ID: 44046829
03-10-2012
Tiragem: 44837
Pág: 23
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 26,72 x 30,97 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 2
É apresentado hoje o primeiro
biobanco humano português
É o primeiro repositório nacional dedicado a todas as áreas médicas e que, segundo os seus responsáveis,
“cumpre todos os requisitos éticos, legais e de certificação para ser classificado como biobanco”
FOTOS: JOÃO VASCO
Biomedicina
Ana Gerschenfeld
O Biobanco-IMM começou a ser
instalado em Maio de 2011 no Instituto de Medicina Molecular (IMM),
em Lisboa, e as primeiras amostras
biológicas começaram a chegar em
Janeiro 2012. Em Setembro, quase
3000 doentes já tinham contribuído
para este repositório (após terem dado o seu consentimento informado)
– um total de quase 21 mil amostras
de saliva, sangue, urina, osso e tecido
tumoral, acompanhadas da informação clínica correspondente (devidamente despida de qualquer elemento de identificação pessoal). “É um
projecto em curso, mas achámos que
já o podíamos apresentar”, disse ao
PÚBLICO o director da nova estrutura, o médico João Eurico da Fonseca.
O que vai ser feito esta manhã, pelas
10h, em sessão pública no Grande
Auditório da Faculdade de Medicina
da Universidade de Lisboa.
“Já existem em Portugal bancos de
tumores, mas são exclusivamente dedicados ao cancro”, explica ainda o
cientista. “A nível internacional, há
muitos biobancos temáticos, mas
muito menos biobancos genéricos.”
Em Portugal o Biobanco-IMM é o único que “cumpre todos os requisitos
éticos, legais e de certificação para
ser classificado como biobanco”. Estes são mais frequentes nos países do
Norte da Europa e “nós queremos
competir com eles”, acrescenta. Por
enquanto, a maioria das amostras do
novo biobanco vieram do Hospital de
Santa Maria, da Faculdade de Medicina e do próprio IMM — dos serviços
de oncologia, de neurocirurgia, reumatologia, cardiologia, etc. —, mas
espera-se que os doentes de outros
hospitais venham também a doar
material no futuro.
O biobanco é neste momento composto por 20 “colecções” de amostras: de ossos, de tumores, de artrite
reumatóide, de AVC, de doenças motoras, por exemplo. Cada uma tem
um investigador responsável a quem
cabe criar projectos com os cientistas
interessados em utilizar as amostras
nas suas pesquisas. “Qualquer investigador, em qualquer lugar do mundo”, que esteja interessado nas amostras de uma colecção, explica João
Eurico da Fonseca, tem de entrar em
contacto com esse responsável. Daí
O armazenamento das amostras congeladas e da informação
associada requer um software de gestão especializado
surgirá (ou não) uma parceria, após
avaliação ética e científica.
Os cientistas que usam as amostras
só pagam os “custos de processamento”, como a extracção de ADN ou as
culturas celulares – e ao fim de dois
anos têm de apresentar um relatório
do trabalho e referir o Biobanco-IMM
se publicarem resultados. Já há pedidos internacionais: “Temos um projecto em curso com a Universidade
de São Paulo”, diz o médico, “e um
pedido de uma universidade italiana”. A “ficha” do biobanco está no
site www.bbmriportal.eu, o catálogo
dos biobancos europeus.
Não é preciso ser doente para
participar: qualquer pessoa pode
doar sangue, contactando para tal
com o IMM. O grande interesse aqui
é a recolha de amostras de pessoas
que não estão doentes e cujo ADN
pode, por exemplo, servir de grupo de controlo nos estudos sobre
as bases genéticas das doenças.
A instalação do biobanco custou
uns 150 mil euros e a manutenção
(salários dos sete elementos da equipa, consumíveis, vigilância 24 horas
por dia, arcas de reserva, geradores
eléctricos, intervenção em caso de
avarias...) ronda os 100 mil euros por
ano. A parcimónia da despesa devese ao facto de que o IMM já dispunha
de salas pré-equipadas — e de a nova
estrutura “ser gerida com enorme
rigor”, explica o responsável.
Além das arcas congeladoras, onde
as amostras são criopreservadas, há
um biobanco virtual, que implicou
a compra de um software de gestão
especializado, indispensável à organização de um repositório como este. “O biobanco virtual permite-nos
saber exactamente onde está cada
amostra, conhecer o seu volume” e
aceder à informação clínica associada, diz João Eurico da Fonseca.
ID: 44046829
03-10-2012
Tiragem: 44837
Pág: 1
País: Portugal
Cores: Preto e Branco
Period.: Diária
Área: 4,90 x 5,53 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 2 de 2
Primeiro biobanco
humano português é
hoje apresentado
Em pouco mais de um
ano e meio, o BiobancoIMM já recebeu quase 21
mil amostras de saliva,
sangue, urina, osso e tecido
tumoral. O projecto é hoje
apresentado p23
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É apresentado hoje o primeiro biobanco humano português