Curso de Especialização em Saúde do Idoso
Geriatria e Gerontologia –
Brasília- 2004
Profa. Maria Alice V Toledo
UnB
Conceito:
“O envelhecimento é conceituado como um processo
dinâmico e progressivo, no qual há modificações
morfológicas, funcionais, bioquímicas e
psicológicas que determinam perda da capacidade
de adaptação do indivíduo ao meio ambiente,
ocasionando maior vulnerabilidade e maior
incidência de processos patológicos que terminam
por leva-lo à morte.”
Papaléo Netto, 1996
ENVELHECIMENTO DO
APARELHO DIGESTIVO
 Alterações
estruturais
 Alterações da motilidade
 Alterações da função secretória
CAVIDADE ORAL
Dentes
 alteração em sua cor, ficando mais escuros;
desgaste por atrição, abrasão ou erosão de
causa multifatorial
redução da câmara coronária, devido à
contínua deposição de dentina nas paredes
internas (dentina esclerosada), o que reduz a
permeabilidade e, conseqüentemente, a
sensibilidade dentinária
Lingua
 alterações na sua estrutura superficial em
conseqüência da perda ou da atrofia das
papilas, tornando-se lisa e plana.
Essas alterações provocam diminuição no
sentido do paladar, com a conseqüente perda
do apetite.
Glândulas salivares
há evidências de redução do volume e da
concentração de alguns constituintes salivares
Isso conduz a uma série de outras alterações
na cavidade bucal, como: perda da textura
superficial da mucosa oral; secura nos lábios;
queilite angular e dificuldade no processo de
mastigação do bolo alimentar
“Presbiesôfago”
Trabalhos pioneiros de Soergel e cols, 1964
 Aumento
da frequência de contrações terciárias
 Presença de aperistalse
 Distúrbios funcionais do esfincter inferior do
esôfago
 Contrações não propulsivas em 45% das
deglutições
Esfincter superior do esôfago
Diminuição
da pressão de repouso
Alterações da sincronia e
magnitude do relaxamento do
esfincter superior do esôfago
(disfagia alta)
 Aumento
das contrações não peristálticas
 Manutenção da pressão de repouso do
esfincter inferior do esôfago (aumento
resp inadequadas a deglutição)
Administrar remédios VO com mais
líquidos e em posição ortostática
 Alterações da motilidade são frequentes e
raramente associados a sintomas
idoso com disfagia deve ser
exaustivamente investigado para
patologia e nunca atribuídas somente a
alterações da motilidade relacionada ao
envelhecimento

ESTÔMAGO
 Alterações
tem baixa expressão
clínica
aumento do tempo de
esvaziamento gástrico,
principalmente para líquidos


Secreção ácida (gastrite atrófica?)

Secreção de pepsina
 independente da presença de infecção pelo H. Pylori, gastrite
atrófica ou tabagismo

Fator intrínseco
 produção reduzida

Absorção de Fe pode estar pela hipocloridria. Não
atribuir anemia as alterações fisiológicas do estômago

Aumento da colonização pelo H Pylori (75%).
Significado clínico ? (metaplasia intestinal? Atrofia
gástrica? Neoplasia?)

da capacidade de regeneração da mucosa
PÂNCREAS

Sofre importantes alterações estruturais:
Redução do peso;
Alterações histológicas que incluem dilatação do ducto principal ,
proliferação de epitélio ductal e formação de cistos. Há fibrose e
lipoatrofia focal.

Alterações funcionais
 redução da capacidade de secreção de lipase e de bicarbonato, com
significado clínico negligenciável.
FÍGADO

Sofre importantes alterações estruturais:
Redução do peso em 30 a 40% da segunda a nona década de vida;
Os hepatócitos aumentam de tamanho
Há deposição de lipofuscina, çor acastanhada
Redução do fluxo sanguíneo hepático

Função secretora
 redução da secreção de albumina em até 20%
Redução da secreção de colesterol
Redução da quantidade de ácidos biliares (?)
FÍGADO

Metabolismo de medicamentos:
Duas fases distintas:
fase I consiste na ação de enzimas monoxigenase microssomais
(incluindo o sistema citocromo P-450) que promovem a
oxidação, redução ou hidrólise da medicação original,
convertendo-a em metabólitos mais polares Redução de 5 a
30% (o sistema citocromo P450 se mantém pouco alterado)
Fase II se caracteriza por reações sintéticas ou de conjugação,
que acoplam a medicação ou seus metabólitos a metabólitos
endógenos (ex: ácidos glicurônico, sulfúrico, acético) facilitando
sua excreção na bile ou urina Mostram menor alteração com o
envelhecimento
FÍGADO

Testes de Função Hepática e de Lesão Hepatocelular:
Função hepática:
Dosagem de bilirrubinas, albumina, fatores de coagulação
Presença de lesão hepatocelular:
 transaminases
Presença de lesões canaliculares:
Fosfatase alcalina, gama-glutamil transferase
Permanecem praticamente inalterados com o envelhecimento
Alterações desses testes e enzimas devem ser considerados, até
prova em contrário, sinais de doença subjacente, que precisa
ser investigada
INTESTINO DELGADO

Estudos escassos

Resultados variáveis

Alterações estruturais:
Relativa Redução da superfície mucosa, redução das vilosidades
intestinais e redução do fluxo esplâncnico entre 40-50%;

Tempo de transito não apresenta alterações
significativas

Alterações da motilidade podem ter importante
significado clínico, permitindo a hiperproliferação
bacteriana
INTESTINO DELGADO

Função absortiva:
Pouco alterada para a maioria dos nutrientes, incluindo
açucares e proteinas
Discreta redução na absorção de lípides especialmente
em sobrecarga
Alguns estudos mostram que a absorção de nutrientes
específicos pode estar reduzida com o envelhecimento,
incluindo vitamina D, ácido fólico, vit B12, cálcio, cobre,
zinco, ácidos graxos e colesterol.
COLON

Estudos escassos

Resultados variáveis

Ocorrem tres fatores evidentemente relacionados a
idade:
Aumento da prevalência de constipação;
Aumento da incidência de neoplasias;
Aumento da prevalência de doença
diverticular
COLON

Constipação:
Sedentarismo;
Redução da ingestão de fibras e líquidos;
Alterações hormonais

Doença diverticular:
Alterações morfológicas e biomecânicas do colon, com o
comprometimento da resistência da parede colônica a
pressões intraluminais elevadas;
Alterações no plexo mioentérico, leva a predomíneo dos
movimentos de segmentação em relação aos de
progressão do bolo alimentar, criando câmaras de alta
pressão intraluminal
Fatores extrínsecos como dieta pobre em fibras
COLON

Neoplasias:
Exposição da mucosa colônica a agentes
carcinogênicos?
Hiperproliferação das células crípticas?
Aumento da susceptibilidade da mucosa
colônica a transformação maligna?
RETO E ÂNUS

Incontinência fecal:
Impactação fecal;
Acidentes vasculares cerebrais
Neuropatia diabética
Alterações da musculatura do esfincter exterior,
com espessamento e alterações estruturais do
tecido colágeno e redução da força muscular
Alterações da elasticidade retal e da
sensibilidade a sua distenção
Conclusão
As alterações fisiológicas do aparelho
digestivo com o envelhecimento são
muito menos estudadas que aquelas de
outros sistemas cujo impacto sobre a
sobrevivência são mais evidentes
Download

Papaléo Netto, 1996 ENVELHECIMENTO DO APARELHO