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ÍNDICE
Pág.
ACNE.............................................................................5
REGURGITAÇÃO................................................................8
BRONQUIOLITE AGUDA.....................................................11
CEFALEIAS....................................................................14
CÓLICAS DO LACTENTE.....................................................17
CANDIDIASE ORAL...........................................................20
RINOFARINGITES............................................................23
CONVULSÕES.................................................................27
DERMITE ATÓPICA...........................................................30
DERMITE DAS FRALDAS.....................................................33
DERMITE SEBORREICA.......................................................36
DIARREIA......................................................................39
ENURESE.......................................................................44
EPISTAXES....................................................................48
EXANTEMA SÚBITO..........................................................51
FEBRE..........................................................................53
FIMOSE .......................................................................59
FISSURA ANAL...............................................................62
GENGIVO-ESTOMATITE HERPÉTICA.......................................65
GRIPE...........................................................................67
INFECÇÕES URINÁRIAS.....................................................71
INTOXICAÇÕES...............................................................74
LARINGOTRAQUEOBRONQUITE............................................76
ERUPÇÕES CUTÂNEAS.......................................................79
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MENINGITE...................................................................82
MONONUCLEOSE INFECCIOSA.............................................85
OBSTIPAÇÃO..................................................................88
DOR, EXSUDADO OU OLHO VERMELHO...................................91
OTITE MÉDIA AGUDA.......................................................94
PAROTIDITE AGUDA.........................................................98
PITIRÍASE ALBA............................................................100
PITIRÍASE VERSICOLOR...................................................102
PEDICULOSE DA CABEÇA...................................................104
SÍNDROME DE MORTE SÚBITA DO LACTENTE.........................108
SUDAMINA...................................................................112
TOSSE........................................................................114
TRAUMATISMO CRANEANO...............................................117
VARICELA....................................................................119
VÓMITOS....................................................................123
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INTRODUÇÃO
A Saúde não depende exclusivamente da prestação de cuidados. A influência do
ambiente – social, biofísico e ecológico – é determinante. No entanto, é indiscutível o
impacto das acções de vigilância da Saúde Infantil e Juvenil pertinentes e de
qualidade. A manutenção e promoção da Saúde de todas as crianças é, pois, um
imperativo para os profissionais e serviços de Saúde.
A criança é um ser humano com necessidades e características muito
específicas, dentro das quais se destaca a sua dependência no que se refere à
manutenção da sua saúde e bem-estar. Para tal, torna-se indispensável a educação do
adulto, nomeadamente dos pais, com vista ao conhecimento dos mesmos sobre as
principais patologias que afectam as crianças e como proceder nas várias situações.
Este manual tem como objectivo responder às questões mais frequentes
relativamente às patologias pediátricas mais comuns, de modo a evitar idas
desnecessárias aos serviços de Saúde e a ajudar a tranquilizar os pais/encarregados,
uma vez que fornece informação simples e acessível sobre o modo de actuar nas
diferentes patologias.
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ACNE
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ACNE
O acne é uma doença de predisposição genética cujas manifestações dependem
da presença das hormonas sexuais. Devido a isso, as lesões começam a surgir na
puberdade, época em que estas hormonas começam a ser produzidos pelo organismo,
atingindo a maioria dos jovens de ambos os sexos.
A doença não atinge apenas adolescentes, podendo persistir na idade adulta e,
até mesmo, surgir nesta fase, quadro mais frequente em mulheres.
As manifestações da doença (cravos e espinhas) ocorrem devido ao aumento da
secreção sebácea associada ao estreitamento e obstrução da abertura do folículo
pilo-sebáceo, dando origem aos comedões abertos (cravos pretos) e fechados (cravos
brancos). Estas condições favorecem o desenvolvimento de microorganismos que
provocam a inflamação característica das espinhas, sendo o Propionibacterium acnes o
agente infeccioso mais comummente envolvido.
MANIFESTAÇÕES
CLÍNICAS
A doença manifesta-se principalmente na face e no tronco, áreas do corpo ricas
em glândulas sebáceas.
Os sintomas variam de pessoa para pessoa, sendo, na maioria das vezes de pequena e
média intensidade.
Em alguns casos, o quadro pode tornar-se muito intenso, como o acne
conglobata (lesões císticas grandes, inflamatórias, que se intercomunicam sob a pele)
e o acne queloideano (deixa cicatrizes queloideanas após o desaparecimento da
inflamação).
TRATAMENTO
Sendo doença de duração prolongada e algumas vezes desfigurante, a acne
deve ser tratada desde o começo, de modo a evitar as suas sequelas, que podem ser
cicatrizes na pele ou distúrbios emocionais, devido à importante alteração na autoestima de jovens acometidos pela acne.
O tratamento pode ser feito com medicações de uso local, visando a desobstrução dos
folículos e o controle da proliferação bacteriana e da oleosidade. Podem ser usados
também medicamentos por via oral, dependendo da intensidade do quadro, geralmente
antibióticos para controlar a infecção.
Em casos de acne muito grave (como o acne conglobata), ou resistente aos
tratamentos convencionais, pode ser utilizada a isotretinoína, medicação que pode
curar definitivamente o acne em cerca de seis a oito meses na grande maioria dos
casos.
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Apesar de não ter participação na causa da doença, a dieta pode ter influência
no curso do acne em algumas pessoas. Alimentos como chocolates, gorduras animais,
leite e derivados, crustáceos, condimentos fortes e amendoins devem ser evitados
pelos doentes que apresentem acne e percebam o agravamento dos sintomas após a
ingestão destes alimentos.
O lado emocional dos doentes não deve ser menosprezado. A desfiguração
causada pelo acne pode provocar baixa auto-estima do adolescente, que passa a evitar
o contacto social com vergonha das suas lesões e das brincadeiras dos colegas.
Quando necessário, deve ser fornecido suporte psicológico.
O tratamento do acne deve ser orientado por um Dermatologista.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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REGURGITAÇÃO
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REGURGITAÇÃO
“BOLÇAR”
A regurgitação é a subida de uma parte do conteúdo do estômago para o
esófago e deste para a boca.
É
GRAVE?
Na maioria dos casos, as regurgitações do lactente (crianças até 1 ano de
idade) são banais já que a "válvula" entre o estômago e o esófago ainda não funciona
perfeitamente
(imaturidade
fisiológica),
desaparecendo,
deste
modo,
progressivamente no decorrer dos primeiros 18 meses.
Medidas dietéticas simples permitem diminuir eficazmente a regurgitação.
De qualquer forma somente o Pediatra do seu bebé pode aconselhá-la(o) sobre as
medidas que deve tomar e decidir sobre a necessidade de um tratamento médico ou
da procura de uma eventual causa destas regurgitações.
ALGUNS CONSELHOS PRÁTICOS:
Alimente o bebé calmamente, sem pressas, esperando que ele arrote.
Aumente o número de refeições, diminuindo a quantidade em cada mamada.
EVITE:
Grandes quantidades de alimento; não se inquiete se o bebé não terminar o
biberão e não se sinta obrigada(o) a forçá-lo a acabar.
Fraldas ou roupas demasiado apertadas.
Uma atmosfera viciada em fumo de tabaco.
Sumos de fruta (em crianças mais velhas).
UTILIZAR UMA FÓRMULA PRÉ-ESPESSADA
Um leite cientificamente estudado para engrossar no estômago, limitando assim
a regurgitação – são as chamadas fórmulas AR. Alguns estudos, revelam melhoria da
regurgitação em 40-50% dos casos, especialmente com as fórmulas espessadas com
amido de milho (por exemplo, Novalac AR). Outras fórmulas AR: NAN HA/AR, Miltina
AR, S-26 AR, Nutrilon AR, Nutribén Natal AR, Milumil AR, Enfamil AR.
Preparação do biberão:
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Ao preparar o leite, utilize apenas água tépida (37°C). A água demasiadamente quente
pode provocar a formação de grumos (partículas sólidas no leite) dificultando a
alimentação do bebé.
Dado que as fórmulas AR são mais espessas, aconselha-se a utilização de uma
tetina dotada de um orifício maior.
COMO
DEITAR O BEBÉ
Recomenda-se deitar o bebé de costas e não sobre o ventre. Contudo, apenas
um profissional de saúde pode aconselhar a posição mais apropriada para o seu filho.
Se a regurgitação persistir consulte novamente o Pediatra. Pode ser
necessário prescrever alguns medicamentos e realizar alguns exames complementares,
nomeadamente pHmetria, endoscopias, radiografias, cintigrafias.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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BRONQUIOLITE AGUDA
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BRONQUIOLITE AGUDA
É provocada, geralmente, por vírus (vírus respiratório sincicial (VRS), vírus
parainfluenza, vírus influenza A e B, adenovírus, rhinovírus) e atinge sobretudo
crianças até aos 2-3 anos de idade, entre Novembro e Abril.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
A bronquiolite surge habitualmente num contexto familiar ou epidemiológico de
infecção respiratória das vias aéreas superiores. Nos primeiros 2 a 3 dias ocorre
rinorreia seromucosa (corrimento nasal), obstrução nasal, tosse, febre ligeira e
anorexia (perda de apetite). A partir do 5º dia, predomina a dificuldade respiratória
(pieira, polipneia (movimentos respiratórios rápidos)), depressões intercostais, adejo
nasal (“bater ou abrir as asas do nariz”)). Muitas vezes, existe concomitantemente
otite média aguda. É uma situação clínica que pode requerer cuidados especiais.
PEÇA AJUDA PEDIÁTRICA IMEDIATAMENTE SE:
A criança tem idade igual ou inferior a 6 meses.
A criança vomita frequentemente.
A dificuldade respiratória não melhora e/ou torna-se mais grave (frequência
respiratória maior ou igual a 60 ciclos por minuto, não consegue comer ou
chuchar a chupeta, ocorrem depressões intercostais, infradiafragmáticas
(“ficar com as costelas marcadas”) e/ou da fúrcula esternal (“covinha” acima do
esterno), adejo nasal (“abrir as asas do nariz”), “meter a barriga para dentro”).
Os lábios ou as unhas tornam-se azulados ou escuros.
A criança não consegue falar (porque a respiração é muito rápida).
A criança torna-se excessivamente irritada ou sonolenta.
A criança apresenta factores de risco: prematuridade (idade gestacional
inferior a 34 semanas), fibrose quística, displasia broncopulmonar, cardiopatia
congénita, imunodeficiência, doença neuromuscular.
TRATAMENTO
Reduzir a actividade física da criança (geralmente ela própria controla a
actividade que pode fazer).
Encorajar a ingestão de líquidos (não se preocupe se a criança não ingere
sólidos por 2 a 3 dias).
Colocar a criança a dormir numa posição semi-sentada, respirando numa
atmosfera húmida (nebulizador, vaporizador). A melhor maneira de fazer isto é
colocar uma almofada debaixo do colchão junto à cabeça e outra mais pequena
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junto às pernas, de modo que a criança fique semi-sentada, parecendo que está
num cadeirão.
Evite a exposição ao fumo de tabaco.
Manter vigilância da criança.
Dar antipiréticos (medicamentos para a febre), se necessário.
Pode necessitar de outros medicamentos, nomeadamente broncodilatadores em
aerossol (Só receitados pelo pediatra!).
Para que o aerossol seja mais eficaz é necessário que seja feito sem chupeta e
sem que a criança esteja a chorar.
COMPLICAÇÕES
Na maioria dos lactentes (crianças até 1 ano de idade), a pieira (broncospasmo)
melhora dentro de 3 a 5 dias. Contudo, em alguns, a congestão nasal e a tosse podem
persistir durante 1 a 3 semanas.
Por vezes, podem surgir complicações (pneumonia, pneumotórax, apneia,
atelectasia ou insuficiência respiratória aguda) pelo que pode ser necessário recorrer
aos serviços de urgência para fazer aerossóis (com broncodilatadores e oxigénio) e
eventual internamento quando a situação é muito grave e/ou a criança apresenta as
condições referidas em “Peça
ajuda pediátrica imediatamente se”.
Crises muito frequentes de bronquiolite têm sido associadas a uma maior
probabilidade de vir a desencadear asma no futuro.
COMO PREVENIR
Favorecer o aleitamento materno;
Lavagem frequente das mão;
Deitar fora lenços e papéis usados;
Limpar e desinfectar os brinquedos do bebé;
Colocar o bebé a dormir num quarto separado dos irmãos em idade escolar;
Evitar os infantários;
Manter as pessoas com sintomas de constipações afastadas, pelo menos, dois
metros do bebé;
Manter o bebé afastado dos ambientes de fumo;
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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CEFALEIAS
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CEFALEIAS
“Dores de Cabeça”
As cefaleias são relativamente frequentes em crianças e em adolescentes. São
geralmente autolimitadas e benignas, principalmente em crianças acima dos cinco anos.
O
QUE PROCURAR?
Em crianças mais pequenas, as cefaleias podem acompanhar situações comuns,
tais como dor de garganta, dor de ouvidos ou dor de dentes. Quando associada a
infecções, geralmente é acompanhada de dores musculares e de febre.
Em crianças maiores e em adolescentes, o stress e a tensão são possivelmente
as causas mais vulgares de cefaleias, acompanhadas por espasmos dos músculos do
pescoço e da cabeça. A dor surge frequentemente ao fim do dia, mas pode ser
constante ou pulsátil.
As enxaquecas são geralmente unilaterais, pulsáteis, têm um início
relativamente rápido e, muitas vezes, causam náuseas, vómitos, dor abdominal e
alterações visuais (aura). Há frequentemente antecedentes familiares de enxaqueca.
Convulsões ou traumatismo craniano podem preceder o início das cefaleias.
Intoxicação por monóxido de carbono (lareira) pode produzir cefaleias. Défice visual
raramente é uma causa de cefaleias.
PROCURE
AJUDA PEDIÁTRICA IMEDIATAMENTE SE:
1. Dor muito intensa e persistente.
2. Rigidez da nuca.
3. Alterações comportamentais, como irritabilidade ou sonolência.
4. Anisocória (pupilas com tamanho desigual).
5. Evidência de outros problemas, incluindo confusão mental, alterações da fala e/ou
da visão ou vómitos recorrentes.
6. Traumatismo craniano.
7. Episódio de cefaleias muito intensas.
8. Criança com menos de cinco anos de idade.
PROCURE
AJUDA PEDIÁTRICA DENTRO DE ALGUMAS HORAS SE:
1. Cefaleia persistente (com duração maior que 48 a 72 horas).
2. Febre isolada.
3. Cefaleia persistente e unilateral.
4. Cefaleia que acorda a criança ou que dura mais de 24 horas.
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MARQUE
UMA CONSULTA SE:
1. Cefaleias recorrentes ou progressivas (que se vão agravando).
2. Problemas com os amigos, a família ou na escola.
O
QUE PODERÁ FAZER?
O objectivo principal do tratamento das cefaleias menos intensas é o alívio da
dor e o retorno à actividade normal. Por isso, inicie o tratamento como recomendado
pelo seu pediatra (por exemplo, com paracetamol).
O stress é uma das causas mais frequentes de cefaleias, pelo que o repouso, as
massagens e a tranquilização podem ser benéficos.
O
QUE PODERÁ TER QUE SER FEITO?
Avaliação por Neuropediatra.
Exames imagiológicos (tomografias axiais computorizadas ou ressonâncias
magnéticas cranioencefálicas, electroencefalograma, punção lombar).
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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CÓLICAS DO LACTENTE
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CÓLICAS DO LACTENTE (Crianças até 1 ano de idade)
As cólicas caracterizam-se por períodos prolongados de irritabilidade
(choro/agitação) que acontecem repetidamente durante vários dias (choro superior a
3 horas/dia). Ocorrem em 20 a 25% das crianças, normalmente entre as 2 semanas e
os 3 a 4 meses de vida. Pouco se sabe sobre esta condição, mas pensa-se que seja
causada por dores abdominais provocadas por gases. É uma condição benigna que se
resolverá espontaneamente à medida que o bebé cresce.
SINAIS
E
SINTOMAS
Os lactentes choram, estão irritáveis, e levantam e flectem as pernas,
geralmente à noite. São difíceis de consolar. Entre os episódios, os lactentes estão
bem.
Para além das cólicas, estes bebés apresentam um aspecto saudável.
Outras causas de irritabilidade/choro podem ser: fome, frio, calor, fralda suja,
dentição, doença.
TRATAMENTO
1 – Ter a certeza que não há nenhuma causa específica para o bebé chorar (fome, frio,
calor, fralda suja, sono).
2 - Ao dar-lhe de mamar, assegure-se de que o bebé agarra o bem peito, isto é, que
consegue meter o mamilo e a aréola dentro da boca. Se toma biberão, verifique que o
orifício da tetina se adapta à sua capacidade de deglutição e que o biberão não produz
vácuo, quando a criança chupa. Há biberões com válvulas anti-soluço e outros com
sistema anti-cólica.
3 - Use qualquer actividade para o distrair e consolar. Actividades rítmicas (balanços
oscilantes) ou passeios são frequentemente úteis. Pode também tentar deitá-lo de
barriga para baixo nos seus joelhos, enquanto lhe afaga as costas; massajar a barriga
levemente, no sentido dos ponteiros do relógio; fazer pequenas flexões de pernas,
flectindo os joelhos até à barriga; sons repetidos e monótonos, música, chupeta. Cada
bebé responde exclusivamente a certas actividades, pelo que terá que as tentar
descobrir.
4 – Outras medidas: estabeleça uma rotina, desobstrua-lhe o nariz antes das
mamadas, coloque sempre o bebé para arrotar, restrinja os estímulos e as visitas ao
fim da tarde (altura em que o bebé está mais tenso), tente ajudá-lo a libertar os
gases estimulando o ânus do bebé com um cotonete untado com vaselina ou com cânula
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de microclister cortada), dê-lhe banho com água tépida, tente apenas os
medicamentos prescritos pelo pediatra (Dimeticone (Aero-Om®) ou Funcho, Camomila
e Cidreira (Colimil®) ou Lactobacillus reuteri (Biogaia®), ou Funcho e Gengibre
(Woodwards Gripe Water®**), Infacol®. Muito raramente, o seu pediatra poderá
aconselhar uma fórmula sem lactose e sem proteínas do leite de vaca (por exemplo,
Visoy®, Prosobee®, Nutramigen®, Pepti-Junior®).
5 – Ocasionalmente, tem que permitir que o seu bebé chore um pouco para dormir.
Apesar de ter dificuldade em ouvir o bebé chorar, não lhe responda imediatamente
porque isso irá encorajá-lo a ser cada vez mais exigente. Estabeleça alguns limites.
Isto é importante para si e para o seu bebé!
6 – Se os pais se sentirem muito cansados e não conseguirem lidar com o choro aflitivo
do bebé, devem pedir a alguém de confiança que fique com ele algum tempo.
PEÇA
AJUDA MÉDICA SE:
1 – Vómitos ou diarreia.
2 – Choro contínuo durante mais de 2 horas.
3 – Febre, corrimento nasal amarelado ou esverdeado ou tosse.
4 – Se o bebé parecer doente entre os episódios de cólicas.
5 – Lactente com menos de duas semanas ou mais do que quatro meses.
6 – Pais estão cansados e/ou frustrados.~
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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CANDIDÍASE ORAL
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CANDIDÍASE ORAL
“Sapinhos”
A candidíase oral, vulgarmente conhecida por sapinhos, é uma infecção
provocada por fungos que se desenvolve dentro e à volta da boca, dando origem ao
aparecimento de uma camada espessa e esbranquiçada sobre a língua e manchas
branco-amareladas, semelhantes a leite coalhado, nas mucosas da boca. Estas
manchas podem estender-se às gengivas, lábios, garganta e pele. Em casos graves, a
candidíase oral pode atingir o esófago, causando dor e dificuldades de deglutição
(dificuldades em engolir).
Embora em geral indolor, a candidíase oral pode provocar dores na boca,
sobretudo em bebés. Podem surgir fissuras dolorosas nos cantos da boca, e as
tentativas de eliminar as manchas podem provocar pequenas úlceras dolorosas.
A candidíase oral é provocada pelo fungo Cândida albicans, que também é
responsável por infecções vaginais. Normalmente, um pequeno número destes fungos
vive na boca sem causar problemas. Contudo, se uma doença ou qualquer outra
circunstância perturba o equilíbrio normal destes microrganismos, o fungo pode
multiplicar-se de forma excessiva, dando origem a candidíase oral.
A candidíase oral afecta sobretudo recém-nascidos, que contraem o fungo
durante o parto ou num berçário do hospital. Os bebés são especialmente vulneráveis,
pois o seu sistema imunitário ainda não está plenamente desenvolvido.
DIAGNÓSTICO
E EXAMES COMPLEMENTARES
É possível fazer um diagnóstico inicial com base no aspecto e localização das
manchas branco-amareladas, mas para confirmar a candidíase oral o médico pode
utilizar uma zaragatoa para recolher uma pequena amostra para exame microscópico.
Na maior parte dos casos, a razão para a proliferação excessiva do
fungo é óbvia, mas em alguns podem ser necessários outros exames para determinar a
causa subjacente. A investigação pode incluir análises de sangue e de urina, exames da
medula óssea, endoscopia e análises para detecção do VIH.
TRATAMENTOS
MÉDICOS
Os principais agentes de tratamento da candidíase oral são os anti-fúngicos - o
Mycostatin Solução Oral ou o Daktarin Gel - que devem ser mantidos na boca tanto
tempo quanto possível e depois engolidos. Se nenhum destes medicamentos for eficaz,
o médico pode receitar outros antifúngicos.
O tratamento com antifúngicos deve ser levado até ao fim, não se devendo
interrompê-lo quando os sintomas desaparecem, pois mesmo fazendo o tratamento
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correctamente as recorrências são habituais. Nesses casos, o tratamento será
repetido, eventualmente com uma medicação diferente.
As tetinas dos biberões e as chupetas devem ser fervidas à parte durante 20
minutos antes da última esterilização.
Após cada mamada, deve dar ao bebé 5 a 10 ml de água fria fervida para
remover os restos de leite, que promovem a proliferação dos fungos.
Em lactentes (crianças até 1 ano de idade) alimentados ao peito, deve-se
observar os mamilos da mãe.
É importante a higiene local e a lavagem das mãos antes e após a manipulação
do lactente. Deve-se ter em atenção as trocas de chupetas nos jardins-de-infância.
Em crianças maiores, ferva os talheres, os pratos e os copos ou use utensílios de
deitar fora até a situação estar completamente ultrapassada para evitar que a
infecção se propague. Depois de curada, compre-lhe uma nova escova de dentes.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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RINOFARINGITES
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RINOFARINGITES
(Constipações, Corizas, Resfriados)
A rinofaringite é a doença mais comum entre as crianças, podendo ser causada
por mais de 200 tipos de vírus.
A sua frequência aumenta à medida que a criança contacta com outras crianças,
particularmente em ambientes fechados (especialmente: infantários, escolas, centros
comerciais). São também mais frequentes durante o Inverno.
Em crianças com idade inferior a 5 anos de idade, as crianças podem ter entre
cinco a oito constipações por ano.
MANIFESTAÇÕES
CLÍNICAS
Febre (geralmente inferior a 39 ºC).
Obstrução e/ou congestão nasal.
Corrimento nasal aquoso.
Diminuição do apetite.
Irritabilidade.
Dificuldade em dormir.
Por vezes, pode surgir: dor de garganta, dor de cabeça, olhos vermelhos,
rouquidão, tosse.
Período de contágio: desde o início do corrimento nasal até ao desaparecimento da
febre.
EVOLUÇÃO
A maioria das constipações melhora em 3 a 5 dias.
COMPLICAÇÕES
Em cerca de 5% das crianças constipadas podem surgir complicações,
designadamente: conjuntivite purulenta, adenoidite aguda, otite média aguda
(principalmente em crianças pequenas), sinusite aguda ou infecção respiratória baixa
(“bronquiolite”, pneumonia).
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TRATAMENTO
Na criança mais jovem, use soro fisiológico e/ou água do mar “esterilizada”
com jacto muito suave (Nasomar Lactente®, Rhinomer mini®) para reduzir
a congestão nasal; posteriormente, pode aspirar o corrimento nasal com
Narhinel Aspirador Nasal® ou Libenar Aspirador Nasal*.
Na criança mais velha, além dos anteriores podem utilizar-se
descongestionantes
nasais
(como
Neo-Sinefrina®,
Vibrocil®,
Nasorhinathiol®) durante 3 a 5 dias.
* A importância de lavar o nariz
Um antipirético (medicamento para a febre) e lavagens de nariz frequentes
podem ser quanto baste para ultrapassar dois ou três dias de febre numa criança. É
que o nariz funciona como um filtro contra as impurezas que circulam na atmosfera
confinada de uma creche ou escola ou no ar condicionado de um apartamento no
Inverno. Se não estiver limpo, não poderá desempenhar esta função. Além disso, as
secreções da mucosa nasal, se não forem removidas diariamente, acabam por cair na
garganta e nos brônquios, podendo a longo prazo dar origem a otites e bronquites.
Limpar é portanto necessário. Como fazê-lo?
No caso das crianças mais pequenas, há que deitá-las de costas, com a cabeça
virada para o lado esquerdo. Introduz-se então a solução nasal na narina esquerda, que
escorrerá depois para a direita. Repete-se então a operação, virando o bebé para o
outro lado e assegurando assim que ambas as narinas ficam desobstruídas.
Quanto aos mais velhos, podem ser eles próprios a assumir esta tarefa,
começando com um truque: tapar uma narina e soprar forte pela outra, depois inverter
o processo. Uma solução nasal continua a ser necessária para descongestionar o nariz,
devendo ser aplicada alternadamente em cada narina com a cabeça inclinada de lado.
Manter o nariz limpo pode ser meio caminho para impedir a proliferação de germes
nas vias respiratórias.
Medicamentos para a febre, como paracetamol (Ben-U-Ron®, Panasorbe®).
Ofereça líquidos frequentemente à criança, preferencialmente água.
Não force a criança a comer alimentos sólidos.
Os antibióticos não são necessários e só devem ser utilizados em caso de
complicações bacterianas (por ex: adenoidite, otite, sinusite, pneumonia) e com
prescrição pediátrica.
PREVENÇÃO
Higiene adequada das mãos;
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PEÇA
Evitar espirrar ou tossir para cima dos outros (o ideal é ficar em casa!);
Evitar os grandes aglomerados populacionais, principalmente em locais
fechados (estabelecimentos de ensino, centros comerciais);
Bom arejamento das instalações.
AJUDA PEDIÁTRICA SE:
1 – Dificuldade respiratória intensa;
2 – Irritabilidade ou apatia marcadas;
3 – Otalgia (dor de ouvido), otorreia (saída de secreções mucopurulentas ou
mucosanguinolentas pelo ouvido);
4 – Dor no peito;
5 – Odinofagia (“dor de garganta”) com ou sem pontos brancos nas amígdalas;
6 – Nenhuma melhoria ou febre persistindo mais de 72 horas;
7 – Criança com menos de três meses de idade;
8 – Corrimento nasal amarelado ou esverdeado;
9 – Corrimento nasal aquoso persistindo mais de 7 a 10 dias.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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CONVULSÕES
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CONVULSÕES
Uma convulsão é uma perturbação temporária da função cerebral,
habitualmente causada por irritação de uma área do cérebro. Existem muitas formas
de convulsões e muitas causas. Para crianças com antecedentes de convulsões, a causa
mais frequente para uma recorrência é o não cumprimento da medicação.
A grande maioria das convulsões são conhecidas como convulsões febris, que
ocorrem em episódios de febre alta. Elas são habitualmente autolimitadas e não
causam qualquer problema a longo prazo.
As convulsões comummente causam tremores das extremidades, associados a
movimentos rotatórios dos olhos e perda do controlo da urina e das fezes.
As crianças não se recordam do que se passou durante a convulsão. Dificuldade
respiratória pode ocorrer. Embora a maioria das convulsões sejam autolimitadas e
durem apenas 60 a 90 segundos, certos episódios podem continuar por mais tempo,
por vezes, necessitando de medicamentos para serem controladas. Após uma
convulsão, a crianças fica sonolenta e cansada por algum tempo.
Recorde se a criança teve febre ou esteve doente, se teve um traumatismo
craniano recente ou se houve a possibilidade de ter tomado qualquer fármaco ou
droga. Averigue se há antecedentes pessoais e/ou familiares de convulsões e se os
anticonvulsivantes foram correctamente tomados (medicamentos, doses e horário).
As convulsões geralmente, param sem terapêutica dentro de 15 minutos. A
convulsão pode ser a primeira manifestação de doença.
CONTACTE
IMEDIATAMENTE O INEM (Nº
1. É a primeira convulsão da criança.
2. A convulsão não pára.
3. Dificuldade respiratória.
4. Cor azulada da pele, lábios e unhas.
5. A criança tem febre.
6. A criança não acorda.
PEÇA
112)
SE:
AJUDA MÉDICA DENTRO DE ALGUMAS HORAS SE:
1. Ocorrer qualquer convulsão que parou espontaneamente.
2. Criança com convulsões e medicada com anticonvulsivantes.
3. Episódio de olhar fixo ou movimentos particulares da face, da língua ou da boca.
4. Criança que teve convulsão febril, foi avaliado mas mantém febre por mais de 36
horas ou apresenta alterações comportamentais, vómitos, dor de cabeça, rigidez da
nuca ou manchas cutâneas que não desaparecem à pressão.
O
QUE PODE FAZER?
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Primeiro, certifique-se que a criança respira normal e facilmente. Se a criança
não respira ou tem dificuldade respiratória, deite-a de costas e faça-lhe uma
hiperextensão do pescoço e inicie manobras de reanimação.
Tente ter a certeza que a criança não se magoa nos braços, nas pernas ou na
cabeça.
Chame o INEM (nº 112) para transportar a criança ao hospital para tratamento
e avaliação para determinar a sua causa, excepto se há história de recorrências.
Se a criança tem febre e acorda lentamente após a convulsão, comece por lhe
baixar a febre (reduza a roupa e administre-lhe supositórios de paracetamol)
A criança com epilepsia deve evitar situações perigosas incluindo banho de
banheira sem supervisão, nadar na piscina, praticar montanhismo, andar de bicicleta,
operar maquinaria e usar utensílios cortantes.
O
QUE FAZ, GERALMENTE, NO HOSPITAL:
A primeira prioridade consiste em administrar oxigénio para ter a certeza que
a criança é bem oxigenada. Se a criança ainda está a convulsivar, é necessário tentar
parar a convulsão utilizando um dos vários medicamentos disponíveis.
Tentar prevenir as recorrências e avaliar a criança para determinar a causa das
convulsões (pode ser necessário realizar análises ao sangue e urina, e fazer
radiografias, dependendo das causas que estão a ser consideradas).
Se a criança teve uma convulsão febril, este tipo é geralmente inofensivo e
ocorre em 2 a 5% das crianças normais. Existe apenas um risco muito ligeiro de se
desenvolver epilepsia mais tarde. Normalmente não existem problemas a longo prazo.
Anticonvulsivantes raramente são prescritos. Deverá investigar-se a causa da febre,
que poderá ser uma infecção comum ou infecções graves do sistema nervoso.
ATENÇÃO!
Certifique-se que as vias aéreas da criança estão permeáveis e que ela está a
respirar normalmente. Deverá consultar sempre o pediatra para investigar a causa da
convulsão, mesmo que ela tenha parado.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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DERMITE ATÓPICA
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DERMITE ATÓPICA
(Eczema)
A dermite atópica é uma doença inflamatória crónica da pele, com envolvimento
das mucosas, com lesões cutâneas típicas (pele seca, prurido (comichão)) e evoluindo
com surtos de agravamento e períodos de melhoria, com tendência a melhorar com a
idade. Parece ser devida a uma deficiência de uma proteína (filagrina) presente nas
camadas externas da pele, impedindo, por um lado, a entrada de bactérias e vírus e,
por outro, a saída de água, mantendo a pele hidratada. Assim, a redução ou ausência da
filagrina leva à descamação e secura da pele.
É uma doença frequente e tem uma distribuição mundial. Inicia-se geralmente
antes dos 12 meses (em 50% dos casos) e antes dos 5 anos (em 95% dos casos). Uma
percentagem significativa dos casos melhora ao chegar à puberdade.
TRATAMENTO
O tratamento não é curativo, mas permite um bom controlo da doença.
Quando experimentar um tratamento, espere pelo menos três dias para ver se
produz efeito antes de tentar outro tratamento.
MEDIDAS GERAIS
Alimentação
Mantenha o aleitamento materno o máximo de tempo possível, idealmente para
lá dos 6 meses. Evite alimentos que podem agravar as crises, por exemplo: alimentos
comprovadamente alergénicos para o seu filho, frutos secos, chocolates/derivados do
cacau, citrinos, morangos e kiwis. Evite a ingestão de alimentos muito quentes.
Higiene e limpeza
Banho diário, com água morna (33 a 34 ºC), preferencialmente ao entardecer
(pois ajuda a diminuir o ardor nocturno).
Preferir o banho de imersão com óleos hidratantes com pH 5.5.
Lavagem rápida (menos de 10 minutos).
Sabonetes neutros (sem detergentes e/ou perfumes, por exemplo: Dove®),
com cremes ou óleos. Aplicar apenas nos locais sujos (pregas do pescoço,
orelhas, axilas, zona genital e pés). O sabonete que escorre durante o duche é
suficiente para a lavagem dos outros locais.
Secagem com toalha macia.
Cuidado em secar as pregas, evitando que fiquem húmidas.
Hidratação: aplicar em todo o corpo depois do banho, leite hidratante ou até
mesmo creme, se a pele for muito seca.
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Usar o leite/creme hidratante/emoliente duas vezes ao dia se necessário. A
pele seca causa prurido - as lesões provocadas pelo prurido (comichão) são o
primeiro passo para a pele doente.
Vestuário e calcado
A roupa que contacta com a pele (incluindo as meias) deve ser sempre 100%
algodão e preferencialmente de cores claras.
Escolha de preferência roupa de algodão e de linho, incluíndo a da cama, pois
facilita a transpiração. Evitar roupas que contenham lã/fibra.
Quando usar lãs, não deve permitir o contacto destas com o pescoço e a face.
Não vista o seu filho de modo a ele ficar sobreaquecido ou com frio. Vista-o
com roupas largas.
Ao lavar a roupa, deve enxaguar-se bem e deve evitar-se o uso de amaciadores
e lixívia pois podem ser irritantes para a pele.
Use meias de algodão, sapatos de pele, arejados, com sola de couro.
Evite manter os pés suados e molhados.
O calçado desportivo deve ser usado só para esse fim.
Nota: A atitude higiénica individual depende do tipo de pele e da época do ano. No
Verão, prefira férias na praia.
MEDIDAS ESPECÍFICAS
Terapêutica Farmacológica
A prescrever apenas pelo pediatra assistente, mas havendo várias opções
terapêuticas:
Corticóides tópicos (Hidrocortisona a 1%);
Tracolímus (Protopic® a 0,03%) ou Pimecrolímus (Elidel®);
Anti-histamínicos (Dimetindeno (Neostil®), Desloratadina (Aerius®));
Ácido fusídico e/ou Flucloxacilina (se infecção bacteriana
concomitante).
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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DERMITE DAS FRALDAS
E
CANDIDÍASE DO PERÍNEO
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DERMITE DAS FRALDAS E CANDIDÍASE DO PERÍNEO
O contacto prolongado entre a pele e a urina ou as fezes na área da fralda
produz humidade e irritação. Esta pode complicar-se por infecção por fungos –
Candida (candidíase).
O QUE PROCURAR?
A área da fralda está vermelha, com pequenas bolhas ou feridas.
Se existem pequenas lesões, avermelhadas, pruriginosas (provocam comichão),
com manchas escamosas brancas, frequentemente nas áreas das pregas e a
criança também apresenta “sapinhos”, é indicador de uma provável infecção
por Candida.
MARQUE
O
UMA CONSULTA SE:
Ausência de melhoria com o tratamento caseiro.
Lesões avermelhadas nas áreas das pregas.
QUE SE PODE FAZER:
Mantenha a área da fralda limpa e seca, mudando frequentemente as fraldas e
limpando-a com água morna ou D’Aveia Sept® cada vez que muda a fralda.
Ocasionalmente, pode usar sabões pouco agressivos, como o Dove® ou
Neutrogena®.
Deixe a criança sem a fralda, o maior tempo possível (mais de uma hora por
dia), particularmente durante as mudanças das fraldas.
Aplique uma boa camada de um creme de barreira com óxido de zinco (Cicalfate
da Avène®, Dermalibour® da A-Aderma, Eryplast® da Lutsine, Creme para
Bebé da Vichy®, Johnson’s Baby Crem®, Creme Vitaminado da Mustela®,
Aveno Derm®, D’Aveia Creme Barreira®, Baby SebaMed Pomada de
Tratamento®, Halibut Pomada®, Mitosyl®) a cada muda da fralda. Não aperte
muito a fralda. As fraldas de pano devem ser bem lavadas e mantidas macias.
Não utilize cuecas de plástico. Se utilizar fraldas descartáveis, faça-lhe alguns
furos no plástico. Por vezes, as crianças suportam melhor um tipo de fralda do
que outro. Assim, deverá experimentar várias marcas.
Se houver lesões avermelhadas nas áreas das pregas, poderá haver
necessidade de aplicar creme especiais (D’Aveia PTM®, Canesten®). Se a
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criança também tiver candidíase oral (“sapinhos”), poderá, igualmente, haver
necessidade de terapêutica antifúngica dada pela boca.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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DERMITE SEBORREICA
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DERMITE SEBORREICA
(Crosta Láctea)
A dermite seborreica/crosta láctea é uma situação vulgar nos bebés
caracterizada pelo aparecimento de escamas oleosas e amareladas e pequenas
elevações, eritemato-descamativas, não pruriginosas (não provocam comichão) e
húmidas semelhantes a “borbulhas” no couro cabeludo e, mais raramente, nas
sobrancelhas e pestanas. Podem também aparecer as referidas “borbulhas” atrás das
orelhas e no rosto, pescoço, peito, nádegas e outras partes do corpo onde se localizem
glândulas sebáceas. Estas glândulas, que produzem sebo, uma substância lubrificante
da pele, gordurosa e semelhante a cera, são a causa do problema.
A incidência da crosta láctea é maior nas primeiras semanas de vida e em geral
desaparece por volta dos sete meses.
A causa é desconhecida, mas alguns dermatologistas pensam que pode dever-se
ao facto de poderem ser transmitidos ao bebé, durante as últimas semanas da
gestação, devido aos níveis elevados de hormonas maternas que desencadeiam a
produção excessiva de sebo. Este excesso não só estimula o desenvolvimento de
células novas como também junta as células mortas, formando escamas e crostas.
Não existem provas de que a crosta láctea seja sinal de deficiência nutricional.
DIAGNÓSTICO
E EXAMES COMPLEMENTARES
As placas amareladas da crosta láctea são claramente visíveis, e a situação é
imediatamente diagnosticada durante uma consulta de rotina. Não é raro que o médico
faça o diagnóstico pelo telefone com base na descrição do couro cabeludo do bebé
feita pela mãe.
TRATAMENTO
EM CASA
O bebé deve ser mantido fresco e seco, pois a dermite seborreica/crosta
láctea piora com a transpiração. Um bebé saudável não precisa de ter a cabeça
coberta para sair de casa, excepto se fizer frio, e o gorro deve ser retirado se o
bebé viajar num carro, comboio ou autocarro com o aquecimento ligado.
Quando experimentar um tratamento, espere pelo menos três dias para ver se
produz efeito antes de tentar outro tratamento.
Para a pele (rosto e corpo), pode aplicar óleos emolientes de bebé (Aveeno
Dermo-Oil®, Dermo-Oleo D’Aveia®) ou óleo de amêndoas doces.
Para o couro cabeludo, pode lavar a cabeça do bebé com champô uma vez por
dia. Ao aplicar o champô, não há motivo para recear esfregar a fontanela, vulgarmente
chamada moleirinha, a zona mole situada entre os ossos do crânio no alto da cabeça.
Esfregar normalmente não causa lesões ao tecido cerebral subjacente.
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Mais algumas medidas caseiras que poderão ser úteis:
Quando der banho ao bebé, lave-lhe o couro cabeludo ligeiramente com um
champô normal para bebés (Champô Neutro D’Aveia®) e escove o cabelo com
uma escova de pêlos macios. Aguarde um minuto ou dois e enxagúe com água
morna e limpe suavemente com uma toalha.
Massaje com óleo de bebé (Aveeno Dermo-Oil®, Dermo-Oleo D’Aveia®) ou óleo
de amêndoas doces para soltar as crostas e depois lave com champô. Espalhe a
espuma com uma escova macia, depois enxagúe muito bem o couro cabeludo com
água morna. Repita este tratamento três ou quatro vezes por semana.
Em vez de lavar o bebé com sabonete, experimente produtos sem sabão que
também são adequados para aplicação no couro cabeludo.
Retire suavemente as crostas soltas com um pente para bebés. Resista a
tentação de remover as placas e as escamas com a ponta da unha. Quando as
crostas estão prontas para se desprenderem, não precisam de ser retiradas ou
descoladas a mão.
TRATAMENTOS
MÉDICOS
Se as lesões da pele não desaparecerem com os “cuidados caseiros”, o Pediatra
poderá aconselhar cremes que contenham hidrocortisona (Hidalone®; Pandermil®).
Se a crosta láctea não desaparecer com cuidados caseiros, o Pediatra poderá
aconselhar loções/cremes (Kélual Emulsão®; Kératosane®; Xeratop Imersão®;
D’Aveia DS®; Quinodermil AS®; Stelaker®; ABCDerm Babysquam®) ou
loções/cremes que contenham hidrocortisona (Hidalone®; Pandermil®).
Nos casos graves ou muito persistentes de crosta láctea, o pediatra pode
receitar champôs especiais (Savorix Champô®; ZP Dermil Suspensão®, Shampooing
Mousse Croûte de Laitda A-Derma®) que ajudem a eliminar as placas escamosas.
Em raros casos, uma infecção fúngica poderá complicar a situação, o que dá à
pele um aspecto vermelho-vivo e provoca prurido intenso. Neste caso, o pediatra
poderá receitar um creme antifúngico (Canesten®).
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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DIARREIA
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DIARREIA
A diarreia pode ser definida como um excesso de volume de fezes diário. De
uma forma mais específica, há um aumento do conteúdo líquido das fezes (superior a
10 ml/kg/dia).
Em termos de duração, a diarreia pode ser classificada em:
aguda (até aos 14 dias de evolução);
persistente (entre os 14 e os 30 dias);
crónica (entre os 30 a 60 dias).
A diarreia aguda pode ser provocada por:
irritação ou infecção intestinal;
outro tipo de infecções (otite, infecção urinária, pneumonia);
alergia alimentar,
medicamentos (especialmente antibióticos),
toxinas.
Dentro das causas infecciosas, as mais frequentes são as infecções intestinais por
vírus (70% dos casos), nomeadamente os rotavírus (40% dos casos) os enterovírus, os
adenovírus entéricos, os astrovírus, os calicivírus, entre outros.
A diarreia pode provocar uma grande perda de líquidos do organismo, pelo que se
torna essencial compensar essa perda com a ingestão de líquidos, com o propósito de
evitar a desidratação. Portanto, enquanto houver diarreia, a criança deve ingerir pela
boca a quantidade correspondente de líquidos que é perdida pelas fezes. Chama-se a
isto, a reidratação oral, e é a pedra angular do tratamento da diarreia!
Felizmente, as gastrenterites virais são geralmente autolimitadas, resolvendo-se
entre 7 a 10 dias. Raramente, lactentes (crianças até 1 ano de idade) com
gastrenterites virais graves podem ficar com diarreia (fezes mais moles) durante 2 a
3 meses – síndrome pós-gastrenterite.
O QUE PODE FAZER?
1 – TRATAMENTO DO BEBÉ ALIMENTADO EXCLUSIVAMENTE AO PEITO
- Sem qualquer alteração (mantenha o peito, de preferência oferecendo-o, ainda, mais
vezes).
2 – TRATAMENTO DO BEBÉ ALIMENTADO COM LEITE ARTIFICIAL
- Prepare o leite com a diluição habitual, mas preferencialmente com água de arroz
(veja Como Preparar?).
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- Nas diarreias prolongadas, pode ser necessário alterar o leite da criança para uma
fórmula sem lactose (AL 110, HN25; 0-LAC; S26 sem lactose), que se deverá manter
entre 2 a 4 semanas.
3 - TRATAMENTO DA CRIANÇA MAIS CRESCIDA
- Suspenda, transitoriamente (4 a 6 horas), os alimentos sólidos!
- Nas primeiras horas, a criança deve ingerir líquidos (à temperatura ambiente).
Líquidos permitidos: “água chalada” (veja Como Preparar?), “água de arroz” (veja Como
Preparar?), soluções de re-hidratação oral (por exemplo: Dioralyte, Miltina Electrolit,
Redrate.). As soluções de re-hidratação oral são os líquidos mais aconselhados. Apesar
de muito populares a Coca-Cola®, o Ice Tea® e a Fanta®) não são líquidos
apropriados, devido ao seu baixo teor em sais minerais e/ou osmolaridade elevada, não
proporcionando uma hidratação eficaz.
- Passado este período (4 a 6 horas), e se a criança já estiver melhor, inicie-lhe,
lentamente, uma dieta mole, com chá e biscoitos/tostas, caldo de arroz ou de cenoura,
carne ou peixe cozidos ou grelhados.
Por exemplo: caldo de cenoura, arroz e peito de frango, bife com arroz, peixe e
batatas cozidos, iogurte simples em vez de leite, maçã e pêra cozidas, banana. Não
dar laranja ou qualquer outra fruta, nem alimentos ricos em fibra (farelo, legumes
verdes).
4 - TRATAMENTO DE OUTRAS MANIFESTAÇÕES ASSOCIADAS
Para a febre, prefira paracetamol (Ben-U-Ron®) em xarope.
Para os vómitos, por favor, veja a página 169.
PRECAUÇÕES
- Procure sinais de desidratação:
pele seca (chega a formar pregas quando beliscada);
olhos encovados;
fontanela anterior (“moleirinha”) afundada;
ausência de micção (não urina) durante mais de 8 horas em lactentes ou mais de
12 horas em crianças com 12 ou mais meses;
ausência de lágrimas com o choro;
respiração acelerada;
irritabilidade ou sonolência exageradas;
perda acentuada do peso (superior a 5 a 6% do peso total).
- Não dê antibióticos nem anti-diarreicos, sem prescrição médica! Se a criança está
medicada com antibióticos que agravam a diarreia (amoxicilina, amoxicilina + ácido
clavulânico) pode ser necessário alterá-los e/ou suspendê-los.
- Reforço hídrico (oferecer muitos líquidos) enquanto houver evidência de
desidratação.
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PREVENÇÃO
- Aleitamento materno.
- Melhoria das medidas sanitárias e de higiene pessoal, manuseamento adequado das
fezes/fraldas e lavagem cuidadosa das mãos.
- Vacinas, nomeadamente para rotavírus (Rotateq® ou Rotarix®).
PROCURE AJUDA PEDIÁTRICA IMEDIATAMENTE SE:
1 – Perda de sangue nas fezes;
2 – Cólicas abdominais ou vómitos incoercíveis (muito frequentes) durante mais de
duas horas;
3 – Febre elevada (superior a 39,5 ºC);
4 – Febre e diarreia em crianças com menos de três meses de idade;
5 – Evidência de desidratação (veja em PRECAUÇÕES sinais de desidratação).
PROCURE AJUDA PEDIÁTRICA DENTRO DE ALGUMAS HORAS
SE:
1 – Diarreia que aumenta em frequência ou em quantidade, com mais do que 10
episódios de vómitos ou de diarreia em 24 horas;
2 – Diarreia que não melhora após 24 horas de dieta adequada, ou se prolonga por 3 a
4 dias;
3 – Fezes com muco;
4 – Febre durante mais de dois dias.
MARQUE UMA CONSULTA SE:
1 – Diarreia ligeira durante uma semana ou mais.
O QUE PODERÁ SER NECESSÁRIO FAZER?
1 – Análises às fezes e à urina e eventualmente, ao sangue;
2 – Internamento (se desidratação importante);
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COMO PREPARAR?
ÁGUA CHALADA:
Faça um chá preto forte e retire 1 chávena deste chá. Junte água fervida até
perfazer 1 litro. Adicione 4 colheres de sopa rasas de açúcar.
ÁGUA DE ARROZ:
- Junte 2 colheres de sopa de arroz não lavado a 1 litro de água e deixe ferver até a
água se reduzir a metade.
- Arrefecer.
- Coar, separando a água do arroz.
- Junte 0,5 l de água ao coado e uma colher de café rasa de sal de cozinha.
- Prepare com água de arroz o biberão na quantidade que a criança costuma tomar. Por
exemplo: medir 120 ml de água de arroz e 4 medidas de pó.
SOPA DE CENOURA:
Em 1 litro de água junte 3 cenouras pequenas.
Deixar ferver até reduzir a metade a água. Junte mais ½ litro de água fervida.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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ENURESE
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ENURESE
Enurese é a perda involuntária e repetida de urina após uma determinada idade
considerada normal (enurese diurna primária em idades inferiores a 4 anos e enurese
nocturna primária em idades inferiores a 6 anos) ou quando a criança volta a perder a
continência após 6 meses de asseio (enurese secundária).
Há que distinguir entre enurese primária e secundária. A enurese primária
aplica-se às crianças que nunca foram continentes (que nunca deixaram de molhar a
cama) e enurese secundária aplica-se às crianças que já foram asseadas durante pelo
menos 6 meses, mas que por alguma razão voltaram a molhar a cama.
Existem muitas causas que podem causar enurese, as principais são:
Hereditária
Pode ser que haja antecedentes familiares. Se um dos pais foi enurético, a
criança apresenta uma probabilidade de 40 a 44% de ter enurese. Este valor sobe
para 70 a 77% se ambos os pais foram enuréticos. Nestes casos aconselhamos que
seja paciente com o seu filho. Felicite-o sempre que acorde seco de manhã.
Maturidade física
Pode ser que o seu filho simplesmente não tenha desenvolvido a parte do
cérebro que controla a bexiga através de uma hormona antidiurética (vasopressina),
ou pode ser que tenha uma bexiga pequena ou um músculo esfíncter débil. Neste caso
existem alguns exercícios que podem ajudar. Consulte o seu pediatra.
Micção diferida
É a causa mais frequente de enurese diurna em crianças em idade pré-escolar
porque a criança suspende e ignora a vontade de urinar, geralmente durante as
brincadeiras.
Infecção urinária
A enurese secundária é muitas vezes causada por uma infecção urinária,
especialmente no caso das meninas. O médico pode curar facilmente este tipo de
infecção.
Emocional
O seu filho começa a molhar a cama depois de já não o fazer por algum tempo.
Pode haver uma razão emocional. Estudos realizados sobre a enurese nocturna têm
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revelado que 30% das crianças com este problema sofrem de ansiedade, depressão,
baixa auto-estima e comportamento agressivo. Muitas vezes o simples facto de falar
com o seu filho e ajudá-lo nesta fase difícil da sua vida, pode resolver o problema.
Em qualquer dos casos, se se preocupa pelo facto de o seu filho molhar a cama
à noite, depois dos 4 a 5 anos de idade, não hesite em falar com o seu pediatra.
Ninguém melhor do que ele para a aconselhar e ajudar pois uma enurese mal
acompanhada pode levar a isolamento social da criança, a perda de auto-estima, a
ansiedade, a problemas comportamentais e a conflitos familiares. Assim a perda da
auto-estima pode ter efeitos adversos no desenvolvimento harmonioso da criança, e
causar problemas psicológicos significativos.
ENURESE NOCTURNA PRIMÁRIA: ALGUNS CONSELHOS
A criança deve assumir um papel activo, responsável.
Elabore um calendário de noites secas (“sol”) e molhadas (“chuva”).
Fale com o pediatra.
Faça a cama com dois resguardos e duas mudas de roupa.
Deixe um pijama extra à cabeceira da cama.
Não lhe forneça líquidos após o jantar.
O seu filho deve urinar imediatamente antes de ir para a cama.
Em caso de “descuido”, o seu filho deve mudar o pijama e a roupa de cama
molhada.
Verifique de manhã que a criança não vai para a escola com o cheiro da urina. É
importante que a criança tome banho antes da saída para a escola.
Evite punições e respostas furiosas dos pais (porque pode provocar baixa autoestima).
Institua um reforço positivo a cada noite seca (quadro de estrelas ou outra
recompensa, dependendo da idade).
Esclarecer sobre a etiologia e prognóstico (o objectivo é remover a censura e a
culpa).
Notas:
1 – Cuecas de Protecção Nocturna Unisexo – “Dry Nites” ® (dos 4 aos 10 anos).
Existem alguns estudos que desaconselham o uso da fralda durante o sono após a
entrada para o 1º ano do 1ºciclo do Ensino Básico (por eventual atraso no
amadurecimento fisiológico e um retrocesso na criança).
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2 – Alarmes: Constituem a opção terapêutica mais eficaz (70%) e com menor taxa de
recaídas (10%) pelo que deverão ser sempre ponderados nas enureses nocturnas
primárias após os 6 a 7anos de idade.
NUNCA ESQUECER
A criança com enurese não o é de propósito ou por preguiça!
A sua compreensão ajudará o seu filho a confiar em si mesmo, a culpabilização,
a vergonha ou o castigo não o beneficiarão. Seja positivo para tratar este
problema.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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EPISTAXES
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EPISTAXES
(Hemorragia Nasal)
CAUSAS
A maior parte das hemorragias nasais é causada por ar seco, ferimentos no
nariz ou quando a criança se assoa vigorosamente ou mexe dentro do nariz.
SINAIS
E SINTOMAS
Sangue a sair do nariz.
Sangue na garganta ou vómito (a hemorragia do nariz escorre para a garganta).
TERAPÊUTICA
Acalme e tranquilize o seu filho. A hemorragia será menos grave se ele estiver
descontraído.
Manter a cabeça da criança direita ou incliná-la ligeiramente para a frente
(inclinar a cabeça para trás leva o sangue a escorrer pela garganta, o que pode
fazer que a criança se engasgue ou vomite). Aperte o dorso do nariz (mesmo
por baixo do osso) e continue a fazer pressão, durante 10 a 15 minutos. Não o
deixe fungar nem assoar-se durante várias horas. Se a hemorragia persistir ou
voltar a aparecer, aperte o nariz do seu filho durante mais 10 minutos.
Aplicar frio na boca sob o lábio superior usando um cubo de gelo ou até um
gelado (nem todas as crianças tolerarão isto). O frio diminuirá o fluxo de
sangue para o nariz.
Se a hemorragia nasal da criança tiver sido causada por um acidente (por
exemplo, se ela foi atingida por uma bola) o frio aplicado no dorso do nariz
reduzirá o inchaço. Um saco de milho ou ervilhas congeladas, que se pode
moldar, é mais aconselhável que um saco de gelo. Ponha uma toalha fina ou uma
camisola de algodão entre o saco e a pele para a proteger.
QUANDO
PEDIR AJUDA?
Contacte o seu médico ou procure ajuda médica se:
A hemorragia persistir após 15 a 20 minutos de tratamento.
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A hemorragia voltar a ocorrer.
O sangue escorrer persistentemente pela garganta do seu filho.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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EXANTEMA SÚBITO
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EXANTEMA SÚBITO
(6ª Doença ou Roseola infantum)
O exantema súbito é uma doença contagiosa causada por um vírus – vírus do
herpes humano tipos 6 (2/3 dos casos) e 7 (1/4 dos casos) e echovírus 16, entre
outros .
As crianças são muito mais afectadas do que os adultos. Após um período de
incubação de 5 a 15 dias, surge febre elevada (entre 38,9 a 40,6 º C) que dura cerca
de 3 a 4 dias (podendo variar de 1 a 7 dias) e que cede muito mal aos antipiréticos
(medicamentos para a febre).
A criança está irritável, quase sempre sem outra sintomatologia associada. Por
vezes, nas crianças susceptíveis, pode ser acompanhada de convulsões febris.
Acompanhado a febre podem surgir: coriza (corrimento nasal), tosse, cefaleias (dores
de cabeça), diarreia e adenomegalias (gânglios aumentados de volume).
Subitamente, desaparece a febre e surge um discreto exantema maculopapular,
de cor rósea, de predomínio no tronco, por vezes com prurido (comichão), ficando a
criança clinicamente bem.
O exantema desaparece nos restantes 2 a 3 dias, sem descamação ou
pigmentação.
TRATAMENTO
Dar
antipiréticos
(Paracetamol
(Ben-U-Ron®)
/
Ibuprofeno
(Brufen®/Arfen®)) e reforçar o aporte de líquidos durante o período febril.
Não é necessário administrar antibióticos, sendo o tratamento apenas
sintomático.
COMPLICAÇÕES
São muito raras, mas como foi dito podem surgir convulsões febris, cujo agente
mais frequente é o vírus do herpes humano tipo 6, que, segundo alguns estudos, causa
1/3 das convulsões febris durante o primeiro ano de vida. Outras complicações
descritas são: hepatite, meningite asséptica, encefalite.
É uma doença que causa grande preocupação nos primeiros dias de febre,
geralmente fazendo com que a criança percorra várias consultas com tratamentos
muito diferentes (que deverá ser evitado!).
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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FEBRE
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FEBRE
A febre é o sinal e o sintoma que, isoladamente, motiva maior número de
consultas, tanto no ambulatório como na urgência. A maioria destes episódios de febre
ocorre em crianças com menos de 3 anos.
Considera-se febre uma temperatura corporal acima do normal (temperatura
rectal superior a 38 ºC, oral ou timpânica (ouvido) superior a 37,6 ºC ou axilar
superior a 37,2 ºC).
CAUSAS
1 - Doenças infecciosas (as infecções virais são as mais frequentes).
2 – Ansiedade.
3 - Exercício vigoroso.
4 - Exposição a ambientes quentes (mais importante nos lactentes (crianças até 1 ano
de idade) mais jovens).
5 - Excesso de roupa (mais importante nos lactentes mais jovens).
6 - Vacinações (a vacina “tríplice bacteriana” (DTP) poderá provocar febre durante as
primeiras 24 a 48 horas).
7 - Doenças reumatológicas ou neoplásicas.
O QUE PROCURAR
Dor de ouvido e/ou de garganta.
Corrimento nasal.
Tosse.
Lesões da pele.
Vómitos.
Diarreia.
Dor ao urinar.
A febre elevada poderá provocar irritabilidade ou sonolência, rubor facial e
alucinações. Estes sintomas devem melhorar quando a temperatura desce. Se assim
não acontecer, deverá contactar o Pediatra Assistente.
Um pequeno número de crianças poderá inicial episódio de convulsão febril,
contudo, estas recuperam rapidamente destes episódios sem problemas.
COMPLICAÇÕES
Raramente a febre pode decorrer com complicações, nomeadamente as
convulsões febris e a desidratação.
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CONTACTE IMEDIATAMENTE O PEDIATRA ASSISTENTE SE:
1 - Crianças com menos de 3 meses de idade.
2 - Alterações do comportamento, como alucinações, irritabilidade, sonolência, ou
choro ou choramingar inconsolável.
3 - Febre muito elevada (temperatura rectal superior a 40,5 ºC).
5 - Criança que chora quando movida ou tocada.
6 - Rigidez do pescoço, dor de cabeça intensa ou convulsão.
7 - Manchas purpúricas na pele ("pontos de sangue" semelhantes a amoras esmagadas
na pele que não desaparecem quando se passa a mão ou se comprime com um vidro).
8 - Respiração difícil, que não melhora após a desobstrução nasal.
9 - Criança baba-se muito e não consegue comer ou beber nada.
10 - Dor abdominal.
11 - Sinais de desidratação, como menos micções (urina menos vezes), fraldas menos
húmidas, ausência de lágrimas, respiração acelerada, irritabilidade ou sonolência,
perda acentuada do peso.
Se não conseguir contactar imediatamente o Pediatra Assistente, terá de
procurar ajuda perante os serviços de urgência (SAP, Urgência Hospitalar).
CONTACTE O PEDIATRA ASSISTENTE DENTRO DE
ALGUMAS HORAS SE:
1 - Criança entre os 3 e os 6 meses (excepto se a febre ocorreu dentro de 48 horas
após a vacinação com a DTP e a criança não tem outras manifestações de gravidade).
2 - Temperatura rectal superior a 39,5 ºC em criança com menos de três anos.
3 - Febre durante mais de 48 a 72 horas.
4 - Ardor com a micção.
5 - Vómitos ou diarreia durante mais de 12 horas.
COMO MEDIR A TEMPERATURA?
Medir correctamente a temperatura da criança é importante.
Como medir a temperatura rectal:
1 - Lubrifique-o com vaselina ou água fria.
2 - Introduza-o com suavidade no recto (≈ 1 cm). Deite a criança, de barriga para
baixo, sobre as suas pernas ou ao seu colo.
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3 - Espere 3 minutos ou até a linha de mercúrio parar de subir.
4 - Faça a leitura.
Como medir a temperatura oral (apenas em crianças com mais de 5 a 6 anos):
1 - Não dê à criança nada para beber nos últimos 15 minutos.
2 - Coloque o termómetro por baixo da língua.
3 - Espere 3 minutos ou até a linha de mercúrio parar de subir.
Como medir a temperatura axilar:
1 - Coloque o termómetro na axila.
2 - Espere 4 a 6 minutos ou até a linha de mercúrio parar de subir.
Os termómetros digitais ou electrónicos podem simplificar e encurtar estas fases.
Como medir a temperatura auricular:
1 - Ligue o termómetro de ouvido.
2 - Coloque o auricular.
3 - Introduza-o com suavidade no ouvido.
4 - Espere 1 segundo.
5 - Faça a leitura.
COM QUE FREQUÊNCIA SE DEVE MEDIR A TEMPERATURA?
Para a maioria das situações febris, medições da temperatura a cada três ou
quatro horas é uma boa recomendação.
O QUE PODE FAZER SE O SEU FILHO TIVER FEBRE
1 - Coloque a criança num lugar calmo e fresco, retire-lhe alguma roupa e não a
agasalhe.
2 - Ofereça-lhe muitos líquidos (frequentemente e em pequena quantidade de cada
vez).
3 - Se necessário dê-lhe medicamentos para a febre (antipiréticos). Temperaturas
rectais inferiores a 38,6 ºC geralmente não necessitam de medicação, excepto
se a criança tem antecedentes de convulsões febris, está muito incomodada ou
na hora de dormir.
Se a criança age normalmente, pode-se esperar até aos 39,0 ºC antes de
administrar os antipiréticos .
O paracetamol (Ben-U-Ron®, Panasorbe®) é o antipirético de eleição em
lactentes e em crianças. Como alternativa poderá usar o ibuprofeno (Brufen®,
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Arfen®), mas deve ser usado com precaução devido às possíveis reacções de
hipersensibilidade, nomeadamente nas crianças com asma.
Posologias habituais:
Paracetamol: 10-15 mg/kg/dose; oral ou rectal; de 6 em 6 horas, não
excedendo as 5 doses/dia.
Ibuprofeno: 5-10 mg/kg/dose; oral; de 8 em 8 ou 6 em 6 horas.
Associação de ambos, intervalados de 8 em 8 horas, o que significa que
fará antipirético de 4 em 4 horas.
Os pais também deverão saber que os antipiréticos só baixam 1 a 2 ºC a
temperatura, o que significa que se a febre for muito elevada o valor pode não
voltar ao normal (considera-se resposta adequada uma diminuição da
temperatura superior a 0,8ºC duas horas após o uso do antipirético).
4 - Se a temperatura da criança é superior a 39,5 ºC e não cede com os
anteriores, aplique-lhe compressas de água tépida, que podem ser mudadas a
cada 2 a 3 minutos e durante 30 minutos. Se necessário repita a aplicação de
compressas. Também pode dar-lhe um banho de água tépida. Estas medidas
físicas só devem ser realizadas cerca de 30 minutos após a administração do
antipirético.
5 - Respeite o apetite do seu filho, pois durante uma doença febril é normal a
perda de apetite.
6 - Se a criança vomitar o xarope, saiba que pode ficar alguma quantidade de
medicamento no estômago. Neste caso, a febre pode ceder por acção deste
medicamento. Se após 40 a 60 minutos, a temperatura continuar alta, poderá
voltar a dar-se metade da dose, ainda por via oral. Se há vómitos recorrentes,
administre o medicamento por via rectal (supositório).
7 - No caso de diarreia, a via oral é indiscutivelmente a mais adequada.
Para finalizar, não se esqueça que a febre não é uma doença, e que em
determinadas circunstâncias poderá representar uma resposta benéfica e
desejável do organismo a uma agressão.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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FIMOSE
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FIMOSE
EVOLUÇÃO NATURAL DA FIMOSE FISIOLÓGICA
No recém-nascido o prepúcio é normalmente longo e espesso, terminando num
meato estreito que dificilmente permite a visualização da glande. Definindo-se fimose
como a impossibilidade de retracção do prepúcio e de normal exteriorização da glande
por estenose do meato prepucial, poderá concluir-se que quase todos os recémnascidos e, a maioria dos lactentes (crianças até 1 ano de idade), têm fimose, mas
fimose fisiológica que em regra terá resolução espontânea.
As aderências balano-prepuciais, resultantes da incompleta maturação na
clivagem entre as mucosas da glande e do prepúcio, estão presentes em 96% dos
recém-nascidos, em 80% dos lactentes de 6 meses de idade, em 50% aos 12 meses,
em 20% aos 2 anos, em 10% aos 3 anos e em 1% aos 17 anos de idade. Daí que só
excepcionalmente se deva valorizar uma fimose antes dos 5 anos de idade.
COMPLICAÇÕES DA FIMOSE
A fimose poderá manifestar-se pela formação de um pequeno "balão" durante
a micção, resultante da dilatação do prepúcio antes de se verificar a saída da urina
em jacto. Embora frequente, o "balão" pode não significar doença, desaparecendo com
a resolução da fimose.
Também é frequente a fimose complicar-se para uma balanite ou
balanopostite, que consiste na sobre-infecção (geralmente bacteriana) da mucosa do
prepúcio e da glande, que se acompanha de edema (inchaço) e eritema (vermelhidão)
dos tecidos e saída de pus pelo orifício prepucial, com prurido (comichão) e ou dor da
glande, associado ou não a sinais de irritação uretral (disúria (dor a urinar) polaquiúria
(urinar muitas vezes e em pequena quantidade)). A balanite, que ocorre também com
muita frequência na ausência de fimose, responde bem ao tratamento tópico com antiséptico, creme ou gel antibiótico de largo espectro, preferencialmente o de uso
oftalmológico.
TRATAMENTO DA FIMOSE
As manipulações precoces e repetidas do prepúcio, como tentativa de
descolamento do mesmo, não estão recomendadas, podendo ser mesmo prejudiciais,
pelo risco de poderem provocar fissuras do anel prepucial, com posterior fibrose e
retracção cicatricial e, consequentemente, fimose secundária, agora representativa
de doença. A abordagem inicial indicada será, em regra, a abstenção de qualquer
medida para descolar as aderências, aguardando-se pela resolução espontânea, que
ocorrerá, na quase totalidade dos casos, até aos 6 a 7 anos de idade.
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A partir desta idade, o tratamento, é controverso, sobretudo nas situações de
fimose ligeira a moderada, mas defendendo-se a preservação do prepúcio. Na
ausência de resolução ou nos casos com infecção associada, a alternativa será
cirúrgica. Em geral, esta deverá reservar-se para idades superiores aos 6 a 7 anos.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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FISSURA ANAL
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FISSURA ANAL
Define-se fissura anal como uma solução de continuidade (“greta”) no canal
anal, geralmente na linha média, quase sempre posterior ou anterior.
Trata-se de uma situação comum e é a causa mais frequente de perda de
sangue vermelho vivo pelo ânus em idade pediátrica.
Na maioria dos casos a fissura está associada a obstipação e à passagem
vigorosa de grandes volumes de fezes duras que causam um traumatismo mecânico
local.
MANIFESTAÇÕES
A criança chora com os movimentos peristálticos do intestino; tem dor à
dejecção e sangue vermelho vivo na superfície das fezes, na sanita ou no papel
higiénico.
Dor associada à fissura tende a potenciar um ciclo vicioso: a criança passa a
reter as fezes e evita voluntariamente evacuar por ter medo da dor, o que
agrava a obstipação. Contudo, fissuras anais podem surgir em lactentes
(crianças até 1 ano de idade) que não têm história de obstipação ou dor.
TERAPÊUTICA
A fissura anal aguda habitualmente responde ao tratamento da obstipação e
banhos de assento.
O elemento mais importante do tratamento é a interrupção do ciclo vicioso
supracitado (o objectivo é interromper esse ciclo garantindo que a criança tenha
fezes moles diariamente).
O tratamento da obstipação crónica deverá incluir:
1 - desimpactação fecal, com clisteres para evacuação das fezes que ao longo
do tempo se acumularam no cólon e no recto;
2 -prevenção de uma nova acumulação através de: criação de hábitos de
evacuação regulares; dieta rica em fibras e água; utilização de laxantes. A
aplicação tópica de pomadas anestésicas após cada movimento peristáltico
pode ajudar a diminuir o espasmo do esfíncter e a dor.
EVOLUÇÃO
A maioria das fissuras cicatrizará entre 6 a 12 semanas.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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GENGIVO-ESTOMATITE
HERPÉTICA
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GENGIVO-ESTOMATITE HERPÉTICA
(“Febre Aftosa”)
A gengivo-estomatite herpética é uma doença contagiosa causada pelo vírus do
herpes.
As crianças são mais afectadas do que os adultos, aparecendo com a boca cheia
de aftas e com as gengivas vermelhas e sangrantes. Frequentemente provoca febre,
sialorreia (excesso de saliva) e, por vezes, adenomegalias cervicais (inchaços no
pescoço).
Enquanto dura esta situação, as crianças recusam-se a comer, rejeitando todo
o tipo de alimento sólido. Nos primeiros dias pode aparecer febre elevada, sialorreia
e, por vezes, adenomegalias cervicais. A doença dura cerca de 1 a 3 semanas e as
crianças tornam-se impacientes, impertinentes e dormindo pouco à noite.
TRATAMENTO
Se febre ou dores na cavidade oral, dar regularmente paracetamol e/ou
ibuprofeno.
Não insistir na alimentação sólida, oferecendo líquidos e alimentos
moles. Os líquidos ou as papas devem estar frios ou mornos.
Evitar os alimentos ácidos ou salgados.
Antes das refeições, aplicar nas gengivas pomadas analgésicas
(Pansoral®, Bucagel®, Nupercaínal®). Existem preparações de
manipulados que apenas devem ser prescritas pelo Pediatra.
Não é necessário administrar antibióticos, sendo este tratamento
apenas de suporte ou sintomático.
COMPLICAÇÕES
Geralmente não existem, mas a recusa alimentar intensa pode levar, muito
raramente, a situações de desidratação/hipoglicémia com necessidade de
internamento. É necessário grande paciência e evitar situações de luta à hora das
refeições.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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GRIPE
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GRIPE
A gripe é uma doença viral aguda muito contagiosa causada pelo vírus Influenza
do qual se conhecem 3 tipos - A, B e C. Apenas os vírus A e B causam doença com
impacto significativo na saúde pública.
O vírus é transmitido aos indivíduos susceptíveis através das secreções
respiratórias e tem um período de incubação de 2 a 7 dias (média de 2 dias). A doença
dissemina-se rapidamente entre a população, particularmente em condições de maior
aglomeração (locais fechados, como salas de espera de serviços de urgência, veículos
de transporte colectivos, hipermercados). O período de transmissão decorre desde 1
a 2 dias antes do aparecimento dos sintomas até 7 dias depois. Apesar de não se
considerar que haja estado de portador, as crianças mais pequenas e os
imunodeprimidos tendem a alojar o vírus durante períodos mais longos.
A infecção atinge todos os grupos etários, sendo as crianças as mais afectadas
em termos de incidência. As epidemias de gripe ocorrem quase exclusivamente
durante os meses de Inverno.
A doença aguda dura 3 a 5 dias, podendo a tosse e a fadiga durar várias
semanas.
SINAIS
E SINTOMAS
Febre elevada (muitas vezes, com calafrios *) de início súbito.
Mal-estar
Tosse (por vezes, tipo “tosse de cão”).
Odinofagia (dor de garganta).
Mialgias (dores musculares).
Cefaleias (dores de cabeça).
Anorexia (falta de apetite).
Adenomegalias (gânglios aumentados) cervicais.
Em crianças pequenas ocorrem frequentemente febre, diarreia, vómitos e dor
abdominal.
*Tremor intenso que frequentemente acompanha os quadros infecciosos agudos com hipertermia (febre),
resultante de contração muscular que ocorre como necessidade de elevação da temperatura após
sudorese profusa (suores intensos).
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de gripe é clínico, baseando-se o diagnóstico definitivo no
isolamento do vírus e/ou na identificação do genoma viral.
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TRATAMENTO
O tratamento é sintomático. Para além do reforço hídrico e do repouso, devem
tratar-se os sintomas (para a febre, paracetamol e/ou ibuprofeno; para a tosse, chá
de limão com mel e/ou oxolamina; para a obstrução nasal, limpeza nasal com soro,
fenilefrina).
Não dê ácido acetilsalicílico ao seu filho (pelo risco de lhe poder provocar
uma doença grave – síndrome de Reye.)
COMPLICAÇÕES
A complicação mais frequente da gripe é a sobreinfecção bacteriana
(pneumonia, otite média aguda, sinusite, etc.) por Streptococcus pneumoniæ,
Haemophilus influenza ou Staphylococcus aureus , necessitando estas sim
antibioticoterapia.
PEÇA
AJUDA AO
PEDIATRA ASSISTENTE
SE:
A febre se mantiver mais de 3 a 5 dias e/ou houver um aumento da
febre;
O seu filho apresentar manifestações de dificuldade respiratória
(pieira);
A tosse, a letargia e o mal-estar se mantiver mais de 15 dias.
PREVENÇÃO
A vacinação anual contra a gripe é a melhor forma de prevenir a
doença e reduzir o impacto das epidemias.
Após a vacinação, a vacina só começa a actuar geralmente, ao fim de 2
semanas (embora na primovacinação em crianças possa ser um pouco mais
longo) e persiste por um período inferior a 1 ano.
A vacina deve ser administrada anualmente, preferencialmente, em
Outubro, podendo, no entanto, ser administrada durante o Outono/Inverno.
Lavar as mãos com frequência também previne a transmissão do vírus
da gripe comum.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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INFECÇÕES URINÁRIAS
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INFECÇÕES URINÁRIAS
Infecções urinárias podem envolver o rim (pielonefrites) ou a bexiga (cistites).
São mais comuns em meninas.
O
QUE PROCURAR?
Infecções urinárias comummente causam ardor à micção, micções frequentes, e
urina com sangue (hematúria). Podem também provocar dor abdominal e/ou lombar,
febre, arrepios, náuseas, vómitos e uma sensação de fraqueza e mal-estar.
As meninas podem emitir pequenas quantidades de urina ou ter a sensação de
ardor à micção devido a irritação, e não a infecção. Esta irritação pode ser devida a
banhos de espuma, trauma, masturbação ou a limpeza incorrecta (a menina deve
limpar-se sempre da frente para trás). As meninas podem ter, também, um corrimento
vaginal.
A presença de sangue na urina pode indicar um problema renal não causado por
infecção.
Crianças em treino do bacio podem continuar a “molhar a cama”, geralmente em
resposta ao stress, e não a infecção.
PROCURE
AJUDA MÉDICA IMEDIATAMENTE SE:
1. Dor abdominal e/ou lombar intensa.
2. Febre elevada ou arrepios.
3. Hematúria (urina com sangue).
4. Retenção urinária (não fazer xixi).
5. Aumento de peso, cefaleias (dores de cabeça) ou diminuição da emissão de urina.
PROCURE
AJUDA MÉDICA DENTRO DE ALGUMAS HORAS SE:
1. Micções frequentes ou dolorosas (com ardor).
2. Antecedentes de infecções urinárias.
3. Dor ou outros sintomas que não melhoram nas primeiras 48 horas após início do(s)
antibiótico(s).
4. Medicamentos não tolerados.
MARQUE
UMA CONSULTA SE:
1. Início recente de “molhar a cama” nas crianças sem outros sintomas.
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O
QUE PODE FAZER:
1 – Em meninas, a irritação (vulvite) comummente causa ardor e micções muito
frequentes, e pode resolver-se através de “banhos de assento” com desinfectante
local (por exemplo: Rosalgin®) e deixando actuar durante alguns minutos. Repetir
durante alguns dias. Para prevenir a recorrência do problema, evite os banhos de
espuma e o sabão, se possível. Prefira os banhos de chuveiro. Encoraje a limpeza da
frente para trás, e o uso de cuecas brancas de algodão. Evite e trate a prisão de
ventre (obstipação). Se houver qualquer outro sintoma (por exemplo, corrimento
vaginal amarelado ou esverdeado) ou se for possível uma infecção urinária, procure
ajuda pediátrica.
2 – Se a criança tem uma infecção urinária, pode haver necessidade de internamento
para administração de terapêutica por via parentérica (através de uma veia); caso
contrário, trate a infecção em casa, cumprindo integralmente a prescrição médica
(antibioterapia, reforço hídrico (beber muita água), urinar frequentemente). Visitas
de seguimento são necessárias para evitar ou monitorizar as recorrências; para isso
pode ser necessário realizar alguns exames (análises à urina, ecografias, cintigrafias
ou gamagrafias).
Nota: A técnica de colheita da urina deve ser correcta para que se possam valorizar
os resultados, o que implica que a mesma seja feita preferencialmente no laboratório
ou no hospital.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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INTOXICAÇÕES
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INTOXICAÇÕES
A maioria das intoxicações em crianças é acidental e acontecem em crianças
com menos de cinco anos de idade.
Em lactentes (crianças até 1 ano de idade), a intoxicação é normalmente devida
a engano na administração de medicamentos.
Em crianças entre os 1 a 4 anos, vários factores aumentam o risco de
intoxicação (a criança é mais activa, curiosa e exploradora).
O QUE PODE FAZER?
Explique à criança o risco de tomar medicamentos e produtos tóxicos.
Guarde os produtos que possam provocar intoxicações (medicamentos,
produtos de limpeza, pesticidas, tintas, petróleo, diluentes) fora do alcance
das crianças.
Não tome medicamentos na presença de crianças.
Não exceda as doses prescritas.
Guarde os produtos de limpeza nas suas verdadeiras embalagens.
Feche e guarde os medicamentos e tóxicos imediatamente após a sua
utilização.
EM CASO DE SUSPEITA DE INTOXICAÇÃO CONTACTE IMEDIATAMENTE O
CENTRO DE INFORMAÇÃO ANTI-VENENOS – CIAV (TEL. 808 250 143).
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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LARINGOTRAQUEOBRONQUITE
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LARINGOTRAQUEOBRONQUITE
(Laringite, Crupe)
A laringite ou laringotraqueobronquite (LTB) é uma doença aguda da primeira
infância que afecta as vias respiratórias superiores e inferiores. É causada por vírus
ou pelo Mycoplasma pneumoniae. A doença evolui frequentemente a partir de uma
constipação ou gripe. A LTB de etiologia viral ocorre por epidemias (Outono e Inverno)
e é mais frequente entre os 3 meses e os 3 anos, com um pico de incidência entre os 6
e os 24 meses, e geralmente não dura mais de uma semana.
Os sintomas característicos da LTB são rouquidão, tosse ruidosa (“tosse de
cão”), respiração sibilante e dificuldade respiratória (taquipneia (frequência
respiratória aumentada), não consegue comer ou chuchar a chupeta, depressões
intercostais, infradiafragmáticas (“ficar com as costelas marcadas”) e/ou da fúrcula
esternal (“covinha” acima do esterno), adejo nasal (“abrir as asas do nariz”), “meter a
barriga para dentro”) - tudo consequência de infecção da laringe e tumefacção das
cordas vocais. Quando o ar passa pelas cordas vocais inflamadas e pela traqueia
tumefacta, produz um ruído de tom grave e áspero, chamado estridor – Laringite
estridulosa. Os acessos de tosse variam de ligeiros a intensos, com tendência para
piorarem à noite (por menor humidade ambiental). Os acessos de tosse podem
prolongar-se por meia hora e conduzir a vómitos.
DIAGNÓSTICO
E EXAMES COMPLEMENTARES
Geralmente, a LTB pode ser diagnosticada pelo telefone perante a simples
descrição dos sintomas e da tosse. No consultório, o médico identifica sem dificuldade
a doença ouvindo a respiração e a tosse da criança.
TRATAMENTO
EM CASA
Cuidar de uma criança com LTB exige serenidade para diminuir a ansiedade do
doente - uma tarefa que pode ser difícil se os próprios pais estiverem ansiosos.
A LTB é quase sempre tratada em casa fazendo várias sessões de vapores por
dia. De facto, esta prática em caso de constipação ou gripe pode muitas vezes
prevenir o aparecimento desta doença. Não deite óleos de mentol ou cânfora no
vaporizador porque podem irritar os tecidos já inflamados.
Durante os ataques de tosse, aumente a humidade do ar com aparelho de
aerossóis “frios” ou transformando a casa de banho numa sala de vapor. Abra a
torneira de água quente do chuveiro e feche a porta da casa de banho até o espaço
ficar cheio de vapor denso. Proceda deste modo logo que a tosse comece e fique na
casa de banho com a criança até a tosse passar. Uma criança assustada pode ser
acalmada dizendo-lhe que o vapor facilitará a respiração.
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Uma criança com LTB respira melhor sentada, por isso à noite deite-a apoiada
em várias almofadas ou eleve os pés da cabeceira da cama.
Ofereça muitos líquidos mornos para uma boa hidratação, que facilitará a
libertação do muco preso nas vias respiratórias. Em crianças mais velhas, o sumo de
maçã e chá com mel e limão são também úteis para soltar o muco.
Porque o choro pode desencadear um acesso de tosse, mesmo uma criança um
pouco maior beneficiará se for acarinhada e tratada com paciência. Distraia a criança
com histórias e cantigas. Por outro lado, alguns minutos de ar livre às vezes põem fim
a um ataque de tosse (pode colocar a criança, bem agasalhada, à janela para apanhar
ar “frio” e húmido do exterior. Como alternativa, abra a porta do frigorifico e coloque
a criança próximo dele). O fumo do tabaco no ambiente pode transformar uma LTB
controlável numa emergência médica. Por
isso, ninguém deve fumar dentro de casa quando uma criança estiver com LTB.
TRATAMENTOS
MÉDICOS
O tratamento médico só deverá ser prescrito pelo médico. Podem ser
necessários vários medicamentos (oxolamina, corticóides, antibiótico (se infecção
bacteriana secundária), adrenalina nebulizada (apenas no serviço de urgência)).
Nos casos em que o processo evolui para complicações graves, como, por
exemplo, estridor em repouso, ameaça de obstrução significativa das vias
respiratórias, desidratação, fadiga respiratória e/ou pneumonia, pode haver
necessidade de internamento hospitalar.
IMPORTANTE
Leve a criança ao serviço de urgência mais próximo se:
A tosse durar mais de uma hora em atmosfera húmida.
A febre atingir os 39 a 39,5°C.
A criança começar a ficar azulada, se se babar e tiver dificuldade em engolir
ou se arquear o pescoço para trás para respirar. Estes podem ser sinais de
epiglotite, uma doença que pode pôr a vida em risco se não tratada atempada e
correctamente.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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ERUPÇÕES CUTÂNEAS
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ERUPÇÕES CUTÂNEAS
(Rashes; Exantemas)
Erupções cutâneas em crianças podem ter vários tamanhos, várias formas ou
várias cores. De forma simples,podemos agrupá-las em:
ERUPÇÕES
Sarampo;
Rubéola;
Exantema súbito;
Escarlatina;
Toxicodermia (antibióticos);
Eritema infeccioso ou quinta doença;
Erupção cutânea viral (incaracterística).
ERUPÇÕES
CUTÂNEAS VERMELHAS “COM INCHAÇOS”
Acne;
Candidíase;
Dermite de contacto;
Eritema da fralda;
Eczema;
Urticária;
Impétigo;
Picada de insecto;
Tinha.
ERUPÇÕES
CUTÂNEAS VERMELHAS “SEM INCHAÇOS”
CUTÂNEAS COM BOLHAS (CHEIAS DE LÍQUIDO):
Varicela;
Herpes zoster;
Impétigo bolhoso;
Picada de insecto;
Sarna.
Erupções cutâneas vermelhas ou purpúreas, que não desaparecem à pressão
(quando a pele é apertada entre dois dedos, a lesão cutânea ainda aparece
vermelha ou purpúrea), principalmente se associadas a febre, são quase sempre
emergências médicas.
77
PEÇA
AJUDA MÉDICA IMEDIATAMENTE SE:
1. Erupções cutâneas vermelhas ou purpúreas e que não desaparecem à pressão.
2. Erupções cutâneas semelhantes a queimaduras.
3. Erupções cutâneas vermelhas, azuladas ou dolorosas ao toque.
4. Pústulas.
5. Se tem dúvidas quanto ao tipo de erupção cutânea ou se a criança tem outros
problemas.
PEÇA
AJUDA MÉDICA DENTRO DE ALGUMAS HORAS SE:
1. A pele está seca.
2. A criança tem ar doente.
3. Febre superior a 24 horas.
4. Erupção cutânea relacionada com medicamentos.
5. Erupção cutânea persistente (superior a 3 a 5 dias).
6. Pústulas com urina vermelha ou cor de Coca-Cola.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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MENINGITE
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MENINGITE
Meningite é uma inflamação das membranas que cobrem o cérebro e a medula
espinal (meninges). É a principal causa de febre associada a sinais e sintomas de
doença do sistema nervoso central na criança.
ETIOLOGIA (CAUSA)
A infecção pode ser viral (mais frequente) ou bacteriana.
Nas crianças com idade superior a 3 meses, os microrganismos mais frequentes
são: meningococo, pneumococo e Haemophilus influenzae tipo b (Hib). A infecção por
Hib diminuiu drasticamente com a imunização e é rara acima dos 5 anos. Existe uma
sobreposição de microrganismos nas idades compreendidas entre 1 e 3 meses.
MANIFESTAÇÕES
CLÍNICAS
Os sinais e sintomas são variáveis consoante a idade da criança e também
consoante o agente causador.
No lactente (crianças até a 1 ano de idade) o mais frequente, nas fases mais
precoces, é o facto de que a criança “não estar bem”. Habitualmente, tem febre,
recusa alimentar, pode estar prostrado (menos reactivo, apático) ou irritável, gemer
ou ter um choro agudo. Os vómitos são frequentes e podem surgir convulsões. O sinal
físico mais significativo, quando existe, é a fontanela procidente (abaulada) ou apenas
tensa à palpação. Há, muitas vezes, olhar fixo e pode existir desvio dos olhos ou
movimentos de nistagmo (oscilações repetidas e involuntárias de um ou ambos os
olhos).
Na criança mais velha, a doença começa habitualmente com mal-estar geral,
febre (38 a 40ºC), por vezes calafrios (arrepios de frio), cefaleias (dores de cabeça),
vómitos e fotofobia (dificuldade em encarar a luz). Os sinais mais sugestivos são a
rigidez da nuca e os sinais de Kernig e Brudzinsky. Em algumas meningites,
especialmente as provocadas pelo meningococo podem aparecer lesões da pele, queixas
articulares, gastrointestinais ou outras.
DIAGNÓSTICO
Sempre que se suspeite de meningite deve ser feita uma punção lombar para
obtenção de líquor (para confirmar o diagnóstico, identificar o agente responsável e
testar a sensibilidade aos antibióticos).
TERAPÊUTICA
80
Internamento hospitalar, terapêutica de suporte, antibioticoterapia
(para as meningites bacterianas), entre outras medidas.
COMPLICAÇÕES
Perda de audição neurossensorial;
Hidrocefalia (acomulação de liquído no cérebro);
Perturbação do tónus muscular;
Perturbação do desenvolvimento psicomotor, perturbação da linguagem e
problemas de comportamento;
Outras: enfarte ou abcesso cerebral, derrame subdural.
PROGNÓSTICO
A meningite bacteriana é uma doença grave pelo que requer uma detecção e
tratamento na fase inicial para evitar a morte (5 a 10% dos casos) e para prevenir
complicações (10% dos sobreviventes).
PREVENÇÃO
As vacinas (vacina pneumocócica, vacina meningocócica (meningococo tipo C),
vacina anti-Haemophilus influenzae tipo B, VASPR) constituiem a forma mais
simples, segura e eficaz na prevenção de algumas meningites.
A quimioprofilaxia dos contactos (rifampicina) que elimina a bactéria da
garganta das pessoas afectadas.
O tratamento correcto e atempado das infecções respiratórias contribui para
reduzir o número de potenciais focos de infecção.
PEÇA
AJUDA MÉDICA IMEDIATAMENTE SE:
Suspeitar que o seu filho tem meningite com base nas manifestações clínicas
anteriores.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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MONONUCLEOSE INFECCIOSA
82
MONONUCLEOSE INFECCIOSA
A mononucleose é uma doença altamente contagiosa que atinge sobretudo
adolescentes e adultos jovens. É por vezes chamada doença do beijo, pois é
transmitida através de contacto directo com saliva ou secreções nasais infectadas
com o organismo causador, o vírus de Epstein-Barr (VEB). Contudo, não é necessário
beijar uma pessoa infectada; a mononucleose é facilmente transmitida através da
partilha de copos, pratos e talheres ou escova de dentes.
Na maior parte dos casos, a exposição ao VEB não provoca sintomas. Aos 5 anos,
cerca de metade das crianças já contraíram o vírus e desenvolveram imunidade,
embora a maioria não tenha adoecido.
Quando se manifestam, os sintomas começam 30 a 60 dias depois da exposição ao
vírus, com fadiga, dor de cabeça e arrepios, seguidos um ou dois dias mais tarde por
febre, dor de garganta e gânglios aumentados, sobretudo no pescoço. Algumas pessoas
também se queixam de fraqueza, perda de apetite e dor muscular e articular.
Em certos casos graves, o baço aumenta de volume e pode desenvolver-se icterícia
(pele amarelada) se o fígado for afectado. Os sintomas persistem em geral durante
uma a quatro semanas, mas recuperação total pode levar dois ou três meses.
A mononucleose em si não costuma ser grave, mas por vezes surgem complicações
que podem pôr em risco a vida do doente, sobretudo em pessoas com sida ou outras
doenças que reduzem a imunidade. Estas complicações incluem hepatite, obstrução das
vias respiratórias devido a edema da garganta, meningite, convulsões e psicose, se o
cérebro e o sistema nervoso estiverem infectados; distúrbios sanguíneos, como
anemia hemolítica e ruptura do baço.
TRATAMENTOS
MÉDICOS
Na maior parte dos casos, a mononucleose é autolimitada. Como é uma doença
viral, os antibióticos não são eficazes como tratamento.
Em certos casos, porém, pode ser receitado um corticosteróide se houver
obstrução das vias aéreas superiores por amígdalas volumosas. Os corticóides, podem
também ser receitados por: anemia hemolítica auto-imune grave, doença neurológica,
insuficiência hepática grave.
É recomendado o paracetamol, se necessário, para tratar dores de cabeça ou
outras e febre.
Em casos raros, é necessário hospitalizar o doente. Por exemplo, a ruptura do
baço é uma emergência médica que exige transfusões de sangue imediatas e cirurgia a
fim de evitar a morte.
83
TRATAMENTO
EM CASA
O doente deve ficar de cama enquanto tiver febre; depois disso, pode reatar
as actividades normais, mas são necessários períodos de repouso frequentes para
evitar a fadiga. Como o baço continua vulnerável mesmo depois de os sintomas
desaparecerem, os desportos de contacto devem ser evitados durante pelo menos dois
meses após a recuperação.
Deve ter-se o cuidado de evitar a transmissão da doença a outros. Uma pessoa
é considerada contagiosa até ao desaparecimento de todos os sintomas. Mesmo
depois, o vírus permanece no organismo e pode ser detectado na saliva e secreções
nasais de cerca de um quarto de adultos de outro modo saudáveis.
Mesmo depois da recuperação, o doente deve estar atento aos sintomas de
complicações tardias, sobretudo de hepatite. A icterícia - amarelecimento da pele e
da parte branca dos olhos - obriga a avaliação pediátrica/médica.
OUTRAS
CAUSAS DE “SÍNDROME MONONUCLEÓSICA”
Vírus (citomegalovírus (vulgarmente infecta recém-nascidos); herpes vírus
humano tipo 6; adenovírus; HIV; rubéola; vírus da gripe).
Parasitas (Toxoplasma gondii).
Neoplasias (linfoma).
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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OBSTIPAÇÃO
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OBSTIPAÇÃO
(Prisão de Ventre)
As crianças têm vários padrões de hábitos intestinais. Podem não ter qualquer
dejecção durante três ou quatro dias, sem que isso só por si represente qualquer
perigo. Por vezes, podem surgir associados a dor ou a desconforto abdominal.
Alterações na dieta podem provocar obstipação. Regra geral, as dietas das crianças
que sofrem de obstipação com uma certa frequência costumam ser pobres em água,
frutas e verduras frescas e, ao mesmo tempo, excessivamente proteicas (excesso de
carne, peixe e ovos).
CAUSAS
Erros alimentares (dietas pobres em água e fibras, excesso de ingestão de
leite);
Fissura anal;
Adiamento da defecação por actividades lúdicas ou constrangimentos;
Obstipação aguda por doença febril;
Depressão, perturbações emocionais;
Orgânicas (geralmente em crianças com idade inferior a 2 anos);
Doença de Hirschsprung (Megacólon);
Medicamentosas;
Anticonvulsivantes;
Antidepressivos;
Ferro (as fórmulas infantis são suplementadas em ferro);
Uso e abuso de laxantes;
Excesso de vitamina D.
O
QUE PROCURAR?
Dejecções com fezes duras raiadas de sangue vivo (que sugerem fissura anal),
dor ou desconforto abdominais.
CONTACTE-NOS
DENTRO DE ALGUMAS HORAS SE:
1. Cólicas abdominais vigorosas;
2. Sangue nas fezes;
3. Ausência de dejecções durante mais de cinco dias;
4. Dor abdominal durante mais de duas horas.
MARQUE
UMA CONSULTA SE:
86
1. Dor abdominal recorrente;
2. “Soiling” (escape involuntário de fezes pelo anûs em pequena quantidade);
3. Fissura do recto;
4. Obstipação associada a medicamentos;
5. Obstipação relacionada com o treino do bacio.
TRATAMENTO
1. As alterações dietéticas são essenciais e geralmente suficientes – Acrescente
azeite cru aos purés após a cozedura das verduras, antes de as triturar e às massas
depois de cozidas e escorridas; encoraje o sumo de ameixas ou damascos, pêssegos,
pêras e outras frutas (manga, papaia, kiwi) quando apropriadas.
2. Se a obstipação está relacionada com o treino do bacio, crie hábitos de evacuação
regulares, sentando a criança duas vezes por dia, dez a quinze minutos, aproveitando
os momentos do reflexo gastro-cólico ao acordar ou após as refeições.
3. Em crianças mais velhas, encoraje a ingestão de sumo de ameixas ou damascos,
laranjas, ameixas, figos, tâmaras, pêssegos, papaia e pêras), de outras frutas
(preferencialmente com casca), de farelo, de legumes e de fontes de fibra (cereais,
pão e massa integrais). A ingestão abundante de água é essencial. Desencoraje o
excesso de leite (que pode ser substituído pelo iogurte ou leite fermentado, uma vez
que as bactérias vivas neles existentes contribuem para o crescimento da flora
intestinal benéfica e, consequentemente, melhoria da obstipação), da cenoura, do
arroz, das bananas e da maçã/pêra cozidas com açúcar, uma vez que são obstipantes.
4. Raramente, o pediatra poderá mudar o leite e/ou receitar laxantes.
5. Se existirem fissuras anais, traduzidas geralmente por dor e fezes raiadas de
sangue, é aconselhado o amolecimento das fezes, mantendo a região perianal o mais
seca possível e aplicar cremes calmantes após cada troca da fralda. Não use clisteres
nem supositórios, pois eles poderão agravar o problema.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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DOR, EXSUDADO
OU OLHO VERMELHO
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DOR, EXSUDADO OU OLHO VERMELHO
CAUSAS
O
Infecção viral ou bacteriana (vulgarmente conjuntivite);
Irritação (fumo, cloro das piscinas, sabão, perfumes);
Alergia;
Corpo estranho.
QUE PROCURAR?
Dor, exsudado ocular (nomeadamente pús), sintomas respiratórios (obstrução
nasal, rinorreia (corrimento nasal), tosse), febre e sinais inflamatórios.
PEÇA
PEÇA
AJUDA PEDIÁTRICA/OFTALMOLÓGICA IMEDIATAMENTE SE:
Inchaço ou vermelhidão periorbitária (à volta do olho);
Dor no olho;
Perturbação da visão;
Corpo estranho (não removível facilmente);
Traumatismo ocular;
Contacto ocular com substância química;
Globo ocular nublado, sangrante ou com feridas;
Exsudado purulento;
Recém-nascido (idade inferior a 28 dias).
AJUDA PEDIÁTRICA DENTRO DE ALGUMAS HORAS SE:
Exsudado seroso ou vermelhidão do olho que duram mais de uma semana e
ausência de melhoria após três dias de terapêutica.
O
QUE PODE FAZER!
Se a causa é uma infecção bacteriana, limpe (com algodão embebido em soro
fisiológico/água morna) e aplique antibióticos tópicos de 2 a 2 horas (enquanto a
criança estiver acordada). Quando o olho começar a melhorar, pode diminuir a
frequência para quatro vezes por dia. Para bebés pequenos, pode aplicar pomada
quatro vezes por dia. Para infecções graves, aplique pomada e gotas ao deitar.
Evite o contágio: lave frequentemente as mãos (principalmente antes e após a
colocação da medicação), evite coçar os olhos, use toalhas e almofadas separadas, não
89
encoste o frasco das pomadas e colírios nos olhos e lave sempre as mãos antes e após
aplicá-los, não use lentes de contacto enquanto estiver com conjuntivite ou quando
utilizar colírios ou pomadas. Evite que a criança vá à escola durante pelo menos 24 a
48 horas após o início da antibioterapia (idealmente, só deve voltar ao
estabelecimento de ensino quando já praticamente não aparecer pús ao acordar de
manhã).
Se a causa é uma alergia ou um agente irritante, tente evitá-los. No primeiro
caso, poderá utilizar-se uma compressa de água filtrada fria (não gelada) e/ou um
anti-histamínico.
Se a causa é o contacto do olho com uma substância química, lave muito bem e
imediatamente o olho e procure logo que possível o Pediatra/Oftalmologista
(principalmente se há dor).
Se suspeita de um um corpo estranho no olho, pode tentar deslocá-lo com uma
gaze macia ou um tecido suave. Se não conseguir, procure o Pediatra/Oftalmologista.
Outra abordagem consiste em enxaguar abundantemente o olho com água corrente.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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OTITE MÉDIA AGUDA (OMA)
91
OTITE MÉDIA AGUDA (OMA)
DESCRIÇÃO
Fluido infectado no ouvido médio (espaço por trás do tímpano) causado por
vírus (Vírus respiratório sincicial, Rhinovírus, Vírus influenza, Adenovírus, Vírus
parainfluenza) ou bactérias (Pneumococos, Moraxella catarrhalis, Haemophilus
influenzae, Estreptococos -hemolítico do grupo A).
O
QUE PRECISA DE SABER
As otites são muito comuns em crianças com menos de 4 anos de idade –
estima-se que 2/3 de todas as crianças têm pelo menos uma otite até aos 2
anos.
Certos grupos de crianças são mais propensos a desenvolver infecções do
ouvido (crianças com menos de um ano de idade, crianças que frequentam a/o
creche/jardim-de-infância, crianças expostas ao fumo do tabaco, crianças com
alergia, crianças com hipertrofia dos adenóides e/ou mau funcionamento da
trompa de Eustáquio (canal que liga o nariz ao ouvido)).
A maioria das otites (cerca de 60 %) são provocadas por vírus pelo que curam
sem tratamento, mas isto não se pode prever em cada caso particular. Por isso,
muitos pediatras defendem que todas as crianças com OMA devem ser
tratadas com antibiótico. Muito recentemente, esta posição tem merecido
alguma controvérsia.
O tratamento inicial costuma ser feito com um antibiótico, e é importante
tomá-lo de acordo com a prescrição médica para assegurar que o fluido
desaparece do espaço do ouvido médio. A terapêutica antibiótica diminui
significativamente a probabilidade de complicações e encurta a duração da dor.
A persistência de fluido no ouvido médio durante períodos prolongados após
tratamento da infecção aguda pode resultar na perda da audição – “surdez de
transmisão”.
SINAIS
E SINTOMAS
As OMA são muitas vezes assintomáticas (30 a 50% dos casos). Contudo, as
manifestações clínicas mais frequentes são as seguintes:
Um crianças com idade inferior a 3 anos: irritabilidade, mexer/puxar
as orelhas, acordar a meio da noite e/ou de sestas, febre, anorexia
(perda de apetite), coriza (corrimento nasal), conjuntivite, vómitos,
diarreia, rinite e convulsões febris.
92
QUANDO
Em crianças com idade superior ou igual a 3 anos: otalgia (dor de
ouvido), otorreia (corrimento do ouvido que significa perfuração
timpânica e induz alívio da dor), perda de audição, “sensação de ouvido
cheio”, tonturas, vertigens e perda de equilíbrio (por atingimento do
ouvido interno).
Notas: a otalgia só aparece em 1/2 dos casos e a febre só aparece em
1/3 a 2/3 dos casos (mas a otoscopia deverá ser
feita em todas as crianças com febre. Se a febre for superior a 40 ºC,
peça ajuda pediátrica imediatamente).
PEDIR AJUDA:
Contacte o Pediatra se os sinais e sintomas anteriores estiverem presentes,
mesmo que as medidas para alívio da dor sejam eficazes. O desaparecimento da dor
não significa que a infecção foi resolvida. É necessária uma avaliação pelo Pediatra.
COMPLICAÇÕES
Infecções graves, como: mastoidite, meningite, abcesso epidural, empiema
subdural, abcesso cerebral e trombose do seio lateral.
Sequelas auditivas (a persistência de fluido durante períodos prolongados no
ouvido médio bilateralmente pode provocar surdez de transmissão e,
consequentemente, perturbação da linguagem e dificuldades de aprendizagem).
Assim, a otite serosa ou seromucosa crónica com diminuição da audição pode
ter indicação cirúrgica (colocação de tubos transtimpânicos de ventilação,
adenoidectomia).
Síndrome de otite média e conjuntivite (sugere infecção por Haemophilus
influenzae não tipáveis).
Outras: perfuração timpânica, paralisia facial, erosão ossicular, labirintite e
colesteatoma.
TRATAMENTO
Coloque o seu filho numa posição vertical para ajudar a aliviar o desconforto.
Para a dor, use paracetamol e/ou ibuprofeno (este último ajuda também na
inflamação). A dor também pode ser aliviada com compressas aquecidas (fralda húmida
aquecida com ferro de passar roupa) ou bolsa térmica envolta em pano para evitar
queimar a pele.
Faça lavagens nasais frequentes com soro fisiológico ou água do mar com jacto
muito suave (Rhinomer mini®, Nasomar®). Use os descongestionantes nasais (Neo-
93
Sinefrina®, Vibrocil®, Nasorhinathiol®) com moderação e por tempo limitado (3 a 5
dias).
Só use antibióticos e/ou gotas para os ouvidos (para a dor) se o Pediatra os
receitar. Se houver otorreia (pús no ouvido), não permita que entre água no ouvido.
Para isso, utilize algodão revestido com vaselina ou tampões de silicone.
Complicações graves (meningite, otomastoidite) podem necessitar de
internamento hospitalar.
Por tudo o que foi relatado, as OMA de repetição ou persistentes devem ser
avaliadas
quanto
à
audição
(timpanograma,
audiograma,
avaliação
por
Otorrinolaringologia). Felizmente, a maioria das crianças melhoram à medida que
crescem (melhor maturidade imunológica, menor número de constipações, maior
diâmetro das trompa de Eustáquio).
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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PAROTIDITE AGUDA
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PAROTIDITE AGUDA
(Papeira)
A parotidite (inflamação das glândulas salivares) é uma doença contagiosa
habitualmente causada por um paramixovírus. É mais frequente durante os meses de
Inverno e Primavera. Transmite-se de pessoa para pessoa através das gotas de saliva
que são expelidas quando se tosse, fala.
Cerca de 14 a 21 dias após o contágio, a criança apresenta uma tumefacção por
debaixo da orelha na zona do maxilar, que vai aumentando progressivamente, podendo
ou não aparecer no outro lado. A tumefacção é geralmente dura e dolorosa, mantendose entre 3 a 7 dias. Pode ou não aparecer febre (em 80% dos casos), cefaleias (dores
de cabeça) e dores abdominais. Se aparecerem convulsões e/ou sonolência contacte
imediatamente o seu médico.
TERAPÊUTICA
Sintomática;
Se aparecer febre e/ou dores => Antipirético/analgésico (Paracetamol - BenU-Ron®, Panasorbe®).
Não dê alimentos ácidos (Ex. laranja, limão).
CONTACTO ESCOLAR
A parotidite epidémica é uma Doença de Declaração Obrigatória. A sua criança
deve estar isolada das outras pelo menos 9 dias após o aparecimento da tumefacção.
COMPLICAÇÕES
São raras, no entanto pode ocorrer meningite asséptica, meningoencefalite,
orquite (inflamação dos testículos, rara antes da adolescência, e quando ocorre
raramente provoca esterilidade), ovarite (inflamação dos ovários), miocardite,
pancreatite, surdez sensorial (geralmente unilateral, para sons altos e transitória),
mastite e artrite.
PROCURE AJUDA MÉDICA IMEDIATAMENTE SE:
Sonolência importante;
Convulsões.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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PITIRÍASE ALBA
97
PITIRÍASE ALBA
O
QUE É?
A pitiríase alba é uma doença de causa desconhecida porém muito frequente
nas pessoas com história pessoal ou familiar de atopia (asma, bronquite, rinite
alérgica, eczema atópico).
MANIFESTAÇÕES
CLÍNICAS
As manifestações da doença surgem principalmente após a exposição intensa da
pele ao sol. Caracterizam-se por manchas claras, arredondadas, finamente
descamativas, de limites imprecisos e muitas vezes com um aspecto pontilhado. Devido
às manchas claras, a doença muitas vezes é confundida com a pitiríase versicolor. As
localizações mais frequentes são a face, tronco e membros superiores. As lesões não
apresentam sintomas e o ressecamento da pele frequentemente acompanha o quadro.
É mais comum nas crianças, podendo surgir também durante a vida adulta, sendo
comuns remissões e reaparecimento das manchas.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Outras doenças de pele, como a Pitiríase versicolor, podem confundir-se com a
Pitiríase alba. Por isso, o seu diagnóstico deve ser feito por um médico (pediatra e/ou
dermatologista).
TRATAMENTO
A hidratação da pele e a protecção solar ajudam a evitar o surgimento da
pitiríase alba. A exposição prolongada e continuada ao sol e as consequentes
queimaduras solares devem ser evitadas. Uma alimentação rica em legumes, verduras e
frutas e a ingestão abundante de líquidos durante o verão também ajudam na sua
prevenção.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
98
PITIRÍASE VERSICOLOR
99
PITIRÍASE VERSICOLOR
("Micose da Praia")
O
QUE É?
Também vulgarmente conhecida como "micose da praia" ou "pano branco", a
Pitiríase versicolor é uma micose que, ao contrário do que se pensa, não é adquirida na
praia ou piscina. O fungo (Pityrosporum orbiculare, anteriormente designado por
Malassezia furfur) causador da doença habita a pele de todas as pessoas e, em
algumas delas, é capaz de se desenvolver causando a doença. As áreas de pele mais
oleosa, como a face e a porção superior do tronco são as mais frequentemente
atingidas.
MANIFESTAÇÕES
CLÍNICAS
Quando uma pessoa com a micose se expõe ao sol, a pele contaminada não se
bronzeia. A doença então aparece na forma de manchas claras, pois a pele ao redor
fica bronzeada, e por isso as pessoas pensam que apanharam a doença na praia ou
piscina. Contudo, o sol apenas mostrou aonde estava a micose. Em alguns casos, as
manchas podem ser castanhas ou avermelhadas. As lesões são recobertas por fina
descamação.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Outras doenças de pele, como a Pitiríase alba, podem confundir-se com a
Pitiríase versicolor. Por isso, o seu diagnóstico deve ser feito por um médico (pediatra
e/ou dermatologista).
TRATAMENTO
A Pitiriase versicolor é uma micose que responde bem ao tratamento, que pode
ser feito com medicamentos de uso via oral ou local, dependendo do grau de
comprometimento da pele. Entretanto, devido a ser causada por um fungo que habita
normalmente a pele, há uma grande possibilidade de recidiva, mesmo após um
tratamento bem sucedido.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
100
PEDICULOSE DA CABEÇA
101
PEDICULOSE DA CABEÇA
(Piolhos da Cabeça)
Os piolhos da cabeça (Pediculus humanus capitis) são pequenos parasitas que
normalmente parasitam a cabeça, provocando a pediculose da cabeça. Atinge
principalmente as crianças em idade escolar, principalmente as meninas, sendo
transmitida pelo contacto directo interpessoal (cabeça-a-cabeça) ou pelo uso de
objectos como bonés, escovas ou pentes de pessoas contaminadas.
Trata-se de uma infestação muito comum, podendo afectar pessoas de todas as
classes sociais e não significa falta de higiene.
MANIFESTAÇÕES
Prurido (comichão) (causado pela saliva do piolho);
Máculas e pápulas (erupção cutânea);
Piolhos castanho-claros no cabelo;
Lêndeas (ovos de piolho) no cabelo, tipo caspa;
Resíduos castanhos nos lençóis (sangue digerido pelos piolhos).
COMPLICAÇÕES
Dermite secundária;
Infecção da pele (impétigo, furunculose).
TRATAMENTO
Todos os familiares infestados devem ser tratados. Procure e retire as lêndeas
(para facilitar a remoção das lêndeas, pode ser usada uma mistura de vinagre e água
em partes iguais, embebendo os cabelos meia hora a uma hora antes de proceder à sua
remoção ou sature o cabelo com amaciador, penteando-o com um pente de dentes
finos (Assy®) e enxagúe abundantemente com água). Repita esta operação a cada 3 a
4 dias durante pelo menos duas semanas.
Lave com água quente (temperatura superior ou igual a 60 ºC) as fronhas, as
roupas da cama, as roupas dos brinquedos. Lave pentes, escovas e adornos de cabeça
com água quente e/ou antiparasitário.
Sele em saco plástico durante 10 a 14 dias o que não puder ser lavado com água
quente.
102
Medicamentos
Loções anti-piolhos sem insecticida químico (Paranix ® (crianças com idade
igual ou superior a 2 anos), Lipuk ® (crianças com idade igual ou superior a 2 anos),
Itax® (crianças com idade igual ou superior a 3 anos)), que geralmente actuam por
obstrução das vias respiratórias dos piolhos, impedindo-os de respirar.
Antiparasitários químicos contendo permetrina (Nix® (crianças com idade igual
ou superior a 6 meses)), lindano (Sarcoderma® (crianças com idade igual ou superior a
2 anos)), pirectrinas de síntese e butóxico de piperonilo (Pára-Pio®).
Para a aplicação correcta dos medicamentos anteriormente referidos, veja o
Folheto Informativo específico de cada medicamento.
Se ocorrer prurido (comichão) intenso, pode ser necessário utilizar antihistamínicos orais, como hidroxizina. Mesmo após o tratamento bem sucedido, o
prurido pode persistir duas semanas.
PERGUNTAS FREQUENTES E RESPOSTAS
Os piolhos da cabeça significam falta de higiene?
Não! Os piolhos da cabeça não estão relacionados com a higiene pessoal. Alguns
peritos acreditam mesmo que os piolhos preferem o couro cabeludo limpo.
Para o tratamento ser eficaz é preciso cortar o cabelo?
Não! Uma aplicação cuidadosa do antiparasitário em todo o couro cabeludo e ao
longo dos cabelos é geralmente suficiente. O corte intempestivo do cabelo pode ser
traumatizante para a criança (apesar de poder aliviar a ansiedade dos pais) pelo que
não deve ser feito por rotina.
Se a criança estiver infestada com piolhos da cabeça, como proceder com os
brinquedos de pano e com as roupas dos brinquedos?
As roupas dos brinquedos devem ser lavadas na máquina de lavar com água
quente (a uma temperatura igual ou superior a 60ºC). Alternativamente, os
respectivos brinquedos devem ser selados em sacos de plástico durante 10 a 14 dias.
103
É a remoção das lêndeas necessária para prevenir a propagação?
Não! Para facilitar a remoção das lêndeas pode ser usada uma mistura de
vinagre e água em partes iguais, embebendo os cabelos meia hora a uma hora antes de
proceder à sua remoção com um pente de dentes finos adequado (Assy® ou pente que
acompanha o antiparasitário) e enxagúe abundantemente com água. Repita esta
operação a cada 3 a 4 dias durante pelo menos duas semanas.
O que fazer com as crianças que frequentemente aparecem com piolhos?
Em crianças que frequentemente aparecem com piolhos, recomenda-se manter
os cabelos curtos e examinar a cabeça em busca de parasitas, usando o pente fino
sempre que chegarem da escola que é, geralmente, o principal foco de infecção. As
meninas de cabelos compridos devem ir à aula com os cabelos presos. A escola deve
ser informada quando a criança
apresentar a doença para que os outros pais verifiquem a cabeça dos seus filhos, de
modo que todos sejam tratados ao mesmo tempo, interrompendo assim o ciclo de
reinfestação.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
104
SÍNDROME DE MORTE
SÚBITA DO LACTENTE
105
SÍNDROME DE MORTE SÚBITA DO LACTENTE
“Morte no Berço”
A síndrome de morte súbita do lactente (SMSL) é um acontecimento
devastador porque o lactente (criança até 1 ano de idade) morre inesperadamente e
de uma causa não explicada. A maioria (90%) das mortes acontece entre os dois e os
sete meses de idade, mas por definição pode ocorrer desde o 1º e o 12º meses.
Recentemente, um estudo conclui que estes lactentes apresentam alterações a
nível cerebral (tronco cerebral), nomeadamente um defeito no transporte de
serotonina, em zonas que controlam as funções respiratórias, cardíacas, arteriais e
térmicas. A anomalia faz com que o cérebro não desencadeie mecanismos de reacção,
quando há problemas naquelas funções.
Estatísticas internacionais estimam uma prevalência que ronda os dois por mil
nascimentos. Pelo contrário, em Portugal a prevalência baixa para 0,1 a 0,2 por mil
nascimentos (o que pode representar desconhecimento da verdadeira extensão do
problema). Ocorre mais frequentemente no Inverno e durante a noite.
Muitas vítimas de SMSL tiveram recentemente uma constipação, tosse, febre,
vómitos ou diarreia. Alguns lactentes poderão experimentar “episódios de aparente
ameaça de vida” (ALTE), portanto eles deixam de respirar por alguns segundos,
recuperando rapidamente após uma estimulação mínima. A ajuda imediata pode salvar
estes lactentes. Se o lactente não respira e/ou o coração não bate, comece,
imediatamente, as manobras de reanimação cardio-respiratória e chame
imediatamente o 112!
REDUÇÃO DO RISCO DA SMSL
As recomendações seguintes recolhem a experiência de múltiplas associações
internacionais, nacionais e regionais e correspondem à melhor evidência disponível da
investigação epidemiológica.
1 - Coloque o bebé de costas para dormir*
O risco de SMSL aumenta se os bebés dormirem de bruços (“de barriga para
baixo”). A investigação mostra que, quando são deitados de costas, os bebés não
bolçam nem aspiram mais o vómito do que se estiverem em qualquer outra posição.
Estudos recentes revelaram uma diminuição aparente da incidência da SMSL
em quase 50 a 75% em alguns países desde 1991.
Em alguns casos (refluxo gastrointestinal, malformações oro-mandibulares), o
pediatra (e só ele!) poderá aconselhar o dormir de barriga para baixo.
* Deitar os bebés de lado também diminui o risco de SMSL, mas em menor percentagem (<50%) do que se
o bebé for deitado de costas (50 a 75%).
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2 - Não fume durante a gravidez. Nem depois!
O risco de SMSL aumenta se a mãe fumou durante a gravidez e se continua a
fumar após o parto. Se o pai também fuma, o risco agrava-se mais.
Não deixe ninguém fumar no ambiente que o seu filho respira - quarto, casa,
carro ou onde quer que ele permaneça. Estudos recentes apontam o fumo do tabaco
como um dos factores de risco mais significativos para a SMSL e sugerem que por
cada hora que o lactente passa em contacto com o fumo do tabaco, o risco de SMSL
aumenta proporcionalmente – uma criança exposta oito horas ao fumo do tabaco tem
oito vezes mais probabilidade de ser vítima de morte súbita.
3 - Destape a cabeça do bebé para dormir
A roupa da cama não deve cobrir a cabeça do bebé. Não use edredões nem
peças de roupa que o possam cobrir (fraldas, gorros). Deite-o com os pés tocando o
fundo da cama para que não haja risco de escorregar para debaixo dos lençóis.
4 - Não coloque o bebé na cama de adultos (para dormir)
Se fuma, está muito cansado, tomou algo que altera o sono ou ingeriu bebidas
alcoólicas recentemente, não ponha o bebé na sua cama para dormir.
Nunca adormeça no sofá com o seu bebé.
O bebé deve dormir na sua própria cama (e não na alcofa). O colchão deve ter
uma superfície dura.
5 - Não aqueça demasiado o bebé
O risco de SMSL pode estar associado ao excessivo aquecimento. Para prevenir
isto deve usar o bom senso e adequar a temperatura do quarto, a roupa do bebé e a
roupa da cama à estação do ano e ao lugar que habita. A temperatura ideal do quarto
deverá estar entre os 18 a 21 °C.
Vista-o com o mesmo tipo de roupa que está a usar de forma a sentir-se
confortável - não quente.
Colocando o dorso da sua mão na nuca, no peito ou na barriga do bebé poderá
avaliar facilmente se ele está muito aquecido.
Se o bebé tem febre precisa de menos roupa e não de ser agasalhado.
6 - O bebé acordado pode estar noutras posições
Quando está acordado pode ser colocado de barriga para baixo para brincar.
Isto fortalece os músculos do pescoço e das costas.
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7 - Dê de mamar ao seu filho (se possível, pelo menos nos primeiros 6 meses)
O risco de SMSL é menos frequente nos bebés que são alimentados ao peito.
Se possível, dê o peito ao seu filho durante, pelo menos, 6 meses.
8 – Chupeta
O risco de SMSL é menos frequente nos bebés que usam a chupeta.
MONITORES DE APNEIAS
Existem diversos modelos de monitores domiciliários de apneia (paragem da
respiração), que avisam quando o bebé tem uma pausa respiratória que supera
determinado espaço de tempo. Alguns colocam-se debaixo do colchão, para sentir o
movimento torácico, outros colocam-se presos à fralda (Respisense®), para sentir os
movimentos do abdómen com a respiração. No entanto, só se indicam em raras
ocasiões, e unicamente para bebés que tenham padecido de vários “episódios de
aparente ameaça de vida” (ALTE). O seu uso quotidiano ou preventivo não se
recomenda já que oferece muitos falsos positivos, ou seja, tocam frequentemente,
independentemente do bebé ter uma apneia ou não.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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SUDAMINA
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SUDAMINA
(Dermite pelo Calor)
A dermite pelo calor, grupos de bolhas minúsculas cheias de suor, surge quando
os poros ficam obstruídos e impedem as glândulas sudoríparas de libertarem o suor,
ou quando o calor e a humidade excedem a capacidade que estas glândulas têm de
arrefecer o corpo. A erupção causa prurido (comichão), mas não fica inflamada e
aparece em geral nas axilas e na virilha e também no peito, cintura e costas.
Os bebés são especialmente vulneráveis porque a sua capacidade de transpirar
ainda não está totalmente desenvolvida e porque usam junto ao corpo, ou estão
deitados sobre, tecidos impermeáveis, o que intensifica os efeitos do calor.
TRATAMENTO
EM CASA
Para evitar a dermite pelo calor, mantenha o seu filho tanto quanto possível ao
abrigo do sol e do calor, em compartimentos com ar condicionado sempre que este
esteja disponível, e vista-lhe roupa leve e folgada de algodão. Caso surja uma erupção,
pode aplicar-lhe Cold Cream Emulsão Corporal da Avène® ou CU-ZN Spray da
Uriage®. Evite que a criança se coce.
Exponha as áreas afectadas ao ar sempre que puder. Evite exercício físico
intenso ou qualquer actividade que cause transpiração.
Se o doente é um bebé, mude-lhe as fraldas mal estejam molhadas; em seguida,
seque a pele com pancadinhas. Evite deitar o bebé sobre um colchão ou resguardo com
revestimento de plástico, usando em substituição um lençol ou uma toalha de algodão.
Contudo, se há dúvidas se se trata de sudamina, se há febre associada, se não
há melhoria com o “tratamento caseiro” ao fim de 24 a 36 horas, o bebé deve ser
avaliado por um Pediatra.
TRATAMENTOS
MÉDICOS
O pediatra pode aconselhar a aplicação de uma loção ou creme de
hidrocortisona (consulte sempre o pediatra antes de utilizar estes produtos num
bebé). Também pode receitar-lhe um anti-histamínico no caso de prurido intenso.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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TOSSE
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TOSSE
A tosse representa a expulsão violenta e súbita do ar das vias aéreas
inferiores, o que protege os pulmões contra a aspiração e promove o movimento de
secreções e outros constituintes das vias aéreas inferiores para a faringe e boca. É
um acto reflexo que funciona como um mecanismo de defesa, que permite a remoção
de substâncias estranhas ou irritantes, secreções patológicas, corpos estranhos.
Uma irritação e/ou infecção da via aérea e/ou dos pulmões podem causar tosse.
Esta serve como um reflexo protector para impedir que o muco e/ou o pús se
acumulem nos pulmões. Tossir é apenas um sintoma, pelo que é importante procurar a
sua causa.
O
QUE PROCURAR?
Corrimento nasal, dor de garganta e febre acompanham frequentemente a
tosse.
Alergia ou irritação da garganta podem causar uma tosse seca.
Um gotejamento nasal posterior pode causar tosse, que é mais intensa à noite
quando a criança está deitada.
Tossir, por vezes, pode ser um sinal de problemas pulmonares. Acompanha-se
geralmente de respiração rápida e a tosse pode significar que há uma
pneumonia, particularmente se a criança tem febre. Em crianças com asma, a
tosse pode ser o único sintoma que os pais notam.
Crianças jovens podem inalar objectos pequenos, como brinquedos, amendoins
(muitas vezes não notado pelos pais). Isto pode produzir problemas imediatos
ou pode resultar só numa tosse e/ou pieira crónicas.
Na laringite estridulosa, a tosse é semelhante ao “latido da foca” e pode
associar-se a estridor (som áspero), a movimentos torácicos exagerados e a
angústia.
PEÇA
AJUDA MÉDICA IMEDIATAMENTE SE:
1. Respiração superficial e/ou rápida ou dificuldade respiratória;
2. Lábios ou unhas azulados;
3. Paragem respiratória, mesmo que momentaneamente;
4. Espasmos que causam sufocação, uma cor azulada dos lábios ou vómitos
persistentes;
5. Espectoração com sangue ou muco;
6. Tosse de início súbito numa criança que poderia ter inalado um objecto pequeno.
7. Qualquer outra sugestão de inalação de corpo estranho.
PEÇA
AJUDA MÉDICA DENTRO DE ALGUMAS HORAS SE:
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1. Pieira;
2. Tosse seca, espasmódica tipo "latido de foca" com evidência de dificuldade
respiratória;
3. Ligeiro aumento da frequência respiratória;
4. Febre durante mais de 72 horas;
5. Bebé com menos de 3 meses;
6. Corrimento nasal amarelo ou esverdeado;
7. Dor torácica;
8. Vómitos repetidos com a tosse.
MARQUE
UMA CONSULTA SE:
1. Tosse com pelo menos duas semanas de duração;
2. Tosse que interfere com o sono.
O
QUE PODE FAZER?
O tratamento depende do tipo e da causa da tosse. Evite a exposição ao fumo
de tabaco. Pode fazer uma mistura calmante, misturando quantidades iguais de mel
(xarope de milho para crianças com menos de um ano) e de limão concentrado ou o
“xarope de cenoura” (bater a cenoura no liquidificador, coar na peneira e depois
acrescentar mel e ferver até ficar um xarope ou cortar a cenoura às rodelas finas e
adicionar açúcar mascavado). Use, também, líquidos mornos como chá de limão com
mel.
A tosse devida a gotejamento nasal posterior é mais intensa à noite. Deverá
fazer reforço hídrico (beber muitos líquidos), atmosfera húmida e aplicar soro
fisiológico e/ou água dor mar esterilizada (Nasomar®, Lyomer®, Rhinomer Mini®).
Poderá ser necessário usar descongestionantes nasais (Neo-Sinefrina®,
Nasorhinathiol®) antes de deitar.
Xaropes para a tosse (antitússicos) raramente são úteis, embora alguns
expectorantes possam soltar as secreções. Muito raramente, quando a tosse interfere
com o sono, o trabalho, a educação ou causa vómitos ou dor torácica, poderá haver
necessidade de prescrever medicamentos (apenas pelo pediatra porque estes podem
diminuir a protecção que a tosse provoca).
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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TRAUMATISMOS
CRANIANOS
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TRAUMATISMOS CRANIANOS
Os acidentes de viação e as quedas, para além de alguns desportos, tais como
motociclismo, futebol e equitação, constituem as causas mais vulgares de
traumatismos cranianos. Uma pancada na cabeça pode lesar o cérebro sem qualquer
sinal evidente, com excepção, talvez, de um breve período de perda da consciência Concussão.
O
QUE FAZER?
Qualquer criança/jovem que tenha sofrido um traumatismo craniano deve ser
examinado pelo Pediatra ou transportado ao Serviço de Urgências hospitalar, mesmo
que a lesão pareça ligeira.
Nas primeiras 48 horas a criança/jovem que sofreu traumatismo craniano
deverá estar, mesmo que no domicílio, sob vigilância, tendo em conta os seguintes
aspectos:
deverá estar acompanhado por um adulto responsável;
deverá igualmente ser vigiado durante a primeira noite, sendo acordado
aproximadamente de 3 em 3 horas, para verificar se o seu sono é normal;
deverá pedir ajuda pediátrica imediata, preferencialmente recorrendo a um
Serviço de Urgência, em caso de:
perda da consciência superior ou igual a 1 minuto;
sonolência exagerada;
dores de cabeça intensas e permanentes, com ou sem vómitos;
vómitos (5 episódios ou mais ou vómitos com duração superior a 6
horas);
convulsões, desmaios;
perda da memória dos acontecimentos ocorridos imediatamente
antes ou no momento do acidente;
visão de duas imagens ou estrabismo;
falta de força ou dormência num dos lados do corpo;
saída de sangue ou outro líquido cristalino do nariz ou ouvido;
fontanela anterior(moleirinha) tensa ou abaulada.
Mesmo em caso de normal evolução após as 48 horas é aconselhável dirigir-se
ao Pediatra do seu filho para o informar do acontecimento e para reavaliação da
situação.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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VARICELA
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VARICELA
A varicela é uma infecção causada por um vírus – Vírus Varicella zoster. A
varicela corresponde assim à infecção primária pelo vírus Varicella-zoster. Em cerca
de 10 a 15% dos doentes o vírus persiste no organismo de forma latente e a sua
reactivação origina o herpes zoster. Por isso, um episódio de varicela costuma tornar a
criança imune a esta doença.
O tempo entre exposição de alguém com varicela e o começo da doença
(período de incubação) é de 11 a 20 dias.
A varicela é contagiosa desde a véspera/antevéspera do aparecimento da
erupção cutânea e até as bolhas secarem ou formarem crosta (no mínimo 5 dias após o
aparecimento da erupção cutânea).
Em Portugal, tem-se verificado um número maior de casos no final da Primavera
e início do Verão. É mais frequente na criança entre os 2 e 8 anos.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Febre (geralmente ligeira ou ausente);
Erupção cutânea, com lesões em diferentes estádios (pequenas manchas
vermelhas e pruriginosas (com comichão), bolhas com líquido, crostas),
normalmente primeiro no couro cabeludo e espalhando-se mais tarde pela cara,
tronco, axilas, braços, pernas e boca (estas lesões atingem obrigatoriamente o
couro cabeludo e as mucosas, o que é importante para o diagnóstico
diferencial);
Cefaleias (“dores de cabeça”);
Fadiga.
O QUE PODE FAZER?
Medidas gerais
Repouso.
Mantenha a criança confortável.
Dê-lhe pelo menos um banho por dia, preferencialmente de chuveiro, com
sabão. Se banho de imersão, pode juntar à água do banho produtos contendo
amido ou aveia (D’Aveia Sept®).
Não o deixe coçar-se. Corte-lhe as unhas rentes e mantenha-as limpas ou façao usar luvas para reduzir as lesões de comichão (e limitar o risco de infecção
bacteriana secundária).
Quando a doença se estende à boca e garganta dê alimentos moles ou líquidos e
frios (sopas, iogurtes, papas), evitando alimentos ácidos e salgados.
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Para facilitar a remoção das crostas pode utilizar cremes emolientes (D’Aveia
Dermo-Óleo®).
A sua criança deve estar isolada de todos aqueles que não tenham tido varicela
(principalmente crianças e senhoras grávidas) pelo menos até que todas as
lesões se encontrem em fase de crosta (no mínimo 5 dias após o aparecimento
da erupção cutânea).
MEDICAMENTOS
Paracetamol (Ben-U-Ron®, Panasorbe®) se febre ou irritabilidade;
Cytélium® Loção Secante ou Pruriced® Gel para aplicar em todas as lesões
cutâneas;
Acido fusídico (Fucidine® Creme) para aplicar nas lesões cutâneas infectadas;
Hidroxizina (Atarax®) ou Dimetindeno (Neostil®) para o prurido (comichão)
intenso;
Aciclovir (Zovirax®), apenas se prescrito pelo Pediatra! Será tanto mais
eficaz, quanto mais cedo for iniciado o Aciclovir (idealmente, deve ser iniciado
nas primeiras 24 horas após o aparecimento das lesões cutâneas).
COMPLICAÇÕES
Não use medicamentos com ácido acetilsalicílico! (ex. Aspirina®)
Infecção secundária das lesões cutâneas (após lesões de comichão e podendo
ficar cicatrizes cutâneas);
Pneumonia;
Otite média aguda;
Outras:
Encefalite,
mielite,
síndrome
de
Guillain-Barré,
artrite,
tromboctopenia, glomerulonefrite, artrite, síndrome de Reye (descrito em
associação com terapêutica com ácido acetilsalicílico).
PREVENÇÃO
Isolamento dos indivíduos doentes (desde o aparecimento da erupção cutânea e
até as bolhas secarem ou formarem crosta (no mínimo 5 dias após o aparecimento da
erupção cutânea).
Vacinas - as vacinas para a varicela (Varivax e Varilrix) são bastante eficazes e com
poucos efeitos secundários (febre ligeira, reacção no local da picada (eritema,
tumefação e dor) e rash (pele vermelha) variceliforme, que pode aparecer entre o 5º e
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o 26º dias após administração da vacina). A vacina é também eficaz se administrada
até 3 a 5 dias após a exposição de uma criança sensível a outras crianças com varicela.
Existem algumas contra-indicações à vacinação contra a varicela, a saber:
Pessoas com o sistema imunitário deprimido, grávidas, doentes que tomem
elevadas doses de corticosteróides, doentes com cancro e pessoas alérgicas à gelatina
e/ou antibiótico neomicina.
PROCURE AJUDA MÉDICA IMEDIATAMENTE SE:
A sua criança tem um ar doente;
A sua criança tem febre elevada;
A sua criança tem uma respiração difícil;
A sua criança tem convulsões, está muito sonolenta, com vómitos repetidos ou
tem dores de cabeça intensas;
A sua criança tem uma doença subjacente (leucemia, linfoma,
imunodeficiências);
A sua criança toma cronicamente medicamentos imunossupressores ou aspirina.
PROCURE AJUDA MÉDICA DENTRO DE ALGUMAS HORAS SE:
As lesões cutâneas tornam-se vermelhas, quentes, dolorosas ou drenam pús;
A sua criança tem menos de 28 dias de vida;
A febre persistir mais de 3 a 4 dias.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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VÓMITOS
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VÓMITOS
CAUSAS
1 - Erros alimentares (geralmente em crianças pequenas);
2 - Gastroenterite aguda (manifestações clínicas: vómitos, diarreia líquida, febre e
dor abdominal, que podem persistir durante vários dias e que pode culminar em
desidratação grave com necessidade de hospitalização);
3 - Intoxicação acidental com chumbo ou aspirina excessiva podem causar vómitos com
sangue;
4 - Traumatismo craniano ou abdominal pode provocar vómitos (se persistirem
sugerem complicações);
5 - A ingestão de um corpo estranho pode significar que há algum bloqueio (oclusão).
Devemos pensar nesta possibilidade em crianças pequenas uma vez que é mais
frequente em crianças com menos de quatro anos de idade;
A regurgitação (bolçar) é o resultado do relaxamento exagerado do cárdia (esfíncter
entre o esófago e o estômago), permitindo que os alimentos regurgitem do estômago
para o esófago e a boca. Ocorre frequentemente entre 30 a 45 minutos após a
refeição. Pode ser normal em crianças pequenas (aos 6 meses cerca de 50% dos bebés
ainda bolçam); contudo, pode constituir um problema se há um aumento da quantidade
e/ou da frequência.
O QUE PROCURAR?
Os vómitos acompanham-se frequentemente por náusea, febre e diarreia,
devido a irritação ou a infecção dos intestinos, que geralmente melhoram com dieta
adequada.
Procure vómitos com sangue, tipo “borra de café” ou esverdeados e sinais de
infecção (otite, infecção urinária ou meningite). Pode surgir desidratação.
O QUE PODE FAZER?
1 - Evite alimentos sólidos durante quatro a seis horas. Dê apenas líquidos. Comece
com pequenas quantidades de líquidos (5 ml de 5 em 5 minutos). Estes líquidos devem
ser dados à temperatura ambiente e podem incluir os chamados líquidos de
reidratação oral (Miltina Electrolit, Dioralyte (1 carteira para cada 200 ml de água)).
Como alternativa, pode oferecer “água chalada açucarada”* ou “água açucarada”**.
Evite dar leite! (excepto, se criança pequena alimentada ao peito e/ou leite
materno). Lentamente aumente a quantidade de líquidos durante quatro a seis horas.
Depois deste período sem vomitar, lentamente amplie a dieta para incluir tostas,
bolachas secas, sopa sem gordura, pêra ou maças cozidas. As refeições devem ser
muito fraccionadas e sem insistência.
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2 - Crianças com regurgitação normalmente respondem a alterações dietéticas e
posturais. Mantenha a criança em posição sentada durante as refeições e com a
cabeceira elevada (inclinação de 20 a 30º). Nos 30 a 45 minutos seguintes, faça
refeições pequenas e frequentes. Poderá ser necessário usar fórmulas infantis antirefluxo (Novalac AR®; Nutrilon AR®; Milumil AR®; Enfamil AR PÓ®; Nutrilon AR®;
Nutribén Natal AR®) e/ou medicamentos.
* Preparação: A 1 litro de água a ferver junte 1 colher de chá de chá preto. Depois adicione 4 colheres de
sopa de açúcar e 1 colher de café de sal. Em seguida, coe e deixe arrefecer até à temperatura ambiente.
** Preparação: A 1 copo de água junte 3 colheres de chá de açúcar e ½ colher de café de sal.
PEÇA AJUDA PEDIÁTRICA IMEDIATAMENTE SE:
1 – Vómitos com sangue;
2 – Dor abdominal severa ou prolongada (superior a 2 horas);
3 – Traumatismo craniano ou abdominal (ocorridos há menos de 3 dias);
4 – Suspeita de intoxicação/envenenamento por planta, veneno, medicamento ou
alimento;
5 – Suspeita de ingestão de corpo estranho;
6 – Alterações do comportamento, como irritabilidade ou sonolência;
7 – Sinais de desidratação, como pele seca (chega a formar pregas quando beliscada),
olhos encovados, fontanela anterior (“moleirinha”) afundada, ausência de micção
durante mais de 8 horas em lactentes (crianças até 1 ano de idade) ou 12 horas em
crianças com 12 ou mais meses, ausência de lágrimas com o choro, respiração
acelerada, irritabilidade ou sonolência exageradas, perda acentuada do peso (superior
a 5 a 6% do peso total).
PEÇA AJUDA PEDIÁTRICA DENTRO DE ALGUMAS HORAS SE:
1 – Vómitos durante mais de 24 horas;
2 – Vómitos sem diarreia;
3 – Micção dolorosa, frequente ou com sangue;
4 – Otalgia (dor de ouvido);
MARQUE CONSULTA SE:
Problema recorrente.
Fonte: Doutor Armando Fernandes (Pediatra)
Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento
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