Quanto posso crescer?
Oficina
Síntese dos conteúdos temáticos abordados
Público em geral | Crianças dos 6 aos 12 anos
Conceção e orientação
Carlos Carrilho e Patrícia Tiago
Objetivos gerais
Pretende-se que esta oficina permita consciencializar para:
- a necessidade de construção de um futuro sustentável para todos;
- a cooperação, o diálogo e o debate;
- a necessidade de gerir conflitos e diferenças;
- a responsabilidade individual e coletiva;
- a dificuldade de mudar atitudes e mentalidades;
- o crescimento sustentável (tendo em conta níveis de consumo e os recursos naturais da Terra);
- a ideia de limite de crescimento;
- a escala individual e universal, de modo a que se pense no que “Eu” e “Nós” podemos fazer em
vez de dizer “Eles”.
Conceitos-chave
- Necessidade; recursos; finito/infinito; excesso; adequação; sustentabilidade; preservação; Gaia;
interdependência; responsabilidade; (des)equilíbrio; harmonia; respeito; limite, nível de vida;
desigualdade; pobreza; riqueza; ambiente; ecologia.
PLANO DE AÇÃO DA ATIVIDADE
1. Apresentação dos participantes e da atividade
Objetivos
Experiência física de conforto ou desconforto face ao tamanho adequado
ou desajustado do(s) sapato(s) em relação ao pé de cada um;
transposição dessa experiência sensorial, física, do nosso corpo
para uma consciencialização das consequências das nossas escolhas
e comportamentos na vida face aos recursos da Terra.
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© André da Loba
2. Atividade de expressão corporal: a dança dos sapatos
Conceitos a introduzir e trabalhar:
Necessidade, recursos, finito/infinito, excesso, adequação, sustentabilidade.
Enquadramento da atividade:
O conceito de sustentabilidade segundo a Comissão Mundial para o Ambiente e
Desenvolvimento refere que “a humanidade tem a capacidade de se desenvolver de forma
sustentável - de garantir a satisfação das necessidades do presente sem comprometer a
capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas necessidades” mas será que é de facto
isso o que andamos a fazer aos recursos do planeta? Será que andamos a consumir pensando
no planeta que vamos deixar para as gerações futuras? Será que andamos a usar sapatos
maiores do que os nossos pés? Porque será que há tantos sapatos que já nos apertam os pés?
(adaptado de Além dos limites – da catástrofe total ao futuro sustentável, p. 13).
3. Atividade de expressão corporal : o jogo da corda – quem tem mais força?
Objetivos:
Consciencializar o desequilíbrio de forças, refletir sobre esse desequilíbrio e as suas
consequências: será o mundo melhor cheio de desequilíbrios entre as pessoas, entre os povos,
entre os Homens e os outros seres vivos, entre os Homens e os recursos do planeta, … ou
será bom tentar encontrar situações de equilíbrio, de harmonia?
Conceitos a trabalhar:
(Des)equilíbrio, harmonia, respeito (pelo outro, pela natureza, pelo mundo).
Enquadramento da atividade:
“Muitos dos esforços atuais para salvaguardar e manter o progresso humano, para satisfazer
as necessidades humanas e para realizar as ambições humanas são simplesmente
insustentáveis – nos países ricos e nos pobres. São uma carga demasiado pesada, demasiado
brutal, sobre recursos ambientais já muito sujeitos a esforço. […] Poderão ser contabilizados
como lucros nas folhas de balanço da nossa geração, mas os prejuízos serão a herança dos
nossos filhos.” - Comissão Mundial para o Ambiente e Desenvolvimento
(adaptado de Além dos limites – da catástrofe total ao futuro sustentável, p. 46).
Objetivos:
Consciencializar para a insustentabilidade dos padrões e níveis de consumo atualmente
existentes nas sociedades ditas mais desenvolvidas e que se estão a expandir
por todas as sociedades porque as pessoas a isso aspiram; consciencializar
para a destruição do nosso planeta e, consequentemente, a nossa;
consciencializar para a possibilidade de eclosão de guerras à escala
mundial pela posse e domínio de recursos cada vez mais escassos;
consciencializar para a necessidade de uma mudança profunda de
mentalidades para se conseguir encontrar uma solução de equilíbrio;
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© André da Loba
4. Atividade de expressão plástica (construção/escultura): o mundo em
construção…para o futuro!
consciencializar para as noções de ambiente, ecologia e mais uma vez, sustentabilidade.
Conceitos:
Limite; excesso; ultrapassagem dos limites; insustentabilidade; nível de vida; desigualdade;
pobreza; riqueza; ambiente, ecologia; sustentabilidade.
Enquadramento da atividade:
Exceder significa passar inadvertidamente, para lá dos limites. A população humana e a
economia extraem recursos da Terra e emitem poluição e resíduos para o meio ambiente.
Muitas destas taxas de extração e emissão atingiram níveis insuportáveis. O meio ambiente
não pode aguentá-los. A sociedade humana ultrapassou os seus limites, pelas mesmas razões
pelas quais se podem verificar outros excessos. As mudanças são demasiado rápidas, os sinais
surgem tarde, incompletos, distorcidos, ignorados ou desmentidos. A pressão é grande. As
reações são lentas.
(adaptado de Além dos limites – da catástrofe total ao futuro sustentável, p. 2).
5. Atividade de debate e escrita
Declaração Universal dos Direitos da Terra
Explicar a diferença entre internacional e universal: internacional tem a ver com os
diferentes países; universal tem a ver com todas pessoas e todos os povos. Daí a Declaração
Universal dos Direitos do Homem e não a Declaração Internacional desses mesmos direitos;
Carta de Intenções
Objetivos:
Definir estratégias gerais e coletivas de adaptação e construção de um futuro sustentável;
definir modos de proceder individualmente para se alcançarem essas estratégias; escrever
uma Carta de Intenções que apresenta as propostas do que cada um tenciona e pode fazer
para contribuir para a construção de um futuro sustentável, de acordo com a Declaração
Universal dos Direitos da Terra, também escrita pelos participantes ou por eles sugerida,
considerando a ação individual como coletiva, a nível familiar e escolar.
1. Se prosseguirem sem alterações as atuais tendências de crescimento em termos de
população mundial, industrialização, poluição, produção alimentar e esgotamento de
recursos, os limites de crescimento deste planeta serão atingidos dentro dos próximos
cem anos. O resultado mais provável será um declínio súbito e incontrolável tanto na
população como na capacidade industrial;
2. É possível alterar estas tendências de crescimento e estabelecer
uma situação de estabilidade ecológica e económica sustentável
num futuro longínquo.
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© André da Loba
Enquadramento da atividade:
No livro Os limites do crescimento os autores estabeleceram três conclusões:
O estado de equilíbrio global pode ser concebido de forma a serem satisfeitas as necessidades
materiais básicas de todas as pessoas da Terra e de forma a que todas elas tenham iguais
oportunidades de realizar o seu potencial humano como indivíduos;
3. Se todas as pessoas do mundo decidirem bater-se por esta segunda alternativa, em lugar da
primeira, quanto mais depressa começarmos a ocupar-nos disso, maiores serão as
probabilidades de êxito.
No livro Além dos limites – da catástrofe total ao futuro sustentável os autores reescreveram as
três conclusões da seguinte forma:
1. O uso humano de muitos recursos essenciais e a proliferação de muitos tipos de poluentes
já ultrapassaram as médias que são fisicamente sustentáveis. Sem reduções significativas dos
fluxos de matérias-primas e energia, assistiremos nas próximas décadas a um declínio
incontrolado da produção alimentar per capita, do uso da energia e da produção industrial;
2. Este declínio não é inevitável. Para o contornar, será necessário alterar duas coisas. A
primeira é fazer uma revisão completa das políticas e práticas que perpetuam o crescimento
do consumo de matérias-primas e da população. A segunda é um aumento rápido e drástico
da eficiência com que se usam as matérias-primas e a energia;
3. Ainda é possível uma sociedade técnica e economicamente sustentável. Pode ser muito
mais desejável que esta sociedade que tenta resolver os seus problemas através de uma
expansão constante. A transição para uma sociedade sustentável exige um equilíbrio
cauteloso entre objetivos de longo e curto prazo e uma ênfase na suficiência, equidade e
qualidade de vida, mais do que na quantidade de produção. Exige mais do que produtividade
e tecnologia; também requer maturidade, compaixão e sapiência.
(adaptado de Os limites do crescimento, pp. 23 - 24 e Além dos limites – da catástrofe total ao futuro
sustentável pp. XVI e XVII).
Objetivos:
Consciencializar que para construirmos um futuro sustentável para todos, para nós e para os
nossos filhos, temos de cooperar uns com os outros, dialogar, debater, gerir os conflitos
e as diferenças, ter confiança e inspirar confiança, assumir as responsabilidades;
consciencializar que isso não é fácil, tal como não é fácil conseguir logo à
primeira o equilíbrio na roda, mas é o caminho que todos temos de construir,
empenhadamente. Trabalhar noções de crescimento sustentável (ou insustentável)
tendo em conta níveis de consumo e os recursos naturais da terra.
Entender a ideia de limite de crescimento face a estes conceitos.
Trabalhar estas noções a uma escala individual e universal, de
modo a que se pense no que “Eu” e “Nós” podemos fazer em vez
de dizer “Eles”. Cada um faz a diferença, juntos podemos fazer
a mudança.
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© André da Loba
6. Atividade de expressão corporal: roda
Enquadramento da atividade:
Há muitas formas de definir uma sociedade sustentável. A mais simples consiste em defini-la
como a que persiste ao longo de várias gerações, que é suficientemente previdente, flexível e
sensata para não destruir os seus sistemas de suporte, quer sociais, quer físicos. O economista
Herman Daly refere que para uma sociedade ser fisicamente sustentável é necessário que:
- As taxas de utilização de recursos não renováveis não deverão exceder as de regeneração;
- As taxas de utilização de recursos não renováveis não deverão exceder a do
desenvolvimento dos sucedâneos renováveis sustentados;
- A taxa de poluição não deverá exceder a capacidade de assimilação do ambiente.
Para garantir a sustentabilidade do nosso planeta é importante melhorar a informação de que
dispomos, acelerar os tempos de reação, minorar a utilização de recursos não renováveis,
prevenir a erosão dos recursos renováveis, utilizar todos os recursos com o máximo de
eficácia, abrandar ou mesmo parar o crescimento exponencial da população e do capital físico.
O enquadramento das atividades foi feito com base nos livros:
- Os Limites do Crescimento (1972), da autoria de Donella Meadows, Jorgen Randers,
Dennis L. Meadows e William W. Behrens III.
- Além dos limites – da catástrofe total ao futuro sustentável (1993), da autoria
de Donella H. Meadows, Dennis L. Meadows, Jorgen Randers.
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© André da Loba
Todas as pessoas e instituições desempenham o seu papel no seio da grande estrutura do
sistema. Num sistema estruturado em função da sustentabilidade, as indústrias, os governos,
os ambientalistas, os economistas,… desempenharão papéis fundamentais em prol da
sustentabilidade. É necessária coragem para admitir e suportar os males do mundo atual, não
perdendo de vista a visão de um futuro melhor. Aurelio Peccei, um grande líder de indústria
que escreveu sobre os problemas do crescimento e dos limites, da economia e do ambiente,
dos recursos e da gestão, referiu que as soluções para os problemas do mundo começam por
um “novo humanismo” – “… tem de fomentar o aparecimento de conjunto de novos valores
que restabeleçam o nosso equilíbrio interior e de novas motivações espirituais, éticas,
filosóficas, sociais, políticas, estéticas e artísticas que preencham o vazio da nossa vida; ele
deve ser capaz de fazer renascer dentro de nós… o amor, a amizade, a compreensão, a
solidariedade, o espírito de sacrifício, a convivialidade; e deve fazer-nos compreender que,
quanto mais estreitamente ligados estivermos, devido a estas caraterísticas, a outras formas
de vida e aos nossos irmãos e irmãs do mundo inteiro, melhor será.”
(adaptado de Além dos limites – da catástrofe total ao futuro sustentável, capítulos 7 e 8).
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