Da prática à produção de
conhecimento sobre a prevenção
do suicídio em idosos
Grupo de Pesquisa
Stela N.Meneghel - UFRGS
Marta Conte _ ESP/SES/RS
Claudia Weyne Cruz – DCHE/SES
Nara Castilhos – ESP/SES/RS
Lilian Z. Hesler - UFRGS
Roger F. Ceccon – UFRGS
Irani Jesus – UFRGS
Raissa- UFRGS
Participantes dos municípios
Cristina Telles – Venâncio Aires
Martha Haertel – São Lourenço
Aline G. Trindade - Candelária
Sanderlei Pereira - Candelária
Regina Soares - Candelária
Avanço do conhecimento
sobre a vulnerabilidade social para o suicídio em idosos
mapeamento das fragilidades quanto ao acesso à rede
especificidades loco-regionais: dados socioantropológicos, cultura, religião, gênero, trabalho,
produção de subjetividades e índices de suicídio
construção de metodologias: cuidados, potencialidades
e limites
Compromissos e Desafios
Proposta de Trabalho
Desenvolvermos um pensar estratégico, a partir da
posição que cada um ocupa na rede para estabelecer
aproximações entre pesquisa e política públicas na
prevenção ao suicídio de idosos
Teorias da Prevenção nos documentos oficiais
As orientações da OMS são linhas gerais: quanto à
identificação do problema, abordagens, formas de
comunicação, fatos e ficção, articulação de
retaguarda, formas de encaminhamentos, o que
fazer e não fazer…
No final o documenot da OMS pressupõe que todo
profissional tem que ter a crença de que a vida vale
a pena…Será como isto transparece nas equipes?
Elenco de documentos oficiais
- Estratégia Nacional para Prevenção do Suicídio – MS, 2006 (com indicações
abrangentes e para todas as faixas etárias).
- Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio (Portaria Nº 1.876/GM de 14
de agosto de 2006).
- Projeto ComViver (RJ, 2006), que oferece acompanhamento para parentes de
pessoas que cometeram suicídio. Conheça mais sobre o projeto
acessando www.projetocomviver.org.br.
- Manual de Prevenção do Suicídio para Profissionais das Equipes de Saúde
Mental, (2006) o lançamento ocorreu no Dia Mundial da Saúde Mental.
-Publicação
Referências
Sobreviventes e Família.
Bibliográficas
Comentadas
sobre
Suicídio,
-DVD do I Seminário de Prevenção do Suicídio com todas as apresentações
dos pesquisadores e gestores que participaram do evento em POA, 2006.
- “Prevenção do Suicídio: Manual dirigido profissionais da saúde e atenção
básica”, MS, OPAS e UNICAMP, 2009. Ressalta a posição privilegiada das
equipes de atenção básica na prevenção em rede, por estarem em contato mais
próximo e duradouro com a comunidade.
-“Manual de Prevenção ao Suicídio”, MS, SES/RS, 2012. Programa de
Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio, coordenado pelo Centro de Vigilância
em Saúde (CEVS/SES/RS), contou com a participação de 4 municípios do RS,
sendo que 3 estão aqui representados.
- E a elaboração do Plano Nacional para Prevenção do Suicídio como anda?
Um grupo de trabalho composto por representantes de algumas secretarias
do MS, Universidades e organizações civis se ocupa disto (Portaria n.
2542/2005).
Teorias inspiram e conhecimento se constrói no
cotidiano dos serviços…
Como as orientações oficiais são linhas gerais
Entre a recomendação e a sua operacionalização há lacunas que
vão requerer certos consenso quanto ao:
Entendimento do processo saúde doença
Concepção de saúde e suas formas de produção
Mapeamento dos problemas e dos recursos da rede
Construção de fluxos e portas de entrada na rede
Cuidados nos encaminhamentos, em outras palavras…
Vai se construindo pontes
Com a inventividade/protagonismo (profissionais da rede,
gestores, usuários, controle social e suporte das pesquisas)
Dimensões da Prevenção
Dimensão Universal: ação de promoção da saúde para a população em
geral. Ex: o que está previsto de promoção de saúde pela política de atenção
integral voltada aos idosos em um município?
Dimensão Seletiva: ação voltada para situações que envolvem
vulnerabilidades, tal como isolamento social, dor crônica, doença limitante,
perdas afetivas, perdas no trabalho, entre outros. Ex: busca ativa (VD),
atenção às famílias, cuidado ao cuidador, não reduzir o atendimento em
saúde mental à dispensação de medicamentos.
Dimensão Específica: ação voltada para indivíduos ou grupos que
apresentam sinais e/ou narrativas de ideação, plano e tentativas de suicídio.
Ex: a sensibilização das equipes de A.B. para identificação e acolhimento
dos indivíduos em situação de risco.
(Mrazek PJ, Haggerty RJ, 1994).
Fluxograma de gestão da linha de cuidado
Linhas horizontais
A: Linha de cuidado (idoso).
B : Linha de cuidado (saúde mental).
C: Linha de cuidado (álcool e drogas).
D: Linha de cuidado (violências)
Linhas verticais
E: Linha de ensino e pesquisa (suicídio).
F: Linha de apoio administrativo (suprimentos, finanças,
recursos humanos, serviços gerais, etc).
G: Linha de apoio técnico (interdisciplinar).
(Mehry, 1998)
Na sua opinião o que transversaliza este fluxograma?
Princípios e Diretrizes do
SUS & SUAS
Universalidade - para todos
Integralidade – várias dimensões possíveis de serm
contempladas
Equidade - de acordo com as necessidades e as
vulnerabilidades
Descentralização – no município/região
Regionalização - articular com potencialidades do
entorno
Participação – trabalhadores, usuários e sociedade
como protagonistas
Linha de Cuidado
Desenha o itinerário que o usuário faz por dentro de uma
rede de saúde e intersetorial e entidades comunitárias e de
assistência social.
A Linha do cuidado é diferente dos processos de
referência e contra referência, apesar de incluí-los também.
Não funciona apenas por protocolos estabelecidos, pode
pactuar fluxos, reorganizando os processos de trabalho, a
fim de facilitar o acesso do usuário às Unidades e Serviços
aos quais necessita.
Desenhando a Linha de cuidado
Compartilhamento do Passo a Passo
Corresponsabilidade nas ações
Lógica de coordenação mais horizontal, coletiva e
interdisciplinar do cuidado
Centrada no Usuário – DESEJO, NECESSIDADE
Análise de contexto/vulnerabilidade
Várias portas
Garantir o acesso
Atenção Básica fortalecida
Diálogo com Saúde Mental (Supervisão)
Construção de vínculos e compromissos estreitos entre
trabalhadores e usuários na elaboração das intervenções
tecnológicas em saúde (Mehry, 2008, p. 1954).
Fio condutor é o Plano Terapêutico Singular
Articulação Intersetorial (partic. social – associações de bairro,
foruns temáticos, atividades culturais, lazer, sociabilidade, etc.)
+ Rede Apoio + Rede de Proteção +
Pacto dos fluxos entre todos os atores que gerenciam serviços
e recursos assistenciais, pois o trabalho é integrado
Acesso a Saúde: Acesso é Chegada ou Partida?
Simone Bentoni - Saúde Mental da SES/RS
Acesso é …
Acesso é aproximação
Encontro marcado ou inesperado .
Acesso é uma chegada.
Acesso é dar ingresso, deixar entrar e escutar cada
um com seus temores.
Acesso é um pouco do que se faz com filho, cuidar,
maternar, dizer que precisa confiar, que o medo vai passar.
Acesso é promoção. Abrir uma trilha ou atalho,
ganhar tempo, tomar fôlego, seguir adiante nos dias.
Acesso é direito ou concessão? Encontro ou
conexão?
Parece-me que acesso é passagem.
Passagem pelos afetos....
Dar acesso é escutar. É conseguir não julgar.
A Rede de Saúde como Local de Conexão
O compromisso é com fazer proliferar a vida
O aquecimento da rede = diálogo, complementaridade, horizontalidade.
Sobre o desconhecido do desejo do
outro... Ou desencontros...
CENTRO DE REFERÊNCIA EM REDUÇÃO DE DANOS/ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA/RS, 2011.
Enredando o sujeito idoso na Linha de Cuidado
“rede de conversas” pela qual fluem
“relações intercessoras” de uns profissionais com outros e
de todos com os usuários, na condução de um projeto
terapêutico cuidador., singular
Há um profissional de referência para cada Plano
Terapêutico Singular com a função de contribuir para que
esta rede de conversas opere no verdadeiro sentido da
interação entre profissionais na resolução dos problemas de
saúde.
(Merhy, 1998)
Condições para acolhimento na linha de
cuidado
Uma condição para o acolhimento é a hospitalidade, isto é, hospedar o
que é diferente e até hostil em relação ao que se acredita.
Considerar o que é risco para cada um e como exerce auto-cuidado e
construir a partir daí estratégias.
Agir com flexibilidade: não suprime o estabelecimento de algumas
combinações e permite a não imposição de imperativos que podem
funcionar como injunções.
Contratualidades: deixar claro o contrato, o sigilo, os lugares e as
corresponsabilidades e ter noção da posição que se ocupa na relação como o
idoso, considerando a inclusão cuidadosa de membros da família e de outros da
rede social, de apoio e de proteção nesse contrato de cuidado.
Colaborar com contornos: A fala do idoso pode ser entrelaçada com colocações
que o auxilie a realizar um resgate e reflexão sobre sua vida, sobre as estratégias
que utiliza, efeitos, repetições. Deve-se colaborar na perspectiva das bordas
(calços) sem grandes exigências que o idoso não poderá responder. Pequenas
conquistas devem ser valorizadas para ter onde o idoso alavancar-se/movimentarse, tomar uma direção singular. Cuidado para não produzir angústias frente as
quais o idoso terá que se proteger para não sucumbir. Com delicadeza se pode
apontar que os sacrifícios que se coloca não é algo obrigatório ou a única saída.
(CENTRO DE REFERÊNCIA EM REDUÇÃO DE DANOS/ESCOLA DE SAÚDE
PÚBLICA/RS, 2011).
Respeito ao tempo singular: a caminhada do sujeito vai nos indicando qual o
tempo (subjetivo) que precisa para fazer frente as questões que norteiam o Plano
Terapêutico Singular, quais as suas certezas, dúvidas, visão de vida. Respeitar este
tempo e valores colabora para que não se exijam decisões rápidas e fornece os
intervalos necessários para que o sujeito possa ir abrindo possibilidades que
conseguirá sustentar. Isto por que os objetivos do PTS são sempre parciais. Estes
pontos podem ser compartilhados, acompanhados pela equipe e profissional de
referência e com os profissionais que o sujeito encontra nos itinerários da rede (linha
de cuidado). (CENTRO DE REFERÊNCIA EM REDUÇÃO DE DANOS/ESCOLA DE SAÚDE
PÚBLICA/RS, 2011).
Testemunho: para lembrar dos sonhos e projetos uma vez construídos e
compartilhados e para sustentar o insuportável sem abandonar o sujeito.
Perguntas para um pensar estratégico
Com quem discutir o(s) caso(s)?
Como o caso pode organizar a rede?
Quais são as necessidades do sujeito?
O que deseja (mesmo que no negativo)?
Como acessar o sujeito para viabilizar uma abordagem?
Qual rede de apoio e proteção este caso necessita?
Como acompanhar o caso?
Como avaliar o PTS?
PTS: pontos priorizados
A clínica ampliada permite a construção de dispositivos de
produção de cuidado. O PTS envolve:
- rotina diária;
- administração de riscos, estratégias de cuidado;
- situação legal;
- corresponsabilidade;
- rede familiar, lazer, interesses, aspectos financeiros e da
vida profissional ;
vida afetiva, relacional, sociabilidades,
mapeamento de limites e potencialidades.
Intervenção da crise
Respeitar o contexto
Sintonizar com um tempo subjetivo
Intensa enquanto dure
Colocar palavras
Deixar marcas
Estabelecer contratos temporários
Vínculo e implicação
Em equipe
Desafios para fortalecimento da rede de
atenção integral aos idosos
A defesa dos direitos humanos, protagonismo e inclusão social
dos idosos na rede/território
 Problematizar a construção social em torno da desvalia do
idoso e da banalização do suicídio
Incrementar modos de acessar o sujeito e possibilitar o
acolhimento (rede intersetorial)
Ampliar ações de educação permanente aos trabalhadores e
(cuidado ao cuidador)
Apostar na construção de possibilidades de cuidado
Sustentabilidade da linha de cuidado
voltada aos idosos
Estar na pauta dos gestores (CONASENS, CES) e dos
fóruns temáticos para fortalecer política públicas;
Consolidar e ampliar a rede de atenção, de base comunitária
e territorial promotora de cidadania;
Diversificar ações de educação permanente que aqueçam a
rede: rodas de conversa sobre a Prevenção do Suicídio na
ESP;
Apoio Institucional/Matriciamento: escuta dos diferentes
atores sociais; conhecimento das políticas de saúde e as
etapas de sua implementação e governabilidade; diálogos e
soluções; mediar conflitos na busca do consenso possível.
Supervisão clínico-institucional, estímulo a pesquisas em
serviço, sistema de avaliação inserida nas práticas dos
serviços;
Lutar por mais recursos do orçamento anual do SUS e
SUAS para atenção integral aos idosos.
LINHA DE CUIDADO ESTRUTURADA PELO
PLANO TERAPÊUTICO SINGULAR
CONSELHOS DE
DIREITOS
EDUCAÇÃO
ARTICULAÇÃO SAÚDE E JUSTIÇA
GERAÇÃO DE RENDA
ESPORTE, LAZER
E CULTURA
UNIDADES BÁSICAS
SUJEITO, REDE E
TERRITÓRIO
ONGS
CRAS/CREAS
ESF
AÇOES RD
ATIVIDADES DE INTEGRAÇÃO
SOCIAL
HOSPITAIS GERAIS
OUTROS
APOIO DIAGNÓSTICO E
TERAPUTICO
CONSULTÓRIOS DE RUA
UNIVERSIDADES
Em redes quentes todos
os "nós" são (somos)
bem-vindos!
Quais são nossos
próximos passos?
Obrigada!
[email protected]
Download

Prevenção suicídio de idosos