Características da espiga e produtividade de grãos do cultivar de milho BRS 1060
sob diferentes arranjos espaciais no período de safra em Colorado do Oeste-RO
Ana Leticia Scarmucin Doerzbacher1, Leandro Cecílio Matte2, Ernando Balbinot3, Alex Barbosa
Mafessoni1, Wilker Kaio Santos Nogueira1, Cláudia Santos Brito1
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Discente do Curso Engenharia Agronômica. Bolsista DEPIPG - IFRO Câmpus Colorado do Oeste. e-mail: [email protected]
Professor do IFRO Câmpus Colorado do Oeste.
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Professor do IFRO Câmpus Colorado do Oeste, Mestrando do programa de Pós-graduação em Produção Animal pela
UNICASTELO, Campus Descalvado. Docente Orientador. e-mail: [email protected]
2
Área do conhecimento do CNPQ: 5.01.03.01-6 – Manejo e tratos culturais
Agência de fomento: CNPq, Intituto Federal de Rondônia - IFRO.
Resumo: Objetivou-se avaliar a produtividade e características das espigas da cultivar de milho BRS
1060, híbrido simples, em diferentes espaçamentos entre linhas e densidades populacionais, cultivada no
período de safra na região de Colorado do Oeste - RO. O delineamento experimental utilizado foi em
blocos casualizados arranjado em esquema fatorial (3x2), totalizando nove combinações com quatro
repetições, sendo o primeiro fator os três espaçamentos entre linhas (0,40 m; 0,60 m e 0,80 m) e o
segundo fator as duas densidades populacionais (80.000 e 100.000 plantas por hectare). Os arranjos
espaciais resultantes dos diferentes espaçamentos e densidades populacionais não interferiram na
produtividade de grãos, no número de grãos por espiga, no número de fileiras de grãos por espiga, no
comprimento e diâmetro da espiga. Por não haver influência negativa do adensamento sobre os aspectos
produtivos, principalmente provocado pelo incremento na densidade populacional de plantas e na
redução do espaçamento entrelinhas, o cultivar apresentou eficiência em manter a produtividade nas
condições de eleva competição intraespecífica.
Palavras–chave: adensamento, arranjo espacial, comprimento de espiga, diâmetro da espiga, Zea mays
Ear characteristics and grain yield of maize cultivar BRS 1060 under different
spatial arrangements during the harvest in Southern of Rondônia, Brazil
Abstract: This study aimed to evaluate the performance and characteristics of cobs of maize cultivar
BRS 1060, simple hybrid at different row spacings and population densities, cultivated during the harvest
in the Southern Cone of Rondônia. The experimental design was randomized blocks arranged in a
factorial design (3x2), totaling nine combinations with four replications, the first factor being the three
row spacings (0.40 m, 0.60 m and 0.80 m) and the second factor the two densities (80,000 and 100,000
plants per hectare). The resulting spatial arrangements of different spacing and population density did not
affect the grain yield, number of grains per spike, number of kernel rows per ear, in length and ear
diameter. Because there is no negative influence of density on the productive aspects, mainly caused by
the increase in plant density and narrow row spacing, cultivar was efficient in maintaining productivity
under conditions of intraspecific competition increases.
Keywords: densification, ear diameter, ear length, spatial arrangement, Zea mays
Introdução
No Estado de Rondônia o milho ocupa a maior área plantada dentre as espécies produtoras de
grãos, estando presente em praticamente todos os municípios em uma área total de cultivo de
aproximadamente 153.000 hectares, com produção em torno de 369.000 toneladas de grãos, com média
de 2,41 toneladas por hectare (IBGE, 2009). Entretanto, a produção de milho depende de muitos fatores,
como o clima, solo, nutrição e potencial genético. Para que o genótipo implantado possa expressar o seu
máximo potencial é necessário o equilíbrio entre estes fatores de produção, sendo a escolha do arranjo
espacial de plantas, uma das formas mais eficientes em proporcionar a melhor utilização destes recursos
pela população de plantas, possibilitando elevado rendimento de grãos de milho.
Plantas espaçadas de forma eqüidistante competem minimamente por nutrientes, luz e outros
fatores; contudo, devido à interação, o efeito positivo da redução do espaçamento entre linhas sobre o
1
rendimento de grãos se manifesta mais claramente quando são utilizadas altas densidades, porém,
resultados ainda não são consensuais, já que as condições ambientais e os genótipos variam entre
locais (Sangoi et al., 2000). Portanto, objetivou-se avaliar as características produtivas da cultivar
milho BRS 1060, em diferentes espaçamentos entre linhas e densidades populacionais no período
safra no município de Colorado do Oeste - RO.
os
os
de
de
Material e Métodos
O experimento foi desenvolvido na unidade de Produção de Culturas Anuais do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, Câmpus Colorado do Oeste. Segundo a
classificação de Köppen, o clima da região é do tipo Awa, tropical quente e úmido, com duas estações
bem definidas. Foi realizado o plantio na época de safra, caracterizado pelo período das chuvas. O
delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com quatro repetições, em esquema
fatorial duplo (2x3). Os tratamentos foram compostos pelos arranjos espaciais dados pela combinação de
duas densidades de semeadura (80.000 e 100.000 plantas por hectare) e três espaçamentos entre linhas
(0,40; 0,60 e 0,80 m). A parcela foi constituída de quatro linhas de plantas de cinco metros de
comprimento, tendo como área útil as duas linhas centrais, desconsiderando 0,5 metros em cada
extremidade. A adubação realizada foi 100 kg ha-1 de N, 60 kg ha-1 de P2O5, 40 kg ha-1 de K2O.
O plantio foi realizado no dia 18 de outubro de 2011 de forma manual, no espaçamento entre
plantas determinado de acordo o arranjo espacial, com a cultivar BRS 1060. O controle de plantas
daninhas foi empregado por meio de capina manual e para o controle de pragas foram realizadas duas
aplicações de inseticidas à base de Clorpirifós, com a dosagem de 1,0 L ha-1 com intervalo de quinze
dias. O pendoamento da planta ocorreu por volta dos 50 dias após o plantio e a colheita aos 110 dias após
o plantio, quando a planta se apresentou com a coloração característica de madura. Foram avaliados em
cinco espigas por parcela colhidas aleatoriamente dentro da área útil o comprimento e diâmetro de
espiga, medido com auxílio de régua e paquímetro, respectivamente; o número de fileiras de grãos por
espiga e o número de grãos por espiga, por meio de contagem direta. Para avaliação da produtividade
foram utilizadas vinte espigas por parcela, onde fora possível aferir a massa de grãos por espiga, tendo
corrigido para a umidade padrão de 13%. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e
quando o teste F apresentou-se significativo, foi realizado o teste Tukey para a comparação das médias,
ao nível de 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
Não houve efeito dos arranjos espaciais sobre a produtividade, número de grãos por espiga e
número de fileiras por espiga (Tabela 1). Observou-se que não houve efeito dos arranjos espaciais sobre
as características avaliadas e não ocorreu interação entre os fatores espaçamentos entrelinhas e
densidades populacionais de plantas. As médias dentro dos fatores espaçamento entrelinha e densidade
populacional de plantas, independentemente uns aos outros, também não foram afetados pelos arranjos
espaciais.
Tabela 1 – Produtividade de grãos, número de fileiras de grãos e de grãos por espiga da cultivar BRS
1060 de milho em diferentes espaçamentos entrelinhas e densidades populacionais no período de safra
cone sul de Rondônia.
Espaçamento
entrelinhas (m)
Nº de fileiras por espiga
Densidade
(plantas ha-1)
80.000
100.000
0,40
14,10
0,60
14,35
0,80
14,80
CV1 (%)
4,0
1
Coeficiente de variação (%).
14,80
14,70
14,00
Nº de grãos por espiga
Produtividade de grãos
(kg ha-1)
Densidade
(plantas ha-1)
80.000
100.000
Densidade
(plantas ha-1)
80.000
100.000
407,20
446,05
429,50
423,65
437,40
450,10
11,52
9.085,45
8.676,87
10.224,78
8.048,76
9.317,10
9.594,30
17,17
Normalmente com o incremento da densidade populacional aumenta a competição por
nutrientes, água e luz, sendo esta ultima muito importante para seu desenvolvimento, por que é através da
2
fotossíntese que a planta acumula matéria orgânica em seus tecidos e com a falta desses recursos
ambientais a planta tende a reduzir o tamanho da espiga, os grãos se tornam mais leves e, portanto, a
produtividade será menor. Entretanto, com o aumento da densidade também pode ocorrer o incremento
da produção em virtude do aumento do número de plantas por área, como observado por Dourado Neto
et al. (2003), em que o aumento da população de plantas de 30.000 a 60.000 plantas por hectare
favoreceu a maior produtividade de grãos (9.270,92 kg ha-1), no entanto, quando se elevou a 90.000
plantas por hectare, tal resposta não foi comprovada. Isto demonstra que a competição intraespecífica
pode ser excessiva para o milho em densidades acima de 90.000 plantas por hectare, situação semelhante
ao presente estudo.
Tabela 2 – Diâmetro e comprimento da espiga da cultivar BRS 1060 de milho em diferentes
espaçamentos entrelinhas e densidades populacionais no período de safra cone sul de Rondônia.
Espaçamento entrelinhas
(m)
0,40
0,60
0,80
CV1 (%)
Coeficiente de variação (%).
1
Diâmetro da espiga (cm)
Comprimento da espiga (cm)
Densidade
(plantas ha-1)
Densidade
(plantas ha-1)
80.000
100.000
80.000
100.000
4,32
4,46
4,50
4,42
4,31
4,49
15,50
15,84
16,23
15,52
15,41
16,20
4,09
6,94
Esta competição entre as plantas nos diferentes arranjos espaciais, ocasionadas pelo incremento
da densidade populacional e redução do espaçamento entrelinhas normalmente causa redução no
comprimento e no diâmetro de espigas (Dourado Neto et al., 2003; Brachtvogel et al., 2009), fato que
não se confirmou no presente estudo, onde esta elevação na densidade e adensamento das plantas não
proporcionou diferenças sobre estas variáveis. Sugere-se, portanto, que o cultivar avaliado apresentou
plasticidade fenotípica para se adequar às condições de adensamento e não produziu espigas menores nas
condições de maior competição intraespecífica. Isto refletiu em produtividade de grãos semelhantes para
o milho cultivado tanto em condições de adensamento como em condições de menor competição
intraespecífica. Fato que é desejável, pois o adensamento, desde que não prejudique a produtividade do
milho, favorece uma série de fatores na condução da cultura, tais como: melhor aproveitamento dos
recursos produtivos (água e radiação solar), dos nutrientes aplicados via adubação e dos defensivos
agrícolas, além de contribuir para redução do aparecimento de plantas invasoras pelo sombreamento mais
rápido e uniforme da área.
Conclusões
Os diferentes arranjos espaciais não afetaram negativamente a produtividade e as características
da espiga do cultivar BRS 1060. Este foi eficiente em manter sua produtividade em condições de
adensamento.
Agradecimentos
Ao IFRO pelo apoio técnico e financeiro para execução do projeto de pesquisa. À todos os
integrantes do Grupo de Pesquisa Sistema Integrados de Produção Agropecuária na Amazônia Ocidental
– INTEGRA, pelo desenvolvimento das atividades no projeto de pesquisa.
Literatura citada
BRACHTVOGEL, E.L.; PEREIRA, F.R.S. CRUZ, S.C.S.; BICUDO, S.J. Densidades populacionais de
milho em arranjos espaciais convencional e equidistante entre plantas. Ciência Rural, Santa Maria, v.39,
n.8, nov, 2009.
DOURADO NETO, D.; PALHARES, M.; VIEIRA, P.A.; MANFRON, P.A.; MEDEIROS, S.L.P.;
ROMANO, M.R. Efeito da população de plantas e do espaçamento sobre a produtividade de milho.
Revista Brasileira de Milho e Sorgo, Sete Lagoas, v. 2, n.3, p.63-77, 2003.
IBGE. Produção Agrícola Municipal Culturas Anuais e Permanentes. V.37, p. 1-93, 2009.
3
SANGOI, L.; ENDER, M.; GUIDOLIN, A.F. BOGO, A.; KOTHE, D.M. Incidência e severidade de
doenças de quatro híbridos de milho cultivados com diferentes densidades de plantas. Ciência Rural,
Santa Maria, v.30, n. 1, p. 17-21, 2000.
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