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ICTR 2004 – CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM RESÍDUOS E
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Costão do Santinho – Florianópolis – Santa Catarina
ESTUDO DA VIABILIDADE DE UTILIZAÇÃO DE CONCHAS DE SURURU EM
MATERIAIS À BASE DE CIMENTO PORTLAND.
Rocha, Sergio Renato Ávila Glasherster da
Gomes, Paulo César Correia
Barboza, Aline da Silva Ramos
Lima, Flávio Barboza de
Barros, Alexandre Rodrigues de
PRÓXIMA
Realização:
ICTR – Instituto de Ciência e Tecnologia em Resíduos e Desenvolvimento Sustentável
NISAM - USP – Núcleo de Informações em Saúde Ambiental da USP
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ESTUDO DA VIABILIDADE DE UTILIZAÇÃO DE CONCHAS
DE SURURU EM MATERIAIS À
BASE DE CIMENTO PORTLAND
Rocha, Sergio Renato Ávila Glasherster da; Gomes, Paulo César Correia (2); Barboza, Aline
da Silva Ramos (3); Lima, Flávio Barboza de (4); (5)Barros, Alexandre Rodrigues de.
RESUMO
A gestão dos resíduos urbanos constitui um dos mais relevantes desafios das administrações
públicas nas sociedades atuais. Como conseqüência do crescimento dos centros urbanos, a
quantidade destes resíduos tem aumentado consideravelmente e, paralelamente, os espaços
físicos para depositá-los têm sido mais escassos e mais caros. Além destes aspectos
relacionados com a disponibilidade de superfícies de deposição, existe a preocupação com os
problemas de preservação ambiental, de higiene populacional e de aparência das cidades que
podem decorrer de uma má gestão de tais resíduos. Um dos resíduos produzidos diariamente
em grande quantidade na Cidade de Maceió é a concha do molusco conhecido como Sururu
(Mytella falcata). No aproveitamento desse molusco na culinária local, a casca em forma de
concha é descartada, gerando assim um entulho (poluente) para a região. Um estudo do
aproveitamento do resíduo passa inicialmente pela caracterização física e química do resíduo.
Numa segunda etapa são produzidas argamassas e concretos utilizando tal resíduo. No estudo
o resíduo foi usado para substituir parte da areia. No concreto a substituição de 5% de areia
por resíduo resultou em um aumento de resistência à compressão.
Palavras-Chave: Resíduo da concha do Sururu, argamassa, concreto.
(1)
Bolsista de IC/FAPEAL.
Professor Doutor, Univ. Federal de Alagoas/Centro de Tecnologia/Núcleo de Pesq.
Tecnológicas/Laboratório de Estruturas e Materiais, BR 104 Norte, km 14, CEP 57072-970, Tabuleiro
do Martins - Maceió-AL - e-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected];
(5)
Aluno de Engenharia Civil e Estagiário do Núcleo de Pesquisa Tecnológica – NPT.
(2),(3) e(4)
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INTRODUÇÃO
A grande variedade de resíduos que são produzidos diariamente e lançados ao meio
ambiente é um problema cuja magnitude excede em muitas vezes o controle dos
órgãos competentes. Como conseqüência do crescimento dos centros urbanos, a
quantidade destes resíduos tem aumentado consideravelmente e, paralelamente, os
espaços físicos para depositá-los têm sido mais escassos e mais caros. Além destes
aspectos, existe a preocupação com os problemas de preservação ambiental, de
higiene populacional e de aparência das cidades que podem decorrer de uma má
gestão de tais resíduos. A necessidade de estabelecer planos amplos para a
questão de gerenciamento, controle, armazenamento e aproveitamento de resíduos
se torna emergencial devendo ser encarado hoje como uma atividade
complementar.
O gerenciamento dos resíduos sólidos consiste entre outros aspectos controlar a
produção dos resíduos e buscar soluções para o armazenamento e uso dos
mesmos. O processo de reciclagem dos resíduos é uma alternativa que pode
proporcionar a produção de produtos de baixo custo, onde tais produtos podem
substituir ou diminuir o consumo de matérias-primas não renováveis, além de
transformar a ação do resíduo de nociva a uma aliada ao meio ambiente.
Em Maceió, o resíduo de grande abundância na região lacustre alagoana é a casca
ou concha de moluscos. Os moluscos são organismos invertebrados que têm o
esqueleto do lado de fora do corpo na forma de uma concha. O molusco de
interesse econômico da região é o Sururu (Mytella falcata), tanto no aspecto
comercial como no volume de coleta. A captura de moluscos na região lacustre
alagoana se caracteriza por ser uma atividade econômica principal para boa parte
das populações ribeirinhas, que exploram de forma artesanal esse recurso natural.
No aproveitamento desse molusco na culinária local, a casca em forma de concha é
descartada, gerando assim um grande volume de entulho (poluente) para a região,
que geralmente é abandonada no próprio local de coleta causando prejuízo ao meio
ambiente. A ausência de informações sobre a produção, quantidade, técnicas de
obtenção e destinos dos resíduos, além da definição das características químicas e
físicas dos mesmos, inviabiliza o gerenciamento e a utilização destes resíduos.
Neste contexto, este trabalho tem como objetivo apresentar um estudo bibliográfico
sobre o molusco Sururu, informar sobre a produção, armazenamento e destino dos
mesmos, determinar suas características químicas e físicas, e obter materiais
cimentícios à base de cimento. No laboratório, os resíduos foram triturados até obter
dimensões próximas da areia e utilizados como constituintes dos materiais à base
de cimento. Diversas proporções de resíduo foram introduzidas em argamassas e
concretos. Em termos de resistência à compressão o uso do resíduo nas
argamassas proporcionou diminuição, entretanto no concreto a substituição de 5%
da aréia por resíduo resultou em um ligeiro aumento.
ÁREA DO CONHECIMENTO
Os estudos desenvolvidos para o aproveitamento da casca de Sururu são em
números muito pequenos. Algumas consultas e visitas foram realizadas no sentido
de colher informações sobre a utilização deste resíduo: A Superintendência de
Limpeza Urbana de Maceió (SLUM), onde foram apresentados dados das coletas do
resíduo e seu destino para o “lixão” e a Federação dos Pescadores do Estado de
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Alagoas (FEPEAL), ambos sem conhecimento da utilização da casca. Segundo
dados do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica
Brasileira, empreendida pela Comissão Coordenadora do Programa Nacional da
Diversidade Biológica (PRONABIO), do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos
Hídricos e da Amazônia Legal (MMA), cujos principais objetivos são: a identificação
de oportunidades, opções e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade,
utilização sustentável dos recursos biológicos e a repartição dos benefícios
derivados da utilização de seus recursos genéticos; tem-se desenvolvidas algumas
pesquisas visando o uso da casca de sururu para correção de solos e ração animal.
No entanto, documentos ou artigos que registrem esta utilização não foram
encontrados. Devido a esta falta de informações sobre o uso da casca do Sururu, o
estudo bibliográfico ficou resumido aos trabalhos realizados por Pereira Barros e
outros sobre a exploração do Sururu.
O molusco sururu (Mytella falcata) tem como um de seus habitats no Nordeste
brasileiro, a lagoa Mundaú. A lagoa Mundaú tem uma área de aproximadamente
23km². Sua profundidade, com exceção dos canais, raramente excede a 2m. A
natureza do fundo é predominantemente lama, muito rica em matéria orgânica, com
razoável teor de fragmento de conchas de molusco, carapaças de crustáceo e
outros elementos grosseiros. É nesse tipo de substrato onde prolifera em grande
abundância o sururu, que cobre toda a superfície dos aterros (bancos), formando
como que um tapete felpudo. Nessa lagoa, o referido molusco encontra ambiente
favorável para se tornar o maior estoque nacional entre os seus congêneres e uma
das maiores reservas naturais do mundo. Sua produção média anual é em torno de
3.000 toneladas, cujo rendimento das partes comestível é em torno de 1.200
toneladas (dados de 1980). Às suas margens estão localizadas algumas cidades e
vários bairros da periferia de Maceió. Nessas localidades residem
predominantemente pescadores que vivem exclusivamente da pesca, representando
a pesca do sururu a principal atividade e a sua carne, o suporte alimentar dessa
população que é quase na sua totalidade pobre, (Pereira-Barros, 1987).
MATERIAL E MÉTODO
A coleta do resíduo é feita por contêiner de 5m³ em pontos próximos a maior
concentração das atividades geradoras de resíduo no Dique-estrada, figura 1,.
Devido à deficiência da coleta, disposição de contêineres não suficiente, é comum
encontrar montes de conchas no espaço reservado para práticas esportivas e no
local próximo a retirada do sururu da Lagoa.
Figura 1 – Coleta da casca de Sururu no Dique-estrada.
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Geralmente de 3 contêineres são preenchidas por conchas. Essa quantidade de
contêiner depende da época do ano, pois no período da semana santa, quando a
pesca se intensifica devido à procura do mercado consumidor, a quantidade de
contêiner preenchida com conchas de sururu costuma duplicar. Quando preenchido
o contêiner é recolhido e levado ao lixão. O peso líquido fica em torno de 1,5 t.
Considerando que diariamente se consegue coletar 3 contêineres de casca de
sururu, sua produção diária chega a 4,5 t./dia.
As conchas de Sururu levadas para o laboratório foram coletadas de vários
contêineres, em mais de um dia de coleta, onde foram espalhadas e lavadas, como
forma de minimizar o odor e posteriormente secas ao sol e logo depois
armazenadas. Os diferentes tamanhos das conchas de Sururu e características
podem ser vistas na figura 2. As conchas de Sururu apresentam incrustações ou
craca na maioria da casca, figura 2. As conchas foram moídas com o auxílio de um
triturador mecânico e posteriormente peneiradas utilizando-se de uma peneira de
abertura de 6,3 mm.
Figura 2 –Diferentes tamanhos e características das conchas de Sururu.
A composição granulométrica das conchas do sururu determinadas segundo a NBR
7217/87 é mostrada na tabela 1. A massa específica 2,52 foi determinada pela NBR
9776/87.
Tabela 2 – Composição granulométrica do resíduo de sururu
Abertura
Amostra 1 (500 g) Amostra 2 (500 g)
% média
Peneira
Massa
Massa
% retida
% retida
retida
acumulada
(mm)
retida (g)
retida (g)
4,8
3,00
0,60
4,00
0,80
0,7
2,4
51,3
10,27
58,0
11,63
10,82
10,92
1,2
143,5
28,72
143,1
28,70
28,71
40,23
0,6
187,5
37,53
189
37,90
37,72
77,94
0,3
69,0
13,81
65,9
13,21
13,51
91,45
0,15
29,3
5,87
24,7
4,95
5,41
96,86
0,075
10,1
2,02
10,2
2,05
2,04
98,90
fundo
5,9
1,18
3,8
0,76
0,97
99,9
total
499,6
100
498,7
100
99,9
317,4
Tamanho máximo
4,8
4,8
Módulo de finura 3,17
As amostras para análise química, termogravitimétrica (ATG) e termodiferencial
(ATD), foram preparadas da seguinte forma: Concha de Sururu sem incrustações CS, com craca – CR, e outra com concha e craca misturadas - CC. Na tabela 3 e
figuras 3, 4 e 5 podem ser vistas os resultados das análises.
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Tabela 3 –Análise química das diferentes amostras de concha de Sururu.
Tipo de amostra
Composição Química
CS
CR
CC
Pr (Perda ao Rubro)
47,36% 45,83% 45,02%
SiO2 (Óxido de Silício)
0,80% 1,80% 1,65%
RI (Resíduo Insolúvel)
0,34% 1,57% 0,75%
Fe2O3 (Óxido de Ferro)
Traços 1,04% 1,60%
Al2O3 (Óxido de Alumínio) 2,43% 2,40% 1,43%
CaO (Óxido de Cálcio)
43,12% 42,56% 45,36%
MgO (Óxido de Magnésio) 3,52% 4,05% 3,63%
Na2O (Óxido de Sódio)
0,47% 0,47% 0,47%
K2O (Óxido de Potássio) 0,02% 0,09% 0,07%
ATD - CS
ATG - CS
60
45
40
35
30
25
20
15
40
20
0
-20 0
200
400
600
800
1000
1200
10
5
0
-5 0
-40
-60
-80
200
400
600
Temperatura
800
1000
800
1000
1200
Temperatura
Figura 3 – Análise ATG e ATD da CS.
ATD - CR
ATG - CR
60
40
0
-20 0
200
400
600
800
1000
Dm (%)
Dt (ºC)
20
1200
-40
-60
-80
40
35
30
25
20
15
10
5
0
0
-100
200
400
600
1200
Temperatura
Temperatura
Figura 4 – Análise ATG e ATD da CC.
ATD - CC
ATG - CC
60
40
35
40
30
20
25
20
0
-20
0
200
400
600
800
1000
1200
15
10
5
-40
0
-60
-5 0
Temperatura
200
400
600
800
1000
1200
Tempera tura
Figura 5 – Análise ATG e ATD da CR.
Na tabela 3, verifica-se que as três amostras apresentam valores próximos, mesmo
CR sendo só de craca. As diferenças que se destacam em relação a amostra só
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com craca - CR, são: resíduo insolúvel, óxido de Ferro, óxido de silício e óxido de
magnésio. Pela análise química verifica-se que a casca de sururu moída apresenta
uma baixíssima atividade pozolânica.
Na figura 3, a análise ATG do CS mostra a perda de massa total de 40,11%,
correspondente a perda de água livre e decomposição do carbonato. Pela análise
ATD o pico endotérmico a 120ºC mostra presença de água livre. E o pico
endotérmico de grande intensidade a 930ºC correspondente a presença de
carbonato. Na figura 4, a análise ATG do CC mostra a perda de massa total de
38,10, correspondente a perda de água livre e decomposição do carbonato. Pela
análise ATD o pico endotérmico a 120ºC mostra presença de água livre. E o pico
endotérmico de grande intensidade a 930ºC correspondente a presença de
carbonato. Na figura 5, a análise ATG do CR mostra a perda de massa total de
38,10, correspondente a perda de água livre e decomposição do carbonato. Pela
análise ATD o pico endotérmico a 120ºC mostra presença de água livre. E o pico
endotérmico de grande intensidade a 930ºC correspondente a presença de
carbonato. A grande perda de massa destes resíduos comprova sua instabilidade
em temperaturas altas.
O cimento do tipo Portland composto - CP II-Z-32, de acordo com a norma NBR
11578/1991, foi utilizado. O agregado miúdo usado foi areia natural quartzosa e o
agregado graúdo foi a brita 01, com características apresentadas na tabela 4.
Tabela 4: Características dos agregados
Agregado Agregado graúdo
Ensaios
miúdo
(brita 01)
Diâmetro característico máximo (mm)
2,4
19,0
Módulo de finura
2,5
6,8
Massa específica (g/cm³)
2,611
2,62
Absorção (%)
0,58
0,49
Teor de material pulverulento (%)
0,58
0,33
As argamassas com CSM foram moldadas em argamassadeira automática, com
relação a/c de 0,55 e relação 1:2 (um de cimento e dois de agregado miúdo). Foram
feitas argamassas de referência, sem CSM, e com substituição de 5%, 10%, 15% e
20% de agregado miúdo por CSM, na quantidade de 10 corpos de prova para cada
tipo de argamassa. As composições dos concretos são mostradas na Tabela 5.
Tabela 5 – Composição das misturas de concreto
Concreto
a/c
Composição (kg/m³)
Referência
1: 2,0:2,1:0,0
5% CSM
0,55
1: 1,8:2,1:0,1
10% CSM
1: 1,7:2,1:0,2
A determinação da consistência das argamassas foi determinada pelo ensaio do
tronco de cone da mesa de consistência, figura 6, de acordo com a norma NBR
13276/1995. A determinação da consistência do concreto foi feita através do
abatimento do tronco de cone, segundo a NBR NM 67 (ABNT, 1998a), figura 6.
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Figura 6 – Ensaio de determinação da consistência da argamassa e do concreto.
Os corpos-de-prova de 5 cm de diâmetro por 10 cm de altura foram usados para
determinação da resistência das argamassas. E de 10 cm de diâmetro por 20 cm de
altura para o concreto. Os procedimentos adotados no processo de moldagem dos
corpos-de-prova foram os descritos na NBR 5738 (ABNT, 1994a). Os ensaios foram
realizados nas idades de 07 e 28 dias. Os procedimentos utilizados para
determinação das resistências à compressão dos corpos-de-prova foram de acordo
com os descritos na NBR 5739 (ABNT, 1994b).
O Ensaio de determinação da absorção de àgua da argamassa por imersão foi
realizado seguindo os procedimentos descritos na NBR 9778 (ABNT, 1987i). Para
cada tipo de argamassa foram utilizados três corpos-de-prova na idade de 07 dias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na tabela 6 são mostradas as consistências obtidas para as argamassas. Os
maiores diâmetros alcançados nas misturas com CSM podem estar relacionados
com a maior quantidade de água livre presente nestas misturas, já que o CSM
apresentou um módulo de finura superior ao da areia, e pela a absorção do CSM.
Tabela 6 – Consistências das argamassas
Mesa de Abatimento
Concreto
Diâmetro (mm)
Referência
289
5% de CSM
302
10% de CSM
301
15% de CSM
301
20% de CSM
301
Nos concretos a determinação da consistência foram feitos buscando-se um
abatimento de 100 mm. Na tabela 7 são mostradas as consistências obtidas para
esses concretos. É verificado que o comportamento do concreto foi semelhante
aquele das argamassas, isto é, os concretos com CSM apresentaram maiores
consistências.
Tabela 7 – Consistências dos concretos.
Abatimento do Tronco de
Concreto
Cone (mm)
REF
95
05% de CSM
103
10% de CSM
98
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A tabela 8 mostra os resultados correspondentes às absorções das argamassas,
realizada em corpos-de-prova. Os resultados indicam uma maior absorção para as
argamassas produzidas com substituição da areia pelo resíduo CSM. Observa-se
também que há um pequeno aumento na absorção de água à medida que se
aumenta a proporção de agregado substituído pelo resíduo. Isto estar relacionado
com a porosidade da argamassa que depende da granulometria e forma dos
agregados. Provavelmente, devido à forma lamelar do resíduo, isto é, espessura
pequena em relação às outras dimensões; as argamassas com CSM apresentaram
uma maior percentagem de vazios.
Tabela 8 – Absorção de água das argamassas.
Concreto
Absorção (%)
Referência
11,69
5% de CSM
13,14
10% de CSM
13,18
15% de CSM
13,60
20% de CSM
13,72
A tabela 9 apresenta as resistências à compressão média de 4 corpos-de-prova de
argamassas. Os resultados evidenciam que, para todas as argamassas,
independentemente da idade de ensaio, a substituição do agregado miúdo pela
concha de sururu moída (CSM), apresentou uma diminuição da resistência à
compressão das argamassas, já ocorrendo de maneira acentuada na dosagem de
5% de CSM, e praticamente linear nas demais dosagens. Este resultado pode estar
relacionado com a porosidade do material, fato que é comprovado pelo ensaio de
absorção, visto na tabela 8, pois quanto maior a porosidade menor é a resistência à
compressão.
Tabela 9 – Resistências à compressão das argamassas.
Resistência à Compressão
Média (MPa)
Concreto
7 dias
28 dias
Referência
26,3
32,2
5% de CSM
20,1
23,6
10% de CSM
16,5
20,8
15% de CSM
15,0
17,3
20% de CSM
13,5
14,5
A tabela 10 apresenta os resultados de resistência à compressão dos concretos na
idade de 7 dias e 28 dias. É verificado que o comportamento da resistência do
concreto não seguiu a mesma tendência da resistência à compressão dos c.p. de
argamassa, isto é, a substituição de 5% da areia por resíduo CSM proporcionou um
ligeiro aumento na resistência do concreto, e na susbtituição de 10 % uma ligeira
queda de resistência. Este aumento de resistência na menor dosagem do resíduo
pode estar relacionado com a distribuição granulometrica atingida pelos três
materais o qual pode ter propocionado um melhor preencimento dos vazios. Embora
se tenha conseguido um resultado positivo do uso do resíduo CSM, em
percentagem de 5%, futuros estudos são necessários para comprovação deste
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resultado, principalmente, ensaios que envolvam idades mais avançadas e de
durabilidade.
Tabela 10 – Resistências à compressão dos concretos.
Corpos de Resistência à Compressão Média (MPa) - 7 dias
prova
Referência
05% de CSM
10% de CSM
I
17,65
18,24
16,22
II
18,49
19,71
18,40
III
17,98
19,72
16,45
IV
18,43
19,45
17,06
MÉDIA
18,04
19,22
17,02
CONCLUSÃO
Pelos resultados alcançados no presente estudo podem ser consideradas as
seguintes conclusões:
- O resíduo da concha de sururu se encontra no meio ambiente em grande
quantidade. Não existe uma política de gerenciamento para tal resíduo.
Seu destino é o mesmo que o lixo domestico.
- A análise química do resíduo da concha do sururu, mostrou que o resíduo
é rico em óxido de cálcio. Verifica-se que a presença de craca em torno da
concha do sururu não altera consideravelmente os componentes da
conha. As diferenças que se destacam, são: resíduo insolúvel, óxido de
ferro, óxido de silício e óxido de magnésio. Em termos de óxido de cálcio
forma bastante semelhante.
- É verificado pela análise química da concha do sururu, que este resíduo
não oferece atividade pozolânica, não podendo neste caso sustituir o
cimento.
- Sua utilização em materiais cimentícios fica limitado ao uso como
agregado, entretanto devido a sua forma de concha, o qual é prejudicial na
formação da microestrutura dos materiais cimentícios, podendo acumular
água ou grande quantidade de vazios. Seu uso como agregado tem que
ser em pequenas dimensões passando por um processo de trituração.
- O ideal de utilização deste resíduo seria como filler, dimensões da ordem
de 100 μm, entretando para se obter tal dimensão é necessário um
processo de trituração bastante eficiente e que produza uma quantidade
satisfatória
- A opção de utilizar o resíduo na mesma dimensão da areia foi adotada. Na
argamassa, foi verificado que seu uso não proporcionou melhora das
propriedades da argamassa, mas diminuiu a resistência á compressão e
proporcionou uma amior prorosidade da microestrutura.
- No concreto, sendo usado como areia, com limite de dosagem,
aproximadamente 5%, seu uso trouxe uma ligeira melhora na resistência á
compressão. Sendo portanto necessário uma investigação experiemntal
mais extensa, para que se possa tirar maiores conclusões.
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AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem o apoio financeiro da FAPEAL - Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de Alagoas. Aos funcionários do LEMA/NPT/ /UFAL pelo apoio
indispensável na experimentação. Às empresas BRITEX, IMCREL e CIMENTO
ZEBU pelo fornecimento de materiai
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBRNM 67 - Concreto –
Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone. Rio de Janeiro,
1998.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 3432 - Cimento Portland –
Determinação da finura por meio da peneira 75μm (nº 200). Rio de Janeiro, 1991.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5738 - Moldagem e cura de
corpos de prova cilíndricos ou prismáticos de concreto. Rio de Janeiro, 1994.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5739 - Concreto – Ensaio
de compressão de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 1994.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6508 - Grãos de solos que
passam na peneira de 4,8 mm - Determinação da massa específica. Rio de Janeiro,
1984.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7217 - Agregados –
Determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro, 1987.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7219 - Agregados Determinação do teor de materiais pulverulentos. Rio de Janeiro, 1987.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7220 - Agregados –
Determinação das impurezas em agregado miúdo. Rio de Janeiro, 1987.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9776 - Agregados –
Determinação da massa específica de agregados miúdos por meio do frasco
Chapman. Rio de Janeiro, 1987.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9778 - Argamassa e
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