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QUARTA-FEIRA, 2 DE DEZEMBRO DE 2015 A GAZETA
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EDUARDO FACHETTI
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RENATO COSTA/AE E J. BATISTA/AG. CÂMARA
O Conselho de Ética começou a analisar a abertura da investigação contra o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, por quebra de decoro parlamentar
CONSELHO ADIA VOTAÇÃO
SOBRE CUNHA PARA HOJE
Questionamentos foram usados para atrasar a votação do relatório
BRASÍLIA
Depois de quase seis horas de debates e questionamentos até mesmo sobre
filasfuradas,oConselhode
Ética da Câmara começou
a discutir ontem a abertura
da investigação do processo contra o presidente da
Casa, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), mas nada foi
decidido,easessãoacabou
remarcada para hoje.
Mesmo assim, o sentimento entre os partidários
do peemedebista era que
ele deverá ser poupado,
com a providencial ajuda
doPaláciodoPlanalto,que
trocou o impeachment da
presidente Dilma Rousseff
(PT) pela manutenção do
mandato de Cunha.
Durante a sessão, cinco
deputados titulares se manifestaram, sem votar, a
favor do relatório do deputado Fausto Pinato
(PRB-SP) pelo seguimento das investigações contra Cunha, e um a favor de
TUMULTO
EMOÇÃO
“Esse relatório
paralelo serve apenas
para tumultuar. Não
estamos no momento
da pena, até porque
ele pode ser
absolvido”
“O relator agiu com
emoção quando
prejulgou e quer
forçar a barra para
dar continuidade ao
processo contra
Cunha”
FAUSTO PINATO
(PRB-SP) RELATOR
WELLINGTON ROBERTO
(PR-PB) DEPUTADO
Cunha: o deputado Wellington Roberto (PR-PB),
que apresentou um voto
emseparado pedindo apenas a punição de censura
escrita para Cunha.
À tarde, contabilizando
os votos do PT, aliados de
Cunha acreditavam que
venceriam avotaçãopor12
votosa8.OvotodeRoberto
provocoucríticasdosdeputados favoráveis à abertura
do processo contra Cunha.
O próprio relator atacou
o colega: “Esse relatório
Eduardo Cunha é presidente da Câmara dos Deputados
paralelo serve apenas para
tumultuar.Nãoestamosno
momentodapena, atéporque ele pode ser absolvido.
O voto não é fruto de ignorância jurídica, mas uma
estratégiacomafinalidade
de criar embaraço a este
conselho”, disse Pinato.
Roberto reagiu: “O voto
é regimental, posso apresentar. O relator agiu com
emoção quando prejulgou
e quer forçar a barra para
dar continuidade ao processo contra Cunha”.
O deputado do PR sustenta que a conduta de
Cunha “não acarretou
quaisquer danos ao patrimônio da Câmara” e, ao
depor espontaneamente
na CPI, “não buscou ludibriar seus pares”.
O presidente do Conselho de Ética, José Carlos
Araújo (PSD-BA), disse
que o voto de Wellington
Roberto só será considerado se o relatório de Pinato
for derrotado. Apesar da
contabilidade favorável a
Cunha, no Conselho de
Ética o clima foi tenso.
O exército do presidente usou como tática apresentar várias questões de
ordem e questionamentos, além do voto em separado antes da votação do
relatório de Pinato.
PRESSÃO
Os três representantes
do PT no Conselho de Ética
– Zé Geraldo (PA), Valmir
Prascidelli (SP) e Léo de
Brito (AC) – foram pressio-
nadosadarosvotosquefaltavam para salvar Cunha.
O PT fez uma jogada dupla: trinta e um deputados
do partido divulgaram um
abaixo-assinado pedindo
que o Conselho de Ética
acate a representação contra Cunha, e o presidente
da legenda, Rui Falcão, divulgou no Twitter que o
partido estava orientando
os três petistas a votarem
pela admissibilidade.
Mas o ato público de
Falcão serviu apenas para
dar uma satisfação à militância. Nos bastidores, a
siglajogoupesadoparaarrancar de seus representantes no conselho o compromisso de que apoiariam o principal inimigo
do Palácio do Planalto.
Seguro de que escaparia
do processo, Cunha acabou
não iniciando as votações
noplenáriodaCâmara,permitindo que o órgão estendesseasessão atéoinícioda
sessão do Congresso. (AG)
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CONSELHO ADIA VOTAÇÃO SOBRE CUNHA PARA HOJE