Coleções da Cartografia
da
Biblioteca Nacional
Maria Dulce de Faria - Palestrante
A Cartografia está subordinada à Coordenadoria de Acervo
Especial que integra o Centro de Referência e Difusão
da Fundação Biblioteca Nacional, e está completando
10 anos de existência. A sua criação foi um retorno à
antiga Seção de Cartas Geográficas, criada em 1944 e
extinta em 1946. Possui, atualmente, um total de
aproximadamente 12 700 entradas na base de registros
cartográficos que datam a partir do século XV.
Dentre os documentos mencionados, a Cartografia possui
algumas coleções significativas: Real Biblioteca, Diogo
Barbosa Machado, Teresa Cristina, De Angelis, Pimenta
Bueno, Biblioteca Fluminense, Benedito Otoni, Linhares
entre outras. Notabiliza-se também a área temática
sobre a Guerra do Paraguai dividida entre as coleções
Teresa Cristina e Benedito Otoni. Um dos procedimentos
metodológicos da Cartografia é o inventário dessas
coleções.
O inventário da coleção do bibliófilo ítalo-argentino Pedro
de Angelis foi o primeiro a ser concluído, sendo assunto
de trabalho apresentado no VII Encontro Nacional de
Obras Raras. A coleção está publicada no volume 121
dos Anais da BN e disponibilizada ao público em formato
digital no endereço www.bn.br/bndigital/pesquisa.htm. A
Coleção De Angelis foi adquirida em 1853 pelo
Imperador D.Pedro II para integrar o acervo da então
Biblioteca Nacional e Pública da Corte e é composta de
1533 documentos, dentre estes 93 são mapas que
tratam basicamente da questão geopolítica da região
cisplatina, compreendendo o território Argentino,
Uruguaio e parte do território Brasileiro (Sudeste,
Centro-Oeste e Sul) com destaque para o estado do Rio
Grande do Sul. Com a coordenação da bibliotecária
Maria Cristina Leal Feitosa Coelho e com pesquisas
feitas pelo corpo de estagiários de História da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o inventário
da coleção De Angelis foi finalizado em 2006.
Ao longo dos anos de 2005 e 2006 foi desenvolvido um
projeto de levantamento, identificação e catalogação de
mapas referentes à Guerra do Paraguai. Coordenado
pela chefe da divisão de Cartografia, Maria Dulce de
Faria, com a colaboração dos estagiários de História da
UERJ André Luiz Coutinho Gomes e Ciro Pettersen
Marconi, foram identificados naquele momento 82
documentos cartográficos referentes e contemporâneos
ao evento citado que, todavia, não encontram-se
digitalizados.
Atualmente, três grandes esforços de inventário estão
sendo feitos na Cartografia:
Um deles é o inventário dos atlas antigos dos séculos XV
ao XIX, dirigido pela bibliotecária Dulcila Maria Castello
Branco Gomes. Tem como objetivo analisar, pesquisar,
descrever e disponibilizar no formato USMARC os atlas
antigos pertencentes à Divisão de Cartografia,
permitindo o acesso pelas bibliotecas nacionais e para o
público em geral.
Esse levantamento foi feito através do catálogo topográfico
em ordem cronológica. Consistiu na análise do
documento (identificação, pesquisa em fontes de
referência, internet e obras sobre cartografia); no seu
processamento técnico (catalogação de acordo com
AACR2, definição de cabeçalhos de assunto, de acordo
com a terminologia da BN, classificação (Dewey),
registro patrimonial) e a digitalização na base da
Cartografia e posteriormente base de livros da BN.
Foi concluída toda a parte dos séc. XV (1 atlas do
Ptolomeu datado de 1486); séc. XVI e XVIII com
numerosos atlas de Ptolomeu, Ortelius, Nicolas Sanson,
Blaeu etc, com cerca de 750 atlas antigos impressos
inventariados.
Duas coleções também se encontram em processo de
inventário: Teresa Cristina Maria, coordenada pela
historiadora Ana Cristina Campos Rodrigues, e Diogo
Barbosa Machado, iniciada pela bibliotecária Vanda
Ferreira Santana e atualmente com a direção da
historiadora Marina de Lima Rabelo.
A Coleção Teresa Cristina Maria é composta pelos
documentos particulares do último imperador do Brasil,
Dom Pedro II, doados a diversas instituições de
pesquisa e acervo quando de sua deposição e exílio.
Parte ficou no Museu Nacional (Quinta da Boa Vista), no
Museu Imperial de Petrópolis, mas a maior parte do
material ficou dividido entre a Biblioteca Nacional e o
Instituto Histórico Geográfico Brasileiro (IHGB). Essa
coleção é extensa, composta por matérias de diversos
tipos e referindo-se a diversos assuntos, mostrando
assim a multiplicidade de interesses do imperador.
Ao ser doada a Biblioteca Nacional, a coleção ocupou uma
ala inteira – ainda no prédio da rua do Passeio, sem ser
separada por tipologia documental. No primeiro
levantamento desse acervo, o bibliotecário Ramiz
Galvão encontrou mais de 1300 documentos
cartográficos. Com as mudanças de sede e de
metodologia de guarda de acervo, a coleção foi
desmembrada.
Infelizmente, essas alterações fizeram com que se perdessem
muitas das notações que identificariam um documento como
pertencendo à Coleção Teresa Cristina Maria – identificada
por um ex-libris específico ou pela presença de dedicatórias
ao Imperador e membros da família imperial. Assim, no
começo do processo de levantamento desse acervo foram
encontrados apenas 90 documentos.
O inventário ainda encontra-se em processo de identificação
dos documentos pertencentes à Coleção. Com o grande
número de mapas e atlas antigos, ou seja do século XIX
para atrás, o escopo de possibilidades é imenso. A
multiplicidade de assuntos, autores e tipos de documentos
presentes no pouco que se tem levantado é um fator
complicador. Atualmente, tem-se buscado identificar as
peças da coleção no catálogo da BN cruzando os dados
catalográficos com dois catálogos, um manuscrito e um
impresso. A Divisão de Manuscritos da BN possui um
catálogo dos mapas que estavam no gabinete do Imperador
e o IHGB editou, no início do século XX, um livro com o
catálogo dos mapas da sua parte da coleção Teresa Cristina
Maria.
Atualmente, já foram identificadas 57 peças, além das que
já estavam identificadas, em um total de 147. Quando
uma peça é identificada como sendo da coleção, ela
passa pela análise, processamento técnico e dada a sua
importância documental pode ser ou não indicada para
digitalização.
Outro conjunto documental de cartas, mas não menos
importante, se refere ao volume factício Mappas do
reino de Portugal e suas conquistas, do bibliófilo e
abade Diogo Barbosa Machado. No Annais da Biblioteca
Nacional de 1876, o barão Ramiz Galvão já anunciava o
valor dessa coleção para o acervo da biblioteca como
um todo. Desde 1967, tem-se intenção a de proceder
ao
inventário
da
coleção,
mas
somente
agora,
concluídos os trabalhos de pesquisa
e catalogação dos mapas, foram iniciados os
preparativos para sua publicação.
Este conjunto de obras integra a coleção da Real
Biblioteca, uma vez que Barbosa Machado doou sua
biblioteca ao rei D. José, após o terremoto que arruinou
a cidade de Lisboa em 1755. O volume referido acima
compõe-se de diferentes tipos de documento, entre
manuscritos e gravuras. Constituído de mapas em sua
maior parte, o conjunto inclui ainda algumas vistas e
plantas de fortalezas e cidades. O assunto geral das
cartas refere-se ao processo expansionista português
nos tempos coloniais, abrangendo geograficamente,
além de Portugal, os domínios lusos na América, África
e Ásia. Numericamente foram tratados e digitalizados
183 documentos, dispostos em 137 folhas.
Por fim, foram inventariados neste último ano 15
documentos da Coleção Linhares, segundo cotejamento
com o catálogo desta coleção que se encontra na
divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional. Seus
mapas representam, em sua maioria, as diversas
regiões brasileiras, somente dois entre eles, no entanto,
correspondem às regiões geográficas de Portugal e
Rússia. Há também uma reprodução do famoso mapamundi II mappamondo di Fra Mauro, Camaldolese de
Placido Zurla, de 1806. Esta coleção possui ainda as
seguintes peças documentais: Atlas Universal de Robert
de Vaugondy; Atlas maritimo de España de Vincente
Torfino de San Miguel, 1789; e Atlas nouveau contenant
toutes les parties du monde, de Nicolas Sanson, de
1692. O catálogo desta coleção nos informa, por
exemplo, a proveniência de suas obras, alguns tendo
sido adquiridos em leilões internacionais. Os mapas da
coleção que possuem arquivos digitais podem ser
acessados juntamente com a catalogação.
Podemos exemplificar o trabalho de
inventário das coleções com os seguintes
documentos cartográficos:
Plan de Cuiabá Matogroso, y pueblos de los Indios Chiquitos, y Santa Cruz... [ca. 1778].
Coleção Pedro de Angelis
•
Ptolomeu II. [Planisfério]. In: Claudii Ptlolemeu... Cosmographie...1486
•
Inventario de atlas antigos/ Coleção Teresa Cristina Maria
Albernaz I, João Teixeira. [Pequeno atlas do Maranhão e Grão Pará]. [ca.1629].
Coleção Teresa Cristina Maria
Albernaz II, João Teixeira. [Mapa do Brasil]. In:__
[Atlas do Brasil]. [ca.1666]
Coleção Diogo Barbosa Machado
Albernaz II, João Teixeira. Bahia de Todos os
Santos. In:__ [Atlas do Brasil]. [ca.1666]
Coleção Diogo Barbosa Machado
Rocha, José Joaquim da Mappa da Comarca do
Sabará. ..1777
Coleção Linhares
Equipe:
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Ana Cristina Campos Rodrigues
André Luiz Coutinho Gomes
Ciro Pettersen Marconi
Dulcila Maria Castello Branco Gomes
Maria Cristina Leal Feitosa Coelho
Maria Dulce de Faria
Marina de Lima Rabelo
Vanda Ferreira Santana
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Coleção Teresa Cristina Maria - Planor