18/4/2012
Padronização de Indicadores de Saúde
Padronização de Indicadores
de Saúde
Faculdade de Saúde Publica
Zilda Pereira da Silva
A padronização de indicadores (ou
ajustamento de dados) é uma técnica
empregada para possibilitar a
comparação de resultados em bases
mais realistas
Método muito utilizado na comparação
de indicadores de saúde
2012
Padronização de Indicadores de Saúde
A indicação para sua utilização:
existência de distribuição desigual
(indesejável) de uma dada característica
(idade, sexo, peso ao nascer, etc.), em duas
ou mais populações objeto de análise.
A padronização permite que a comparação
seja feita em igualdade de condições
A não utilização da técnica pode levar a
conclusões equivocadas
Pode ser aplicada na análise de diversos
indicadores
Muito utilizada na comparação de
coeficientes gerais, tanto na análise de
regiões ou séries temporais
Método Direto de Padronização
(ou da População-Padrão)
Métodos
Diretos e indiretos
Padronização de Indicadores de Saúde
São essencialmente baseados na lógica
da média ponderada, usam pesos que
serão aplicados aos coeficientes
específicos dos estratos populacionais
em estudo, para que os coeficientes
gerais obtidos possam ser comparados
1. Escolhe-se uma “população-padrão” e
realizam-se os cálculos como se as duas
populações tivessem esta distribuição de
idades
A população pode ser real (uma das populações em
estudo ou aquela de um outro país) ou ser fictícia
(média ou soma das populações envolvidas na
análise)
1
18/4/2012
Método Direto de Padronização
(ou da População-Padrão)
Método Direto de Padronização
(ou da População-Padrão)
2. Aplicam-se na população-padrão, os
coeficientes observados nas duas regiões, para
obter o “número de óbitos esperados” para
ambas
3. Estes “números de óbitos esperados”
permitem o cálculo dos coeficientes ajustados
Exemplo:
Coeficiente de mortalidade geral bruto:
País em desenvolvimento: 6,7 óbitos/1.000
hab.
País desenvolvido: 10,0 óbitos/1.000 hab.
O resultado (taxa de mortalidade padronizada ou ajustada
para idade) indica a mortalidade que uma população teria
caso apresentasse um estrutura etária padrão.
Método Direto de Padronização
(ou da População-Padrão)
Método Direto de Padronização
(ou da População-Padrão)
C á lc u lo d e C o e fic ie n te s P a d r o n iz a d o s d e M o r ta lid a d e
Óbitos, População e Coeficiente de Mortalidade, em dois países
P o p u la ç ã o p a d r ã o (1 )
Id a d e
País Desenvolvido
Idade
População
Óbitos
No.
%
0-14 anos
2.000
25,0
2
15-54 anos
4.000
50,0
8
55 anos e mais
2.000
25,0
Total
8.000
Fonte: Ref. Bib no. 2.
100,0
Coeficiente
por 1.000
População
Óbitos
Coeficiente
por 1.000
No.
%
1,0
5.000
47,6
30
2,0
5.000
47,6
15
3,0
70
35,0
500
4,8
25
50,0
80
10,0
10.500
100,0
70
6,7
6,0
0 -1 4 a n o s
1 5 -5 4 a n o s
9 .0 0 0
Exemplo:
Hospital A:
- pacientes internados: 6.000
- coeficiente de mortalidade: 254,2 óbitos por 1.000
Hospital B:
- pacientes internados: 7.000
- coeficiente de mortalidade: 121,4 óbitos por 1.000
2 ,0
P a ís e m D e s e n v o lv im e n to
Ó b ito s
Esperado s
= (1 ) x (2 )
7 ,0
C o e fic ie n te
p o r 1 .0 0 0
(3 )
6 ,0
Ó b ito s
E s p era d o s
= (1 ) x (3 )
4 2 ,0
1 8 ,0
3 ,0
2 7 ,0
5 5 a n o s e m a is
2 .5 0 0
3 5 ,0
8 7 ,5
T o ta l
1 8 .5 0 0
1 1 2 ,5
F o n te : R e f. B ib n o . 2 .
(1 ) P o p u la ç ã o -p a d rã o : s o m a d a s d u a s p o p u la ç õ e s .
(2 ) (3 ) C o e fic ie n te s e s p e c ífic o s p o r fa ix a e tá ria .
5 0 ,0
1 2 5 ,0
1 9 4 ,0
C á lc u lo d o C o e fic ie n te G e r a l d e M o r ta lid a d e P a d r o n iz a d o
P a ís d e s e n v o lv id o =
11 2,5
1 8 .5 0 0
x 1 .0 0 0 = 6 ,1 ó b ito s p o r 1 . 0 0 0
P a ís e m d e s e n v o lv im e n to =
1194
1 8 .5 0 0
x 1 .0 0 0 = 1 0 , 6 ó b ito s p o r 1 .0 0 0
Método Direto de Padronização
(ou da População-Padrão)
P a ís D e s e n v o lv id o
C o e fic ie n te
p o r 1 .0 0 0
(2 )
7 .0 0 0
1 ,0
País em Desenvolvimento
Método Direto de Padronização
(ou da População-Padrão)
Número de Pacientes, de òbitos e Coeficiente de Mortalidade Hospitalar,
segundo setores dos hospitais A e B, em 2000
Hospital A
Setores
Pacientes
Clínica Médica
1.000
Coeficiente de
Mortalidade
(1)
Óbitos
25
25,0
1.500
300,0
1.525
254,2
(16,7%)
Pronto-Socorro
5.000
6.000
(100,0%)
5.000
250
50,0
600
300,0
850
121,4
(71,4%)
(83,3%)
Total
Hospital B
Coeficiente
de
Mortalidade
(1)
Pacientes Óbitos
2.000
(28,6%)
7.000
(100,0%)
Fonte: Ref. Bib no. 1.
(1) Por 1.000 pacientes.
2
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Método Direto de Padronização
(ou da População-Padrão)
Método Direto de Padronização
(ou da População-Padrão)
C á lc u lo d e C o e f ic ie n t e P a d r o n iz a d o s e g u n d o a c o m p o s iç ã o
d a p o p u la ç ã o d o H o s p ita l B
C á lc u lo d e C o e f ic ie n t e P a d r o n iz a d o s e g u n d o a c o m p o s iç ã o
d a p o p u la ç ã o d o H o s p ita l A
P o p u la ç ã o p a d rã o (A ) (1 )
C o e fic ie n te d e
M o r t a lid a d e d e
B (2 )
1 .0 0 0
5 0 ,0
P r o n to - S o c o rr o
5 .0 0 0
3 0 0 ,0
T o ta l
F o n t e : R e f . B ib n o . 1 .
( 1 ) P o r 1 . 0 0 0 p a c ie n te s .
6 .0 0 0
S e to re s
C lín ic a M é d ic a
Ó b ito s
E s p erad o s =
(1 ) x (2 )
50
1 .5 0 0
1 .5 5 0
Ó b it o s
E sperados
= (1 ) x (2 )
5 .0 0 0
2 5 ,0
125
P ro n to -S o c o rro
2 .0 0 0
3 0 0 ,0
600
T o ta l
F o n te : R e f. B ib n o . 1 .
( 1 ) P o r 1 .0 0 0 p a c ie n t e s .
7 .0 0 0
725
C á lc u lo d o C o e fic ie n te G e r a l d e M o r ta lid a d e P a d r o n iz a d o
1 .5 5 0
6 .0 0 0
H o s p it a l B =
x 1 . 0 0 0 = 2 5 8 , 3 ó b it o s p o r 1 . 0 0 0
Método Direto de Padronização
(ou da População-Padrão)
M étodos
2004
2008
Padronizada
Bruta
Padronizada
Brasil
6,2
6,2
6,1
5,4
Região Norte
5,0
6,5
4,8
5,8
Região Nordeste
6,6
6,6
6,0
5,6
Região Sudeste
6,4
6,0
6,5
5,3
Região Sul
6,2
6,0
6,3
5,0
Região Centro-Oeste
5,0
6,0
5,3
5,3
Fonte: Ministério da Saúde; IBGE; RIPSA.
Nota: Para o cálculo da taxa padronizada, foi considerada padrão a população Brasil 2000.
Hospital B
254,2
121,4
173,1
184,6
Região e UF
Padronizado
Som a das populações
População A
População B
Fonte: Ref. Bib no. 1.
(1) Por 1.000 pacientes.
x 1 . 0 0 0 = 1 0 3 ,6 ó b ito s p o r 1 .0 0 0
Taxa de Mortalidade Geral Bruta e Padroniada (por mil Habitantes)
Brasil e Regiões, 2004 e 2008
Hospital A
Sem padronização
725
7 .0 0 0
Método Direto de Padronização
(ou da População-Padrão)
C oeficientes do Hospital A e B (1)
258,3
103,6
Método Direto de Padronização
(ou da População-Padrão)
Taxa de Mortalidade
País
Padronizada por
idade
Bruta
Bruta
Método Direto de Padronização
(ou da População-Padrão)
Taxa de Mortalidade por doença cardíaca (bruta e
padronizada por idade) por 100 mil habitantes, países
selecionados, 2002
Brasil
C o e f ic ie n t e d e
M o r t a lid a d e d e
A (2 )
C l í n ic a M é d i c a
C á lc u lo d o C o e f ic ie n t e G e r a l d e M o r t a lid a d e P a d r o n iz a d o
H o s p it a l B =
P o p u la ç ã o p a d r ã o (B ) (1 )
S e to re s
79
118
Finlândia
240
120
Estados Unidos
176
105
Escolha do método quando se
dispõe de dados pormenorizados
sobre as populações objeto de
comparação
Importância de escolher bem a
estrutura populacional a ser usada
como padrão, para evitar a introdução
de distorções
Ref. Bi b.: Boni ta R. e col s. Epi demi ol ogi a Bási ca. São Paul o, Santos, 2011.
3
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Método Direto de Padronização
(ou da População-Padrão)
a população mundial é extensamente
utilizada para comparações internacionais
a população de um país (censo) para
comparações de estados e regiões
Comparações em séries temporais população
do meio do período (muito importante quando
essa população está passando por grandes
transformações, como rápida queda da
fecundidade)
Método Indireto de Padronização
(ou do Coeficiente-Padrão)
Escolha do método nem sempre estão disponíveis todos os
dados necessários (pode-se, por exemplo,
conhecer apenas o número total de óbitos de uma
determinada população)
ou o número de casos é pequeno, que
não permite a divisão por subgrupos
Método Indireto de Padronização
(ou do Coeficiente-Padrão)
1.
2.
3.
A informação necessária é o coeficiente
específico (por exemplo por idade) de
uma população-padrão
Calcula-se o número de óbitos
esperados, a partir da distribuição da
população e do número total de óbitos
Calcula-se a relação entre o número de
óbitos observados e esperados (SMR)
Método Indireto de Padronização
(ou do Coeficiente-Padrão)
Medida síntese obtida a partir do método indireto
Razão de Mortalidade Padronizada (RMP) ou
Standardized Mortality Ratio (SMR)
Razão entre os óbitos observados na população
em evidência e os óbitos esperados (expresso em
porcentagem)
Indicador que estima o excesso ou déficit da
mortalidade de uma dada população quando
comparada a outra utilizada como padrão
Método Indireto de Padronização
(ou do Coeficiente-Padrão)
Exemplo:
Distribuição da população da Região A (12.000),
por grupos etários
Total de óbitos: 96
Coeficiente de mortalidade geral nãopadronizado: 8 óbitos/1.000 hab.
Coeficiente-padrão de mortalidade por grupo
etário de outra região (escolhida para
comparação)
Método Indireto de Padronização
(ou do Coeficiente-Padrão)
C á lc u lo d a ra z ã o p a d ro n iza d a d e m o rta lid a d e (S M R ) p a d ro n iza ç ã o p e lo m é to d o in d ire to
C o e fic ie n te p a d rã o d e
m o rta lid a de (1 )
R e g iã o A
Ó b ito s
Ó b ito s
C o e fic ie n te
O b s e rv a d o s
E s p e ra d o s
p o r 1 .0 0 0
(N o .)
(3 ) = (2 ) x (1 )
0 -1 4 a n o s
4 ,6
5 .0 0 0
...
...
23
1 5 -5 4 a n o s
2 ,4
5 .0 0 0
...
...
12
5 5 a n o s e m a is
3 8 ,0
2 .0 0 0
...
...
76
(a )
8
11 1
T o ta l
1 2 .0 0 0
96
(1 ) C o e ficie n te d e m o rta lid a d e p ro ve n ie n te d e o u tra p o p u la çã o .
(2 ) D istrib u iç ã o d a p o p u la çã o d a qu a l n ã o se co n h e ce o n ú m e ro d e ó b ito s , p o r id a d e .
... D a d o s n ã o d isp o n ívie s.
(a ) C o e ficie n te d e m o rta lid a d e g e ra l n ã o -p a d ro n iza d o .
Id a d e
P o p u la ç ã o
(2 )
C á lc u lo d a S M R
S M R = ó b ito s o b se rva d o s
ó b ito s e sp e ra d o s
x 1 00
=
96
111
x 100 = 86
Menor
mortalidade
na área em
análiseMe
Ref.Bib: Laurenti e cols.
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18/4/2012
Padronização de Indicadores de Saúde
Exercício
A indicação para sua utilização:
existência de distribuição desigual de uma
dada característica em duas ou mais
populações objeto de análise.
A padronização permite controlar essa
variável
Método deve ser escolhido conforme a
disponibilidade dos dados
Atenção na escolha da população-padrão
1) Analise os coeficientes de mortalidade
geral abaixo:
Exercício
Exercício - Resultado
Paraná: 5,8 óbitos/mil hab.
Rio Grande do Sul: 6,6 óbitos/mil hab.
2) Calcule os coeficientes padronizados
segundo a população do Brasil de 2000
e analise os resultados obtidos.
Taxas de Mortalidade Padronizada (pela
população do Brasil 2000)
Paraná: 6,1 óbitos por mil hab.
Rio Grande do Sul: 5,7 por mil hab.
Referências Bibliográficas
1.
2.
3.
4.
Laurenti R, Mello Jorge MHP, Lebrão ML, Gotlieb
SLD. Estatísticas de Saúde. São Paulo: EPU,
2005.
Pereira MG. Epidemiologia – Teoria e Prática.
Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2005.
Medronho RA. Epidemiologia. São Paulo,: Editora
Atheneu, 2004.
RIPSA. Indicadores e Dados Básicos de Saúde
– IDB 2010.
5
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