Variação fonética no português do Brasil: delimitação de áreas dialetais
ProfªJacyra Andrade Mota (UFBA) e ProfªDaniela Samira da Cruz Barros (UFRRJ)
A ditongação em contexto vogal + S no continuum linguístico RJ-BH. Daniela
Samira da Cruz Barros (UFRRJ/ITR) e Pilar Silveira Mattos (UFJF)
Ao investigar o S em coda na fronteira entre os estados do Rio de Janeiro e de
Minas Gerais (BARROS, 2013), constatamos a existência de um continuum
linguístico que segue do litoral em direção ao interior: a variante pós-alveolar vai
dando espaço à variante alveolar conforme nos aproximamos de Minas Gerais. No
entanto, a partir da investigação desse objeto de pesquisa, observamos que um
outro fenômeno se destaca no continuum: a ditongação diante de sibilante. Sendo
assim, faz-se necessário investigar a ocorrência deste fenômeno cuja presença ou
ausência também marca fortemente os falares da região de fronteira entre Rio e
Minas. Este trabalho visa esboçar como se desenvolve a ocorrência da ditongação
diante de S em coda nas nove cidades (Rio de Janeiro – Nova Iguaçu – Petrópolis –
Areal – Três Rios – Simão Pereira – Juiz de Fora – Barbacena – Belo Horizonte)
investigadas por Barros em seu trabalho de Pós-Doutoramento, concluído em
2014 e sem resultados publicados até o momento. Em cada localidade,
selecionamos aleatoriamente, seis homens e seis mulheres, distribuídos por três
faixas etárias (SILVA & SCHERRE, 1996) e aplicamos questionários segundo
orientações de Labov (1972, 1994, 2001), ou seja, nos contextos A, B e C. Com esta
investigação, buscamos caracterizar, através da ditongação no contexto vogal + S,
o continuum linguístico que traçamos entre RJ e BH (BARROS, 2013). Este trabalho
é parte de uma pesquisa, de natureza sociolinguística variacionista, e para
complementarmos nossa investigação, recorremos a vários trabalhos de Brandão
e Callou sobre o S em coda, a estudos sobre a ditongação no Brasil, como os de
Callou, Leite e Moraes (1998), Mota e Silva (2013), Silva (2014), Haupt (2007,
2010), Leiria (2000), entre outros. Os resultados apontam para um continuum de
ditongação em contexto VOGAL + S que vai se perdendo, gradativamente, no
percurso do litoral para interior, assim como a pós-alveolar dá lugar à alveolar. No
entanto, percebemos indicativos de mudança em curso em algumas localidades.
A palatalização de /t/ e /d/ no interior da Bahia, com base no corpus do ALiB.
Marana de Almeida Moreira (UFBA) e Jacyra Andrade Mota (UFBA)
Este trabalho investiga a palatalização das oclusivas dentoalveolares /t/ e /d/ diante
da vogal alta [i], em vocábulos como dia, mentira e nos casos em que essa vogal
resulta da neutralização do /E/ em posição átona, como em tarde, noite. Do ponto
de vista metodológico, os dados considerados foram extraídos dos Questionários
fonético-fonológico (QFF) e semântico-lexical (QSL) do Projeto ALiB (COMITÊ
NACIONAL, 2001) aplicados na região baiana do São Francisco. Considerando 4
informantes por localidade sendo pertencentes a duas faixas etárias (uma de 18 a
30 anos e outra de 50 a 65 anos). Por se tratar de cidades do interior, não há
registro de universitários, por isso, não é considerada a escolaridade. De acordo
com a Geolinguística Pluridimensional contemporânea, contemplam-se a diatopia e
as variáveis sociais, a saber: a diassexual, a diageracional e a diafásica. Observa-se a
distribuição geográfica das variantes através da análise quantitativa dos dados, por
meio da codificação e da submissão ao Goldvarb 2001. Na descrição e mapeamento
da língua falada na região, verifica-se que os contextos menos monitorados revelam
variantes mais próximas à realidade da língua em uso real.
Apócope das vogais átonas finais [i] e [u]: traços linguísticos documentos no
português do Brasil e no português de Portugal. Maria do Carmo Sá Teles de
Araujo Rolo (UFBA)
O presente trabalho tem por objetivo confrontar o processo de apagamento das
vogais finais [i] e [] documentado desde os atlas linguísticos do Brasil e de
Portugal até as pesquisas mais recentes que tratam da apócope de vogais finais
tanto no português brasileiro quanto no português europeu. O corpus constituído
para esta comunicação teve como base o estudo da apócope na Bahia através da
dissertação de mestrado de Rolo (2010), os inquéritos realizados para investigação
da apócope em Minas Gerais, cujos resultados integram a primeira parte da tese,
ainda em andamento, bem como alguns estudos que evidenciam a variação
documentada na fala dos habitantes de algumas áreas de Minas Gerais tais como o
estudo de Oliveira (2006; 2012). Além disso, consideraram-se para este corpus o
apagamento de vogais documentado no Atlas Prévio dos Falares Baianos (APFB), no
Esboço de um Atlas Linguístico de Minas Gerais (EALMG) e no Atlas Linguístico
Etnográfico da Região Sul (ALERS). Em território português, tendo em vista o
registro de ocorrência da apócope nos estudos de Carrancho (1969), Segura da Cruz
(1987), Ferreira et al (1996) e Brissos (2013), foi realizada uma consulta aos
inquéritos linguísticos do ALEPG para verificar o fenômeno da apócope em três
localidades na região do Algarve, ao sul de Portugal: Praia da Salema, Vila do Bispo
e Alvor e três localidades na ilha de São Miguel, nos Açores: Mosteiros, São Miguel
e Rabo de Peixe. Além disso, foram considerados ainda o apagamento de vogais
documentado no Atlas Linguístico de la Península Ibérica (ALPI) e no Atlas
Linguístico dos Açores (ALEAç). Como se pode observar, o apagamento de vogais
tem sido documentado tanto em áreas de Portugal como do Brasil. Através do
confronto de dados, é possível constatar que a apócope observada em áreas
brasileiras é uma realidade no país, ainda que pouco estudada, e se manifesta como
uma variação dialetal que sugere ter sido trazida para o Brasil na fala dos
colonizadores. O que condiz com o pensamento de Lindley Cintra (1971, p. 32) que,
apesar de contestado posteriormente, já mencionara essa hipótese para justificar o
fato de encontrar uma série de características fundamentais do português do Brasil
coincidindo com os falares continentais do Sul ”na colonização do Brasil, teriam
predominado numericamente homens do Sul de Portugal”.
As vogais médias pretônicas no corpus do Projeto Atlas Linguístico do Brasil, no
Nordeste – Pernambuco. Luíza Silva Menezes (UFBA) e Jacyra Andrade Mota
(UFBA)
“As vogais médias pretônicas no corpus do Projeto Atlas Linguístico do Brasil, no
Nordeste - Pernambuco” visa a investigar o comportamento das vogais médias
pretônicas /E/ e /O/ em vocábulos como televisão, perfume, borboleta e sorriso
com base em dados do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) e dá continuidade à
análise dessas vogais em Recife (já realizada, incluída no volume de cartas do Atlas
Linguístico do Brasil, publicado em 2014, pela Editora da Universidade Estadual de
Londrina - EDUEL), de modo a obter elementos para confrontar os resultados
obtidos com os das localidades do interior do estado. As vogais médias pretônicas
constituem o fenômeno escolhido por Nascentes (1953) como delimitador das
áreas linguísticas brasileiras em falares do norte e falares do sul. Os dados do ALiB
permitirão o confronto sistemático entre as diversas áreas, pela utilização da
mesma metodologia na recolha de todo o corpus. A análise do estado nordestino
(Pernambuco) vem, ainda, fornecer elementos para a delimitação do falar
nordestino (denominação dada por Nascentes, 1953), além de contribuir com o
acervo de informações que já se tem sobre o assunto e auxiliar na observação das
áreas dialetais. O corpus aqui analisado é constituído de 1.329 ocorrências, 793 das
vogais médias anteriores e 536 das posteriores, extraídas de 16 inquéritos
documentados em quatro localidades do interior pernambucano (Exu, Salgueiro,
Limoeiro, Olinda), quatro em cada uma delas. Os inquéritos se distribuem pelos dois
sexos e por duas faixas etárias (de 18 a 30 e 50 a 65 anos). Controlam-se também o
local de nascimento dos informantes e de seus pais, do tempo de afastamento do
local, se houver. Todos esses pré-requisitos estão de acordo com a metodologia do
Projeto ALiB, que, seguindo a Geolinguística Pluridimensional contemporânea, inclui
outras variáveis além da diatópica. Os dados analisados foram selecionados nos
questionários fonético-fonológico (QFF) e semântico-lexical (QSL) do Projeto ALiB
(cf. COMITÊ NACIONAL, 2011), transcritos grafemática e foneticamente e calculados
em percentual. Os resultados preliminares apontam a predominância das vogais
anteriores abertas em todas as localidades pesquisadas e das vogais posteriores
abertas em três das quatro cidades, sendo diferente apenas em Olinda, mas por
apenas 2% a mais de ocorrência das vogais fechadas.
Carioca ou mineiro: disponibilização on line do corpus de fala da região da
fronteira Rio-Minas. Paola Maiara Prado de Barros (UFRRJ) e Daniela Samira da
Cruz Barros
Este trabalho pretende divulgar o site “Carioca ou Mineiro: variações de fala na
região da fronteira Rio-Minas”, que contém o corpus de fala que estamos
constituindo, com dados linguísticos da região fronteiriça entre os estados do Rio
de Janeiro e de Minas Gerais. Esta pesquisa teve início com a tese de
doutoramento de Barros (2013), a partir da investigação das concretizações do S
em coda silábica no falar da cidade de Três Rios/RJ em comparação com os falares
tipicamente caracterizados como carioca ou mineiro. Como resultado dessa
investigação inicial, apontamos que o falar trirriense apresenta marcas tanto do
falar carioca quanto do falar mineiro, e, por isso, o falante trirriense é uma espécie
de “mineiroca” e acaba sendo identificado como mineiro no Rio e carioca em
Minas. A partir daí, resolvemos esmiuçar o continuum linguístico que traçamos a
partir da rodovia BR 040, mapeando, com maior precisão, as mudanças na
realização do S e na ditongação diantes de vogal + S. Para isso, estamos ampliando
o corpus de forma a abarcar todas as cidades da fronteira entre RJ e MG e ratificar
ou não a existência de um falar “mineiroca” que se estende por toda essa
fronteira. Na fase anterior, disponibilizamos dados de nove cidades do continuum
traçado a partir da rodovia BR-040, incluindo as capitais dos dois estados: Rio de
Janeiro - Nova Iguaçu – Petrópolis – Areal – Três Rios – Simão Pereira – Juiz de
Fora – Barbacena – Belo Horizonte (BARROS, 2014). Em todas as localidades
investigadas, são selecionados, aleatoriamente, 12 informantes, sendo 6 homens e
6 mulheres, 2 de cada uma das três faixas etárias investigadas: jovens (15 a 25
anos), adultos (26 a 49 anos) e idosos (50 anos ou mais), do método adotado por
Silva & Scherre (1996) em seu trabalho sobre o português falado na cidade do Rio
de Janeiro. A divisão da faixa etária em três faixas partiu de um critério “semiintuitivo”, que considerou a força de trabalho dos informantes. As entrevistas
estão organizadas em questionários do tipo diálogo entre informante e
documentador (DID), e contemplam os contextos A, B e C propostos por Labov
(1972, 1994, 2001). Todos os dados estão disponibilizados no site: os áudios das
entrevistas, suas transcrições, a caracterização dos informantes, além de
publicações relacionadas.
Divisão dialetal em Minas Gerais: notas sobre os aspectos fonéticos. Leandra
Batista Antunes (UFOP)
Vários aspectos linguísticos podem ser considerados para se realizar um estudo
acerca da variação dialetal. Estudos preliminares da variação dialetal mineira
feitos por Zágari e colegas (1977) e retomados por Zágari (2005) levantaram
aspectos fonéticos e também semântico-lexicais para mapear os falares mineiros.
Dentre os aspectos fonéticos usados por esses pesquisadores, podemos destacar o
uso de vogais médias pretônicas mais fechadas ou mais abertas e o uso do R, de
forma retroflexa ou fricativa, aspectos que foram fundamentais na proposta de
divisão dos falares mineiros em três grupos: falar baiano (no norte do estado,
caracterizado por uso de pretônicas médias abertas), falar paulista (no sul do
estado e triângulo mineiro, caracterizado pelo uso do R retroflexo) e falar
tipicamente mineiro (usado no restante do estado e sem as características dos
demais). (ZÁGARI, 2005) Após um hiato nos estudos destes aspectos, o projeto
ALiB (Atlas Linguístico do Brasil) veio propiciar, por meio da gravação de mineiros
de várias localidades, dados para serem estudados a fim de verificar se ainda hoje
os usos desses aspectos fonéticos definem os três falares mineiros caracterizados
no estudo de Zágari e colegas. Para este estudo foram levados em conta as
respostas ao Questionário Fonético-Fonológico do projeto ALiB dos falantes das
cidades de Unaí, Teófilo Otoni e Montes Claros (falar baiano); de Formiga, Patos
de Minas e Uberlândia (falar paulista); e Belo Horizonte, Ouro Preto e São João del
Rey (falar tipicamente mineiro). A análise baseou-se na descrição e transcrição das
vogais médias pretônicas e do R em final de sílaba, usando como instrumentos a
percepção dos pesquisadores e a análise acústica desses sons. Como resultados foi
possível perceber que a maior abertura das vogais médias pretônicas está nas
cidades caracterizadas por Zágari como falar baiano e que o maior uso do
retroflexo se encontra na região por ele denominada de falar paulista. No entanto,
há mistura de usos fonéticos desses sons em outras localidades e por vezes na
localidade em que o aspecto deveria estar presente não mais se aplica, apontando
que, para uma descrição mais completa da divisão dialetal mineira seria
necessário levar em consideração outros aspectos fonéticos e também
linguísticos.
Elevação das vogais pretônicas nas capitais da região Sudeste: uma análise com
o corpus do Projeto ALiB. Kévilin dos Reis Santos (UFBA) e Marcela Moura Torres
Paim (UFBA)
“Elevação das vogais pretônicas nas capitais da região Sudeste: uma análise com o
corpus do Projeto ALiB” tem por objetivo analisar o comportamento das vogais
médias pretônicas /E/ e /O/ no português brasileiro a partir dos inquéritos do
Projeto Atlas Linguístico do Brasil (Projeto ALiB), com foco no fenômeno da
elevação tomando como referência os pressupostos teórico-metodológicos da
Dialetologia Pluridimensional e da Sociolinguística
Variacionista. As vogais pretônicas são assim denominadas por se localizarem, na
palavra, em sílabas anteriores à sílaba da vogal tônica. O corpus se constitui de
dados coletados em entrevistas in loco realizadas pelos pesquisadores do Projeto
ALiB, nas capitais da região Sudeste (Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), São
Paulo (SP) e Vitória (ES)), e totaliza-se de 4510 ocorrências analisadas, sendo 2640
de vogais anteriores e 1870 de vogais posteriores extraídas de 32 inquéritos
documentados nas capitais pesquisadas, oito em cada uma delas. A relevância de
estudar tal fenômeno se deve à descrição da realidade linguística do português
falado brasileiro e, também, à delimitação de áreas dialetais, verificando, de tal
modo, se, este trabalho, juntamente com outras pesquisas do ramo, confirma, ou
não, a divisão dialetal brasileira proposta por Antenor Nascentes na 2ª edição de O
linguajar Carioca, 1953. Dessa forma, buscou-se analisar a variação entre as vogais
médias pretônicas (altas e baixas), e vogais altas, tanto anteriores, quanto
posteriores. Assim, o fenômeno em questão será analisado por meio de fatores
extralinguísticos (sexo, faixa etária, escolaridade e localidade) e intralinguísticos,
aplicando a metodologia de análise de dados quantitativos da variação linguística
com dados fonético-fonológicos com auxílio do programa Goldvarb 2001 na versão
para Windows do pacote de programa VARBRUL que contribui para a construção de
dados matemáticos sólidos, o que dá à pesquisa mais confiabilidade, pois é
estatisticamente analisada. Este estudo, de tal modo, então, visa contribuir para
melhor compreensão da realidade do português brasileiro falado.
Elevação das vogais médias pretônicas em Vitória (Espírito Santo), com base nos
dados do Projeto Atlas Linguístico do Brasil. Marcela Moura Torres Paim (UFBA) e
Daiane Silva Souza (UFBA)
Este trabalho possui o objetivo de analisar o alteamento das vogais médias
pretônicas /E/ e /O/ no português brasileiro a partir dos inquéritos do Projeto Atlas
Linguístico do Brasil (Projeto ALiB). O corpus constitui-se de dados coletados em
entrevistas in loco realizadas na localidade de Vitória (ES). Assim, o alçamento das
vogais pretônicas será analisado por meio de fatores intralinguísticos, como o
contexto vocálico posterior (tônicas ou inacentuadas) à pretônica, o modo e o
ponto de articulação das consoantes e extralinguísticos: a faixa etária, o sexo e a
escolaridade, aplicando a metodologia de análise de dados quantitativos da
variação linguística com dados fonético-fonológicos. A relevância de estudar tal
fenômeno se deve à descrição da realidade linguística do português falado
brasileiro e, também, à delimitação de áreas dialetais, tomando como referência
pressupostos teórico-metodológicos da Dialetologia Pluridimensional, e
Sociolinguística Variacionista, almejando a compreensão de que a língua é um
sistema intrinsecamente heterogêneo. Dessa forma, buscar-se-á analisar a variação
entre as vogais médias pretônicas (altas e baixas) versus vogais altas.
Elevação das vogais médias pretônicas no estado do Espírito Santo, com base nos
dados do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Daiane Silva Souza (UFBA) e
Marcela Moura Torres Paim (UFBA)
Este trabalho possui o objetivo de analisar o alteamento das vogais médias pretônicas
/E/ e /O/ no português brasileiro a partir dos inquéritos do Projeto Atlas Linguístico do
Brasil (Projeto ALiB), que tem por objetivo mapear e descrever a realidade linguística
do Brasil, pautando-se em variações diatópicas, diafásicas, diassexuais e
diageracionais, verificando-as a partir dos níveis fonético-fonológico, lexical, semântico
e morfossintático. O corpus deste trabalho constitui-se de dados coletados em
entrevistas in loco realizadas nas localidades: Vitória, Barra de São Francisco e São
Mateus (ES). Assim, o alçamento das vogais pretônicas como, nos exemplos, firida,
tumate, istilingue, será analisado por meio de fatores intralinguísticos, como o
contexto vocálico posterior (tônicas ou inacentuadas) à pretônica, o modo e o ponto
de articulação das consoantes, posição da vogal pretônica em relação à tônica
(contígua ou não contígua), constituição da sílaba na qual se encontra a pretônica e
fatores extralinguísticos: a faixa etária, o sexo e a escolaridade, aplicando a
metodologia de análise de dados quantitativos da variação linguística com dados
fonético-fonológicos. A relevância de estudar tal fenômeno se deve à descrição da
realidade linguística do português falado brasileiro e, também, à delimitação de áreas
dialetais, tomando como referência pressupostos teórico-metodológicos da
Dialetologia Pluridimensional e Sociolinguística Variacionista. Para este trabalho, serão
expostos os dados e resultados que mostram os fatores que condicionam a ocorrência
do fenômeno na capital do Espírito Santo, Vitória, e nas duas cidades do interior: Barra
de São Francisco e São Mateus. Dessa forma, buscar-se-á analisar a variação entre as
vogais médias pretônicas (anteriores e posteriores) versus vogais altas (anteriores e
posteriores). Este trabalho, de cunho fonético, pode contribuir para uma descrição da
diversidade linguística existente no português falado brasileiro e mostrar que a mesma
pode ocorrer por fatores internos à língua ou estar relacionada com os aspectos sociais
dos falantes.
Elevação das vogais médias pretônicas no estado do Rio de Janeiro, com base nos
dados do projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Izabela Brígida Souza Soares
(UFBA) e Marcela Moura Torres Paim (UFBA)
Esta pesquisa consiste em analisar o alteamento das vogais médias pretônicas
anteriores e posteriores na cidade do Rio de Janeiro: vogais [i] e [u] em oposição aos
arquifonemas /E/ e /O/ a partir das questões do Questionário Fonético-Fonológico e
Questionário Semântico-Lexical do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (Projeto ALiB),
tomando por base variáveis linguísticas e extralinguísticas. Visando ao
aprofundamento da realidade linguística brasileira, tanto em termos diatópicos quanto
diassexuais, diastráticos, diageracionais e diafásicos, pretende-se identificar e analisar
os fatores linguísticos (modo e ponto de articulação das consoantes precedentes e
seguintes, contexto vocálico subsequente, estrutura silábica, classe morfológica) e
sociais (escolaridade, faixa etária e sexo) condicionadores do alçamento das vogais
pretônicas. A grande importância em se estudar as vogais médias pretônicas está na
possibilidade de identificar áreas dialetais, para orientação do ensino-aprendizagem e,
também, para a própria identidade linguístico-cultural de regiões. Este trabalho
apresenta o início do levantamento dos dados do Estado do Rio de Janeiro a partir da
cidade do Rio de Janeiro e seus oito informantes já codificados para análise dos
resultados. Com o levantamento de dados da capital do Rio de Janeiro feito pelo
Projeto ALiB, já se faz possível observar a variação existente entre a vogal [e] ~ [i] e de
[o] ~ [u], fenômeno denominado alçamento ou alteamento que substitui um fone pelo
outro, ocasionando uma neutralização fonética (SILVEIRA; SOUZA, 2014). Com base na
metodologia do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), que pretende descrever a
realidade linguística do Brasil no que se refere à Língua Portuguesa, este trabalho
apresenta o fenômeno do alteamento das vogais médias pretônicas na cidade do Rio
de Janeiro como início das análises para uma possível constituição de áreas dialetais
determinadas. Espera-se que, com a continuação da análise a partir dos dados do ALiB
e o confronto com dados de outras áreas, seja possível contribuir para o conhecimento
da realidade linguística do português do Brasil e a delimitação de áreas dialetais
precisas.
O comportamento do /E/ e /O/ pretônicos no contexto /C__(C)$/: um estudo
variacionista da língua falada de Salvador (BA). Paulo Henrique de Souza Lopes
(UFBA) e Jacyra Andrade Mota (UFBA)
Esta comunicação tem como objetivo a análise da realização variável das vogais
médias em posição pré-acentuada, em contexto /C__(C)$/, na variedade linguística de
Salvador, importante capital para caracterizar a realidade do “Falar Baiano” e dos
“subfalares do Norte” (NASCENTES, 1953 *1922+). Examinam-se oito inquéritos fônicos
pertencentes ao corpus nacional do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), nos
moldes da Sociolinguística Variacionista e da Dialetologia/Geolinguística
Pluridimensional Contemporânea, o que permite estudar as correlações sistemáticas
existentes entre variantes linguísticas e fatores sociais e diatópicos. Os informantes,
consoante a metodologia do ALiB, foram estratificados segundo sexo/gênero, faixas
etárias (I – 18 a 30 anos; II – 50 a 65 anos) e níveis de escolaridade (fundamental
incompleto versus universitário). Investiga-se, aqui, a hipótese de que seja possível
formalizar e asseverar regras variáveis e/ou categóricas, diante de generalizações, para
a área em estudo, como já proposto para a variedade culta de Salvador (SILVA, 1989).
Dessa forma, do ponto de vista dos contextos linguísticos favorecedores das vogais
médias pretônicas, à luz da literatura existente, a citar Mota (1979), Bisol (1981) e Silva
(1989), retoma-se a discussão em torno da capital baiana, acreditando que esteja em
funcionamento um quadro de regras – referentes ao timbre e à elevação – para
explicitar a variação vocálica, quando se produzem as médias em posição pretônica,
como ocorre em televisão, tesoura, defesa, pescoço, perfume, perdão, sorriso,
dormindo, torneira, colher, borboleta, borracha, por exemplo, motivadas,
principalmente, pela vogal da sílaba seguinte à pretônica. Para além da atuação de
regras que envolvem a realização das pretônicas, os primeiros resultados do Atlas
Linguístico do Brasil (CARDOSO et al., 2014), no que diz respeito às cartas fonéticas F01
V 1 e F01 V 2, assinalam a presença majoritária de vogais abertas no Nordeste
brasileiro, caso que inclui a capital Salvador. Amplia-se, nesta comunicação, o número
total de dados analisados nas cartas já publicadas pelo ALiB, cujos registros linguísticos
foram extraídos de dois questionários específicos, ao incluir as ocorrências levantadas
dos Temas para Discursos Semidirigidos e, também, de outros questionários que
compõem cada inquérito. A escolha diversificada desses questionários possibilita
avultar o escopo da pesquisa, em andamento, no Programa de Pós-Graduação em
Língua e Cultura da UFBA, uma vez que avaliará, estilisticamente, o desempenho do
informante: de formal (registro tenso) à informal (registro distenso). Expandem-se,
ainda, os contextos verificados na amostra, a partir de um maior número de dados,
para uma apreciação mais pormenorizada do referido fenômeno no português
brasileiro.
O comportamento do /E/ e /O/ pretônicos em sílaba inicial de vocábulo e em
estruturas contextuais de hiato e ditongo: um estudo variacionista da língua falada
de Salvador (BA). Paulo Henrique de Souza Lopes (UFBA) e Jacyra Andrade Mota
(UFBA)
Investiga-se, nesta comunicação, o uso variável das vogais médias pretônicas /E/ e /O/
no português brasileiro sincrônico (década de 2000), no que concerne à realidade
linguística da capital Salvador (BA). O corpus inicial, até então constituído pelo
levantamento das ocorrências das pretônicas em dois questionários específicos
(Fonético-Fonológico e Semântico-Lexical) do Projeto Atlas Linguístico do Brasil
(Projeto ALiB), amplia-se ao incluir novos registros documentados em outros
questionários, a citar os Temas para Discursos Semidirigidos. Retomam-se, assim, as
discussões em torno da variação na realização das pretônicas, que pode ser melhor
explicitada por meio de um conjunto de regras – categóricas e variáveis –,
sistematizadas, que caracterizariam o “Falar Baiano” (NASCENTES, 1953 *1922+) e,
possivelmente, regulariam áreas marcadas dialetalmente pela abertura das vogais,
como investigado por Silva (1989) para a variedade culta da capital supracitada. A
proposta, aqui, é a de análise do material oriundo de pesquisa dialetal que integra o
corpus nacional do ALiB – oito inquéritos de informantes soteropolitanos distribuídos,
equitativamente, conforme sexo/gênero, faixas etárias (18-30 anos; 50-65 anos) e
níveis de escolaridade (fundamental incompleto; universitário completo) –, que é
submetido, também, a análises quantitativas variacionistas, obedecendo, assim, ao
seguinte critério: as pretônicas que se encontram nos padrões silábicos /__(C)$/,
/C__$V/ e /(C)__S$/. Descarta-se, assim, desta análise, o contexto que é o mais
frequente na investigação do fenômeno – /C__(C)$/ –, dando-se espaço para a
observação de outras estruturas contextuais, como o fizeram, entre outros, Silva
(1989) e Battisti (1993), respectivamente, quanto ao dialeto baiano e gaúcho. Assim
sendo, serão avaliadas as pretônicas no início de vocábulos (posição inicial absoluta,
em sílaba inicial aberta ou fechada, como registrado, no ALiB, em elétrico, estrada,
elefante, estilingue, escola, esquerdo, estrela, espiga, ovelha, obrigado, orelha,
orvalho, odor, por exemplo), as que precedem outra vogal em hiato (arqueada,
mercearia, joelho, redemoinho, trovoada, nevoeiro, moída), e, por fim, as pretônicas
que participam de ditongos (beijar, queixal, aleijado, feitiço, ouvido, anoitecer,
soldado).
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Variação fonética no português do Brasil: delimitação de áreas