III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
Local: Centro Universitário São Camilo
Data:
21 a 23 de maio de 2015.
TRATAMENTO DA DIARREIA PELO USO DE SEMENTES DO GUARANÁ:
- Paullinia cupana Kunth –
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FERNANDES, Fernanda R. ; IKEDA, Thaís T. ; SANTOS, Thamires T. ; SILVA, Alexandro M.
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Discente do curso de Farmácia e Bioquímica do Centro Universitário São Camilo – São Paulo – SP.
[email protected]
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Docente do curso de Farmácia e Bioquímica do Centro Universitário São Camilo – São Paulo – SP.
Palavras-chave: Diarreia. Guaraná. SUS.
INTRODUÇÃO
Diz-se diarreia à passagem frequente (mais de três vezes ao dia) de fezes líquidas ou
semilíquidas. Seus sintomas incluem febre, mal-estar, dores musculares, cólicas, flatulência, sangue
ou muco nas fezes e desconforto em volta do umbigo (TEIXEIRA, 1984).
As causas mais comuns de sua ocorrência estão associadas à desnutrição, infecção intestinal
causada por bactérias, amebas ou giárdia ou outras infecções no organismo (TEIXEIRA, 1984).
É importante adotar providências para cessar ou amenizar as frequências, já que a patologia
pode gerar, por exemplo, debilidade pela perda de material nutritivo, como certos sais minerais, assim
como a queda da concentração de açúcar no sangue, acarretando os sintomas da hipoglicemia
(desmaios e tonturas). Além disso, em crianças pode levar à morte, devido ao alto grau de
desidratação (ELDIN, 2010).
Pode ter ocorrência por infecção (por bactérias, como por exemplo, a salmonella), a qual se
denomina diarreia aguda, ou também pode ser crônica, que é a forma mais grave, podendo também
ser sintoma de alguma doença subjacente, causando confusão perante aos sinais e sintomas
(SCHULZ; TYLER, 2002).
Partindo da opção de um fitomedicamento para a cura da mesma, encontraram-se atividades
positivas nas sementes de Paullinia cupana Kunth (guaraná), devido às altas taxas de taninos, que
atuarão como adstringentes, que é uma atividade de moléculas polares, capazes de revestir o lúmen
do intestino com uma película protetora, devido à sua reduzida absorção pelo mesmo (ELDIN, 2001).
Entretanto, dentre os demais componentes da planta medicinal, encontra-se a cafeína, que
por gerar efeitos adversos, merece maior atenção, principalmente se aplicada à pacientes que já
venham a apresentar um quadro de elevada pressão arterial. Além disso, é importante também
ressaltar que o tratamento descrito não poderá ser utilizado em grandes intervalos de tempo, por
haver risco de dependência e câncer (SIMÕES; et al., 2007).
OBJETIVO
Avaliar um tratamento agradável, eficaz e de baixo custo para pacientes diagnosticados com
diarreia e que possa ser usado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
METODOLOGIA
A partir dos sinais e sintomas da diarreia, buscou-se a atividade ideal em plantas medicinais
para seu tratamento de forma segura e eficiente. Atentando-se também às condições ideais para que
pudesse ser posto como padrão em atendimento pelo SUS no Brasil.
Foram realizadas pesquisas em livros técnicos e na “internet”, em sites institucionais de
sociedades científicas e outras instituições vinculadas à área de aplicação das Práticas Integrativas
Complementares, mais especificamente da Fitoterapia e o funcionamento do Sistema Único de
Saúde.
Como descritores, utilizou-se Sistema Único de Saúde, Fitoterapia, Taninos, Assistência
Farmacêutica e Paullinia cupana. A pesquisa foi realizada entre os meses de fevereiro e março de
2015.
Realização
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Local: Centro Universitário São Camilo
Data:
21 a 23 de maio de 2015.
DISCUSSÃO E RESULTADOS
Diz-se diarreia à passagem frequente (mais de três vezes ao dia) de fezes líquidas ou
semilíquidas. Seus sintomas incluem febre, mal-estar, dores musculares, cólicas, flatulência, sangue
ou muco nas fezes e desconforto em volta do umbigo. Se uma pessoa apresenta esse quadro, é
importante evitar alimentos gordurosos, comida muito temperada, bebidas alcoólicas e qualquer tipo
de laxante/purgativo (SIMÕES; et al., 2007).
De modo geral, a água é a grande veiculadora de elementos capazes de produzir diarreia.
Intoxicações alimentares também representa outra causa frequente da doença, inclusive os
envenenamentos produzidos pelos conservantes colocados em alimentos (ELDIN, 2010).
As ocorrências mais comuns estão associadas à desnutrição (debilita, em geral, crianças, e
há risco de desidratação), infecção intestinal causada por bactérias (fezes com muco ou sangue),
amebas (diarreia crônica) ou giárdia (fezes amarelas, malcheirosas e com espuma) ou outras
infecções no organismo (sarampo, fase de dentição) (TEIXEIRA, 1984).
Como consequência, a doença pode gerar: debilidade pela perda de material nutritivo, como
certos sais minerais; trânsito acelerado do alimento pelo tubo digestivo, não dando tempo de ser
absorvido, ocorrendo perda de vitaminas diversas; desidratação pela perda de líquidos corporais; e
sintomas secundários como a anemia, hipoglicemia, contrações musculares (pela perda do potássio);
problemas neurológicos (perda de magnésio) ou fraqueza geral (perda de sódio) (SCHULZ; TYLER,
2002).
A diarreia pode ser aguda (por infecção) ou crônica. No caso desta última, é preciso realizar
uma pesquisa acurada sobre como surgiu, seja após uma infecção aguda, uma cirurgia, uma grande
emoção, ou outros fatores capazes de criar um quadro mais ou menos típico, como “cólon irritável”.
Pode persistir por mais de quatro semanas e pode ser sintoma de uma doença subjacente, como
colite ulcerativa ou hipertireoidismo. O tratamento causal da doença subjacente é essencial em todas
as formas crônicas de diarreia (TEIXEIRA, 1984).
Já a diarreia aguda (infecção pela bactéria salmonella), tem um início inesperado e
geralmente tem duração de três a quatro dias e frequentemente tende a ser auto limitante (SCHULZ;
TYLER, 2002).
Episódios breves de diarreia aguda, em particular, justificam o uso de medidas sintomáticas
que podem ser tanto alimentares quanto farmacológicas. Os fitomedicamentos tem um papel
significativo, tanto como medicamentos caseiros tradicionais quanto como preparações galênicas, no
tratamento da diarreia. Três grupos de preparações são particularmente importantes: plantas
medicinais que contém tanino, pectinas e uma cepa especial de levedura viva seca (SCHULZ;
TYLER, 2002).
Taninos são compostos fenólicos, que possuem a capacidade de coagular proteínas. Na
fitoterapia, essa propriedade adstringente pode ser muito valiosa terapeuticamente e as plantas ricas
em taninos são usadas com frequência no tratamento de diarreias. Por serem moléculas polares, são
muito pouco absorvidas pelos intestinos, embora alguns produtos decompostos (tanatos) tenham sido
encontrados no plasma. Particularmente no trato intestinal, podem revestir o lúmen do mesmo com
uma película protetora, culminando na normalização da hiperperistalsia (ELDIN, 2001).
As pectinas são biopolímeros com pesos moleculares de 60.000 a 90.000. Seu esqueleto
estrutural básico é formado por moléculas ácidas galacturônicas e acompanham de forma constante
a celulose. Numerosos grupos de ácidos conferem às pectinas sua capacidade de reter água e
formar géis. Esses géis não são atacados por enzimas digestivas e chegam até o cólon sem
alteração, quando são quebrados pelas bactérias ali existentes. No intestino delgado, os géis de
pectina podem formar uma película protetora na mucosa (SCHULZ; TYLER, 2002).
Como o tratamento para a diarreia se baseia na ingestão de pectinas e taninos, uma planta
que já se mostrou eficiente neste por conter ambos compostos em sua estrutura foi a semente de
guaraná (Paullinia cupana). Elas são constituídas de cafeína, traço de teofilina e teobromina,
saponinas, taninos (12% - catequina, epicatequina e proantocianidois), amido (até 60%), pectinas e
mucilagem (SIMÕES; et al., 2007).
A semente da família botânica Sapindaceae foi descrita nas cinco versões da Farmacopeia
Brasileira e é registrada pela ANVISA. Originária da Amazônia brasileira e venezuelana e das
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Guianas, no Brasil é cultivada na região de Maués. Atualmente, o estado que é o maior produtor do
país é a Bahia, no baixo sul. O cultivo é de grande importância socioeconômica para a região em
virtude de ser explorado por pequenas propriedades e por ser uma atividade típica de agricultura
familiar (IBGE, 2010).
Neste tipo de tratamento, as sementes podem ser ingeridas após sua infusão ou como suco
(SCHULZ; TYLER, 2002).
Um fato de destaque é que taninos não apresentam interações medicamentosas, não
restringindo sua ingestão por patologias pré-existentes. Mas, apesar de conter estrutura e compostos
favoráveis ao tratamento da diarreia, as sementes do guaraná, em contrapartida, apresentam
também teores de cafeína, que variam de 2,5 a 5,0%. Por ser um estimulante natural que causa
vasoconstrição do sistema vascular e cerebral e vasodilatação periférica, agindo também como
vasodilatador coroniano periférico, é importante uma observação mais cautelosa em aplicações deste
tratamento em pacientes com pressão arterial elevada. Além disso, outro ponto negativo é que o uso
prolongado de cafeína pode aumentar o risco de câncer orofaríngeo e dependência da mesma
(SIMÕES; et al., 2007).
Apesar de ainda haver controvérsia referente as taxas máximas de cafeína que podem ser
consumidas por indivíduos saudáveis e que não possuam sensibilidade à mesma, um padrão que
pode se levar em conta é o máximo de 400 mg da substância ao dia no caso dos homens (o
equivalente a 6 mg por quilo) e 300 mg no caso das mulheres (4,6 mg por quilo) (SIMÕES; et al.,
2007).
CONCLUSÃO
Apesar dos ônus previstos perante sua composição, as sementes de Paullinia cupana podem
ser um tratamento alternativo agradável, com baixo custo e fácil acesso para pacientes com diarreia.
Por ser originária da Amazônia brasileira, as questões de plantio não seriam um problema. O fato de
ser reconhecida pela ANVISA também é um ponto positivo para ser implantado no SUS. E por fim, a
extração de taninos e pectinas é simples, podendo ser realizada de forma caseira, não exigindo
condições laboratoriais específicas.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia Brasileira volume 2. Brasília, 2010.
Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/hotsite/cd_farmacopeia/pdf/volume2.pdf> Acesso em 03 de
mar de 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, 2009.
Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/programa_nacional_plantas_medicinais_fitoterapicos.pd>
Acesso em 10 de mar de 2015.
BRASIL. Grupo de Investigação em Atenção Farmacêutica (CTS-131). Método Dáder: Manual de
Acompanhamento Farmacoterapêutico - Universidade de Granada, Brasília – DF, 2004. Disponível
em: <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf> Acesso em 17 de mar de 2015.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produção Agrícola Municipal – Culturas
Temporárias e Permanentes, 2010. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/pam/2010/PAM2010_Publicacao_completa.pdf>
Acesso em 23 de mar de 2015.
Editora de Publicações Biomédicas LTDA: Índice Terapêutico Fitoterápico: Ervas Medicinais – 1.
Ed. Petrópolis, RJ.
ELDIN, Sue. Fitoterapia: na atenção primária à saúde. 1. ed. – São Paulo: Manole, 2001.
Realização
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Local: Centro Universitário São Camilo
Data:
21 a 23 de maio de 2015.
SCHULZ, Volker; Hänsel; TYLER, Varro. Fitoterapia Racional: Um guia de fitoterapia para as
ciências da saúde. 4. ed. São Paulo: Manole, 2002.
SIMÕES, Cláudia Maria; SCHENKEL, Eloir; GOSMANN, Grace; MELLO, João Carlos; MENTZ, Lilian;
PETROVICK, Pedro. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 6. ed. Porto Alegre: Editora da
UFRGS; Florianópolis: Editora da UFSC, 2007.
TEIXEIRA, Sérgio Augusto. O que você pode fazer para curar a diarreia no adulto e na criança. 1.
ed. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1984.
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