VOZ SAÚDE
HOSPITAIS HUMANITÁRIOS DO PARANÁ
M A I O / J U N H O 2 0 11 . N . 6 1
Hospitais de pequeno
porte: novo modelo
em discussão
PÁG 3
PÁGS 4 e 5
| especial
Evento marca os 25 anos de fundação da Femipa.
PÁG 7
| POLÍTICA E SAÚDE
Conferências de saúde: participação dos prestadores de serviço é fundamental para
a construção das políticas públicas.
PÁG 8
| política e saúde
Em busca da melhoria da gestão e com o compromisso de oferecer qualidade e segurança
aos pacientes, filantrópicos investem na acreditação.
OPINIÃO
A
tender os anseios coletivos, mas sem deixar de lado as particularidades de cada
instituição é um dos desafios da Femipa ao
Quais as formas de captação de recursos usadas
pela instituição?
representar um universo tão distinto de hospitais filantrópicos e santas casas. Apesar das
Adaiane Giovanni
dificuldades comuns – defasagem da tabela
Graduada em Relações Internacionais, MBA em Gestão
SUS, escassez de recursos e profissionais qua-
Pública e Pós-graduanda em História e Humanidades,
lificados, necessidade de melhorias na gestão
responsável pelo setor de Captação de Recursos da
– alguns obstáculos se mostram mais agudos
em realidades que sofrem influências da cultura local, de um histórico político e econômico do município e até mesmo das decisões
de cada administração que passou pela instituição.
A diretoria da Femipa acredita que pensar no problema que, aparentemente, é de
Santa Casa de Campo Mourão
“O setor de captação de recursos elabora projetos que visam à aquisição de verbas e equipamentos junto aos setores público, privado, instituições e organismos internacionais. Com
intuito de melhorar a estrutura do Hospital Santa Casa (HSC) encaminhamos projetos para
diversos segmentos da sociedade. O objetivo é buscar parcerias e consolidá-las em consonância
com a missão do hospital. Em 2009, conquistamos cerca de nove milhões de reais em projetos
para investimentos. Vale destacar que os produtos comercializados no Bazar Beneficente são
enviados pela Superintendência da Receita Federal por meio dos projetos desenvolvidos pelo
setor. Para este ano, novas metas foram traçadas com o objetivo de adquirir aparelhos para o
serviço de alta complexidade.”
uma minoria é pensar sim na coletividade.
Aos nos debruçarmos, por exemplo, sobre as
dificuldades dos hospitais de pequeno porte
Gabriel Cândido
– que representam mais de 25% do número
Gestor administrativo e responsável pelo setor de
de hospitais afiliados – mostramos à socieda-
captação de recursos da Santa Casa de Cambé
de e ao poder público que o setor está unido.
Acreditamos que é preciso integrar os pequenos a uma rede de assistência, garantindo o
atendimento à população em seus municípios
de origem e evitando sobrecarregar hospitais
médios e grandes. Além disso, é necessário
“Há dois anos iniciamos um trabalho junto aos deputados federais, em Brasília, para buscar
recursos de emendas parlamentares e obtivemos ótimos resultados desde então. Em um ano,
registramos um aumento de 200% na captação. Com essa iniciativa, agora contamos com até
700 mil por ano para aquisição de equipamentos, reformas e custeio. O próximo passo, que
já iniciamos, é partirmos para levantar recursos com a iniciativa privada. Acredito que teremos
bom retorno pela alta industrialização da região. Dinheiro tem, é preciso se organizar para buscar.”
respeitar o trabalho desenvolvido por algumas instituições no interior do Estado que há
mais de meio século são as únicas responsáveis pela assistência à saúde da população.
Os desafios sempre serão muitos, mas o
que importa é buscarmos soluções conjuntas incluindo prestadores, médicos, poder público
e usuários - para garantir a sustentabilidade
dos hospitais filantrópicos e santas casas, essenciais para o funcionamento do atendimento ao Sistema Único de Saúde.
Boa leitura!
Nielsen de S. Holanda
Gerente de compras e responsável pela elaboração e
encaminhamento das requisições de recursos para a
Santa Casa de Misericórdia Maria Antonieta de Goioerê
“Na Santa Casa de Misericórdia Maria Antonieta, em Goioerê, a captação acontece através
de emendas parlamentares. O hospital elabora uma requisição com o valor pretendido e uma
descrição detalhada do que será adquirido com essa verba. O pedido é enviado por intermédio
de um vereador, levado pessoalmente até Brasília ou encaminhado ao gabinete regional. Se
aprovado, a Santa Casa recebe um aviso do Sistema de Convênios (Siconv) e o benefício é
depositado em uma conta da Caixa Econômica ou do Banco do Brasil exclusiva para esse fim.
A aquisição dos bens é feita por pregão presencial e todos os comprovantes desse processo são
auditados pelo Ministério da Saúde. No ano passado, a Santa Casa captou 25 mil. A expectativa para esse ano é de receber 98 mil reais para medicamentos e 25 mil para materiais de
consumo. Atualmente, o setor de captação está trabalhando nos projetos de 2012, que incluem
a compra de equipamentos e a reforma do hospital.”
O Jornal VOZ Saúde é uma publicação bimestral da Federação das Santas Casas
de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná - FEMIPA
Produção e redação | INTERACT Comunicação Empresarial
www.interactcomunicacao.com.br
Jornalista responsável | Juliane Ferreira - MTb 04881 DRT/PR
Redação | Vanda Ramos e Bruna Prado
Projeto gráfico e diagramação | Brandesign - www.brandesignstudio.com.br
Os artigos assinados não representam necessariamente a opinião da Femipa.
2 FEMIPA
Rua Padre Anchieta, 1691 - sala 505 - Champagnat
Cep 80.730-000 - Curitiba - Paraná
Fone: (41) 3027.5036 - Fax: (41) 3027.5684
www.femipa.org.br | [email protected]
Presidente | Maçazumi Furtado Niwa
Coordenadoria de Comunicação
Artemízia Martins (Hospital Evangélico de Londrina)
Ety Cristina Forte Carneiro (Hospital Pequeno Príncipe)
CAPA
Hospitais de pequeno porte:
novo modelo em discussão
Projeto “Cuidados Continuados” propõe inclusão de hospitais menores em rede de assistência
hierarquizada que ajudaria a diminuir pressão sobre hospitais de referência
C
om até 50 leitos, 100% de atendimento pelo Sistema Único
de Saúde (SUS), localizadas em municípios que têm, em média, 15 mil habitantes, os hospitais filantrópicos e santas casas
de pequeno porte passam por um dos momentos mais delicados
de suas histórias. Instituições como o Hospital de Caridade Dona
Darcy Vargas, de Rebouças, fundada há 60 anos, acumulam internação e atendimento 24 horas no município. O hospital é o
único da cidade e, ao longo dos anos, tenta manter o atendimento de qualidade, mesmo sem conseguir equilibrar as contas.
O administrador do hospital, Acir Augusto Fabris, garante
que o problema está na diferença dos valores pagos pela tabela
do SUS e o custo real dos procedimentos. Com um orçamento
mensal de 120 mil reais, do qual 70% dizem respeito à folha de
pagamento, mesmo que a instituição faturasse todos os 48 leitos
que oferece, o valor não chegaria a 50 mil reais. Cerca de 40
mil reais que compõem o orçamento são pagos pela prefeitura
pelo plantão 24 horas. O restante vem de doações e iniciativas
encampadas pela própria instituição. Na opinião de Fabris, além
da reavaliação dos valores pagos pelo SUS seria necessário um
novo modelo. “A especialização em um tipo de atendimento seria uma das saídas”, aponta o administrador.
Matelândia e Rebouças são exemplos
d e municípios paranaenses com
apenas um hospital, mas que podem
ser fechados por falta de recursos
Essa ideia é compartilhada também pela Irmã Eliane Degaspari, do Hospital e Maternidade Padre Tezza, de Matelândia. Segundo a Irmã, a entidade recebe pacientes de oito municípios
vizinhos e poderia concentrar cirurgias de baixa complexidade
de ortopedia. A mobilização para essa mudança de perfil de
atendimento já começou. “Estivemos na Câmara dos Vereadores
e conseguimos apoio de todos os representantes para que o hospital não seja fechado. Também apresentamos nossa proposta
ao secretário de saúde do Estado e tivemos uma boa resposta. Há
uma esperança”, desabafa a religiosa.
Segundo o presidente da Femipa, Maçazumi Furtado Niwa,
alguns modelos para a atuação desses hospitais estão sendo discutidos pelos afiliados e pela própria diretoria. Uma das alternativas em análise é o projeto “Cuidados Continuados”.
A ideia surgiu de um estudo desenvolvido pela Escola Nacional
de Saúde Pública a pedido da Confederação das Santas Casas
de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), para
identificar as necessidades do setor que tem 56% de suas entidades localizadas em municípios com até 30 mil habitantes. O
objetivo é viabilizar a sobrevivência dos hospitais de pequeno
porte numa rede de assistência hierarquizada e, ainda, diminuir
a pressão sobre hospitais de referência, por meio de capacitação
e pequenas adequações físicas. O público beneficiado seria o de
idosos, dependentes químicos, pacientes psiquiátricos, mulheres
– com ações voltadas para a saúde feminina, entre outros. O
projeto foi apresentado no final de maio pela Federação e pelo
presidente da CMB, José Reinaldo Nogueira de Oliveira Junior,
ao secretário de Estado da Saúde Michele Caputo Neto e foi bem
recebido. A expectativa é de que o modelo seja testado no Paraná ainda este ano.
Soluções
Na opinião do médico especialista em administração de serviços de saúde e políticas de saúde, Olimpio Nogueira V. Bittar,
aprimorar o conhecimento no uso de tecnologias para procedimentos de ações de atenção básica, do programa de saúde da
família e de assistência domiciliar resultariam em ganhos para
o sistema.
Para que isso ocorra, ele sugere que esses hospitais passem
por algumas mudanças, iniciando pela capacitação de pessoal,
tanto na infraestrutura como nas atividades ligadas diretamente
aos pacientes. “A participação dos gestores (estadual e municipal) na formulação de uma política hospitalar global, na formação de redes, regulação, auditorias, vigilâncias epidemiológica
e sanitária, faturamento de contas, elaboração de manual de
orientação clínica e linhas de cuidados deve ser reforçada e
aprimorada”, conclui o especialista.
Maio | Junho, 2011
3
ESPECIAL
Evento marca
25 anos da
Femipa
Representantes dos afiliados,
autoridades, políticos e
ex-presidentes da
Federação comemoraram
as conquistas ao longo
desse período
4 FEMIPA
ESPECIAL
“A Femipa faz
parte dos parceiros
fundamentais
da secretaria,
principalmente
na implantação das
redes de Urgência
e Emergência e
Materno-infantil”
Michele Caputo Neto
Secretário de Estado
da Saúde do Paraná
Fotos: Julio Cesar Souza
U
m café da manhã no clube Curitibano
reuniu mais de 150 convidados para
comemorar os 25 anos da Federação das
Santas Casas de Misericórdia e Hospitais
Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa). O evento foi realizado no dia 29 de
abril, em Curitiba, e contou com a presença dos representantes dos hospitais
afiliados de todo o Estado, políticos,
ex-presidentes e outras personalidades
ligadas à Saúde.
O secretário de Estado da Saúde, Michele Caputo Neto, foi um dos homenageados com o troféu dos 25 anos da
Federação. Ele agradeceu a homenagem
e reafirmou o compromisso com os filantrópicos. “A Femipa faz parte dos parceiros fundamentais da secretaria, principalmente na implantação das redes de
Urgência e Emergência e Materno-infantil”, disse Caputo Neto.
O presidente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e
Entidades Beneficentes (CMB), José Reinaldo Nogueira de Oliveira Junior, falou
sobre o importante papel da Federação
na evolução do setor da saúde filantrópico. Já o presidente da Femipa, Maçazumi Furtado Niwa, ressaltou o trabalho
realizado ao longo desses 25 anos por
todos os presidentes. Ele falou ainda da
mudança de relacionamento com o atual
gestor estadual. “Os hospitais filantrópicos acreditam na parceria séria que vem
sendo construída com o Estado. Há, sem
dúvida, uma quebra de paradigma no relacionamento entre os hospitais filantrópicos e a Secretaria Estadual de Saúde”,
afirmou.
Entre as autoridades presentes estavam a secretária Municipal de Saúde de
Curitiba, Eliane Chomatas, os deputados
federais, Rosane Ferreira e André Zacharow, o vereador de Curitiba, Felipe Braga
Cortês, o presidente da Associação Médica do Paraná, José Fernando Macedo, e o
presidente da Fehospar, Renato Merolli.
Homenagens
Além do secretário de Saúde do estado, os ex-presidentes Ivo Arzua Pereira,
Paulo Roberto Franzon, Carlos Alberto
Grolli, Jerônimo Antonio Fortunato Júnior e Charles London também foram homenageados com o troféu pela dedicação
ao segmento e contribuição para a melhoria da Saúde no Paraná.
O evento contou com o patrocínio do
banco HSBC. Os convidados receberam
em primeira mão a revista comemorativa
aos 25 anos, que também pode ser
acessada no site www.femipa.org.br.
Maio | Junho, 2011
5
ARTIGO
Dificuldades e desafios enfrentados
pelos hospitais na negociação com
os planos de saúde
A
nalisar as situações que atualmente intervêm nas negociações com
operadoras de saúde envolve um conjunto de fatores, a saber:
• A degradação das diárias e taxas
pagas aos hospitais, decorrentes de níveis de reajuste aquém da inflação do
custo efetivo dos recursos utilizados;
• Um modelo de cobrança calcado
no Fee for Service (FFS), ou seja, taxa
por serviço prestado, no qual cada elemento de cobrança é individualmente
tratado, com consequentes estruturas
administrativas onerosas em termos de
faturamento, análise de contas, de auditoria e contra-auditoria;
• Migração das margens realizadas
pelos prestadores para a diferença entre os preços de venda de materiais e
medicamentos e os custos associados
para sua aquisição e gestão;
• Discussões em curso afetando o
marco legal em instâncias como a
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Ministério da Saúde, Confederação Nacional de Saúde, Câmara de
Regulação do Mercado de Medicamentos, entre outros;
• A gestão médica, a necessidade de
formulação de diretrizes clínicas baseadas em evidências científicas, bem
como incorporação de inovações tecnológicas;
• Maior participação de operadoras
nos processos de aquisição de OPMEs;
• Necessidade de busca de uma remuneração médica mais adequada à
sua competência técnica;
• O posicionamento de mercado dos
hospitais do Paraná que tem uma das
menores remunerações no país;
• A necessidade de ferramentas de
gestão cada vez mais complexas para
atender às necessidades assistenciais e
operacionais.
6 FEMIPA
O Grupo Aliança Saúde projetou para
os próximos anos um grande salto em
infraestrutura - agregando dois novos hospitais exclusivos para o atendimento de saúde suplementar - face
ao subfinanciamento crônico do SUS,
tendo como desafio implantar uma forma eficaz de gestão e redução dos impactos causados pela instabilidade do
setor.
Segundo pesquisa Vox Populi, realizada em conjunto com a Fehoesp (Federação dos Hospitais do Estado de São
Paulo) e Sindhosp (Sindicato dos Hospitais do Estado de São Paulo), dentre
os problemas mais frequentes no relacionamento dos hospitais com operadoras de saúde, apontou-se que 51%
referem-se a demoras na liberação de
procedimentos, 38,8% são relativas a
glosas e 22,4% referem-se a dificuldades em negociar reajustes. Apontou-se
também que aproximadamente 1/3 das
operadoras não reajustaram o valor das
diárias e taxas hospitalares nos últimos
3 anos e, das que reajustaram, a média
concedida no período foi de 4,5%, sendo que a inflação medida pelo IGP-M
foi de 21,31%.
Tal pesquisa retrata níveis alarmantes. Além das glosas descabidas, que
não permitem ao prestador uma correta
previsão de seus recebíveis, não existe
eficácia na exigência do cumprimento
dos contratos, já que os mesmos não
preveem multa ou penalidade a quem
não os cumprem. Ademais, não obstante a ANS preconizar que os contratos
prevejam critérios para reajuste, incluindo forma e periodicidade, na prática não é o que se tem conseguido.
Segundo estudo específico realizado
pela área de operações da Aliança Saúde para um dos seus quatro hospitais,
demonstrou-se que o custo médio de
uma diária de UTI em 2010 ficou 31,9%
acima do valor médio pago pela saúde
suplementar. Tal dado confirma a necessidade urgente de revisão dos modelos remuneratórios vigentes.
Como ingrediente adicional, entende-se inevitável que os hospitais e operadoras compartilhem um maior grau
de risco, o que não quer dizer que os
prestadores devam assumi-lo no local das operadoras. A transferência da
margem para materiais e medicamentos não privilegia a custo-efetividade.
Um maior compromisso com a resolubilidade assistencial por parte dos prestadores contribui na melhoria da qualidade e reduz os custos a longo prazo.
Alinhado a este princípio, destaca-se a
cobrança crescente da ANS por programas de prevenção à saúde.
Nesta complexa relação de forças,
agravada pelas conjunturas descritas
acima, a única alternativa que nos parece cabível passa, obrigatoriamente,
pela negociação direta entre operadoras e prestadores, levando-se em conta
a remuneração adequada de honorários
médicos e seu compromisso com a resolubilidade assistencial.
Carla Ferreira
Miranda
advogada e coordenadora
de Relações com o Mercado
da Aliança Saúde
François
d’Hanens
diretor de Operações da
Aliança Saúde; possui
graduação em Engenharia
de Produção pela Escola
Politécnica da USP e pósgraduação em Gestão de
Empresas pela Universidade
Solvay – Bruxelas (Bélgica)
POLÍTICA E SAÚDE
Conferências: debates e ideias para
as diretrizes políticas de saúde
Organizações podem contribuir com os rumos da saúde pública sugerindo soluções
e identificando dificuldades
G
estores, prestadores de serviços, usuários e trabalhadores
da área da saúde já estão se preparando para a rodada de
conferências municipais que acontecem em todo o Estado até
agosto. Como parte desses preparativos o Conselho Estadual
de Saúde realizou em abril uma web conferência com representantes das 22 regionais de saúde e secretarias municipais.
Para o presidente da Femipa, Maçazumi Furtado Niwa, a preparação dos profissionais garante a qualidade do conteúdo que
será discutido durante as conferências municipais e estadual. “É
preciso que os delegados estejam preparados para levar novas
propostas para as mesas de debate”, afirma o presidente.
Envolvimento dos prestadores de
serviço nas conferências é considerado
fundamental pela Femipa
A Femipa também está mobilizando em todo o Estado os afiliados para a efetiva participação nos encontros regionais. Somente em Curitiba, a Federação inscreveu 20 delegados para a
conferência municipal. “Na capital, teremos representantes de
todos os grandes prestadores afiliados. Eles entenderam que
é fundamental o envolvimento com as discussões de políticas
públicas que afetarão diretamente o dia a dia das suas instituições”, afirma Niwa.
Para a diretora da Femipa e presidente do CES, Rosita Márcia
Wilner, a conferência é uma oportunidade de todos os segmentos da sociedade participarem das políticas públicas para a
saúde, seja contribuindo para avaliar a situação, definindo diretrizes ou sugerindo meios para melhorar a qualidade dos serviços de saúde. “O trabalho em conjunto entre a sociedade civil,
na forma dos seus representantes, e do poder público pretende,
cada vez mais, atender às necessidades e demandas sociais e os
interesses da coletividade”, avalia a diretora.
O diretor do Hospital São Camilo, de Ponta Grossa (PR), Wilson Edmar Ascencio, participou de pelo menos três conferências, incluindo a última Estadual em 2009. Ele acredita que a
participação dos hospitais nas conferências é importante para
o setor. “É um lugar para debate onde todos têm direito de se
expressar e de onde saem as diretrizes e normativas para a Secretaria Estadual de Saúde. Os hospitais são muitas vezes vistos
como culpados por deficiências que envolvem vários setores da
saúde, a conferência é uma chance de mostrar o nosso lado”,
observa.
Conferência Estadual
A 10ª Conferência Estadual de Saúde do Paraná (CES-PR),
que acontece de 20 a 22 de outubro em Curitiba, será formada
por delegados, observadores e convidados. Somente o primeiro grupo, porém, tem direito a voz e voto. Ao todo são 1200
delegados, sendo que 600 são representantes de entidades dos
usuários, 300 trabalhadores da saúde, 150 prestadores de serviço e o mesmo número de administradores públicos. Todos os
delegados e suplentes devem obrigatoriamente participar das
conferências municipais.
Durante a conferência estadual haverá eleição e homologação
dos órgãos e entidades que vão compor a gestão 2012-2015 do
Conselho Estadual de Saúde do Paraná (CES-PR). Por fim, serão
eleitos os delegados que irão para a 14ª Conferência Nacional
de Saúde, que será realizada entre os dias 30 de novembro e
quatro de dezembro.
Este ano, o tema principal é SUS, Patrimônio do Povo Brasileiro. “O SUS está completando 21 anos. Ao longo de sua
existência já sofreu e vem sofrendo vários ataques, mas sempre
resistiu e resistirá. No entanto, se faz necessário reavaliar e
organizar o sistema de saúde nas três esferas de governo. Essa
conotação de donos do sistema nem sempre condiz com a realidade”, opina José Carlos Leite, conselheiro estadual e coordenador da comissão organizadora do CES do Paraná.
O sub-tema “Construindo a Rede de Atenção a Saúde no Estado” será tratado em mesa redonda e debatido no segundo dia
de evento. Leite explica que essa matéria busca solucionar e
regular o fluxo das demandas reprimidas existente no sistema.
“Essas questões deverão ser oriundas dos trabalhos de grupo e
serão apresentadas e deliberadas na plenária final da conferência estadual”, orienta. Para direcionar os trabalhos de grupo,
os participantes podem enviar teses a respeito do assunto, que
serão disponibilizadas no site www.conselho.saude.pr.gov.br.
Na Conferência Estadual de 2007, a Femipa levou 39 delegados
Maio | Junho, 2011
7
POLÍTICA E SAÚDE
Filantrópicos tornam-se exemplo
em administração
Ao receber a acreditação no nível 3, entidades investem em inovação, planejamento
estratégico e desenvolvimento de colaboradores
N
as instituições de saúde, segurança para o paciente e qualidade na assistência são palavras de ordem. E para alcançar a excelência nesses quesitos os hospitais têm investido na
implantação de processos de qualidade e buscado as certificações que atestem a eficiência de sua administração e a melhoria
contínua dos serviços prestados.
No Brasil, a acreditação é o principal sistema de avaliação
das instituições de saúde. Receber essa certificação traz para os
hospitais um ganho de confiança da comunidade, que passam a
demonstrar sua preocupação e respeito com o cliente. Além disso, em muitos Estados ela favorece a utilização de uma tabela
de preço diferenciada em relação às outras operadoras e a sistematização consolidada de processos de segurança do paciente.
A certificação é dividida em três níveis: gerenciamento de risco, gestão integrada e excelência em gestão. Os níveis de certificação têm validade por tempo determinado e devem ser renovados periodicamente. De acordo com o presidente do Instituto
Paranaense de Acreditação em Serviços de Saúde (IPASS), Fábio de Araújo Motta, para se alcançar o nível 3 é preciso acima
de tudo ter um histórico consolidado de Gestão da Qualidade.
“É importante ressaltar que uma organização nível 3 não significa uma organização sem problemas, muito pelo contrário,
uma organização nível 3 provavelmente terá uma capacidade
maior de identificar seus problemas em relação a organizações
nível 1 ou organizações não acreditadas”, explica.
A acreditação é o reconhecimento das
instituições que oferecem serviços
de saúde com qualidade e segurança
por meio de processos padronizados
Um dos hospitais filantrópicos paranaenses, recém acreditado
em nível 3, é o Nossa Senhora das Graças, em Curitiba. Após
a avaliação do IPASS, o HNSG recebeu da Organização Nacio-
ANUNCIE
41
8 FEMIPA
3027 5036
nal de Acreditação (ONA) a certificação de Hospital Acreditado
com Excelência, em março. “Esse nível tem foco na excelência
da gestão. Estabelecemos indicadores, definimos estratégias e
investimos em inovação”, explica a gerente de Planejamento e
Qualidade, Marcella Barros e Silva.
De acordo com Marcella, todas as ações implantadas pelas
instituições para chegar à certificação são um grande aprendizado. “O processo de qualidade provoca mudanças significativas. Ele evidencia os pontos onde há necessidade de melhoria
e fortalece os métodos de trabalho, contribui com a redução de
custos e desperdícios, aprimora a gestão e melhora da qualidade dos serviços, conquistando a confiabilidade e a satisfação
dos clientes”, ressalta Marcella.
O hospital é o primeiro filantrópico do Paraná e o segundo
do sul do país a receber a acreditação nível 3. O Hospital Mãe
de Deus, em Porto Alegre, foi o primeiro hospital filantrópico
a receber a certificação no sul, em 2006, com recertificação
em 2010. Segundo Claudio Seferin, diretor superintendente do
Mãe de Deus, a tendência é de que todas as instituições de saúde sejam certificadas de alguma maneira nos próximos anos.
“Existe todo um apelo dos clientes e médicos para a segurança
e qualidade dos processos médicos assistenciais. As instituições
de saúde precisam, através de certificações nacionais e depois
internacionais, oferecer às populações assistidas serviços de
qualidade e seguros. Fora disso as instituições hospitalares não
sobreviverão”, afirma.
A certificação não é apenas um atestado de que as instituições
cumprem com excelência os processos de gestão, gerenciamento de riscos e atendimento. “Ela significa que a organização assumiu a maioridade na sua gestão, ou seja, a instituição assume
definitivamente as rédeas da condução do seu processo de gestão da qualidade. Chegar ao nível 3 de acreditação representa,
acima de tudo, que a organização está comprometida com a
segurança do paciente na sua essência”, enfatiza o presidente
do IPASS. “E o maior desafio na aquisição de qualquer nível da
acreditação é a sua manutenção. Toda organização que se propõe a seguir nesse processo, tem que desenvolver planejamento
estratégico, disciplina e perseverança”, completa.
Download

Baixar pdf