HISTÓRIAS CURTAS 2:
Dr. Eng. Marco Antonio Fernandes de Oliveira*
AUMENTANDO A RENTABILIDADE COM O RACIOCÍNIO ESTATÍSTICO
As perdas, muitas vezes, são invisíveis. Recentemente, um dos nossos consultores
participou de um projeto de redução de custos de produção em uma empresa de médio
porte. Lá, os custos da matéria prima (item de maior impacto) eram controlados através do
“peso médio do produto” e pelo “orçamento dos gastos gerais com matéria prima”.
Na primeira reunião, transcorreu o seguinte debate entre o gerente de produção e o
consultor:
Gerente (orgulhoso de seu trabalho) – Tenho um relatório aqui que mostra que o orçamento
está sendo cumprido à risca e o peso médio do produto está conforme o padrão. Portanto,
não é na matéria prima que estão os nossos problemas.
Consultor – Vocês analisaram o desvio padrão deste peso médio?
Gerente – Desvio padrão? O que é isso?
Consultor (procurando ser bem didático) – É o que mede o “tamanho” da variação do peso
em torno da média, ou seja, se os resultados individuais estão longe ou próximos da média.
Gerente – E por que eu precisaria disso?
Consultor (persistindo na didática) – O que acontece quando o peso fica acima do padrão?
Gerente – O cliente ganha e a empresa perde!
Consultor – E quando o peso está abaixo do padrão?
Gerente (sem pestanejar) – A empresa ganha!
Gerente (de novo, e pensando um pouco mais) – Mas o produto pode não agradar ao
cliente.
Consultor – Pois é! Toda a variação significa perda: perda de produto (refugo, devoluções,
etc.), perda de cliente, perda de matéria prima e, portanto, perda de dinheiro.
Gerente (tentando se sair bem) – Mas na média os altos e baixos não se compensam?
Consultor – Compensam-se apenas matematicamente, mas não fisicamente. Um mesmo
lote produzido pode estar com o peso médio dentro do padrão, mas por conta da variação
ao longo do processo, pode conter produtos que estão acima do peso (indicando perda de
matéria prima) e abaixo do peso (aumentando as chances de devoluções e perda de
clientes).
Gerente (ainda tentando se salvar) – Mas, pelo orçamento, eu não estou gastando a mais!
Consultor – O seu orçamento geral também é uma média de gastos individuais. Certamente
existem variações nos gastos de matéria prima entre um operador e outro, entre um turno e
outro, entre uma máquina e outra, que não ficam visíveis no orçamento geral. Portanto,
individualmente, também há perdas.
Gerente (em seu último argumento) – Mas é impossível eliminar a variação!
Consultor (tentando elevar a auto-estima do gerente) – Você está certo! Sempre haverá
alguma variação, mas ela pode ser reduzida a um nível mínimo que lhe assegure perdas
desprezíveis. Com certeza você vai economizar muito dinheiro. Dá até para calcular o
ganho!
A empresa passou a tratar estatisticamente os resultados de produção e, em apenas, quatro
meses de trabalho, conseguiu economizar R$ 1.200.000,00 nos seus custos.
* Engenheiro químico, advogado, especialista em Gestão da Qualidade Total, doutor em Desenvolvimento
Regional, auditor líder da ISO 9001:2008 e ISO 14001:2004, especialista Six Sigma – Black Belt, consultor da
FOCEL com atuação em mais de 70 empresas de âmbito regional, estadual e nacional.
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