GRAVEL
ISSN 1678-5975
Novembro - 2014
V. 12 – nº 1
1-14
Porto Alegre
Origem e Significado Geológico da “Barra Falsa”: Uma Feição
Geomorfológica Peculiar da Margem Leste da Lagoa dos Patos/RS, Brasil
Tomazelli, L.J.1,2; Barboza, E.G.1,2; Dillenburg, S.R.1,2 & Rosa, M.L.C.C.1
1
Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica - CECO/IGEO/UFRGS,
Programa de Pós Graduação em Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.
1, 2
Av. Bento Gonçalves, 9500 - Agronomia - CEP: 91509-900 - Porto Alegre - RS - Brasil
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected].
2
Recebido em 16 de junho de 2014; aceito em 27 de agosto de 2014.
RESUMO
A feição geomorfológica conhecida como Barra Falsa aparece nos mapas que
retratam a margem leste da Lagoa dos Patos, nas proximidades da localidade de
Bujuru, no município de São José do Norte, litoral médio do Rio Grande do Sul. Nos
últimos anos, vários artigos científicos foram publicados defendendo a hipótese de que
esta feição é um paleocanal que estava ativo durante o Holoceno (últimos 10 ka),
conectando a Lagoa dos Patos com o Oceano Atlântico. Além disso, vários trabalhos
publicados atribuíram a origem desta feição à atividade erosiva do Rio Camaquã
durante o Holoceno, quando o mar situava-se em um nível mais baixo do que o nível
atual. O trabalho aqui apresentado mostra que estas interpretações estão equivocadas
e não se sustentam em evidências científicas. Para refutar as hipóteses defendidas
nesses trabalhos anteriores, este artigo apresenta uma série de evidências geológicas,
geomorfológicas, sedimentológicas, hidrológicas e geofísicas que mostram, de forma
muito clara, que, durante o Holoceno, a Barra Falsa não se comportou como um canal
de ligação entre a lagoa e o mar, e que sua origem não está relacionada à atividade
erosiva do Rio Camaquã. Provavelmente a origem desta feição esteja relacionada à
atividade de um pequeno canal fluvial voltado para a Lagoa dos Patos, que seria sua
bacia receptora, em sentido inverso ao sugerido pelos trabalhos anteriores.
ABSTRACT
The geomorphological feature known as Barra Falsa appears on maps that depict
the eastern margin of the Lagoa dos Patos lagoon, near the village of Bujuru, in São
José do Norte, middle coast of Rio Grande do Sul. During the last years, several
scientific articles were published advocating the hypothesis that this feature is a
paleoinlet that was active during the Holocene (last 10 ka), connecting the Lagoa dos
Patos with the Atlantic Ocean. In addition, several published studies have attributed
the origin of this feature to the erosive activity of the Camaquã River during the
Holocene when the sea stood at a lower level than the current level. The work
presented here shows that these interpretations are wrong and do not hold on any
scientific evidence. To refute these hypotheses defended in previous work, this paper
presents a series of geological, geomorphological, sedimentological, hydrological and
geophysical evidence that show, very clearly, that during the Holocene, the Barra Falsa
did not behave as a channel connection between the lagoon and the sea, and that its
origin is not related to the erosive activity of the Camaquã River. Probably the origin
of this feature is related to the activity of a small river that flowed to the land and not
in the direction of the sea. This river flowed into the Lagoa dos Patos, which was his
receiving basin, in a reverse direction to that suggested by previous work.
Palavras chave: Evolução Costeira, Geomorfologia, Sensoriamento Remoto.
2
Origem e Significado Geológico da “Barra Falsa”: Uma Feição Geomorfológica Peculiar da Margem Leste da Lagoa dos Patos/RS, Brasil
INTRODUÇÃO
O nome Barra Falsa, constante na toponímia
dos documentos cartográficos da margem leste da
Lagoa dos Patos, é aplicado a uma reentrância da
margem lagunar próximo à localidade de Bujuru,
no município de São José do Norte (Figs. 1 e 2).
O nome reflete, certamente, a primeira impressão
de quem observa esta feição e a confunde com
uma possível desembocadura para o mar (feição
denominada, normalmente, por “barra”). Este
“pitfall” geomorfológico pode, no entanto, ser
acompanhado de outros de consequências mais
sérias do que simplesmente não encontrar a saída
para o mar. O erro nesta interpretação pode
conduzir a um modelo evolutivo falso para a
Planície Costeira do Rio Grande do Sul (PCRS)
durante o Pleistoceno superior e o Holoceno. O
problema resulta do fato de que a feição
denominada de Barra Falsa encontra-se em uma
posição coincidente ao que seria o prolongamento
do Rio Camaquã, situado na margem oposta da
Lagoa dos Patos. Devido ao seu alinhamento,
quem observa um mapa, ou uma imagem de
satélite, fica tentado, de pronto, a estabelecer uma
relação entre as duas feições: a Barra Falsa
representaria um vale fluvial, escavado pelo Rio
Camaquã em períodos em que a depressão onde
situa-se, atualmente, a Lagoa dos Patos
encontrava-se exposta, ou seja, em períodos de
nível de mar mais baixo que o atual.
Toldo Jr. et al. (1991) foram os primeiros a
levantar a hipótese de que a Barra Falsa
representaria um paleocanal que, durante o
Holoceno, comunicaria a Lagoa dos Patos com o
Oceano Atlântico. Mais tarde, Weschenfelder et
al. (2005, 2008a, 2008b, 2010) e Baitelli (2012),
interpretaram esta feição como tendo sido gerada
pelo Rio Camaquã durante a última glaciação,
quando o nível do mar situava-se próximo à borda
da plataforma continental. Portanto, segundo
estes autores, o Rio Camaquã teria seccionado a
barreira pleistocênica de 125 ka (Barreira III de
Villwock et al., 1986).
Neste trabalho serão apresentados dados que
demonstram, de forma muito clara, que estas
interpretações são incorretas. Ao mesmo tempo,
será apresentada uma proposição alternativa para
a origem da Barra Falsa, proposição esta que é
mais consistente diante dos dados geodésicos,
geofísicos,
geológicos,
geomorfológicos,
hidrológicos e sedimentológicos disponíveis.
Figura 1. Localização da Barra Falsa na margem leste da Lagoa dos Patos, litoral médio da PCRS, em posição
“alinhada” ao Rio Camaquã (mapa geológico de Tomazelli & Villwock, 1996).
Contexto Geológico
De acordo com o modelo de evolução
paleogeográfica proposto para a Planície Costeira
do Rio Grande do Sul (Villwock et al., 1986;
Villwock & Tomazelli, 1995; Tomazelli &
Villwock, 2000), a formação da Lagoa dos Patos
estaria condicionada ao desenvolvimento da
Barreira II e, principalmente, ao estabelecimento
da Barreira III. Esta última barreira está associada
ao estágio de mar alto do último interglacial
pleistocênico – estágio isotópico de oxigênio 5e
– ocorrido há cerca de 125 ka (Tomazelli &
Dillenburg, 2007). Segundo este modelo, os rios
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Tomazelli et al.
provenientes das terras altas adjacentes (Rio
Camaquã, sistema do Rio Jacuí e outros
afluentes), que se estendiam pela plataforma
continental durante períodos de mar baixo,
passaram, a partir da formação da Barreira III, há
aproximadamente 125 ka, a se encaixar na Falha
Pelotas (Saadi et al., 2002), uma zona deprimida
atualmente ocupada pela Lagoa dos Patos e pela
Lagoa Mirim.
Durante o último período glacial, que se
estendeu de, aproximadamente, 90 a 17 ka A.P.,
3
o nível do mar atingiu sua posição mais baixa,
posicionando-se próximo à borda da plataforma
continental, cerca de 120 m abaixo do nível atual
(Corrêa, 1995). Neste cenário, a plataforma
continental do Rio Grande do Sul encontrava-se
exposta, comportando-se como uma planície
costeira de baixa declividade, muito semelhante à
atual planície costeira.
Diante desta paisagem de nível de mar baixo,
surge a questão: o que estaria acontecendo com
as drenagens provenientes do continente?
Figura 2. Fotografia aérea vertical de maio de 1975, mostrando a configuração da Barra Falsa como um vale que
se abre para a Lagoa dos Patos e não para o Oceano Atlântico, como sugerido nos trabalhos anteriores.
Observa-se, de forma clara, a continuidade física dos terrenos pleistocênicos da Barreira III e
holocênicos da Barreira IV que não apresentam nenhum sinal de incisão.
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4
Origem e Significado Geológico da “Barra Falsa”: Uma Feição Geomorfológica Peculiar da Margem Leste da Lagoa dos Patos/RS, Brasil
A Barra Falsa como um paleocanal
(paleoinlet) gerado pelo Rio Camaquã durante
o Holoceno: argumentos prós e contras
Argumentos favoráveis
Toldo Jr. et al. (1991) foram os primeiros a
defender a hipótese de que a Barra Falsa seria um
paleocanal que teria comunicado a Lagoa dos
Patos com o Oceano Atlântico durante o
Holoceno. Weschenfelder et al. (2005, 2008a,
2008b, 2010) e Baitelli (2012), aceitaram esta
hipótese e propuseram que esta feição teria sido
gerada pelo Rio Camaquã, e representaria, assim,
um vale inciso escavado por este rio no
Pleistoceno superior/Holoceno, quando o nível
do mar situava-se mais baixo do que o nível atual.
Consequentemente, estes autores propõem que a
Barreira III (gerada no interglacial de 125 ka) foi
seccionada por este rio na sua busca da linha de
costa que situava-se, então, em alguma posição
da atual plataforma continental.
O principal argumento apresentado por Toldo
Jr. et al. (1991) para alicerçar a hipótese de
ligação da Lagoa dos Patos com o mar, durante o
Holoceno, através da Barra Falsa, foi a
composição e a idade de camadas biodetríticas
encontradas em cinco testemunhos coletados nos
setores central e norte da lagoa. A associação
faunística foi interpretada como representativa de
ambientes estuarinos e marinho raso, ambientes
estes que não são compatíveis com a situação
atual que é de água doce. Chamou a atenção dos
próprios autores (pg. 102) que "embora as
camadas tenham diferentes níveis de localização
nos testemunhos, todas apresentam idades
semelhantes, entre 2080 anos e 2450 anos A.P."
Os autores interpretaram estes dados como
indicativos de que a Barra Falsa manteve-se ativa,
como um canal de ligação com o mar, entre 2080
e 2450 anos A.P. Com o seu posterior
fechamento, as condições de salinidade
diminuíram até ser atingida a situação de água
doce atual.
Estes mesmos dados paleontológicos e
geocronológicos podem ser interpretados de
outra forma. A semelhança das idades, apesar da
distância entre os testemunhos e dos diferentes
níveis estratigráficos amostrados, associado ao
fato de que as análises foram realizadas na década
de oitenta por um laboratório não certificado e
que há vários anos deixou de realizar este tipo de
análise, permite supor que as idades reais possam
ser mais antigas do que as apresentadas, como já
foi sugerido por Cordeiro (1991) e Cordeiro &
Lorsheitter (1994). Estas autoras analisaram a
palinologia completa de um destes testemunhos
coletados na Lagoa dos Patos. Além dos dados
palinológicos as autoras apresentam duas
datações por radiocarbono realizadas em um
laboratório
certificado
e
reconhecido
internacionalmente (Beta Analytic Inc. – MiamiFL-Estados Unidos). As datações de amostras
coletadas na base do testemunho 2,12 m, e a 1,24
m acima da base revelaram, respectivamente,
idades de 5170 +/- 120 anos A.P e 4080 +/- 110
anos A.P. Os dados palinológicos do testemunho
mostram uma influência marinha na base e que
decresce para o topo. Segundo as autoras, os
dados florísticos indicam que a lagoa sofreu uma
salinização progressiva que, após atingir um
máximo, decresceu no sentido do topo do
testemunho até atingir as condições de água doce
atual. Como destacado por estas autoras, este
fenômeno pode muito bem ser explicado pelo
aumento e diminuição gradativa da salinização
através do maior e menor influxo de água
marinha pela atual desembocadura da Lagoa dos
Patos (Canal de Rio Grande) como resposta às
flutuações do nível do mar nos últimos milhares
de anos. Assim, no máximo nível do mar do
período pós-glacial, atingido há cerca de 5-6 ka,
quando o nível da Lagoa dos Patos situava-se
cerca de 3 m acima do atual (Barboza &
Tomazelli, 2003), é de se esperar que a lagoa
apresentasse salinidade mais elevada. Com a
posterior queda do nível do mar esta salinidade
foi progressivamente diminuindo até chegar à
situação de água doce atual. Este fenômeno pode
ser explicado, sem maiores dificuldades, com a
geomorfologia atual da lagoa, sem a necessidade
de postular a existência de outra comunicação
com o mar. Portanto, o argumento apresentado
pelos autores não pode ser considerado como um
argumento consistente uma vez que o fenômeno
pode ser explicado de maneira mais simples.
Lembramos aqui um dos princípios-guias que
devem nortear a pesquisa científica que é o
“princípio da parcimônia”, também conhecido
como a “espada de Okhan”: quando duas
hipóteses podem explicar o mesmo fenômeno,
normalmente a mais correta é a hipótese mais
simples.
A hipótese de que a Barra Falsa é um
paleocanal escavado pelo Rio Camaquã durante o
Holoceno foi apresentada com base na
GRAVEL
Tomazelli et al.
interpretação da presença de canais no fundo e
subfundo da Lagoa dos Patos, registrados em
levantamentos sísmicos de alta resolução
realizados nesse corpo lagunar (Weschenfelder et
al., 2005, 2008a, 2010; Baitelli, 2012). Alguns
destes canais detectados localizam-se próximos à
Barra Falsa e, segundo os autores, estariam
alinhados com o Rio Camaquã, indicando que
este rio os teria escavado durante o Pleistoceno
superior/Holoceno.
A fragilidade deste argumento reside no fato
de que é impossível determinar a verdadeira
posição espacial de um canal ou paleocanal pela
simples análise de imagens registradas em linhas
sísmicas 2D isoladas, como foram as linhas dos
levantamentos sísmicos realizados. Nestas
condições, os cortes observados nas imagens
possuem orientação aleatória em relação à
posição real do canal, podendo ser
perpendiculares ou oblíquos a ele. Para a
determinação da posição real do canal seria
necessário um levantamento sísmico 3D, com
uma malha de linhas com espaçamento
compatível com a largura do canal, à semelhança
do levantamento por Georradar (GPR) realizado
na região do Banhado do Taim e que identificou
um vale inciso que conectava a Lagoa Mirim com
o mar (Tomazelli et al., 2009).
Outro aspecto importante a ser considerado na
avaliação do argumento das linhas sísmicas é que,
como foi sugerido no modelo evolutivo proposto
por Villwock & Tomazelli (1995), tudo indica
que, durante os períodos de nível de mar baixo, a
região ocupada atualmente pela Lagoa dos Patos
se comportava como uma planície exposta,
topograficamente baixa e com declividade muito
suave. Estas características geomorfológicas
estimulariam um padrão altamente meandrante
para os rios que drenavam esta planície.
Serpenteando por ela, os canais provavelmente
teriam
orientações
muito
diversas,
impossibilitando deduzir o sentido dos fluxos dos
rios a partir da simples análise de algumas linhas
sísmicas 2D.
Argumentos
formuladas
contrários
às
hipóteses
Além do fato de os argumentos principais
apresentados pelos autores citados poderem ser
contestados, existem vários outros argumentos,
de
ordem
geológica,
geomorfológica,
5
hidrológica, sedimentológica e geofísica,
claramente contrários às hipóteses formuladas.
Analisados e considerados em seu conjunto, estes
argumentos apresentam base consistente
apontando para o falseamento destas hipóteses. A
aceitação das hipóteses necessariamente deveria
derrubar os argumentos que serão apresentados a
seguir.
1.
O primeiro dos argumentos contrários às
hipóteses formuladas para a origem da
Barra Falsa pode ser considerado de
natureza
geológica.
Durante
o
mapeamento geológico da Folha de
Bujuru, onde se situa a Barra Falsa,
realizado pelos pesquisadores do
CECO-IGEO-UFRGS, e que se baseou
em um detalhado trabalho de campo,
com cuidadosa amostragem de
sedimentos
(as
amostras
estão
armazenadas e disponíveis no acervo do
CECO-IGEO-UFRGS) verificou-se a
continuidade física da Barreira III na
área de estudo. Não se encontrou
nenhuma evidência de incisão na
barreira que indicasse o prolongamento
da Barra Falsa. Esta situação, retratada
no
mapa
geológico
publicado
(Tomazelli et al., 1988) pode ser
constatada, hoje em dia, in situ, ou,
através de fotografias aéreas e imagens
de satélite do local, as quais mostram
que a Barra Falsa secciona somente os
terrenos lagunares pleistocênicos e
holocênicos, não afetando a Barreira III
(Figs. 2, 3 e 4).
Este argumento reflete um princípio básico da
Estratigrafia relacionado às relações de
intersecção, já postulado por James Hutton
(1795) para definir a idade relativa entre as
rochas. Onde se observa uma rocha
interseccionando outra camada de rocha, a rocha
que interseccionou é a mais jovem. Assim,
podemos correlacionar este postulado com uma
feição morfológica, na qual a mais jovem deve
intersectar a mais antiga. Na realidade, o que se
observa na região da Barra Falsa deve ser
analisado pelo princípio da superposição, no qual
depósitos relacionados a esta feição encontramse sobre os depósitos da Barreira III (Fig. 4).
GRAVEL
6
Origem e Significado Geológico da “Barra Falsa”: Uma Feição Geomorfológica Peculiar da Margem Leste da Lagoa dos Patos/RS, Brasil
Figura 3. Integração de dados de sensores remotos aplicada ao mapeamento geológico realizada por Rosa et al.
(2014). Em A, composição colorida combinando as bandas 4 (em vermelho) e 1 (em azul), do satélite
Landsat 7, com o modelo digital de elevação do terreno (em verde). Em B, o resultado da classificação
automática supervisionada (sem correções) realizada sobre o conjunto de imagens do satélite Landsat
7, o MDT e seus produtos derivados (Rosa et al., 2014).
2.
3.
O segundo argumento contrário às
hipóteses formuladas é de natureza
sedimentológica e resulta, igualmente,
das observações de campo realizadas
durante os trabalhos de mapeamento
geológico. Todas as amostras de
sedimentos coletadas na área (e que se
encontram arquivadas na litoteca do
CECO-IGEO-UFRGS) são de areias
finas a muito finas, bem selecionadas e
com grãos arredondados, indicativas de
ambiente praial e eólico. Se a hipótese
formulada pelos autores fosse correta, o
Rio Camaquã certamente teria deixado
vestígios de sua passagem refletidos na
natureza dos sedimentos do local, com a
presença de areias grossas e cascalhos
fluviais, semelhantes aos depósitos
existentes hoje em dia junto a este rio,
na outra margem da lagoa. Estes
sedimentos não ocorrem em nenhum
local. Como explicar a ausência destas
fácies se a feição era um paleocanal
fluvial ativo durante o Holoceno?
O terceiro argumento contrário às
hipóteses formuladas é de natureza
geomorfológica e pode ser visualizado
em mapas topográficos, fotografias
aéreas ou imagens de satélite. A
morfologia da Barra Falsa se expressa
por uma reentrância que abre no sentido
GRAVEL
da lagoa, fechando-se no sentido da
barreira (Fig. 2). Ou seja, a região mais
a montante da Barra Falsa situa-se junto
à Barreira III, enquanto a região mais a
jusante posiciona-se junto à Lagoa dos
Patos (Figs. 2, 3 e 4). Esta morfologia é
o contrário do que se poderia esperar se
a feição correspondesse a um paleovale
fluvial que tivesse sua foz no mar, como
defendem os autores. Se isso fosse
verdade, o vale deveria se abrir no
sentido do mar e não no sentido da lagoa
como ele o faz. Os vales fluviais atuais
(estuários) e os paleovales (vales
incisos) apresentam essa assinatura
geomorfológica que é o contrário do que
se observa na Barra Falsa.
4.
Um quarto argumento, também de
natureza geomorfológica, considera os
gradientes do terreno. Os terrenos da
margem lagunar, incluindo o fundo da
Barra Falsa, mergulham atualmente no
sentido da Lagoa dos Patos. Seria difícil
explicar como os processos de
sedimentação, durante o Holoceno,
teriam invertido o sentido do mergulho,
uma vez que, em sendo um vale fluvial,
o fundo da Barra Falsa deveria
mergulhar no sentido do mar.
Tomazelli et al.
7
Figura 4. A - Modelo digital de elevação do terreno (Shuttle Radar Topography Mission – SRTM, versão 4),
ilustrando a continuidade morfológica da Barreira III na região situada ao norte da Barra Falsa. B Morfologia em “V” com fechamento para leste, e nascentes da Barra Falsa sobre a Barreira III (Fonte:
Google Earth). Uma feição similar é observada ao sul, com origem também sobre a Barreira III, mas,
que ao contrário da Barra Falsa, não permaneceu ativa com o desenvolvimento dos terraços lagunares.
5.
Um quinto argumento contrário às
hipóteses formuladas é de natureza
“hidráulica”. Ele considera os papéis
exercidos pelos principais rios que
afetam a região. Uma das mais
importantes bacias de drenagem do Rio
Grande do Sul é a chamada Bacia do
Guaíba, formada por vários dos maiores
GRAVEL
rios do estado (Jacuí - o maior deles Taquari, Caí, Sinos, entre outros). Este
sistema fluvial deságua no extremo
norte da Lagoa dos Patos. O volume de
água trazido por estes rios é
extremamente superior ao volume
aportado pelo Rio Camaquã. Não há
evidência de que esta situação atual
8
Origem e Significado Geológico da “Barra Falsa”: Uma Feição Geomorfológica Peculiar da Margem Leste da Lagoa dos Patos/RS, Brasil
6.
tenha sido muito diferente no transcorrer
do Holoceno. Assim, se for aceita a
hipótese de que o Rio Camaquã, durante
o período de mar baixo holocênico,
cortava o terreno ocupado atualmente
pela Lagoa dos Patos, escavando a Barra
Falsa e atingindo o mar, resta uma
incógnita a ser solucionada: por onde
saía o Jacuí e os demais rios do sistema
Guaíba?
Baitelli
(2012)
tentou
solucionar este problema indicando que,
durante o Holoceno, o Rio Jacuí
alcançava o mar em uma posição mais
ao norte da Barra Falsa. Para sustentar
esta hipótese o autor apresentou dados
sísmicos obtidos na Lagoa dos Patos, de
forma semelhante ao que foi
apresentado por Weschenfelder et al.
(2005, 2008a, 2010). Os argumentos e
dados que foram aqui apresentados
refutando
a
proposição
de
Weschenfelder et al. (2005, 2008a,
2010) são válidos, também, para refutar
a proposição de Baitelli (2012). Não
existem evidências de incisão nos
terrenos pleistocênicos que separam a
Lagoa dos Patos do mar. A Barreira III
é contínua em toda sua extensão que se
prolonga desde as imediações de
Tramandaí até o Canal de Rio Grande
(Figs. 3 e 4). Este dado descarta a
proposição de Baitelli (2012) de que,
durante o Holoceno, o Rio Jacuí cortava
a Barreira pleistocênica III e alcançava
o mar em uma posição mais ao norte da
Barra Falsa. Caso a hipótese de
formação da Barra Falsa pelo Rio
Camaquã fosse aceita, teríamos que
aceitar que o Rio Jacuí e seus associados
drenavam, no sentido norte-sul, o
terreno hoje ocupado pela Lagoa dos
Patos e, embora muito mais volumosos,
seriam capturados pelo Camaquã e
infletiriam para leste, originando a Barra
Falsa. Esta é, certamente, uma hipótese
improvável que não possui sustentação
em nenhuma evidência.
O sexto argumento contrário às
hipóteses apresentadas pelos autores é
de natureza geofísica. Registros de
Georradar (GPR) na região da Barra
Falsa (Ruppel et al., 2011) não
apresentam evidências de rompimento
na Barreira III, como, por exemplo, a
ocorrência de um canal preenchido. Um
total de 60 km de seções foi adquirido
no
entorno
da
Barra
Falsa,
correspondentes a 40 linhas de
Georradar. Os dados obtidos indicam
depósitos associados aos sistemas
deposicionais Laguna-Barreira III e IV,
sem
evidenciar
feições
que
representassem incisões. Os depósitos
relacionados ao Sistema IV são os que
apresentam melhor resposta de reflexão
das ondas eletromagnéticas, visto que
são menos afetados por processos
diagenéticos (Rosa, 2012). Se existisse
um paleocanal em subsuperfície,
esperar-se-ia
um
registro
com
características similares às observadas
por Ayup-Zouain et al. (2003) e
Tomazelli et al. (2009) junto a um vale
inciso holocênico presente na região do
Banhado do Taim, porção sul da
planície costeira do RS (Fig. 5).
Com relação aos dados de Georradar
adquiridos no entorno da Barra Falsa (detalhe da
Fig. 4), somente junto ao lado leste da Barreira
III, em um perfil perpendicular à linha de costa,
foram identificados refletores em downlap com
mergulho no sentido do continente. Estes indicam
a colmatação de um sistema lagunar outrora
existente entre a barreira holocênica e a
pleistocênica.
Esse
sistema
lagunar,
provavelmente, está relacionado à Lagoa do
Peixe, em um período quando ela se estendia
mais para o sul do que nos dias atuais (Rosa et al.,
2014). Os dados obtidos caracterizam
comportamento transgressivo da linha de costa,
resultando em padrão de empilhamento
retrogradacional para a barreira holocênica nesta
região (Dillenburg et al., 2004; Barboza et al.,
2011; Dillenburg & Barboza, 2014; Barboza &
Rosa, 2014; Rosa, 2012; Rosa et al., 2014) (Fig.
6).
GRAVEL
Tomazelli et al.
9
Figura 5. Seção de Georradar adquirida com antena na frequência central de 200 MHz junto à região do vale
inciso holocênico do Banhado do Taim, no local onde é observado o seccionamento de barreiras
pleistocênicas. Observa-se nesta seção o preenchimento de um canal através da acresção de barras
marginais com um empilhamento progradacional/agradacional (modificada de Tomazelli et al., 2009).
Além disso, levantamentos sísmicos de alta
resolução realizados na plataforma continental
adjacente à região da Barra Falsa não
encontraram indícios da existência de qualquer
canal fluvial nas proximidades de Bujuru (Abreu
& Calliari, 2005). No estudo apresentado por
estes autores há um perfil sísmico que se estende
desde as imediações da latitude de Mostardas até
as proximidades do canal do Estreito, situado
mais ao sul da Barra Falsa. O perfil, paralelo à
costa, posiciona-se perpendicularmente à
projeção da Barra Falsa. Portanto, se o Rio
Camaquã saísse pela Barra Falsa durante o
Pleistoceno superior/Holoceno, como defendem
os autores desta hipótese, seu registro deveria ser
detectado por esta sísmica de alta resolução. No
entanto, nada foi encontrado. Somente no limite
norte deste perfil, bem distante da Barra Falsa,
são observados indícios de um paleocanal em
profundidades de 10 a 12 m abaixo do fundo
submarino, sem relações cronoestratigráficas
definidas. Provavelmente, este paleocanal esteja
relacionado com as drenagens pleistocênicas
existentes na região antes da formação da
Barreira III.
A origem da Barra Falsa: uma hipótese
alternativa
Tendo em vista a inconsistência das hipóteses
apresentadas pelos diferentes autores em
trabalhos precedentes (Toldo Jr. et al., 1991;
Weschenfelder et al., 2005, 2008a, 2008b, 2010;
Baitelli, 2012) em função dos argumentos já
apresentados e discutidos, busca-se uma hipótese
alternativa que não colida com as evidências
existentes. Esta hipótese integra o modelo
evolutivo da Planície Costeira do Rio Grande do
Sul, apresentado, inicialmente, por Villwock
(1984) e detalhado, posteriormente, por Villwock
& Tomazelli (1995, 1998).
De acordo com estes autores, há
aproximadamente 125 ka, no máximo do último
período interglacial pleistocênico, estabeleceu-se
na parte média da Planície Costeira do Rio
Grande do Sul um grande sistema lagunar que
ocupava área superior àquela ocupada atualmente
pela Lagoa dos Patos. Esta grande laguna era
separada do mar por uma barreira arenosa
pleistocênica (Barreira III) e encontrava-se
conectada com o mesmo através de um amplo
canal de ligação posicionado em sua extremidade
sul.
GRAVEL
10
Origem e Significado Geológico da “Barra Falsa”: Uma Feição Geomorfológica Peculiar da Margem Leste da Lagoa dos Patos/RS, Brasil
Figura 6. A) Seção esquemática relacionada às barreiras III e IV na região da Barra Falsa, ilustrando as
sequências deposicionais, os tratos de sistemas, os padrões de empilhamento e as superfícies chave
definidas a partir da análise das seções de Georradar (EV ≈ 300x) (modificado de Rosa, 2012). B)
Seção de Georradar adquirida paralelamente a feição Barra Falsa, no contato ao leste entre a Barreira
III e a Barreira IV, com uma antena com frequência central de 200 MHz, observam-se refletores com
mergulho para o continente, caracterizando o comportamento retrogradacional do sistema
(modificado de Dillenburg & Barboza, 2014).
Durante o último período glacial (entre,
aproximadamente, 90 e 17 ka) o nível do mar caiu
cerca de 120 m, deslocando a linha de costa para
uma posição próximo à borda da plataforma
continental (Corrêa, 1995). Em consequência, a
região da planície costeira ocupada anteriormente
pela grande laguna pleistocênica transformou-se
numa ampla depressão por onde corriam os rios
provenientes do continente e que desaguavam ao
sul, na região de Rio Grande (Fig. 7). Durante o
Quaternário a região de Rio Grande se comportou
como um baixo gravimétrico (identificado como
“Anomalia de Rio Grande” por Rosa et al., 2009)
que capturava as drenagens provenientes tanto do
norte como do sul. Associados a estas drenagens
vários sistemas deposicionais se desenvolveram
neste setor da PCRS, como identificados por
Barboza et al. (2014) (Fig. 8).
Na paisagem de nível de mar mais baixo que
o atual, a região axial do espaço ocupado
anteriormente pela Lagoa dos Patos, por ser a
região topograficamente mais baixa, abrigou os
cursos fluviais – especialmente os sistemas
associados ao Jacuí – que se deslocavam
preferencialmente
no
sentido
norte-sul,
penetrando na atual plataforma continental na
altura de Rio Grande. Nessa época, o Rio
Camaquã corria no sentido leste até atingir esta
região axial quando então infletia para o sul,
passando a integrar o sistema de drenagem cujo
fluxo direcionava-se para o sul.
Com a subida do nível do mar, após o último
máximo glacial, a planície da Lagoa dos Patos,
antes exposta, passou a ser inundada,
reconstituindo mais uma vez o grande corpo
lagunar. A inundação máxima ocorreu no
Holoceno, no final da transgressão pós-glacial
(em torno de 5 – 6 ka) quando a lagoa atingiu suas
dimensões máximas, e as partes terminais dos
vales fluviais que nela chegavam foram afogadas.
GRAVEL
Tomazelli et al.
11
Figura 7. Evolução paleogeográfica da PCRS. Reconstituição da paisagem durante o máximo regressivo de ±17
ka (Último Máximo Glacial). As setas indicam o sentido das principais paleodrenagens. Durante esta
paisagem de mar baixo a região da PCRS onde se situa a Lagoa dos Patos era uma planície
topograficamente baixa, cortada por uma drenagem axial que atingia o mar na região do canal de Rio
Grande. O Rio Camaquã e o curso de água que gerou a Barra Falsa eram, provavelmente, afluentes
dessa drenagem axial (modificado de Villwock & Tomazelli, 1995).
Como incluir a Barra Falsa nesta paisagem?
A Barra Falsa pode ser interpretada como um
antigo vale fluvial voltado para oeste, ou seja, um
paleocanal fluvial gerado por um pequeno
afluente dos grandes cursos fluviais que corriam
na região axial do espaço ocupado atualmente
pela Lagoa dos Patos. Uma observação em
fotografias aéreas e imagens de satélite permite
reconhecer várias feições similares à Barra Falsa,
desenvolvidas ao longo das margens do corpo
lagunar, e que, provavelmente tiveram origem
semelhante (Fig. 4).
Esta hipótese é simples e não apresenta
conflito com os argumentos discutidos
anteriormente. Diante dos dados disponíveis, é a
que melhor explica a gênese da Barra Falsa, uma
feição geomorfológica peculiar desenvolvida na
margem leste da Lagoa dos Patos.
CONCLUSÃO
Os dados geodésicos, geofísicos, geológicos,
geomorfológicos,
hidrológicos
e
sedimentológicos disponíveis mostram, de forma
clara, que a origem da feição geomorfológica
conhecida como Barra Falsa não pode ser
atribuída à ação erosiva do Rio Camaquã durante
o Holoceno (últimos 10 ka), como defendido por
vários autores (Weschenfelder et al., 2005,
2008b, 2010; Baitelli, 2012) e que esta feição não
se comportou como um canal de ligação ativo
durante o Holoceno, conectando a Lagoa dos
Patos com o mar, como proposto originalmente
por Toldo Jr. et al. (1991) e, posteriormente, por
Weschenfelder et al. (2008a). Os dados mostram
que a possibilidade de o Rio Camaquã (assim
como o Rio Jacuí e outros da Bacia do Guaíba)
chegar diretamente ao mar, formando um
estuário, somente poderia ter ocorrido em um
período de tempo anterior à 125 ka, ou seja,
anterior à construção da Barreira III. Após o
desenvolvimento desta barreira, que conduziu à
formação final da Lagoa dos Patos, o Rio
Camaquã passou a desaguar diretamente no corpo
lagunar, durante os períodos de mar alto. Durante
os períodos de mar baixo, com a exposição da
planície antes ocupada pela lagoa, o Rio
Camaquã passou a integrar o padrão de drenagem
que fluía ao longo da planície recém-exposta.
Com fluxo direcionado, principalmente, de norte
para o sul, esta drenagem fluvial chegava ao mar
no extremo sul do corpo lagunar, nas imediações
GRAVEL
12
Origem e Significado Geológico da “Barra Falsa”: Uma Feição Geomorfológica Peculiar da Margem Leste da Lagoa dos Patos/RS, Brasil
de Rio Grande, ou então, se o nível do mar
posicionava-se mais baixo, avançava pela
plataforma continental. Nesta paisagem, a origem
da Barra Falsa pode ser atribuída à ação de um
curso fluvial secundário que, com nascentes
próximas à Barreira III (Fig. 4), fluía no sentido
do continente (sentido oeste), como um afluente
menor do curso fluvial principal, estabelecido na
região axial da planície exposta devido às
condições de nível de mar baixo. O sentido do
fluxo deste canal fluvial é o oposto do sentido do
fluxo do Rio Camaquã, o que contradiz a hipótese
apresentada por diferentes autores em trabalhos
precedentes que abordam a origem da Barra
Falsa.
Figura 8. A) Modelagem a partir de dados batimétricos, sísmica de alta resolução e Georradar da posição do Rio
Grande durante a fase correspondente ao trato de sistemas transgressivo no Holoceno inferior. A linha
tracejada em vermelho representa a atual linha de costa. B) Situação atual da configuração da
desembocadura do Rio Grande. Imagem de satélite base Google Earth 2012. (Modificado de Barboza
et al., 2014).
GRAVEL
Tomazelli et al.
AGRADECIMENTOS
Os autores Barboza, Dillenburg e Tomazelli
agradecem ao CNPq pelo suporte a este trabalho
através de suas bolsas de produtividade em
pesquisa.
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