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Curso de PG - Educacao
Titulo:
A Estrutura Retórica Do Sistema Filosófico Hegeliano
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Autor(es): Tarso Bonilha Mazzotti,
UNESA
Resumo:
Sustenta-se, aqui, que Hegel utiliza a técnica argumentativa dissociação de noções, a que separa uma noção usualmente considerada
unitária em dois termos para os comparar. Nesta comparação o termo 2 é pleno das qualidades que faltam no termo 1, instituindo-se o que
ele diz ser o real. No caso de Hegel, o real é alcançado por meio transições que culminam na oposição absoluta (em si e por si) entre a ideia
de prática e a ideia de teoria, que se resolvem na quietude do Espírito Absoluto (HEGEL,G.F. W. Encyclopédie des sciences philosophiques en
abrégé. Tradução: Mauric d Gandilac, sur le texte établi par Freicheim Nicolis et Otto Pöggeler. Paris : Gallimard, 1970. 1970, §§ 553 a 577).
Os termos de uma dissociação não são contrários,são oposições definida pelo que falta. A falta de algumas qualidades explicita ausência em
relação ao que se considera completo. A contradição ontológica requer que qualidades contrárias sejam atribuídas ao sujeito na mesma
situação, tema da teoria do objeto (predicação). A não contradição ontológica afirma: “Em algum objeto a mesma característica *predicados,
qualidades+ não pode, ao mesmo tempo, pertencer-lhe e não lhe pertencer”. Por isso, a falta de certas qualidades apenas designa o que
falta para ser outro, o qual se quer completo, não contrariedades. Caso se afirme qualidades posta por uma relação, então elas serão
correlativas, nunca contrárias. As qualidades de ser escravo e ser senhor são correlativas, são determinadas pela relação escravista, mas
Hegel as consideram contraditórias, quando se trata de incompatibilidades. A situação de escravo é incompatível com a de senhor de
escravos, salvo se a sua situação foi alterada, ou por se tornar livre e senhor de escravos ou pelo fim do escravismo. Em O império retórico
Perelman (2002) subordina a dialética à retórica, invertendo o gesto de Petrus Ramus que, no século XVII, subordinou a retórica à dialética
reduzindo-a ao estudo das figuras, do literário. Ainda no século XVII René Descartes expulsou a arte retórica da cidadela racional, instituindo
o modo geométrico como único capaz de validar os conhecimentos. A antiga Rainha das Ciências, banida do reino da Razão, só pode
prosperar nos campos, nas ruas, nos mercados, os lugares sociais do senso comum, da confusão conceitual, do engano. Expulsa, a retórica
permaneceu oculta na cidade do pensamento filosófico e científico, uma vez que os imperativos da comunicação exigem suas técnicas ou
seus esquemas. Os esquemas retóricos foram apropriados pela Gramática, pela Lógica, pelas metodologias de análise de discursos, bem
como pela Filosofia. Parret (1990) mostrou que a filosofia kantiana sustenta-se em uma metodologia retórica: “O texto kantiano é semeado
de als ob (como se), evidentemente isto não tem apenas origem estilística, é uma verdadeira metodologia. O quadro e o teatro, esses
mundos “como se”, servem de figuração desta metodologia” (PARRET, H. La rhétorique : heuristique et méthode chez Kant. In MEYER,
Michel; LEMPEREUR, Alain. Figures et conflits rhétoriques. Bruxelles: Éditions de l’Université de Bruxelles, pp.103-114. © 1990, Université de
Bruxelles. 1999, p. 9; minha tradução)
III Seminario de Pesquisa da Estácio
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