Na tessitura dos laços e nós que nos unem: As Redes de Educação Ambiental
Tema
Sujeita a correlações atreladas ao advento da internet, a terminologia de rede, é
utilizada, frequentemente, para os mais diversificados contextos. Atualiza-se e, por
conseguinte, é apropriada e significada, em entendimentos projetados por sua própria
história de concepção conceitual. Soma-se, aos fatores desta proliferação conceitual, a
crescente crise socioambiental que contribui para o fortalecimento da arquitetura em Rede
e, principalmente, motivou o crescimento de movimentos sociais organizados em Redes.
Importa situar que, desta crise, emerge a necessidade de se edificar uma outra
racionalidade, fundada na análise crítica dos modelos societários, centrada na mudança
de valores e no exercício de práticas coletivas de intervenção que minimizem a
problemática ambiental.
Deste modo, o padrão redes, bem como sua morfologia, estão se multiplicando e
se fortalecendo ao ponto de serem percebidas como alternativa de intervenção política e
sociocultural. Materializadas em Redes Socioambientais, observa-se que seus princípios
objetivam contribuir para a emergência do cidadão e que, em aspectos bastante
promissores, tem forjado, ainda de forma inovadora, a formação de redes em projetos de
enfoque formativo e de mobilização. Contudo, geralmente, forma-se em uma concepção
à priori de rede, em sua forma aparente, uma noção primária. Desconsidera, assim,
alguns dos principais fundamentos das redes, além de sua dimensão educativa. Importase, portanto, observar os processos que a articulam do que descrever sua estrutura em si.
Isto exposto, ao revisitar sua epistemologia conceitual e seus usos, percebe-se,
neste trabalho, que se por um lado hoje Rede é referência de possibilidade de articulação
de educadores ambientais como movimento social, por outro, faz-se necessário observar
novas questões que demonstrem a pertinência, adequação e atualidade deste movimento
de redes e seu caráter pedagógico enquanto proposta formativa.
Objetivos
Objetiva-se revisitar o conceito de rede e dissertá-los a partir de uma perspectiva
interdisciplinar que nos permita sua compreensão como possibilidade de articulação de
educadores ambientais como movimento social, assim como desvelar sua potencialidade
educativa.
Embora a multiplicidade conceitual de redes, a diversidade acerca das
funcionalidades das Redes Socioambientais, e, apesar de modos de operações distintos,
pode-se inferir que em detrimento de tais vias, conhecer e compreender sua dinâmica
justifica-se pela possibilidade de dar visibilidade à uma prática pedagógica direcionada
para os atores sociais. Apresenta novidade ao evidenciar sua dimensão educativa na
relação entre: conexões, dinâmica, movimentos sociais e intervenções direcionadas ao
ambiente como um todo.
Espera-se também, a partir das discussões arroladas no trabalho perceber que o
conceito de Redes, quando conjugado de sua compreensão como possibilidade
articuladora de educadores ambientais em movimento social e como potencialidade
educativa, supera um ambiente para além de troca de informações e reprodutor de
práticas hegemônicas, este reduzido e fragilizando o potencial que acreditamos das
Redes. Desta reflexão crítica enaltecemos a importância de se propor Redes como
espaços de participação e articulação, o que acreditamos potencializá-las como ambiente
educativo, por ser a Rede, como espaço de participação, uma forma de ação política e de
ampliação do espaço público. Com isto, alimenta-se uma práxis de construção de
referenciais para a constituição das redes como um ambiente educativo.
Metodologia e informações utilizadas
Este trabalho é um ensaio teórico ancorado numa análise crítica e inserido no
contexto de pesquisas desenvolvidas na literatura sobre a temática, em diálogos teóricos
a luz de Latour, Castells, Morin, Capra, Martinho, entre outros, e em paralelo a uma
interlocução com as práticas de vivência em redes.
Ao longo do trabalho, na medida em que se constitui o detalhamento das
especificidades e cernes conceituais sobre redes, baliza-se o foco entre as percepções
dos atores das redes socioambientais e a própria institucionalização delas, como estrutura
e espaço, em dinâmica conectiva e morfológica, e sua contribuição pedagógica para o
campo social.
Parte dos resultados
O conceito de rede é objeto de estudo de varias áreas do conhecimento humano,
da biologia, passando pela matemática, às ciências sociais. Suas abordagens variam
conforme o instrumental analítico e as bases teóricas pertinentes. Seu caráter
interdisciplinar é ancorado em perspectivas filiadas ao pensamento sistêmico e às teorias
da complexidade.
Discorremos sobre as inúmeras redes habitam o cenário conceitual a fim de situar
o estudo no padrão específico que nos referimos.
Reflexões sobre os resultados e propostas ao debate
A pertinência e adequação das redes se dão na contemporaneidade de uma
realidade socioambiental extremamente complexa, que demanda novas propostas que
possam reconectar, integrar dimensões e segmentos que se encontram disjuntos.
Acreditamos, com isso, contribuir na compreensão e visibilidade das redes como uma das
formas de vislumbrar a possibilidade da construção de uma sociedade ambientalmente
sustentável.
Entendendo-a em seu potencial fica-nos a idéia de que é possível vivenciar outras
formas de organização e de relações de poder que não contradigam, em sua natureza e
prática, as propostas democráticas, emancipadoras da Educação Ambiental (EA). Nesse
sentido, a experiência de sua vencia e intencionalidade revela-se uma experiência política
transformadora. Supõem-se que, embora não determine isoladamente uma transformação
sócio-cultural, paulatinamente a EA e as redes como práticas sociais deixam como
contribuição de legado, a possibilidade de superar os limites, por meio de um esforço
individual e coletivo, da cultura autoritária, de um aprendizado permanente querendo
construir novas relações humanas.
Concordamos que trabalhar em rede traz desafios pessoais e profissionais, pois a
evolução no domínio das técnicas de comunicação, o uso habilidoso e criativo das
ferramentas tecnológicas, a revolução cultural, a internalização dos fundamentos, não
podem ser processos apenas individuais, é coletivo. Participar verdadeiramente de uma
rede implica em aceitar o desafio de rever as formas autoritárias de comportamento e que
somos reprodutores.
Principais Referências Bibliográficas
CAPRA, Fritjof. As conexões ocultas. São Paulo, Cultrix, 2002.
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. A era da informação: economia,
sociedade e cultura. vol. 1, 6. ed. São Paulo, Paz e Terra, 1999.
MARTINHO, Cássio. Redes: uma introdução às dinâmicas da conectividade e da autoorganização. 2. ed. Brasília, WWF-Brasil, 2004.
OLABARRIAGA, Néri. Redes: Entre Nessa! In: Educação Ambiental e Agenda 21
Escolar: formando elos de cidadania - livro do professor. Marilene de Sá Cadei (Org.). –
Rio de Janeiro, Fundação CECIERJ, p. 233-249, 2009a.
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