Código
FT.02.00
Janeiro de 2015
ENSAIO DE ULTRA-SONS EM BETÃO
1) INTRODUÇÃO
O Ensaio de ultra-sons em betão é uma técnica não destrutiva que consiste na determinação da velocidade de
propagação de um impulso ultra-sónico entre dois pontos, emissor e receptor, com o propósito de obter informações
relativas às características mecânicas do material, sua integridade física e existência de defeitos tais como vazios ou
fissuras.
Neste ensaio é utilizado um equipamento capaz de produzir um sinal eléctrico que, através do seu transdutor
emissor é transformado num impulso ultra-sónico, atravessa o elemento de betão em estudo, até que este chegue a ao
transdutor receptor, convertendo-o novamente num sinal eléctrico. Este percurso é monitorizado pela unidade central
do aparelho, que nos revela a velocidade de propagação da onda.
Podemos também através deste ensaio obter a classe do betão em estudo, através de uma correlação entre o
módulo de elasticidade conhecido e a velocidade de propagação da onda.
2) OBJECTIVO
A aplicação do teste ultra-sónico permite-nos prever a existência de anomalias no elemento de betão em
estudo, através da avaliação da velocidade de propagação da onda. Por definição, sabemos que quanto maior for essa
velocidade, mais elevada é a qualidade do elemento de betão.
Apoiados em estudos e medições in situ, podemos também recorrer a esta técnica para determinar com rigor
a profundidade de fissuras visíveis.
Sendo assim, podemos definir como principal objectivo do ensaio de ultra-sons, a detecção, medição e
caracterização de delaminações e heterogeneidades tais como fendas, fissuras, vazios ou juntas, danos causados pelo
fogo ou pelo gelo e presença de materiais externos( fragmentos de madeira, papel ).
3) DOCUMENTAÇÃO DE REFERÊNCIA
Os procedimentos para este ensaio seguem as normas NP EN 12504-4 e EN ISO 8047-1994.
4) EQUIPAMENTO UTILIZADO
Para a implementação desta técnica, necessitamos de um aparelho constituído por um modulo central, que é
responsável pela emissão e recepção dos impulsos eléctricos e pela leitura das velocidades de propagação das ondas.
Ligados ao modulo central, encontram-se dois transdutores (Fig1) um emissor e um receptor, que têm como
funções transformar o sinal eléctrico recebido em sinal ultra-sónico e, emitir e receber, respectivamente, esse mesmo
sinal ultra-sónico, devolvendo-o de novo ao modulo central em forma de impulso eléctrico. É também imprescindível
a presença da barra de calibração do aparelho. (Fig.2)
Reprodução proibida
1/4
Código
FT.02.00
Janeiro de 2015
(Fig. 1)
(Fig. 2)
5) DESCRIÇÃO DO ENSAIO
5.1) PREPARAÇÃO
Temos que ter presente que este ensaio é realizado com base na transmissão de ondas ultra-sónicas, logo os
transdutores têm que estar com o máximo da sua superfície em contacto directo com o elemento de betão. Devemos
então que tentar uniformizar o máximo possível a superfície a estudar com os meios abrasivos mais adequados.
Dependendo do método a utilizar, devemos então ter a preocupação de preparar e escalonar as áreas de ensaio.
Depois de o aparelho estar convenientemente montado, temos que proceder à sua calibração. Este é um
procedimento que não podemos menosprezar, pois se o fizermos, estamos a correr o risco de obter valores não reais.
Cada aparelho vem preparado com um dispositivo de calibração próprio (Fig 2).
Neste ensaio, são conhecidos três métodos: o método directo, semi-directo e indirecto, sendo esta também a
sua ordem de fiabilidade.
Sendo assim, sempre que for possível devemos recorrer ao método directo.
Para obtenção de uma leitura de valores mais fidedigna, temos também que nos certificar, recorrendo a um
aparelho de detecção de armaduras ou a outras técnicas, que não existe nenhum elemento metálico que percorra
paralelamente o trajecto das ondas ultra-sónicas.
5.2) EXECUÇÃO
Qualquer que seja o método utilizado, devemos sempre aplicar na face dos transdutores um acoplante
especifico para facilitar a transmissão dos ultra-sons.
Os resultados devem ser registados para serem analisados e, através de formulas específicas, permitirem a
obtenção do resultado final.
No entanto, existem alguns factores que podem influenciar os resultados finais e que têm que ser levados em
conta. São eles o teor de humidade e a temperatura do betão.
Poderá assim haver lugar a uma correcção percentual nos valores obtidos, como demonstra o quadro seguinte:
Reprodução proibida
2/4
Código
FT.02.00
Janeiro de 2015
5.2.1) MÉTODO DIRECTO
Como já referido anteriormente, o método directo é aquele que apresenta uma maior fiabilidade de resultados.
Desta forma o comprimento do percurso das ondas ultra-sónicas pode ser medido com o máximo de rigor, ajudandonos assim a obter um resultado final muito mais aproximado da realidade.
Neste caso, os transdutores devem ser colocados simetricamente, alinhados e em faces opostas do elemento
de betão.
A velocidade do impulso é calculada através da seguinte formula:
𝑉(
𝑘𝑚
𝐿 (𝑚𝑚)
)=
𝑠
𝑇 (𝜇𝑠)
5.2.2) MÉTODO SEMI-DIRECTO
Este método é utilizado quando a morfologia da estrutura e/ou a sua localização in situ não permitem a
utilização do método directo. Neste caso concreto, os transdutores devem ser colocados em fases adjacentes.
Tal como no método directo, a velocidade do impulso é calculada através da formula que se segue:
𝑉(
𝑘𝑚
𝐿 (𝑚𝑚)
)=
𝑠
𝑇 (𝜇𝑠)
5.2.3) MÉTODO INDIRECTO
O Método Indirecto é o menos eficaz de todos os que já referimos, no que diz respeito à determinação da
velocidade do impulso, pois é-nos desconhecido o percurso exacto que a onda ultra-sónica vai percorrer. Por isso,
devem ser realizadas diversas medições e de forma escalonada.
Com os transdutores colocados na mesma face do elemento de betão, é desenhada uma recta com pontos
colocados, usualmente, de 150 em 150mm. O transdutor emissor é colocado sempre num dos pontos mais extremos
enquanto o transdutor receptor percorre todos os outros pontos seguintes.
Os resultados obtidos através deste método não devem ser relatados através de valores exactos, mas sim em
forma de um gráfico representativo.
Reprodução proibida
3/4
Código
FT.02.00
Janeiro de 2015
Apesar de tudo, este método pode ser muito importante na detecção de vazios ou materiais estranhos ao betão,
ou ainda na determinação da profundidade das fissuras localizadas.
Quando uma fissura é localizada, devem ser realizadas duas (ou mais) leituras: uma é realizada numa área
homogénea e outra onde se encontra a fissura. Neste ultimo caso, os transdutores devem estar simetricamente colocados
em relação à fissura mas colocados entre si a uma distância igual à utilizada no ensaio da área homogénea.
A profundidade dessa fissura é calculada através da formula seguinte:
𝑟𝑐 2
ℎ = 𝑥√ 2
𝑟𝐿
Onde:
rc = tempo de percurso de contorno da fissura
rL= tempo de percurso verificado na leitura da área homogénea
h= profundidade da fissura
x= distância entre o transdutor e a fissura
6) RELATÓRIO
No relatório elaborado, devem constar os seguintes elementos:

Identificação da estrutura de betão ensaiada;

Local da realização do ensaio;

Data do ensaio;

Idade do betão;

Modelo do equipamento utilizado;

Dimensões dos transdutores, frequência e eventuais características especiais;

Posição dos transdutores durante o ensaio;

Indicação da presença de armaduras;

Estado geral do betão na zona de ensaio;

Valores do comprimento do percurso;

Valores de cálculo da velocidade dos ultra-sons para cada percurso;

Responsável.
Direção Técnica
Direção de Produção
Reprodução proibida
4/4
Download

ENSAIO DE ULTRA-SONS EM BETÃO 1) INTRODUÇÃO 2