho é realizado através da empresa
STCP com apoio de monitores formados
(artesãos) nas comunidades Boa Vista e
Moura”, ressalta Sabrina.
O processo de formação dos artesãos
envolvidos no segundo ciclo do projeto está
previsto para encerrar em maio deste ano,
com uma exposição na Casa do Artesão da
Comunidade do Moura.
Para todas as
comunidades, temos
como principal resultado a
melhoria na qualidade de
vida com o incremento na
renda, por meio da venda
das peças produzidas.
Desejamos que Curuçá e
Jamari possam alcançar o
mesmo nível de produção
das comunidades
iniciantes.”
Sabrina Rêgo, analista de
Relações Comunitárias
da MRN
Segunda etapa da iniciativa trabalha com 25 comunitários de Curuçá-Mirim e Jamari: atividades têm como objetivo aprimorar as técnicas dos artesãos
2 • KONDURI • MARÇO / ABRIL 2014
Leomara Silva,
Licenciada
em Música,
Oriximiná
“Eu estou grávida e pretendo amamentar
meu filho pelo menos até os dois anos de
idade. Já está mais do que provado, por
meio de pesquisas, que mulheres que
nunca amamentaram têm mais chances
de desenvolver câncer de mama.
Dar de mamar aos bebês, é uma forma
de garantir a saúde das mães e dos filhos.”
Francelina
Costa, Auxiliar
Administrativa,
Oriximiná
Criado em 2011, o Manejo Sustentável de Copaíbas no Platô Monte Branco envolve 20 famílias da região
Manejo de copaíbas une
sustentabilidade e geração
de renda em Oriximiná
Iniciativa capacita comunitários para a extração de
óleo das copaibeiras e para a conservação da espécie
R
emédio para cura de inflamações.
Essência para fins cosméticos. Fonte
de geração de renda. São muitas as
propriedades e benefícios da copaíba, espécie conhecida das populações que habitam a
Amazônia e que é o principal elemento do
projeto Manejo Sustentável de Copaíbas no
Platô Monte Branco. A iniciativa começou em
2011, com o intuito de aprimorar as potencialidades da espécie e preservá-la. O projeto é
uma parceria entre Mineração Rio do Norte,
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa) e 20 famílias das comunidades de Jamari e Curuçá-Mirim, no Alto Rio Trombetas,
em Oriximiná.
Um levantamento continuado da quantidade de árvores e de espécies de copaibeiras
existentes no platô também integra o cronograma de atividades do projeto. Os comunitários passam ainda por capacitações para a
extração adequada do óleo. “A retirada do
óleo-resina, efetuada de forma adequada,
“Penso que o grande benefício da
amamentação está na prevenção de doenças,
porque no leite materno estão todos os
nutrientes que o bebê precisa. A maior
prova disso está no meu filho, que tem sete
meses e nunca adoeceu, nem de gripe, nem
de diarreia, de nada, e a base da alimentação
dele é o leite materno.”
evita a redução da resistência a pragas e
doenças, entre outros fatores. Já o adequado
manejo das copaibeiras irá garantir a conservação das populações naturais da espécie e a
manutenção da produção do óleo-resina da
copaíba”, garante Antenor Barbosa, técnico
do Inpa.
Os comunitários são responsáveis pela
extração do óleo e participam do inventário das copaíbas. O trabalho é executado
de forma alternada entre comunitários de
Jamari e Curuçá-Mirim. A cada dois meses
uma localidade é responsável pelo processo.
Nesse período, em média, são retirados 40
litros de óleo. O produto é revendido pelos
comunitários, gerando renda complementar
para as famílias dos envolvidos. Todo o material utilizado para o serviço é fornecido pela
Mineração.
Outra ação que faz parte do projeto é
o plantio de mudas nas comunidades. Cada
uma tem um viveiro de copaíbas. Em 2013
foram plantadas 330 mudas no Jamari e 258
no Curuçá-Mirim, uma herança para as próximas gerações das localidades. “O projeto é
bom por capacitar as pessoas no manejo da
copaíba. O que a gente não sabia sobre esse
processo está sendo aprendido. Aos poucos
estamos nos aperfeiçoando”, destaca Antônio Marcos Duarte Salgado, coordenador do
Manejo Sustentável de Copaíbas no Platô
Monte Branco.
O projeto tem uma área de atuação de 3.750 hectares nas bordas, encostas e vales do
Platô Monte Branco. Em três anos de atividade, já realizou o inventário de 100% das
copaibeiras das áreas programadas para serem mineradas nos anos de 2013 e 2014.
Atualmente, os comunitários estão participando do levantamento de novas copaíbas
no espaço que deverá ser minerado no período de 2015 a 2017. A expectativa da MRN é
quintuplicar o plantio ao longo dos próximos anos.
MARÇO / ABRIL 2014 • KONDURI • 3
Criação de abelhas
como alternativa
econômica
Aliada na
prevenção
do câncer
Oriximiná e Terra Santa
recebem campanha de
vacinação contra o HPV
M
eninas de 11 a 13 anos de todo
o Brasil ganharam no mês de
março uma poderosa arma para
prevenir o câncer do colo de útero, por
meio da Campanha de Vacinação contra o
Vírus HPV, principal causador da doença.
De acordo com o cronograma do Ministério da Saúde, a vacina será administrada em
três doses, com a primeira ofertada no período de 10 de março a 10 de abril, a segunda
daqui a 6 meses e a terceira em cinco anos.
Em Oriximiná, todas as instituições
de ensino, que trabalham com alunos
do 5º ao 9º ano receberam equipes de
profissionais da saúde. Antes da vacinação, foram realizadas palestras com
Nós estivemos em 14
escolas do município levando a
vacina e orientações sobre sua
importância e possíveis efeitos
colaterais. Conseguimos superar
nossas expectativas e concluímos esse
trabalho com 1.531 adolescentes
vacinadas somente na zona urbana.”
Carem Cecília Nascimento,
coordenadora de Vigilância
Epidemiológica de Oriximiná
orientações sobre a vacina. O Ministério
da Saúde destinou duas mil doses para
o município, disponíveis ainda nos postos de saúde. As vacinas também estão
sendo levadas às comunidades rurais.
Na área quilombola, elas chegaram por
meio do Projeto Quilombo, da MRN.
Em Terra Santa, a Secretaria de Saúde
adotou a mesma estratégia. “Realizamos a
vacinação nas escolas, nos postos de saúde
e vamos levar essas vacinas para as comunidades da zona rural atendendo em escolas e capelas. Nos locais de difícil acesso,
iremos de casa em casa”, diz a enfermeira
Adriana Muniz, coordenadora de Vigilância em Saúde e Imunização na cidade.
Dedicação para promover mudanças
Lideranças garantem
conquistas para
comunidade Casinha
A
busca por melhorias para as comunidades rurais é constante entre os
ribeirinhos, principalmente para
os coordenadores de associações, cooperativas e entidades religiosas. São lideranças
voluntárias que, com dedicação e empenho, trabalham por benefícios coletivos
para manter as comunidades.
A pecuarista Adriana Picanço, líder
comunitária da comunidade Casinha, no
Lago Sapucuá, em Oriximiná, é uma dessas
personagens anônimas que doa parte do
tempo para conseguir mudanças positivas
para o lugar onde vive. Ela e uma equipe
formada por mais duas mulheres foram
escolhidas pelas 60 famílias da localidade
para representar seus interesses no biênio
2013/2014. As atribuições do cargo envolvem a coordenação de atividades religiosas, a condução de reuniões, entre outras
tarefas. Com apenas um ano na coordenação da comunidade Casinha, Adriana
comemora
importantes
conquistas.
“No ano passado, em parceria com a MRN,
conseguimos a construção de uma calçada
na frente da capela e a reforma do forro
de nossa igrejinha. Numa parceria com
a prefeitura, conquistamos a reforma do
nosso barracão comunitário.”
Projeto de meliponicultura
auxilia produção de mel em
comunidades de Terra Santa
A
produção de mel a partir da criação de
abelhas nativas sem ferrão está trazendo
perspectivas de uma vida nova para moradores das comunidades Alema e Redobra, no
município de Terra Santa, no oeste do Pará.
O projeto começou no final de 2010 por meio
de uma parceria entre a MRN, o Sebrae (Serviço
Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas) e o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Terra Santa.
Desde o início do projeto, as 17 famílias beneficiárias participaram de oficinas, treinamentos e
seminários recebendo capacitação para criar as
abelhas e formar o seu pasto apícola com foco
na produção de mel e derivados.
“Nas oficinas vimos como criar, tirar o mel,
conservar e passamos por vários aprendizados.
Participamos de eventos sobre meliponicultura
no Maranhão, Tocantins e, onde tinha encontro
sobre abelha, a gente estava lá”, destaca Jorge
Canuto, meliponicultor da Alema.
O número de colmeias passou de 382 caixas
em 2011 para 450 em 2013. Hoje, os meliponicultores já comemoram os primeiros resultados do
trabalho. “A criação de abelhas aumentou a produção de frutas nas plantas que elas polinizam,
como, por exemplo, as laranjeiras ficam supercarregadas. Temos mel para consumo e vendemos
em pequena quantidade a amigos e vizinhos.
Com a regularização de nossa marca, esperamos
ter um reforço na renda das famílias”, afirma Jorge.
Publicação da Mineração Rio do Norte. Coordenação: Comunicação MRN ([email protected]). Telefone: (93) 3549-7606
Fotos: Divulgação/MRN e Celso Donizeti. Rua Rio Jari, s/n, Porto Trombetas. Oriximiná/PA. CEP: 68275-000.
Produzido e editado por Temple Comunicação (www.temple.com.br). Telefone: (91) 3205-6500.
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