Prof. Daniel Moura
Médico especialista em geriatria, saúde do idoso e envelhecimento
MAUS TRATOS A IDOSOS
IDOSO
 Sá (2002):
“O idoso é um ser do seu espaço e do seu tempo.
É o resultado do seu processo de
desenvolvimento, do seu curso de vida.”
 O ser idoso não pode ser definido somente no
plano cronológico.
SÁ, J.L.M. A formação de recursos humanos em gerontologia: fundamentos
Epistemológicos e conceituais. In: FREITAS Tratado de Geriatria
E Gerontologia. 2002
IDOSOS JOVENS (65 a 74 anos)
IDOSOS VELHOS (75 a 84 anos)
IDOSOS MUITO VELHOS (85 e mais anos)
Fonte: Costa E.F.A., Porto C.C. et al. Semiologia do Idoso. In: Porto C.C. Semiologia Médica. Editora Guanabara-Koogan, 2001
PROPORÇÃO DE PESSOAS DE 60 ANOS OU MAIS EM
PAÍSES SELECIONADOS - 1990/1999
Fonte: IBGE,2000
PROPORÇÃO DE IDOSOS PELO TIPO DE
PROBLEMA DE SAÚDE QUE APRESENTAVAM
60 – 80 anos
80 e + anos
Fonte: IBGE - PNAD, 1998
DOENÇA CRÔNICA
DEFICIÊNCIA = LIMITAÇÃO FUNCIONAL
INCAPACIDADE
DESVANTAGEM = DEPENDÊNCIA
PERDA DA AUTONOMIA
ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA
CUIDADOS PESSOAIS
 Comer
 Banho
 Vestir-se
 Ir ao banheiro
MOBILIDADE
 Andar com ou sem ajuda
 Passar da cama para a cadeira
 Mover-se na cama
CONTINÊNCIA
 Urinária
 Fecal
Fonte: Costa E.F.A., Porto C.C. et al. Semiologia do Idoso. In: Porto C.C.
Semiologia Médica. Editora Guanabara-Koogan, 2001
ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA VIDA DIÁRIA
DENTRO
DE CASA
FORA DE
CASA
Preparar a comida
· Fazer o serviço doméstico
· Lavar e cuidar do vestuário
· Executar trabalhos manuais
· Manusear a medicação
· Usar o telefone
· Manusear dinheiro
Fazer compras (alimentos, roupas)
· Usar os meios de transporte
· Deslocar-se (ir ao médico,
compromissos sociais e religiosos)
Fonte: Costa E.F.A., Porto C.C. et al. Semiologia do Idoso. In: Porto C.C. Semiologia Médica. Editora Guanabara-Koogan, 2001
CAPACIDADE PARA REALIZAR AS AVDs
São Paulo, 1984
Fonte: Fundação SEADE, 1984
Estado, Comunidade e Família: relações e apoio
QUEM CUIDARÁ DO IDOSO?
TÍTULO II
Dos Direitos Fundamentais
CAPÍTULO IV
Do Direito à Saúde
Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por
intermédio do SUS,
§ 1o A prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão
efetivadas por meio de:
I – cadastramento da população idosa em base territorial;
II – atendimento geriátrico e gerontológico em
ambulatórios;
III – unidades geriátricas de referência, com pessoal
especializado nas áreas de geriatria e gerontologia social;
IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a
população que dele necessitar e esteja impossibilitada de se
locomover, inclusive para idosos abrigados e acolhidos por
instituições públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e
eventualmente conveniadas com o Poder Público, nos meios
urbano e rural;
FCV

Envelhecimento populacional

Diminuição do tamanho das famílias

Urbanização não planejada
Modificação
dos papéis sociais tradicionais
Ingresso da mulher no mercado de
trabalho e desemprego


Mudança cultural e de valores familiares

Pobreza nos grandes centros urbanos

Tráfico, drogas, alcoolismo

Estado ineficiente
Erosão do sistema tradicional
de cuidado aos idosos
GRUPOS DE IDOSOS EM SITUAÇÕES DE
RISCO → MAUS TRATOS
SITUAÇÃO DO IDOSO NO BRASIL
a)
b)
c)
d)
e)
f)
O idoso carente: - sem assistência e acompanhamento
médico necessário;
família sem estrutura e condições de manter e conviver
com idoso doente;
família desestruturada devido a drogas (lícitas e ilícitas),
vários casamentos, filhos de diferentes pais,etc.
idoso que preparou sua velhice, independente para viajar, ir
a médico, laboratórios, passear,etc, conhece seus direitos e
faz uso deles;
o idoso doente, incapaz e dependente, não importando a
situação sócio-econômica; o papel da família;
o idoso mantenedor da família, devido a desemprego de
filhos e netos.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
 Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o
dever de amparar as pessoas idosas, assegurando
sua participação na comunidade, defendendo sua
dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito
à vida.
§ 1.º Os programas de amparo aos idosos serão
executados preferencialmente em seus lares.
MAUS-TRATOS
Fonte: OMS, 2001
Ato único ou repetido, ou ainda, a ausência de uma reação apropriada; que causa dano,
sofrimento ou angústia a um idoso, e que ocorre dentro de um relacionamento em que haja expectativa de
confiança.
A Violência contra a
pessoa idosa é uma
violação dos
direitos humanos.
Há várias formas de
resolver. Todas elas
começam pelo
rompimento do
silêncio.
Maus Tratos e Negligência
aos idosos
 Tende a ser um assunto subreferenciado pelas
vítimas na medida em que estas temem:
 A perda do cuidador mesmo sendo este abusivo
 Ficar só sem ter ninguém que o cuide
 Ser colocado numa instituição
 Perda de privacidade e de relações familiares
 Recriminações pelo alegado abusador
 Exposição pública e intervenção exterior
 Ninguém acreditar no abuso
 Ser responsáveis pelo comportamento abusivo
MAUS TRATOS
 O abuso é geralmente praticado por pessoas que os idosos




depositam confiança.
A vítima é geralmente do sexo feminino, com mais de 75
anos e vive com os familiares.
O perfil é habitualmente de uma pessoa de personalidade
passiva, complacente, dependente e vulnerável, aliado à
falta de opções na vida → dificuldade de escapar do abuso.
São incapazes física e emocionalmente de denunciar uma
situação na qual se encontram envolvidos.
Costumam ser pessoas solitárias e isoladas
 Depressão e baixa estima por culpa ou vergonha
Fonte: Daichman, L.S. Sinais e Sintomas de Abuso e Maus Tratos. In: Guimarães, R.M. & Cunha,
U.G.V. Sinais e Sintomas em Geriatrua.2ª ed. São Paulo: Atheneu, 2004.
MAUS TRATOS
 O agressor tende a apresentar baixa estima e projetar a
responsabilidade de suas ações, bem como frustrações sobre
terceiros (externalização da culpa).
 Geralmente possui temperamento explosivo e incapacidade
para controlar os seus impulsos, compreender e encarar
situações, bem como tem um baixo limiar para a frustração.
 Pode existir entre ambos uma ampla e complexa história de
dificuldades e demandas recíprocas não correspondidas.
 Nas situações que ocorram maus tratos a dependência
(financeira ou de habitação) do agressor é mais relevante do
que a dependência da vítima.
Fonte: Daichman, L.S. Sinais e Sintomas de Abuso e Maus Tratos. In: Guimarães, R.M. & Cunha, U.G.V. Sinais e Sintomas
em Geriatrua.2ª ed. São Paulo: Atheneu, 2004.
Prevalência do abuso ou maus
tratos
Prevalência do abuso ou maus
tratos
 O risco de abuso aumenta em idosos com demência
(Dyer et al, 2000; Cooney & Mortimer, 1995)
 Pacientes que foram abusados ou negligenciados mais
provavelmente são diagnosticados com depressão
(62%) e demência (51%) contra quem não é abusado
(12% e 30% respectivamente) (Dyer e al. 2000).
 Cooney & Mortimer (1995) constataram uma taxa de
prevalência de abuso de pessoas com demência, na
ordem dos 50%
TIPOS DE MAUS-TRATOS
MAIS RELACIONADOS COM A DEPENDÊNCIA DO AGRESSOR

ABUSO FÍSICO - tapas, beliscões, contusões, queimaduras, contenção física. ABUSO SEXUAL contato sexual de qualquer tipo, sem consentimento.

ABUSO MATERIAL OU FINANCEIRO - apropriação indevida de proventos, dinheiro, bens,
propriedades.
MAIS RELACIONADOS COM O ESTRESSE DO CUIDADOR

ABUSO PSÍQUICO OU EMOCIONAL - insultos, humilhações, tratamento infantilizado,
amedontrar.

NEGLIGÊNCIA - não fornecer os cuidados de que a pessoa necessita.

OS AGRESSORES ASSIM COMO AS VÍTIMAS, COSTUMAM SER MULHERES.

OS FILHOS ADULTOS SÃO OS QUE MAIS COMETEM ABUSOS, SEGUIDOS PELOS
CÔNJUGUES.
Fonte: Costa E.F.A., Porto C.C. et al. Semiologia do Idoso. In: Porto C.C. Semiologia Médica. Editora Guanabara-Koogan, 2001
Fonte: Daichman, L.S. Sinais e Sintomas de Abuso e Maus Tratos. In: Guimarães, R.M. & Cunha, U.G.V. Sinais e Sintomas em Geriatrua.2ª ed.
São Paulo: Atheneu, 2004.
PERFIL DA VÍTIMA
Mulheres
Acima de
75 anos
Dependentes física e mentalmente
sobretudo quando apresentam déficits cognitivos,
alterações do sono, incontinência, dificuldade de
locomoção, necessitando de cuidados intensivos
nas AVDs
Vivendo com seus
familiares
Pessoas passivas e complacentes
PERFIL DO AGRESSOR
Membro da família da vítima
Filhos e filhas
Filho muito mais que filhas; solteiros mais do que
casados e filhos com menos de 49 anos.
Noras e genros (23%) esposos (8%)
Vivem no mesmo espaço
Isolamento social dos familiares e idosos
Histórico de violência familiar .
PERFIL DO AGRESSOR
Filhos ou familiares que mantém financeiramente o idoso.
Vínculos afetivos frouxos entre familiares e idosos.
 Familiares vítimas do idoso que foi ou é agressor.
 Cuidadores terem sido vítimas de violência doméstica, padecerem
depressão ou outros transtornos.
A maioria dos estudos mostra forte associação entre maus tratos
contra idosos e dependência química, sobretudo de álcool.
Esses estudos assinalam que os agressores físicos e emocionais
dos idosos usam álcool e drogas numa proporção três vezes mais
elevada que os não abusadores.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA O IDOSO
 Maus tratos físicos: tapas, socos,
empurrões,beliscões, queimaduras,
fraturas.Essas agressões nunca são
denunciadas, pois o idoso tem que viver com o
agressor;
 Maus tratos psicológicos: pode ser um
desequilíbrio emocional, tanto do
idoso(alteração de conduta) como da
família(estresse do cuidador)
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA O
IDOSO
 Maus tratos financeiros: quando a família se apropria do
dinheiro da aposentadoria, pensão, uso ilegal de fundos,
propriedades, rendas de investimento, juros, etc. A
vítima pode não estar ciente do que está ocorrendo, pois
foi manipulada por um parente sem escrúpulo.
 Negligência ou abandono do idoso: ocorre quando há
falhas no atendimento das necessidades básicas ao
idoso, como : alimentação, higiene, vestimenta,
remédios, ambiente seguro, etc. Pode ser passiva,
quando é consequência da incapacidade do cuidador, ou
ativa quando é intencional, no caso do idoso recusar
remédios, alimentação,ou quando faz uso excessivo de
tranqüilizantes.
FATORES DE RISCO PARA MAUS-TRATOS DE
IDOSOS
IDOSO
Doença e queda funcional (fragilidade)
Alteração cognitiva
Distúrbio de comportamento
Incontinência
Distúrbio do sono
CUIDADOR
Toxidependência
Alcoolismo
Transtorno mental
Dependência material em relação à vítima
Ignorância e incapacidade
Sobrecarga de trabalho
AMBIENTE
Carência de recursos materiais
Isolamento social
Ambiente violento
Fonte: Costa E.F.A., Porto C.C. et al. Semiologia do
Idoso. In: Porto C.C. Semiologia Médica. Editora
Guanabara-Koogan, 2001
Indicadores de Abuso (Reis,
2000)
 Cuidador:
 Ter problemas de





comportamento
Estar financeiramente
dependente
Ter problemas mentais
/emocionais
Ter problemas de abuso de
álcool ou outras substâncias
Ter expectativas irrealistas
Não compreende a condição
médica do idoso
 Idoso
 Foi abusado no passado
 Tem conflitos





conjugais/familiares
Pouca compreensão da sua
condição médica
Sofre de isolamento social
Falta-lhe suporte social
Tem problemas de
comportamento
É financeiramente
dependente
Indicadores de Abuso (Reis,
2000)
 Cuidador
 Ter conflitos conjugais ou




familiares
Relação actual com o idoso de
baixa qualidade
Inexperiência na prestação de
cuidados
Acusador
Relação passada com o idoso de
baixa qualidade
 Idoso
 Tem expectativas irrealistas







Tem problemas de álcool ou de
medicação
Relação atual com o cuidador de
baixa qualidade
Tem ferimentos e quedas
suspeitos
Tem problemas
mentais/emocionais
Acusador
É emocionalmente dependente
Não tem médico regular
SITUAÇÕES QUE SUGEREM MAUS-TRATOS
 Explicações vagas de ambas as partes
 Diferenças entre a história contada pelo paciente e a
contada pelo familiar ou cuidador
 Paciente com incapacidade mental e/ou física que se
apresenta sem o cuidador.
 Demora entre o aparecimento dos sintomas ou lesão
e a solicitação de atendimento médico
 Visitas freqüentes ao médico devido à piora de uma
doença crônica apesar de tratamento correto
Fonte: Costa E.F.A., Porto C.C. et al. Semiologia do Idoso. In: Porto C.C. Semiologia Médica. Editora Guanabara-Koogan, 2001
Indícios de possíveis maus tratos
Hirsch, C. & Loewy, R. (2001)
 Gerais
 Cuidador de um idoso com déficits cognitivos falta
a encontro marcado
 Cuidador não visita o paciente no hospital
 Relutância em responder a perguntas acerca de
uma descoberta física suspeita ou de doença
 Explicações vagas ou não plausíveis dadas pelo
cuidador ou pelo paciente para ferimentos
 Uma história de “esperança no médico”
 Tensão ou indiferença entre o cuidador e o
paciente
Indícios de possíveis maus tratos Hirsch,
C. & Loewy, R. (2001)
 Sinais físicos suspeitos
 Múltiplas feridas ou feridas em diferentes estádios de
recuperação
 Feridas ou pisaduras em locais não usuais
 Feridas com um padrão típico de agressão
 Evidência de ferimentos antigos não documentados
previamente
 Nariz ou dentes partidos
 Evidência radiográfica de fraturas antigas desalinhadas
 Níveis sub-terapêuticos de drogas, aferidas por dosagens
sangüíneas.
 Paciente sem óculos, dentadura ou auxiliar auditivo
Indícios de possíveis maus tratos
Hirsch, C. & Loewy, R. (2001)
 Cuidador
 Baixo conhecimento dos problemas médicos do
paciente
 Excessiva preocupação com os custos
 Tentativas de dominar a entrevista médica
 Abuso verbal ou hostilidade para com o idoso
durante o encontro
 Hostilidade para com o prestador de cuidados de
saúde
 Evidência de abuso de substâncias ou de
problemas de saúde mental
Indícios de possíveis maus tratos
Hirsch, C. & Loewy, R. (2001)
 A vítima
 Timidez para com o cuidador
 Relutância em fazer contato ocular; cabisbaixo.
 Diagnóstico de demência com história de
problemas de comportamento
 Na pessoa demente uma resistência não explicada
ou medo de contacto físico, de tirar as roupas, de
ir ao banheiro ou de lavar as partes íntimas
 Depressão, ansiedade, insônia.
Sinais e Sintomas de Abuso
Abuso Físico
Feridas, olhos negros, vergão, lacerações, marcas de cordas;
feridas abertas, cortes, suturas, feridas não tratadas em vários estádios de
recuperação; entorses, deslocamentos ou feridas /hemorragias internas; óculos
partidos, sinais de ter sido reprimido; descobertas laboratoriais de overdose de
medicação ou subutilização de medicamentos prescritos; o relato de uma
pessoa idosa de ter sido batida, esbofeteada, chutada ou mal tratada; uma
mudança súbita de comportamento da pessoa idosa; a recusa do cuidador em
permitir visitas à pessoa idosa.
Abuso material/financeiro
Mudanças repentinas nas contas bancárias
ou nas práticas bancárias; a inclusão de nomes adicionais na conta bancária da
pessoa idosa; retirada não autorizada de fundos da pessoa idosa usando cartões
bancários; mudança abrupta no testamento ou em outros documentos
financeiros, desaparecimento inexplicado de fundos ou valores valiosos; faturas
não pagas apesar de haver dinheiro; descoberta de falsificação da assinatura da
pessoa idosa; transferência súbita inexplicada de valores para alguém dentro ou
fora da família; o relato da pessoa idosa de que sofreu abuso financeiro
Sinais e Sintomas de Abuso
Abuso sexual Hematomas à volta dos seios ou das áreas genitais;
doença venérea inexplicada ou infecções genitais; sangramento vaginal
ou anal inexplicado; roupa íntima manchada ou ensanguentada; o relato
de uma pessoa idosa de que foi ameaçada ou violada.
Abuso psicológico / emocional Estar emocionalmente
aborrecida ou agitada; estar extremamente afastada, não comunicativa
e não responsiva; comportamento não usual normalmente atribuído a
demência (por exemplo, sugar, bater, oscilar); o relato de uma pessoa
idosa de ter sido abusada verbalmente ou emocionalmente
Abandono
Abandono de uma pessoa idosa no hospital ou num lar ou
outra instituição; abandono de uma pessoa idosa num centro comercial
ou outro lugar público; o relato de uma pessoa idosa de ter sido
abandonada
1.Abuso Financeiro ou Exploração
Econômica:
• exploração imprópria ou ilegal e ou uso
não consentido de seus recursos
financeiros.
• Uso ilegal e indevido, apropriação indébita
da propriedade e dos bens financeiros,
falsificação de documentos jurídicos,
negação do direito de acesso e controle dos
bens, administração indevida do cartão do
segurado do INSS.
1.Abuso Financeiro ou Exploração
Econômica:
• Geralmente cometidos por familiares, em
tentativas de forçar procurações que lhes dêem
acesso a bens patrimoniais;
• na realização de venda de bens e imóveis sem o
seu consentimento;
• por meio da expulsão deles do seu tradicional
espaço físico e social do lar ou por confinamento
em algum aposento mínimo em residências que
por direito lhes pertencem, dentre outras formas
de coação.
2. Autonegligência:
Conduta da pessoa idosa que ameaça sua
própria saúde ou segurança, com a recusa
ou o fracasso de prover a si mesmo um
cuidado adequado.
3. Psicológica:
agressões verbais ou gestuais com o
objetivo de aterrorizar, rejeitar, humilhar,
restringir a liberdade ou ainda isolá-la do
convívio social.
Sinais e Sintomas de Negligência e
de Auto-Negligência
Negligência
Desidratação, má nutrição, feridas não tratadas, pouca
higiene pessoal; problemas de saúde não vigiados ou não tratados;
condições de vida arriscadas ou não seguras (sujeira corporal, roupa de
cama suja, mau-cheiro...)
Auto-Negligência Desidratação, má nutrição, feridas não tratadas,
pouca higiene pessoal; problemas de saúde não vigiados ou não
tratados; condições de vida precárias; roupa inapropriada, falta de
próteses e órteses (óculos, instrumento de audição); alojamento
grosseiramente desadequado ou sem alojamento
ABANDONO/NEGLIGÊNCIA:
Negligência: recusa, omissão
ou fracasso por parte do responsável
no cuidado com a vítima.
Abandono: falta de atenção para atender as necessidades da
pessoa idosa. Se manifesta:
a) não provimento de alimentos adequados, roupa limpa, lugar
seguro para morar, ausência de atenção a saúde e higiene
pessoal;
b) privação de contatos sociais; não prover recursos auxiliares
quando necessário;
c) não supervisionar as necessidade de forma a impedir danos
físicos.
INTERVENÇÃO




Os profissionais devem estar cientes da
possibilidade da violência contra o idoso: “idoso
também é vitima de violência”
Recomenda-se o trabalho interdisciplinar. Todos os
membros da equipe têm um papel fundamental.
Outros profissionais podem ser chamados a dar o
seu parecer.
Compartilhar a tomada de decisões é fundamental
para apoiar adequadamente os profissionais
Os procedimentos devem ser feitos de maneira
cuidadosa, para não expor o idoso a maior risco.
INTERVENÇÃO



Explorar todos os recursos da comunidade para
ajudar na proteção àquele idoso.
O suporte familiar através da orientação para as
questões relativas à doença do idoso, para
tomadas de decisão, para divisão de
responsabilidades dos familiares e para
informação sobre rede de apoio e suporte
comunitário são eficientes para a manutenção
do idoso na comunidade livres dos riscos.
Utilizar-se dos recursos legais.
Teorias explicativas do abuso
 O modelo do stress situacional
 Os maus tratos são um fenômeno
situacional que ocorre quando se gera
stress no cuidador especialmente por
incapacidade física ou mental da vítima,
por baixas condições sócio-econômicas
ou por ignorância do cuidador
Teorias explicativas do
abuso
A teoria da troca social
O cuidador sentirá maior
poder e menor recompensa
na relação e isso pode levar a
qualquer tipo de mau trato
Teorias explicativas do
abuso
 Modelo da violência trans-geracional
o
abuso dever-se-ia a uma
aprendizagem
ao
longo
do
desenvolvimento,
dada
pela
observação e/ou experiência de
abuso ou maus tratos que se
perpetuaria assim de geração em
geração
Teorias explicativas do
abuso
 O modelo da violência bidirecional
 A violência e o abuso são um fenômeno
bidireccional praticado tanto pela vítima
como pelo cuidador
 O modelo da psicopatologia do perpetrador
 O risco de abuso está relacionado com as
características do abusador sobretudo de
aspectos da sua saúde mental
SITUAÇÃO DRAMÁTICA
Sabe-se muito pouco sobre a violência contra
idosos no Brasil. É muito difícil penetrar no silêncio
das instituições, das famílias e dos próprios
idosos.Em defesa do agressor o idoso cala, omite e
justifica tentando atenuar os agravos da violência
com o argumento de que já está velho mesmo.
Estudos nas delegacias dos idosos observam que as
demanda não se traduzem em BO e muito menos em
inquérito policial.
INTERVENÇÕES
 Conscientização para o reconhecimento da situação.
 Trabalho interdisciplinar no qual a equipe de saúde tem papel fundamental
para compartilhar a tomada de decisões, com ênfase na promoção da
saúde.
 Explorar todos os recursos da comunidade para ajudar na proteção ao idoso.
 RECIPROCIDADE – Encorajar os idosos independentes a participarem de
tarefas de cuidados de membros de sua rede social.
 Suporte e orientação familiar (preferencialmente o idoso deve ser cuidado
pela família – menos oneroso).
 O uso da lei deve ser visto como recurso (SOS idoso, Delegacia do Idoso,
Ministério Público, Conselhos Estadual e Municipal do Idoso).
Fonte: Machado L.M., Queiroz Z.V. Negligência e Maus-Tratos In: Freitas E.V., Py L., Neri A.L., Cançado F.A.X., Gorzoni M.L., Rocha S.M.
Tratado de Geriatria e Gerontologia. Editora Guanabara-Koogan, 2002
PERGUNTAS ÚTEIS PARA SEREM FEITAS
QUANDO
HÁ SUSPEITA DE VIOLÊNCIA
VIOLÊNCIA FÍSICA
• Você tem medo de alguém em casa?
• Você tem sido agredido fisicamente?
• Você tem sido amarrado ou trancado no
quarto?
Fonte: Cartilha - Violência Intrafamiliar – Ministério da Saúde nº 8
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA
• Sua família conversa com você com freqüência?
• Você participa da vida em família, recebendo
informações e notícias?
• Você tem sofrido algum tipo de punição ou
privações?
• Você tem sido obrigado a comer?
• O que acontece quando a pessoa que lhe cuida
discorda de você?
• Você já foi internado em instituição para idosos sem
estar de acordo?
Fonte: Cartilha - Violência Intrafamiliar – Ministério da Saúde nº 8
VIOLÊNCIA SEXUAL
• Você se sente respeitado em sua intimidade e
privacidade?
• Você já sentiu constrangido pela forma como
alguém tocou o seu corpo ou lhe acariciou?
• Você quer falar sobre este assunto?
Fonte: Cartilha - Violência Intrafamiliar – Ministério da Saúde nº 8
NEGLIGÊNCIA
• Você está precisando de óculos, aparelho
auditivo ou dentadura?
• Você tem ficado sozinho por longo período?
Você se sente em segurança na sua casa?
• Você recebe ajuda sempre que necessita?
Fonte: Cartilha - Violência Intrafamiliar – Ministério da Saúde nº 8
VIOLÊNCIA FINANCEIRA
• Você recebe e administra seu dinheiro
conforme sua vontade?
• Seu dinheiro já foi usado para atender
necessidades de seus familiares sem o
seu consentimento?
Fonte: Cartilha - Violência Intrafamiliar – Ministério da Saúde nº 8
SUGESTÃO PARA ENTREVISTA
• Mostrar-se cordial e amável.
• Facilitar ao idoso a oportunidade dele sentir-se
seguro, sem medo e sem represálias. Ex:
• “O que conversaremos ficará entre nós, se você assim
desejar”
• Observar a comunicação não verbal
• Mostrar empatia: “estou muito preocupado com você
ou o senhor”
• Repetir as respostas dadas pelo idoso para deixar
claro e que ela confirme “ Você não disse nada a
ninguém porque tem medo de que seu filho faça
alguma coisa contra você. Não é isso?”
SUGESTÃO PARA ENTREVISTA
• Ser específico: Eu estou vendo um hematoma
no seu braço
• Mostrar sensibilidade: Entendo que seja difícil
para você falar dos seus problemas pessoais.
• Mostrar disposição para ajudá-lo a encontrar
outros apoios profissionais, se necessários.
O QUE NÃO DEVEMOS FAZER
• Sugerir respostas as perguntas que fazemos
• Pressionar o idoso para que responda perguntas as
quais ele não quer responder.
• Julgar o insinuar que a pessoa idosa pode ser
culpada pelo que está acontecendo
• Mostrar-se horrorizado do relato ou a situação
descrita
• Fazer promessas que não pode ser cumprida
• Criar expectativas que podem não se reais, sobre a
solução do problema.
OUTROS EXEMPLOS DE PERGUNTAS
• Você poderia me contar como estão as coisas
em casa.
• Há alguma coisa em especial que gostaria de
me contar?
• Que ajuda você acredita que poderá receber?
• Com está o seu relacionamento com as
pessoas que vive com você?
• Você pode me descrever um dia de sua vida?
OUTROS EXEMPLOS DE PERGUNTAS
•
•
•
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•
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•
•
•
Se sente só?
Tem medo de alguém em casa?
Alguém grita com você?
Já te obrigaram a comer à força?
Alguém em sua casa não fala com você?
Alguém já te negou algum alimento ou remédio?
Quando você precisa de roupa, alimentos e
medicação, você é atendido?
Pode sair de casa quando tem vontade?
Você pode receber ou visitar seus amigos?
Controlam suas chamadas telefônicas?
Alguém em sua casa usa drogas, bebe ou tem alguma
doença mental?
EVITAR POSIÇÕES EXTREMAS
1. Culpabilização do Idoso – “ele merece”
2. Culpabilização da família: falta de
formação, informação e habilidades em
cuidar do idoso , estresse físico e psicológico,
falta de recursos econômicos, tempo e até
mesmo em função da idade.
3. “Judicialização” do problema – A via judicial
deve ser sempre justificada, não uma
conduta adversarial, mas conciliadora.
ALGUNS SINAIS QUE PODEM
IDENTIFICAR VIOLÊNCIA
1.










FÍSICA
Lesão incompatível com o relato
Cortes, feridas não explicadas
Múltiplas Fraturas
Hematomas
Lesões em local não visível do corpo
Perda de peso não explicada
Queimaduras por cigarro, etc
Roupas inadequadas, sujas
Erros reiterados no uso de medicamentos
Mudanças inesperadas de comportamento
ALGUNS SINAIS QUE PODEM IDENTIFICAR
VIOLÊNCIA
2. ABUSO SEXUAL
 Hematomas nas mamas e áreas genitais
 Infecções genitais ou DST
 Sangramentos vaginais ou anais inexplicadas
 Queixa de abuso sexual
3. PSICOLÓGICO
 Isolamento deliberado
 Medo de falar abertamente
 Relato de histórias “impossíveis”
 Confusão e desorientação
 Depressão, baixa auto-estima
 Agitação
ALGUNS SINAIS QUE PODEM IDENTIFICAR VIOLÊNCIA
4. FINANCEIROS
 Perda inexplicada e dinheiro ou cheque
 Mudança no testamento
 Desaparecimento de jóias e pertences valiosos
 Falta de conforto em casa ou padrão de vida
inadequado a renda.
3. ABANDONO/NEGLIGÊNCIA
 Queixa de abandono
 Aparecimento de úlcera de pressão
 Desnutrição ou desidratação
 Agravamento da saúde
 Presença de barreiras arquitetônicas
BIBLIOGRAFIA
 Da violência revelada à violência silenciada: um estudo
etnográfico sobre a violência doméstica contra o idoso. Tese
de doutorado – Maria do Rosário Menezes.
 Relatório Mundial sobre Violência e Saúde – OMS – Genebra
2002.
 Guia Clinica para la Atencion* Primaria de las Personas Adultas
Mayores – OPAS - 2003
 Views of Older Persons on Elder Abuse – WHO/INPEA – 2002
 Violência contra Idosos: relevância para um velho problema –
M.C.S. Minayo – Cadernos de Saúde Pública – vol.19 nº 3 –
Maio/Junho/03
 Cartilha: Violência Intrafamiliar – Ministério da Saúde.
 Texto da ONU: “El matrato de las personas de edad:
reconecer y responder al maltrato de las personas de
edad em um contexto mundial.”
 Revista A TERCEIRAiDADE – Ano XIII – Nº 25 Agosto –
“Violência Doméstica contra Idosos”- SESC
 Tratado de Geriatria e Gerontologia – E.V.Freitas; L. Py,
A.L.Néri
 A Abordagem da violência intrafamiliar no Programa
Médico de Família, Dificuldades e Potencialidades –
Maria de Lourdes Tavares Cavalcanti – Tese de
doutorado – Fundação Oswaldo Cruz.
 Violência contra Idosos – O Avesso do respeito à
Experiência e à Sabedoria – Minayo, M.C – 2004
 Plano nacional de Enfrentamento a Violência contra a
Pessoa Idosa _ SEDH – 2004.
 Revista Eletrônica de Geriatria - Estoy asistiendo a um
anciano maltratado?
 Cadernos de Saúde Pública – Violência contra Idosos:
relevância para um velho problema – Minayo, M.C.
 Estatuto do Idoso – 2003
 Relaciones sexuales no consensuales – Revista Network
 Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por
Acidentes e Violência – Ministério da Saíde – Março
2001.
 Plano Nacional de Prevenção da Violência – Ministério
da Saúde – 2004-2007.
A Providência nos conduz com
tanta bondade em todos os
diferentes tempos de nossa vida,
que quase nem os sentimos. ...é
dia após dia que avançamos;
estamos hoje como ontem, e
amanhã como hoje; e, assim,
avançamos sem sentir, e este é
um dos milagres... (SIMONE DE BEAVOIR, 1990)
Onde denunciar abusos a idosos
Minas Gerais
Belo Horizonte
Disque-Idoso
Informações sobre postos de saúde, cuidadores de idosos, ambulatórios e
transportes.
Das 8 às 18h, de segunda a sexta-feira
(0/xx/31) 3277-4646
Delegacia Especializada de Proteção ao Idoso
Registra casos de abandono material, lesão corporal, maus-tratos,
apropriação indébita e perturbação do sossego.
Das 8h30 às 12h e das 14 às 17h, de segunda a sexta-feira
Avenida Afonso Pena, 984, Centro
(0/xx/31) 3236-3010/3011
Telefone para denúncias anônimas
0800-305000
Promotoria de Justiça de Defesa da Pessoa Portadora de Deficiência e do
Idoso (Ministério Público de Minas Gerais)
Av. Olegário Maciel, 1.772
Das 9h às 18h, de segunda a sexta-feira
(0/xx/31) 3335-8311/8375
OBRIGADO!
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MAUS TRATOS A IDOSOS