Sistema Defensivo 5:1
Treino Especifico dos Defesas
Rolando Freitas
Seleccionador Nacional Júnior Masculino
Técnico de Grau 3
Mestre em Ciências do Desporto Treino de Alto Rensimento Desportivo
O sistema defensivo 5:1 é na actualidade um dos sistemas defensivos mais
utilizados pelas equipas, tanto em alto rendimento como em outras etapas de
iniciação (Herrero, 2000).
A defesa 5:1 é uma defesa estruturada em duas linhas, com 5 jogadores em
bloco na 1ª linha defensiva e um jogador mais avançado na 2ª linha.
É um sistema defensivo de relativa agressividade, o qual perde um pouco de
amplitude em detrimento dos ganhos em profundidade. A sua organização
implica uma elevada densidade em torno da posição da bola, com grande
protecção da zona central da àrea de baliza, o que dificulta a organização do
jogo ofensivo.
É um sistema defensivo que pode ter diferentes
interpretações consoante a actuação do defesa
avançado.
No caso da Fig. 1 observamos o
comportamento do defesa avançado em zonas
bastante afastadas do seu bloco defensivo, abrindo
aparentemente, espaços enormes nas suas costas. É
o denominado 5:1 “Indio” no qual nos apoiamos nas
qualidades
individuais de um
Figura 1 – Defesa 5:1 “Indio”
jogador, proporcionando-lhe uma liberdade
quase total na sua acção como avançado.
Outra das estruturas que este sistema
defensivo pode adoptar é o chamado 5:1 com
reforço lateral (Fig. 2). Nesta situação, o
Figura 2 – Defesa 5:1 com
reforço lateral
defesa avançado assume uma maior responsabilidade sobre uma das zonas
laterais do campo, de forma a impedir a circulação de jogadores por essa zona,
ou para dificultar as acções de um jogador em especial.
Deverá ser utilizada (Espar, 2000):
•
Quando o adversário tem um bom ritmo de circulação da bola
•
Quando o adversário tem uma excelente organização e estruturação
ofensivas
•
Quando um jogador da 1ª linha possui grande qualidade – de jogo e/ou
de remate
Nos Jogos Olímpicos de 2000 em Sydney, 5 das selecções classificadas nos 8
primeiros lugares utilizaram o sistema defensivo 5:1 como sistema principal ou
alternativo. Passados 4 anos, no Europeu da Eslovénia foram 12, entre as 16
participantes, as selecções que adoptaram este sistema como principal ou
alternativo.
A organização de qualquer sistema defensivo deve
estar de acordo com os seguintes parâmetros (Espar,
2000):
•
Onde se colcocam os jogadores
•
O que fazem sob o ponto de vista individual
•
O que fazem sob o ponto de vista colectivo
Figura 3 – Defesa 5:1
“tradicional”
É um sistema bastante simétrico quando o pivot está colocado na zona central
de jogo. Nesta situação a responsabilidade do defesa avançado é perante o
central, a responsabilidade do defesa central é com o pivot, a responsabilidade
dos defesas laterais é com os laterais opostos e a responsabilidade dos defesas
exteriores é com os jogadores extremos.
Dois dos jogadores mais importantes deste sistema são o defesa central e o
defesa avançado que juntamente com o guarda-redes constituem um eixo
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fundamental para este tipo de organização defensiva. O defesa central deve ser
um jogador alto, capaz de realizar deslocamentos laterais curtos e rápidos e com
uma excelente capacidade de bloco, bem como deve dominar as trocas de
marcação. Por seu lado, o defesa avançado deve ser rápido, ágil, perspicaz e
tem obrigatoriamente que dominar todo o tipo de deslocamentos e paragens.
Sob o ponto de vista individual os jogadores devem dominar algumas das
intenções técncico-tácticas individuais fundamentais como sejam o controlo do
portador da bola – manter a linha de remate vigiada, deslocamentos, paragens e
bloco - e pressionar – vigiando o lado forte do opositor ou a zona central do
campo, quando o atacante tem a posse da bola; e, controlo do não portador da
bola, cobertura, dobragem, dissuasão e intercepção quando o atacante não tem
a posse da bola.
Embora todas estas intenções devam, sob o ponto de vista teórico, ser
dominadas por todos os jogadores na defesa, o facto é que no sistema
defensivo 5:1 algumas tem maior relevância que outras e haverá ainda algumas
que são mais importantes para diferentes posições no sistema defensivo. A
intercepção e a dissuasão são fundamentais para os defesas exteriores e para o
defesa avançado, enquanto que a cobertura e a dobragem assumem maior grau
de importância para os defesas laterais e para o defesa central. Apesar de, aos
olhos dos amantes da modalidade, a intercepção parecer ser a intenção
fundamental do jogo na defesa – quer pela sua espectacularidade, quer pela
ocasião de golo rápido que proporciona, o que é indiscutivel – o certo é que,
para nós treinadores intenções como a cobertura e a dobragem assumem-se
como de vital importância para a construção de qualquer sistema defensivo. Isto
poderá significar que será impossivel estar em dois lados simultâneamente, mas
que independentemente disso, haverá necessidade de criar superioridade
numérica ou posicional do lado da bola. A isto chamaremos antecipação e ajuda
(Laguna, 2004), duas formas algo diferentes de pensar a defesa actualmente.
Ajudar assumindo situações de 1X2 no lado oposto à bola e momentâneamente
do lado da bola. Antecipar, atacando o atacante e a bola não o deixando pensar,
nem transportar a bola comodamente (Laguna, 2004).
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Sob o ponto de vista colectivo, nunca nos podemos esquecer que é uma defesa
à zona e que os jogadores devem, com os seus movimentos, causar o mínimo
de perturbações possíveis na estrutura inicial do sistema. Ainda assim, perante
cruzamentos devem utilizar as trocas de marcação, assim como diante de
bloqueios na mesma linha defensiva. No entanto, perante bloqueios ao defesa
avançado devemos utilizar os deslizamentos e só em recurso as trocas de
marcação. Se o ataque utiliza penetrações sucessivas podemos considerar a
utilização de ajudas até aos jogadores extremos, de forma que os remates
sejam efectuados de ângulos dificeis.
A principal questão na utilização do sistema defensivo 5:1 prende-se com os
momentos em que o ataque transforma o sistema ofensivo 3:3 em 2:4, já que
implica uma modificação profunda na estrutura inicial do sistema, obrigando o
defesa avançado a:
•
Deslocar-se a um dos lados da zona de ataque acompanhando o seu
opositor directo ou marcando um dos laterais, ou
•
À transformação do sistema defensivo de 2 linhas para apenas 1 linha
defensiva
Conceitos mais actuais, intimamente ligados ao espaço que os jogadores
ocupam no terreno de jogo e à sua capacidade de deslocamento – exigências
técnicas e físicas suplementares, optam por manter a estrutura do sistema, com
o defesa avançado a ocupar a zona central de jogo.
Fundamental neste caso será a capacidade de antecipação dos jogadores
defesas – boa leitura de jogo – tal como assumir a defesa em inferioridade
numérica/posicional do lado oposto à bola – 1X2.
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Tarefas dos Jogadores na Defesa
Defesa Avançado
•
Deve ser ágil, rápido e inteligente
•
Não deve ser muito baixo para dificultar o jogo entre laterais
•
Deve dominar todos os deslocamentos, assim como as paragens e os
arranques
•
Domínio do 1X1 em espaços amplos
•
Capaz de realizar uma excelente leitura de jogo, nomeadamente nas
transformações de sistema ofensivo
•
Ter capacidade de antecipação e intuição
•
Corte de linhas de passe e de trajectórias
•
Dominar as ajudas
•
Domínio do contrabloqueio e deslizamento
•
Capacidade de choque
Defesa Central
•
Deve ser alto
•
Domínio dos deslocamentos, paragens e arranques em pequenos
espaços
•
Dominio do bloco
•
Colaboração com o guarda-redes
•
Dominio das trocas de marcação e do deslizamento
•
Marcação ao pivot pela frente e pelas costas
•
Corte de linhas de passe
•
Dominar as ajudas
•
Recuperação de bolas vindas da baliza
•
Direcção da defesa no campo
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5
Defesas Laterais
•
Devem ser altos
•
Devem dominar o bloco
•
Domínio dos deslocamentos, paragens e arranques
•
Profundidade defensiva
•
Dominio das trocas de marcação e do deslizamento
•
Dominio dos contrabloqueios
•
Dominar as ajudas
•
Capacidade de antecipação
•
Corte de linhas de passe
•
Marcação ao pivot
•
Domínio do 1X1
•
Capacidade de choque
Defesas Exteriores
•
Dominio do 1X1
•
Dominio do 1X2
•
Capacidade de antecipação
•
Dominio das ajudas
•
Corte de linhas de passe
•
Dificultar penetrações do opositor directo
•
Pressionar adversário próximo em caso de “não ter opositor directo”
•
Recuperação de bolas
•
Domínio dos deslocamentos, paragens e arranques
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6
Indice
SISTEMA DEFENSIVO 5:1
1
Treino Especifico dos Defesas
1
Tarefas dos Jogadores na Defesa
Defesa Avançado
Defesa Central
Defesas Laterais
Defesas Exteriores
5
5
5
6
6
INDICE
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BIBLIOGRAFIA
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Bibliografia
•
Argiles, César (2001): Diseño de trabajos individuales para la puesta en
marcha de un sistema defensivo. Comunicación Técnica RFEBM n.º 208,
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Chirosa, L.J.; Chirosa, I.J. (2000): Bases para el Entrenamiento TécnicoTáctico Individual de los Jugadores situados en la Zona Central de las
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Espar, Xesco(2001): Balonmano (pp. 51-54). Barcelona: Ediciones
Martinez Roca.
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Herrero, J.A.G. (2000): Estudio Sobre el Funcionamiento del Sistema
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Cuadernos Técnicos n.º 17 AEBM. www.aebm.com.
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Laguna, Manuel (2004): A Defesa na Actualidade. IX Clinic Internacional
de Andebol. Associação de Andebol de Braga.
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Nuñez-Romero, E.P.(1997): Sistema Defensivo 5:1. Una alternativa ao
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Federacion Galega de Balonmano.
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Roman Seco, Juan de Dios (2000): New Defence Elements in Men’s
Handball at the Olympics Games in Sydney/Aus. EHF Periodical n.º
2/2000, pp. 39.45.
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Championship. EHF Periodical n.º 1/2004, pp. 11-27.
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Defesa 5/1 - Associação de Andebol de Braga