III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
Local: Centro Universitário São Camilo
Data:
21 a 23 de maio de 2015.
ELABORAÇÃO DE PRODUTO ALIMENTÍCIO PARA VEICULAR FÁRMACOS
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CECCONI, Liris C FRANCISCO, Amanda O ; SILVA, Alexsandro M .
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Curso
de
Farmácia
do
Centro
Universitário
São
Camilo,
[email protected]
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Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo, SP.
São
Paulo,
SP.
Palavras-chave: Perfil de saúde. Adesão à medicação. Preparações farmacêuticas. Farmacêuticos.
INTRODUÇÃO
Devido às intensas transformações sociais, econômicas, políticas e culturais que vem
ocorrendo nos últimos séculos, o perfil epidemiológico da população também tiveram suas alterações,
aumentando taxas de morbimortalidade devido a problemas na saúde e alterando a qualidade de
vida. Destacam-se as crônicas não transmissíveis é um grupo de doenças com história natural
prolongada caracterizada por multiplicidade de fatores de risco complexos, incluídas nesse grupo a
diabetes, hipertensão, neoplasia, dentre outras doenças (REINERS et al., 2007).
Entretanto, surgiu o problema de não adesão a tratamentos farmacológicos que vem sendo
um grande desafio aos profissionais da saúde. Estudos para avaliar as razões de não-adesão citados
pelos pacientes encontrou que os indivíduos não tomam a medicação ou por esquecimento, ter
outras prioridades, há aqueles que optaram tomar a dose menor que a prescrita ou então, por fatores
emocionais (GUSMÃO; JUNIOR, 2006).
A elaboração uma nova forma farmacêutica para facilitar a adesão de tratamento seria uma
saída para o problema. Os alimentos poderiam ser um meio de administrar o medicamento de forma
mais prazerosa e consciente.
OBJETIVO
Desenvolver um produto alimentício para a incorporação de fármacos contendo ácido
ascórbico e verificar a sua estabilidade durante o armazenamento de 28 dias, sob refrigeração e à
temperatura ambiente.
METODOLOGIA
Os doces elaborados foram, o doce de leite pó, contendo os ingredientes leite em pó, açúcar
e leite condensado e o bombom de chocolate sem recheio, produzido com chocolate meio amargo e
chocolate ao leite. O ácido ascórbico foi o princípio ativo escolhido para avaliar a estabilidade na
formulação proposta, incorporando em concentração de 20, 100 e 200mg por 1g de doce. Foram
pesados unidades de 5 g e armazenados em temperatura ambiente e temperatura de refrigeração. E
a páprica foi escolhida como principio ativo para fazer o teste sensorial, nas mesma quantidade
citadas anteriormente.
Foi utilizada a técnica de titulação por iodometria, por ser uma reação que ocorre em meio
ácido, para determinar a concentração de ácido ascórbico durante o armazenamento por 28 dias. O
doseamento de ácido ascórbico foi feito em duplicata no tempo 0, 7, 14 e 28 dias. Os resultados
obtidos foram tratados estatisticamente, usando o teste t-student.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os resultados dos doseamentos, obteve-se uma perda de ácido
ascórbico no doce tipo “beijinho” no início do processo (tempo 0), exceto na amostra de 20 mg de
ácido ascórbico/g. Verificou-se a perda de 10,08% e 17,44%, nas amostras com 100 e 200 mg de
ácido ascórbico/g. A perda inicial de ácido ascórbico pode ser explicada pela incorporação
inadequada dos ingredientes. O tempo de mistura não foi suficiente para deixar o produto
homogêneo. Por outro lado, a concentração de ácido ascórbico se manteve constante durante os 28
dias de armazenamento, tanto sob refrigeração como à temperatura ambiente, com discretas
oscilações.
Realização
III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
Local: Centro Universitário São Camilo
Data:
21 a 23 de maio de 2015.
As amostras se revelaram diferentes estatisticamente, sob as condições de
armazenamento. Pode-se observar que o produto contendo 100 mg de ácido ascórbico/g,
armazenado à temperatura ambiente, apresentou-se mais estável do que os demais. A concentração
de ácido ascórbico permaneceu estável até 21 dias de estocagem.
Sobre o bombom sem recheio, no inicio do processo (tempo 0), não houve perdas nas
dosagens de 20 mg e 100 mg por grama, porém na incorporação de 200 mg por grama houve uma
dosagem maior do que a estipulada, ultrapassando 2,6%. Isso pode ser explicado devido a uma má
homogeneização por haver uma quantidade maior de ácido ascórbico precisando de mais tempo para
mistura da massa do bombom com a incorporação de ativo. Durante os 28 dias o bombom com a
incorporação de 20 mg/g apresentou perdas discretas, porém sem oscilações.
Na temperatura ambiente, a concentração de vitamina C manteve-se estável no tempo 7 e
14 dias, porém uma perda considerável foi observada de até 21,1%, no tempo 21 e 19%, no tempo
28. Na amostra contendo 200 mg por grama, observou-se uma dosagem elevada em relação ao
referencial teórico no primeiro dia de estocagem, mas, a concentração manteve-se estável no período
de 7 a 21 dias e uma perda de 4,4%, após 28 dias.
Sugere-se que na hora do preparo dos pós seja feito em diluição geométrica, que assegura
que quantidades menores de pó sejam distribuídas uniformemente na massa, já que essas
oscilações e perdas devem ter sido devido ao processo de manipulação.
Também poderia utilizar um antioxidante como, por exemplo, vitamina E (alfa-tocoferol). A
vitamina E é lipossolúvel, cujo papel é prevenir a oxidação, pelo mecanismo de reagir com radicais
livres de oxigênio, e assim evitar que deteriorem o produto. Também pode-se pensar na lecitina de
soja, que é um emulsificante, auxiliaria no manuseio da massa e obtendo uma mistura mais
homogênea de ambos doces.
Na análise sensorial, constatou-se que o doce de leite em pó pode ser usado para incorporar
fármacos com gosto marcante e de dosagem alta, pois foi possível a incorporação de 100mg e
500mg de princípio ativo sem alterar o sabor do produto. Já para o bombom sem recheio apresentou
resultado sensorial agradável para o paladar dos avaliadores, permitindo assim uma maior
flexibilidade na escolha de princípios ativos de diversas proporções.
A maior intensidade do gosto da páprica foi apontada no doce de leite pó nas amostras de
1000mg, uma vez que o gosto da páprica ficou mais evidente na massa deste doce. Neste estudo, o
bombom sem recheio apresentou resultados mais aceitáveis no teste sensorial, devido ter
componentes em sua formulação com mais açúcar e gordura, mascarando o sabor da páprica.
CONCLUSÃO
Os produtos elaborados apresentaram estabilidade e características sensoriais que permitiriam
o seu uso para a incorporação de princípios ativos. Assim, esses produtos poderiam facilitar na
adesão do paciente ao tratamento medicamentoso e garantir a sua qualidade de vida. Seriam uma
opção para aqueles que fazem uso diário de medicamento, devido a uma doença crônica, entretanto,
precisa-se avaliar adequadamente os princípios ativos que poderiam ser incorporados nestes
produtos.
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Local: Centro Universitário São Camilo
Data:
21 a 23 de maio de 2015.
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Disponível
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https://uspdigital.usp.br/siicusp/cdOnlineTrabalhoVisualizarResumo?numeroInscricaoTrabalho=2658&
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URBANO, João. Estatística: uma nova abordagem.1.ed. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2010.
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elaboração de produto alimentício para veicular