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A revolução industrial
O conceito de Revolução Industrial apenas recentemente foi, pela obra de historiadores
contemporâneos, desligado da ideia de que teria sido uma mudança imprevista, fortuita, quase
"milagrosa" para contornos mais reais.
O primeiro ponto a ser desfeito foi a ideia simplista duma mudança radical e de ruptura brusca com
as fases anteriores. Podemos sim, e apenas, falar de um acelerar na evolução da industria
particularmente no caso da Inglaterra, por toda uma serie de pequenas “revoluções” tais como a
“Revolução Demográfica”, “Revolução Agrícola”, “Revolução dos Transportes”.
Revolução Demográfica: Durante o fim do século XVII e todo o século XVIII assistiu-se a um
aumento da população sobretudo na Inglaterra, o chamado surto demográfico Inglês; devido às
melhores condições de higiene, à utilização de roupa interior, a uma melhor nutrição; e
implementação de uma medicina preventiva e curativa; neste século podemos assistir ao aumento
da taxa de Natalidade e à diminuição em flecha da taxa de Mortalidade o que originou o aumento da
população, logo a multiplicação dos produtores e dos consumidores, a proliferação do sector
secundário.
O aumento da taxa de Natalidade deve-se sobretudo ao aumento da taxa de nupcialidade,
pois, a idade média do casamento em Inglaterra passa dos 27 anos para os 23 anos e um século
mais tarde passa para os 20 anos. A isto podemos também acrescentar a evolução da medicina e
farmácia não sendo como as conhecemos hoje. O crescimento demográfico tem muito a ver com o
crescimento económico pois para além dos casamentos serem mais cedo, também as pessoas
passam a ter maior poder de compra e a procurar bens industriais, pois os salários passaram a ser
mais elevados, e mais estáveis assim como o próprio trabalho, e passaram a estar mais bem
alimentadas o que contribuiu sem duvida para a redução da taxa de Mortalidade.
Só a explosão demográfica não basta para explicar a revolução industrial porque outros
países onde ocorreu o aumento significativo da população não se industrializaram.
No século XIX, o ritmo de crescimento da população francesa não é significativo e isso
explica a lentidão e o atraso da industrialização francesa. Entretanto, actualmente a maior explosão
demográfica regista-se em países do Terceiro Mundo, contudo eles não apresentam grandes níveis
de industrialização. Sendo assim, a Revolução Demográfica acaba por ser vista como causa/efeito
da revolução Industrial. Segundo J.P. Rioux, «O crescimento demográfico foi uma condição talvez
necessária da revolução Industrial, mas certamente não suficiente.» «Em resumo, a revolução
demográfica foi um estimulo importante, um incitamento surdo ao crescimento, mas nunca uma
condição para provoca-lo.»
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Foi no forte crescimento demográfico e urbano que se estabeleceu a formação de um
mercado interno de massas, sem o qual o desenvolvimento industrial e o crescimento teriam ficado
comprometidos. Embora a população Inglesa fosse inferior a muitos outros países continentais, a
Inglaterra era o país com melhor distribuição de riqueza, com o melhor rendimento per capita e
com
um óptimo nível de vida. Na Inglaterra consumia-se em grandes quantidades, só para dar
alguns exemplos, o pão branco, carne, lacticínios, açúcar, chá, calçado de couro, roupas de lã,
mobílias e carvão.
A expansão da urbanização deu origem a novos
potenciais compradores devido às
necessidades do abastecimento e da distribuição satisfeitas pelo lançamento de novos circuitos
comerciais nos quais os campos se integram.
Citando Jean Pierre Rioux, « todas estas condições favoreciam a constituição de um
mercado interno coerente, onde os produtos, os capitais e a mão-de-obra pudessem circular
livremente ». A unificação do mercado inglês, mais precoce que o francês, deu-se com o aumento
dos rendimentos, a sua consequente diversificação social dos consumidores e redes de estradas a
aumentarem o meio interno. De tal forma que, não há uma minoria a não ter poder de compra, o
aumento de capitais é escoado por uma grande diversidade de serviços e o mercado interno não
sendo mínguo, mas, diversificado propicia o desenvolvimento do sector secundário e a
industrialização não está bloqueada.
Também no mercado externo (que juntamente com o mercado interno foi objecto de estudo
de Eric Habsbawn e Phyllis Deane) houve uma grande expansão do comércio internacional com o
grande peso do comercio colonial (onde se salientavam as posições cimeiras da Inglaterra e da
frança).
Este comércio encontrava-se não só orientado em função da obtenção e distribuição das
especiarias, da seda, do algodão, chá, e porcelanas orientais; mas também em função do açúcar,
plantas tintureiras e metais preciosos do novo mundo e dos escravos africanos, que serviam de mãode-obra nas minas e plantações americanas(rota triangular). Este fenómeno esclavagista era pois um
grande suporte das economias coloniais, cujas relações com as metrópoles, se faziam em regimento
de exclusividade o que tornava as colónias fonte de matéria prima e um mercado exclusivo para o
escoamento de produtos manufacturados. Assim se pode considerar a expansão do mercado externo
como um factor de apoio ao arranque da Revolução industrial, pois o controlo do mercado externo
funcionou como estimulo à especialização, à organização e produção em massas. O comercio
internacional proporcionou um acesso às matérias primas que ao serem pagas às colónias as dotava
de liquidez para adquirirem os produtos transformados
Também a agricultura sofreu um grande desenvolvimento baseada nas novas técnicas
agrícolas:
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— Novo sistema de rotação de cultura, substituindo o pousio pela cultura de plantas
forrageiras;
— Extensão das superfícies cultivadas devido aos arroteamentos, drenagens para além da
eliminação do pousio como já foi referido em cima;
— Selecção de sementes em que eram escolhidas as melhores sementes o que permitia um
aumento da produtividade por as sementes serem de qualidade superior, a acrescentar também a
introdução da mecanização salientando eventos como: a maquina a vapor para elevar água (1698), a
semeadora mecânica (1782)…;
— A valorização da criação de gado que fornecia carne e adubo natural contribuindo para a
fertilização da terra que a partir de agora era sempre cultivada;
— As enclsures, o seja, o emparcelamento de terrenos através da vedação, o que permitia o
desenvolvimento das técnicas de criação de gado pois os animais poderiam andar a
pastar sem vigilância poupando mão-de-obra, fertilizando os solos, dando carne e
matéria prima para a Industria.
Todas estas técnicas permitiram a libertação da mão-de-obra para a industria, pois a
agricultura tinha-se tornado uma exploração em moldes capitalistas injectando muita vezes, os
agricultores, capitais na industria.
Pela transferência de população da agricultura para a industria devido à libertação de mãode-obra por parte da agricultura; pela exportação de excedentes cujo valor permitiu a importação
das matérias primas, pela acumulação de capitais que posteriormente seriam investidos na industria,
pelo florescimento da siderurgia em virtude de uma maior procura de utensílios agrícolas em ferro.
Em suma a Revolução Industrial surgiu na Inglaterra pelo conjunto de factores que já foram
referidos como o crescimento demográfico, a estabilidade económica, a expansão do mercado
externo, a livre circulação de produtos , capitais e mão-de-obra, a pioneira rede de vias quer
fluviais quer terrestres, a existência de capitais acumulados prontos a investir , e mentalidade
capitalista dos Ingleses
que
não atribuíam uma importância tão grande ao luxo e à ostentação
como os Franceses será aqui o ponto de maior diferença entre a Inglaterra e a França e terá sido isso
que, a par de tudo a que já me referi, atribui à Inglaterra a prioridade da Revolução Industrial.
Segundo François Caron o alargamento das vias de comunicação foi um factor e um
mecanismo de industrialização na medida em que consistiu um investimento base, de tal modo que
de dentro da chamada Revolução Industrial podemos destacar a revolução dos transportes. Se em
1825, o engenheiro Mac Adam melhorou a qualidade do revestimento dos pavimentos das estradas
e se tenha multiplicado a construção de canais a revolução encontra o seu principal impulsionador
na aplicação da máquina a vapor, inventada por James Watt, aos barcos e à locomotiva.
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O barco a vapor conhecido por Steamers viera substituir os obsoletos Clippers, pesados
barcos de madeira. Os Steamers eram construídos em ferro e equipados com caldeiras, rodas de pás
e hélices. O Steamer ou paquete , como também era conhecido, adquiriu uma grande importância na
vida económica, para além de ser utilizado como correio e transporte de passageiros, passou
também a ser usado para as transações comerciais, o que impôs a sua pronta especialização dando
origem aos navios de carga, aos petroleiros e aos barcos-frigorificos.
Os caminhos-de-ferro resultado da inovação e junção de duas técnicas. Os carris para
a tracção de vagonetas já eram usados anteriormente, mas, e aqui se inova verdadeiramente, com a
aplicação de uma locomotiva a vapor que sobre o sistema de carris iria rebocar carruagens,
tronando-se assim nos comboios a vapor.
Estes dois novos meios de transporte trouxeram inúmeras vantagens para a
população e para a industria. Eram ambos mais rápidos que os anteriores, o que proporcionava uma
economia de tempo e o encurtar de distâncias; além disso podiam transportar maiores quantidades
de mercadorias por terem uma capacidade maior, o que iria provocar uma diminuição do preço
médio por transporte, ou seja menos gastos com o transporte, uma maior poupança, mais dinheiro
para se investir. Os novos meios de transporte vieram ainda permitir abastecimentos regulares aos
centros urbanos e às grandes metrópoles que se iam formando, de forma a se evitarem crises de
fornecimento e permitiram ainda a criação de novos profissões absorvendo a mão-de-obra
disponível.
Mas os novos meios de transporte não deram apenas o seu contributo à Revolução Industrial
pelas vantagens que tinham como meios de transporte mas também pelo estimulo que provocaram
em industrias como a siderurgia, visto que o consumo que se fazia de ferro e aço era astronómico,
quer para os carris, como para as locomotivas e barcos. «[…] Em 1850, havia na Europa 23000 Km
de vias-férrias, metade na Grã-Bretanha e um quarto na Alemanha. O caminho--de-ferro constitui
verdadeiramente o início da grande industria capitalista. Estabelecer uma rede implica que se
disponha de vários milhares de toneladas de carris em ferro. As locomotivas são igualmente grandes
consumidoras de ferro, além de carvão. Tal a razão dos progressos consideráveis que a produção de
ferro conhece entre 1840 e 1870[…]» . Neste pequeno texto pomos já encontrar outras industrias
que foram também impulsionadas pela revolução dos transportes , a industria da extracção (o
carvão) e a banca. O comboio e do barco a vapor esportulavam os seus proprietários com despesas
elevadas, pelo que não estavam ao alcance de uma única pessoa, como tal foram organizadas
companhias por acções, que tinham necessidade de financiamento para investir e modernizar a sua
frota , pelo que o comboio a vapor e o barco a vapor vieram revolucionar todo o sistema financeiro,
que até então era um sistema desmazelado, sem organização, mas que viria a especializar-se e a
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dividir-se em três bancos, banco de depósitos, banco de desconto e banco comercial, para além de
aliar o capital á industria para a organização e criação de companhias Marítimas e Ferroviárias.
A agricultura foi ainda outro dos sectores que com a revolução dos transportes sofreu
mutações, tais como o encontrar de novos mercados e uma maior facilidade de colocar os produtos,
mais fresco com maior qualidade nos centros urbanos e ainda se passou a fazer uma exploração
capitalista dos campos.
Os novos meios de comunicação como o telegrafo, o telefone e o rádio que viriam para
regular os preços, compras e vendas a nível económico, ao mesmo tempo que revolucionavam o
sistema de informação da imprensa e dos governos.
Certo é também que as circunstancias propicias da Inglaterra não eram só e apenas a
revolução dos transporte, era todo um vasto e complexo conjunto de factores dos quais se destaca
pela seu caracter revolucionário a revolução dos transportes; mas uma mentalidade virada para o
lucro e para o investimento, aliado a um fraco, quase inexistente, Domestic system, entre outros
formavam as especiais condições de Inglaterra.
Também já não se crê actualmente que a causa determinante e essencial da Revolução
Industrial passa-se pelo impacto produzido pela mecanização nas formas de trabalho, como
defenderam Mark e os seus seguidores.
Foi comum dizer que a técnica foi a essência da Revolução Industrial. Passou-se depois a
encarar a Revolução Industrial mais amplamente, olhando-se as perspectivas de outra forma. A
aplicação das inovações técnicas é sempre tardia e solicitada pela vida económica. A técnica foi um
factor mais determinado que determinante do económico ao aumentar a procura do mercado sentiuse a necessidade das inovações na técnica. Uma parte da revolução industrial foi uma revolução das
técnicas e a revolução das técnicas foi um ponto de chegada (efeito cumulativo das inovações que
vão sucedendo e arrastando outros elementos tecnológicos, isto é, houve um processo de
transformações técnicas desde a idade média) e de partida (a revolução industrial é uma aceleração
do progresso técnico). Houve sem duvida uma aceleração do progresso das técnicas em que o
homem evoluiu mais em dois ou três anos do que em dezoito séculos. A técnica pôde um mercado
para os novos mercados, enquanto inicialmente a técnica era mais determinada.
« A transformação da mentalidade – a consciência burguesa – é anterior á modificação das
estruturas materiais e sociais que foram efeito dela, apesar de, por sua vez, se reflectirem sobre essa
mentalidade.» Através desta frase de V. Vasquez de Prada podemos encontrar aqui um indicar de
que a Revolução Industrial não começou, nem foi fruto de uma revolução dos transportes, embora
os transportes tenham sido os grandes impulsionadores e os vectores que permitiram o rápido e
continuo crescimento da industrialização, mas não foram eles
quem tornaram a Revolução
Industrial possível, mas sim fruto dessa revolução, o que de facto tornou a Revolução Industrial
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realizável foi, "a consciência burguesa", foi a transformação da mentalidade dos burgueses, sendo
tudo o resto um resultado dessa transformação.
« A Revolução Industrial constitui um vasto fenómeno em que convergem uma série de
causas, de factos coadjuvantes, demográficos, sociais, ideológicos, políticos, económicos, etc.,
[…]» E vejamos então como contribuíram esses factos para a industrialização dos países. Como
já referi o país pioneiro na industrialização foi a Grã--Bretanha que inicia a sua industrialização
ainda no século XVIII. Por volta de 1860 - 1880, em plena segunda Revolução Industrial , as
maiores potências eram a Grã-Bretanha, a Alemanha, a França, a Bélgica, a Suíça e os Estados
Unidos. A Inglaterra detém, então a primazia industrial e económica, pelo que era a ela que
pertencia a supremacia no domínio da energia a vapor e liderava igualmente a produção de hulha,
ferro fundido e aço. A maior frota comercial e a maior densidade ferroviária eram também
pertenças da Inglaterra, o que lhe permitia controlar um terço do comercio internacional, o apoio no
livre cambismo permitiu-lhe o domínio do mercado, no fornecimento de bens de consumo e de
equipamento de tal forma que era até meados do século, abastecedora mundial de tecidos de
algodão, lã, maquinas e tecnologia. Os investimentos a nível mundial, nas vésperas da I Guerra
Mundial, pela Inglaterra eram muito elevados (19935 milhões de dólares), colocando-a de longe na
condição de primeiro país exportador de capitais, o que lhe permite equilibrar os défices comerciais
com os lucros dos seus investimentos; assim o poderio monetário e financeiro britânico conferia à
libra o estatuto de moeda interna e internacional para as troca mundiais. Tudo isto aliado ao êxito
conseguido na extensão dos seus mercados mundiais faz da Inglaterra a principal potencial do
século XIX.
Mas porquê é que o resto da Europa não se desenvolveu, industrialmente, ao mesmo tempo
da Inglaterra? Acima de tudo pela " consciência burguesa" , que no resto da Europa não existia,
ainda estando a aristocracia europeia num estado mais conservador, mas não era só isto que se entre
punha ao desenvolvimento industrial da Europa continental a grande extensão do território, que
dificultava a comunicação; a abundância de combustíveis naturais como a madeira, não havendo a
necessidade de explorar os solos e assim não se fomentar a industria da extracção e não se provocar
o efeito de arrastamento que se verificou na Inglaterra; a ausência de matéria-prima e a pouca
procura dos bens industriais, pela supremacia do artesanato local ( domestic system ) são as razões
que não davam ao resto da Europa as prefeitas condições para um arranque simultâneo ao inglês.
Nos meados da século XIX assistiu se ao surgir de novas potências, novos países que se
conseguiram também industrializar e através de diversas medidas, aproximar-se da Inglaterra. Entre
esses países podemos destacar os principais, França, Alemanha, Bélgica, Estados Unidos e Japão.
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Analisemos a industrialização francesa. O arranque da industrialização francesa deu--se em
duas fases: a primeira na primeira metade do século XIX em que este fora lento; na segunda metade
do mesmo século iríamos encontrar um desenvolvimento firme e notável.
Mas a que se devia um arranque lento na primeira metade do século XIX? «[…] o ritmo de
crescimento interno [ francês ] era duas vezes menos forte que na Grã-Bretanha, o seu rendimento
por cabeça mais baixo e possuía enormes desigualdades na distribuição do rendimento
nacional[…]» .Como aqui nos é mostrado uma das razões era a fraco apelo do mercado, a industria
na França não se fazia sentir como uma prioridade, nem era vista como o desenvolvimento, outra a
abundância de mão-de-obra, o que fez que a mecanização não fosse tão necessária como na
Inglaterra e quando se arranca é com base nesta mão-de--obra barata e numerosa, a escassez de
carvão aliada à abundância de madeira e de água. A instabilidade política causada pela revolução
foi também um factor capital tal como a debilidade da industria têxtil ( industria impulsionadora da
industrialização em Inglaterra) devido à sua estrutura, era uma industria que assentava na empresa
familiar e por isso incapaz de competir com o exterior.
A industria siderúrgica, um sector vital para a industrialização, afectada pela escassez de
carvão e pela perda das jazidas de ferro da Lorena em 1871, caracteriza-se pela prevalência de
pequenas empresas em regime de autofinanciamento, uma vez que o sector bancário mais
interessado no caminho de ferro não investiu na siderurgia; assim não podia competir nos mercados
internacionais pelos seus elevados preços.
No diz respeito à construção naval, esta viu-se afectada, até finais do século XIX, pelas altas
tarifas aduaneiras que refreavam o comércio francês. Ainda nos finais do século XIX a industria
química e da electricidade decaem face ao poderia da sua rival alemã.
No principiar do século XX entre as novas industrias podemos destacar a Renault e a
Peugeot, (industria automóvel ), mas neste inicio de século 55% da população ainda era rural e
permanecia um pequeno capitalismo.
A Alemanha teve o seu grande arranque por volta de 1840, apoiada pela união económica
Zollverrein (1834) e posterior união política (1871). Recorrendo às técnicas inglesas e aos capitais
franceses os Alemães lançaram-se rapidamente, sem terem de começar pela industria têxtil, numa
Revolução Industrial moderna, carvão, aço, cominho de ferro; apoiada também pelos abundantes
recursos naturais, humanos e pela tradição industrial aliada ao nacionalismo dinâmico
(proteccionismo).
O sucesso da Revolução Industrial na Alemanha foi tal que nos finais do século XIX era a
grande inovadora da actividade industrial e das inovações técnicas e após 1870, grande investidora
em empresas minerais, plantações, unidades fabris e explorações ferroviárias no mundo e
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comparável à Inglaterra na produção de aço e carvão. Também a sua frota mercante tornou-se ainda
na segunda do mundo.
A Bélgica na sequência do bloqueio continental (1806) iniciou um processo rápido de
industrialização devido a factores como a sua excelente situação geográfica, o seu subsolo rico em
carvão, aos seus cursos fluviais e canais, entre outros que lhe proporcionaram uma industria têxtil
evoluída, a exploração das suas minas por grandes sociedades anónimas e financiadas pelos bancos,
uma forte produção de locomotivas, barcos a vapor e uma importante industria da siderurgia e
cristal, ocupando, nos inícios do século XX, o terceiro lugar na hierarquia das grandes potências.
Na Rússia, o pais mais povoado da Europa onde a servidão só termina em 1861, a
industrialização só se inicia a partir de 1880, devido às fortes características feudalizantes. A
intervenção do capital estrangeiros, nomeadamente francês, belga e alemão, foi extremamente
importante. Assim nos finais do século encontrávamos uma industria sem empresários amparada
pelo estado, era um país essencialmente rural e agricula, estando toda a principal industria, dividida
em apenas três centros, Moscovo, S. Petersburgo e Odessa.
Fora da Europa duas novas potências nasciam, os estados unidos da América e o Japão. Os
Estados Unidos da América, independentes de 1776, tiveram o seu arranque por volta de 1815,
arranque que se deparou com condições extremamente favoráveis a um rápido desenvolvimento.
Este país tinha um tamanho de praticamente um continente inteiro daí a existência abundante de
recursos naturais como o algodão, ferro, carvão e petróleo; a imigração de mão-de-obra
especializada europeia, em busca de melhores condições num país novo, fizeram com que entre
1790 e 1889 a população aumentasse de 4 para 50 milhões e em 1900 já se podiam contar 76
milhões de habitantes. Como já referi o território era praticamente um continente o que dava um
enorme mercado interno, sem alfândegas, com uma população sem grandes diferenças sociais e um
enorme consumo de massas. A excelente adaptação das maquinas e técnicas inglesas às realidades
Americanas, só possíveis pela grande capacidade inventiva, e assim o surgir de máquinas
especializadas com peças substituíveis. E por ultimo a criação de estruturas financeiras (trusts e
holdings) tornaram os Estados Unidos a segunda potência a nível mundial, na industria têxtil (finais
do século) e com um grande desenvolvimento nas industrias da siderurgia e na industria eléctrica,
com um notável desenvolvimento nos anos 80.
Nos finais do século XIX os Estados Unidos tornam-se a primeira potência do mundo,
lideravam a produção industrial, a produção de petróleo, de ferro, de aço, de carvão, de cobre, de
zinco e alumínio.
O Japão foi o único país asiático capaz de se industrializar no século XIX . Na velha
civilização de cariz feudal, o imperador Mutsu-Hito impôs-se aos senhores da terra e aos samurais
e, a partir de 1868, lançou o país numa era de progresso a era Meiji. Assim o Japão passou de país
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agricula e atrasado a potência industrial devido também a um conjunto de factores tais como: a
entrada de técnicos e capitais estrangeiros; o envio de jovens para a Europa para se actualizarem
nas novas tecnologias acidentais; um grande impulso demográfico, aliado ao grande número de
mão-de-obra barata; o forte orgulho nacional que se sentia aliado à intervenção do estado na
concepção de patentes e de exclusivos e a criação de industrias novas financiadas com os impostos
sobre as rendas agrícolas e com empréstimos estrangeiros entre outros ajudaram a industrializar o
Japão; que tinha como sectores de ponta a industria da seda , que rapidamente se mecanizou; a
industria do algodão, com colocação do seu produto no mercado chinês e coreano; a siderurgia era
também uma industria de ponta em que os recursos hidroeléctricos compensam a escassez de carvão
e por fim a construção naval cujo ritmo de expansão foi espantoso.
Como podemos ver pelos casos apresentados cada país, com diferentes condições, origina
diferentes industrializações.
Mais recentemente tentou-se utilizar a revolução industria do século XVIII, como
modelo para o desenvolvimento dos países subdesenvolvidos. W.W. Rostow caracteriza a
Revolução Industrial como o "arranque ( take of)" . mas este "arranque ( take of)" só é hoje
possível devido a uma acção planificada das autoridades políticas, enquanto que no século XVIII
teve de realizar-se pela revolução que pôs a burguesia à cabeça das decisões económicas.
A Revolução Industrial no se sentido lato não se deve nem pode isolar das condições
sociais do seu começo que são as "condições capitalistas". Entendida deste modo não é mais que o
fruto da onda revolucionária burguesa representada em três campos, no económico o triunfo do
capital; no social a vitória da propriedade como direito básico e por fim no campo ideológico a
glória da razão. Atribui-se lhe o termo de revolução pela transformação e substituição das estruturas
do Antigo Regime por outras novas em que constam outros valores culturais e mentais distintos dos
anteriores.
A Revolução Industrial é a consumação do processo iniciado nos séculos XVI e XVII,
sendo a principal diferença a mentalidade da burguesia que mais madura, poderosa e consciente da
sua força deixa o desejo de ascender à nobreza e passa a ambicionar transcende-la, reclamando uma
mudança de estruturas em que possam vigorar as suas crenças e estipular a acção.
João Simão
Cátia Calado
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