VARIABILIDADE SAZONAL DA CIRCULAÇÃO
ATMOSFÉRICA DE MESOESCALA EM BELÉM-PA.
1
Sérgio Rodrigo Q. Santos, 2Maria Isabel Vitorino, 1Célia Campos Braga e 1Ana Paula
Santos
1
Universidade Federal de Campina Grande (UFGC).
2
Universidade Federal do Pará, UFPA
¹E-mail: [email protected];
RESUMO: Este trabalho estuda sob o ponto de vista observacional a variabilidade sazonal das
circulações atmosféricas locais, cuja origem pode estar associada às circulações de brisa
marítima, terrestre e lacustre na região nordeste do Pará. Foram utilizados dados de
precipitação, intensidade e direção do vento horizontal para a cidade de Belém, para os meses
representativos ao período chuvoso (fevereiro, março e abril) e menos chuvoso (setembro,
outubro e novembro) nos anos de 2005 e 2006. Observou-se que a precipitação diária é mais
regular na estação chuvosa quando comparada com a estação menos chuvosa. Com relação o
vento horizontal, notou-se que em ambos os anos e estações a intensidade do vento apresenta
comportamento temporal semelhante.
No caso da direção do vento, notou-se giro diário no
vento local, em ambas estações.
PALAVRAS-CHAVE: Amazônia, Circulação, Mesoescala, sazonalidade
ABSTRACT: This paper studies under the observational point of view the seasonal variability
of local circulations, whose origin can be associated with the sea breeze circulations, land and
lake in northeastern Para. We used data of precipitation, wind intensity and direction of
horizontal to the city of Bethlehem for the representative to the rainy season months (February,
March and April) and dry season (September, October and November) in 2005 and 2006. There
is perceived to be more homogeneous and the precipitation in the rainy season compared with
the dry season. Concerning the horizontal wind, it was noted that in both years and seasons to
the wind speed has a similar temporal behavior. In the case of wind direction, was noted daily
turnover in the local wind in both.
KEY WORDS: Amazon, Circulation, Mesoscale, seasonal
1.
INTRODUÇÃO
Estudos observacionais mostram que a atmosfera tropical é modulada de tal forma que
padrões de variabilidade existentes em uma escala interferem naquelas de outras escalas. Por
exemplo, a nebulosidade tropical é conhecida por apresentar variabilidade em escalas temporais
que vão de muitas horas a vários dias (Weng e Lau, 1994). Acrescente-se a isto que fenômenos
tais como ondas de leste (Cohen et al., 1995), a intensificação da Zona de convergência
intertropical (ZCIT) e a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), apenas para citar
alguns exemplos, podem e devem influir nas trocas entre a superfície e a atmosfera.
Na mesoescala, as circulações de brisa ocorrem em resposta ao gradiente horizontal de
pressão, o qual é gerado pelo contraste térmico diário entre o continente e o oceano atlântico. A
brisa marítima surge a partir do movimento ascendente do ar no continente, que se encontra
relativamente mais quente do que o oceano, durante o dia, (Ferreira, 2001). As brisas marítimas
são responsáveis pelo máximo de precipitação ao longo da costa leste da região nordeste (Lima,
2001). Esses máximos podem ser possivelmente explicados pelo fato da existência de uma
região com predominância de movimentos ascendentes ao longo da costa, devido à
convergência dos alísios, que sopram do mar para o continente durante o dia (brisa marítima), e
do continente para o mar durante a noite (brisa terrestre) (Kousky, 1980).
Neste contexto, este trabalho tem como objetivo principal analisar a variabilidade
sazonal da precipitação, do vento horizontal horário em Belém, a fim de mostrar o
comportamento atmosférico da circulação local da região em estudo.
2.
MATERIAIS E MÉTODOS
A cidade de Belém se localiza as margens da Baia do Guajará e do Rio Guamá, no
estuário do Rio Pará, exatamente a 1° 28’S de latitude e 48° 29’W de longitude (Figura 1). No
presente trabalho, foram utilizados dados meteorologicos horários de precipitação
pluviométrica, direção e intensidade do vento horizontal em Belém, para os meses
representativos ao período chuvoso (fevereiro, março e abril) e menos chuvoso (setembro,
outubro e novembro) nos anos de 2005 e 2006. Os quais foram obtidos pelo Instituto Nacional
de Meteorologia (INMET).
Figura 1. Localização da área de estudo, Belém-PA (BEL)
3.
RESULTADOS
A variablidade sazonal da média horária da direção e intensidade do vento horizontal para
Belém (Figura 1 e 2) mostra que em ambas as estações e anos em estudo os ventos dominantes
variam desde o quadrante nordeste na madrugada, este-sudeste pela manhã e sudeste-sul a tarde.
No horário das 18 UTC a direção do vento atinge o quadrante sudoeste. Isto sugere a influencia
de efeito locais na região de Belém, como por exemplo: a Baía do Guajará, o Rio Guamá e a
urbanização da cidade. Em termos de maguinitude dos ventos, nota-se que no período chuvoso e
menos chuvuso os presentam valores entre 0,5 e 2,5 m/s para o peritodo em estudo. A
intensidade do vento mostra esses baixos valores em função das edificaçoes da cidade.
Figura 2. Variação média sazonal-horária da direção e velocidade do vento para a estação
chuvosa em Belém nos anos de 2005 e 2006.
Figura 3. Variação média sazonal-horária da direção e velocidade do vento para a estação
menos chuvosa em Belém nos anos de 2005 e 2006.
A variabilidade diurna da precipitção (Figura 4 e 5) não difere muito entre os anos mas
entre as estações verifica-se que durante a estação chuvosa as precipitações apresentaram uma
distribuição mais homogênea durante o ciclo diurno, ocorrendo precipitações em quase todos os
horários, enquanto que na estação menos chuvosa a predominância das chuvas é no período
noturno. Nota-se ainda que o Maximo de precipitação, em ambas as estações, ocorre quando há
o giro do vento horizontal sugerindo a influencia da brisa lacustre. Importante ressaltar que para
Souza Filho et al. (2006) a predominância das chuvas no período noturno, na estação menos
chuvosa, é devido à convecção diurna resultante do aquecimento da superfície. Na estação
chuvosa somente as precipitações que ocorrem no final da tarde, entre 17h e 18h local, são
causadas por intensos sistemas convectivos, enquanto que no restante do dia são influenciados
por sistemas de grande escala como a zona de convergência intertropical (ZCIT).
Figura 4. Variação sazonal-horária da precipitação e velocidade do vento para a estação
chuvosa em Belém nos anos de 2005 e 2006.
Figura 5. Variação sazonal-horária da precipitação e velocidade do vento para a estação
menos chuvosa em Belém nos anos de 2005 e 2006.
4.
CONCLUSÕES
Em geral, percebe-se que a precipitação e mais homogenea na estação chuvosa quando
comparada com a estação menos chuvosa.Com relação o vento horizontal, notou-se que em
ambos os anos e estações a intensidade do vento apresenta comportamento temporal
semelhante.
No caso da direção do vento, notou-se um giro diário no vento local, em ambas as
estações e anos em estudo, variando de nordeste a sudoeste. Dessa maneira, pode-se sugerir que
estas circulações locais correspondem aos efeitos diurnos das superfícies continental e de água,
conhecidas como as brisas lacustre e marítima. Vale ressaltar, que o máximo de precipatação
observado em ambas as estações ocorre quando há este giro do vento horizontal.
5. AGRADECIMENTOS
O primeiro autor agradece ao Programa de Pós-Graduação em Meteorologia da
Universidade Federal de Campina Grande pela concessão de bolsa de mestrado do CNPq.
REFERÊNCIAS
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COHEN, J.C.P., SILVA DIAS, M.A. F., NOBRE, C. A, 1995. Environmental Conditions
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LIMA, E. C. S. Analise dos sistemas atmosfericos produtores de chuva junto ao litoral
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SOUZA FILHO, J. D. C.; RIBEIRO, A.; COSTA, M. H; COHEN, J. C. P.; ROCHA, E. J. P.
Variação sazonal do balanço de radiação em uma floresta tropical no nordeste da Amazônia.
Revista Brasileira de Meteorologia, v.21, n.3b, 318-330, 2006.
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Curso ( Graduação em Meteorologia) – Universidade Federal do Pará. Centro de Geociências,
Belém, 2005.
WENG, H.; LAU, K.M.: Wavelet, period doubling, and time-frequency localization with
application to organization of convection over the tropical western Pacific. J.Atmos.Sci., 51,
2523-2541, 1994.
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