Discurso Comandante BVVM
70º Aniversário BV Vieira do Minho
Exmos Senhores
Presidente da Câmara Municipal de Vieira do Minho
Adjunto do Sr. Governador civil do distrito de Braga
Vice - Presidente da Assembleia Municipal de Vieira do Minho
2ª Comandante Distrital da Aut. Nacional de Protecção Civil
Representante da Liga de Bombeiros Portugueses
Representante da Federação Distrital de Bombeiros
Presidente da Assembleia Geral da AHBVVM
Presidente da Direcção da AH Bombeiros Voluntários de V M
Presidente do Conselho Fiscal da AHBVVM
Comandantes, elementos do Comando e dos corpos sociais
das Corporações aqui presentes.
Demais entidades civis, militares e religiosas aqui presentes
Bombeiras e bombeiros
Minhas Senhoras e meus Senhores
Celebramos hoje mais um ano desde que um grupo de Vieirenses,
que já hoje recordámos, decidiu e fundou a
maior Associação
do
Concelho de Vieira do Minho – A agora designada Associação
Humanitária DE Bombeiros Voluntários de Vieira do Minho, entidade
detentora do nosso Corpo de Bombeiros Voluntários.
Qualquer organização com
esta idade respeitável de 70 anos, não
sendo velha, tem idade suficiente para ser madura e experiente,
como também, juventude para continuar a caminhada que se
pretende que seja de mais setecentos anos.
Ora, os sucessos de hoje são necessariamente fruto do trabalho e
empenho de todos aqueles que nos precederam, quer os Bombeiros,
quer dirigentes, razão porque hoje mesmo foram homenegeados dois
Bombeiros de carreira, o Chefe Afonso Dias e o Sub-chefe QH António
Mota, com o descerramento das suas fotografias na Galeria de Honra
dos Bombeiros de Vieira do Minho, tratando-se de dois homens da
casa que dedicaram grande parte da sua vida aos Bombeiros e à
causa do voluntariado, por isso mesmo já foram agraciados em altura
própria com o crachá de ouro da LBP.
De facto estávamos habituados que os Bombeiros se dedicassem à
causa durante muitos anos, mas cada vez mais isso é uma miragem,
fruto dos tempos modernos, e das causas que lhes possam estar
associadas, mas também, devido às alterações legais que foram
sendo introduzidas para o sector dos Bombeiros.
Se há razões para estarmos contentes com algumas matérias , já não
poderemos dizer o mesmo relativamente a outras. O Exemplo da
extinção dos quadros de especialistas é o mais premente – mandou
directamente para a prateleira, permitam-me a expressão, muitos
voluntários que nas suas especialidades eram muito úteis aos Corpos
de Bombeiros.
Sobre o Recenseamento Nacional dos Bombeiros Portugueses, os
valores das horas convencionadas podem parecer razoáveis mas não
deixaram de ser pensados para os centros urbanos com grande poder
de fixação de pessoas e não para Corpos de Bombeiros de terras do
interior, como é o caso de Vieira do Minho, em que parte dos
Bombeiros sentem-se na obrigação de emigrar ou trabalhar em
outras paragens, regressando à terra aos fins-de-semana e em
período de férias. Não se lhes pode exigir que para compensarem os
períodos de ausência passem as férias e os fins de semana no
quartel, também eles têm família – e pergunta-se: Se tanto lhes é
exigido pela tutela, o que recebem de retorno? Pouco ou nada, digo
eu. Na verdade, a não ser o amor aos Bombeiros e a vontade de
estar ao serviço dos outros, não se vê bem as motivações que tantos
apregoam aos quatro ventos. Em corporações pobres, como é o caso
da nossa, às vezes até se paga para ser bombeiro!
Em matéria de apoios e direitos, efectivamente, os Bombeiros estão
esquecidos.
Veja-se,
a
título
de
exemplo,
o
que
se
passa
relativamente aos seguros que são pagos, por regra, pela Câmaras
Municipais. De facto todos os Bombeiros encontram-se segurados
contra eventuais acidentes, no entanto, rezam para que nada lhes
aconteça, caso contrário vêem-se com problemas sérios de difícil
resolução, como alguns casos que recentemente tem sido notícia nos
média.
Urge olhar de uma forma séria para o sector dos Bombeiros, que são
a maior força nacional em matéria de PROTECÇÃO CIVIL, com uma
história
de
mais
de
600
anos.
Às
vezes
parecemos
órfãos
relativamente à Protecção Civil, os Bombeiros não têm quem
verdadeiramente os represente, e não me parece, com o devido
respeito por opinião contrária, que a Autoridade Nacional de
Protecção Civil seja a solução, porque não é. Precisamos de uma
organização própria, a nível de região, por exemplo, para os
Bombeiros, com uma hierarquia própria.
Por vezes querem fazer querer que os Corpos de Bombeiros são
pertença do Estado, entenda-se, da
Autoridade Nacional de
Protecção Civil, onde um operário de Central já determina ordens
para um Comandante de um Corpo de Bombeiros. Não, assim não.
Em Vieira do Minho o “patrão” do Corpo de Bombeiros é esta Nobre
Associação que têm idade suficiente para saber qual a sua missão na
sociedade em que está inserida, e relativamente à ANPC é mais um
agente de protecção civil como os restantes mais de quatrocentos
Corpos de Bombeiros e os outros parceiros.
Também sobre os outros parceiros temos que dizer que não estamos
a ser tratados da mesma forma em termos de investimento público.
Fazemos os mesmos trabalhos a um menor custo, mas exige-se que
invistam mais nos Bombeiros com material de socorro, equipamento
de protecção individual e na formação, que nós oferecemos a nossa
disponibilidade e a alegria de ajudar quem precisa.
Mas, não nos venham com esmolas para os Bombeiros no período
entendido como crítico para os Incêndios florestais. Não voltem com
a esmola dos cerca de 20 euros por doze horas de disponibilidade,
que muitas vezes é de trabalho duro e braçal no teatro de operações.
Cada vez mais os Bombeiros deixam de estar interessados em
integrarem as ECIN, e Vieira do Minho não foge à regra, pois no
Verão passado tivemos menos uma equipa que nos anos anteriores, e
só não foi pior porque os tempos são de crise, de falta de emprego e
aplica-se neste caso o ditado “ mais vale um pássaro na mão que
dois
a
voar”,
mas
mesmo
assim,
foram
os
Voluntários
que
asseguraram, e de que maneira, o combate aos incêndios florestais,
que por motivos das alterações climáticas, ocorrem em grande
número ao longo de todo o ano, conforme é facilmente demonstrado
pelos números já apresentados pelo Exmº Presidente da Direcção,
Dr. Fernando Dalot. Por isso, urge actualizar as regras para o
combate dos incêndios florestais, que parece ser sempre a maior
preocupação de ANPC, por forma a poder-se contar com os
Bombeiros em força, caso contrário vamos ter problemas sérios no
futuro, e não havendo Bombeiros no terreno, também não podem
contar com os Comandantes dos Corpos de Bombeiros, pois estes não
se podem confundir com a figura dos COM
que não têm
comandados.
Mesmo com todas as dificuldades que sentimos no dia-a-dia, os
Bombeiros de Vieira do Minho nas alturas próprias sabem dizer
PRESENTES, pelo que os desabafos aqui manifestados têm sentido de
razoabilidade, sendo que também é papel do Comandante dar a
conhecer os anseios dos seus Bombeiros, exigindo sempre mais para
o seu Corpo de Bombeiros. Ora é precisamente nesta dinâmica que a
digníssima Direcção da AHBVVM tem atendido aos pedidos do
Comando, adquirindo alguns equipamentos de protecção individual
para os Bombeiros Voluntários, reequipando os espaços de trabalho e
lazer, e renovando a frota automóvel, havendo lacunas visíveis ao
nível de ambulâncias de socorro devidamente equipadas, não sendo
descabido
pensar
num
veículo
todo-o-terreno
equipado
como
Ambulância de Socorro, uma vez que somos verdadeiramente um
concelho de montanha, onde a neve já é uma presença habitual nos
dias mais frios de inverno, e ainda, porque somos muitas vezes
solicitados para apoiar eventos desportivos na serra ou em ambiente
rural, muitos dos quais, a autarquia é a promotora do evento ou
mesmo o seu principal suporte de apoio. Assim, não sendo uma falsa
necessidade, fica a ideia.
Porque neste acto solene foi apresentado publicamente o site da
nossa Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Vieira de
Minho, que convido todos a visitar no sítio WWW.bvvm.pt, passo a
agradecer publicamente ao meu amigo Eurico Lages da empresa
“Cápsula, Soluções Multimédia”
de Braga, que gentilmente acedeu
ao meu pedido e gratuitamente criou a nossa grande janela para o
mundo. Aproveitando as mesmas capacidades da multimédia, foi
ainda criado um vídeo com imagens dos Setenta anos da nossa
Associação, onde estão registados os momentos altos da vida do
Corpo de Bombeiros, sendo cerca de vinte minutos de um passeio ao
passado que só foi possível graças ao espólio de fotografias da “Foto
Silva” que as disponibilizou, tendo um papel preponderante na edição
do filme. Muito obrigado.
Finalmente, e porque quando alguém faz anos é legítimo que espere
uma prenda, também nós Bombeiros todos os anos nesta data
pensamos numa prenda: Um QUARTEL com todas as condições para
podermos prestar um bom serviço à comunidade. Já é a quarta vez
em festas de aniversário que me reporto a esta preocupação. Bem sei
que sempre se tentou solucionar o problema, mas a verdade é que
está tudo igual, e não fosse as pequenas adaptações que temos feito,
e estaríamos muito, mas muito mal servidos de quartel. A solução
tem que ser uma obra definitiva e não para meia dúzia de anos. Por
isso, o quartel terá de passar por grandes obras de readaptação e
qualificação
das
actuais
instalações,
ou
então,
partamos
definitivamente para a construção de um quartel de raiz. Não quero
voltar a falar mais neste assunto, pois estou certo que vai ser
encontrada uma boa solução que o quartel, que virá a ser a melhor
prenda de anos de sempre.
Bem hajam todos e muito obrigado.
Quartel de Vieira do Minho, 14 de Fevereiro de 2008
O Comandante,
/António Manuel Macedo/
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