Iuri Lützoff Bevilacqua
Reumatologia – Santa Casa/SP
SÍNDROMES COMPRESSIVAS DO
MEMBRO SUPERIOR
Introdução
 As Síndromes Compressivas do Membro
Superior são o conjunto de sinais e sintomas que
tem como origem as lesões dos nervos
constituintes do plexo braquial, os quais podem
ser comprimidos em diversos locais como
músculos, tuneis osteofibrosos, septos
musculares, e bandas fibrosas.
 Suas causas podem ser desde a traumas à causas
de origem inflamatória, degenerativa,
tumorações, movimentos repetitivos e postural.
Epidemiologia
 Síndrome do Túnel do Carpo é a mais comum
das Síndromes Compressivas, em um estudo
holandês ela esteve presente em 3,4% da
população estudada.
 A Incidência Anual em um estudo da Clínica
Mayo apresentou foi de 0,1%, com 3
mulheres para cada homem.
Anatomia
• Plexo Braquial – C5 a T1
• C5 e C6 – origem a inervação
posterior e lateral
• C7 – origem a inervação
posterior
• C8 e T1 – origem a inervação
medial
Anatomia
• Nervos Radial
interósseo posterior
Mediano
interósseo anterior
• Nervo Radial de Maior Importância
•Ramos menores sem relevância clínica
especifica
Fisiopatologia
 O processo fisiopatológico segue a seguinte
ordem:
• Sintomatologia
relacionada a
posição,
parestesias.
Isquemia
Temporária
Desmielinização
• Sintomatologia
mais presente
exacerbada com
movimento, dor e
parestesias.
• Degeneração de
segmentos , atrofia
de território do
nervo.
Perda de Função
Apresentação Clínica
 De maneira geral as Síndromes Compressivas
numa fase inicial apresentam-se
assintomáticas ou óligosintomaticas.
 Por diversas vezes são consideradas achados
inespecíficos em exames diagnósticos ou
investigações de polineuropatias diversas.
 De maneira geral, a Síndrome do Túnel do
Carpo é que possui, na maioria das vezes
diagnóstico associado.
Propedêutica Armada
 Eletroneuromiografia – “Gold Standard”
 Rx Tórax/Cervical – alterações ósseas, possíveis





compressões
Ressonância Magnética – visualização direta de
tumoraçõs, herniações discais, compressões outras
Ultrassonografia – espessamento de nervos (Sd
Túnel do Carpo)
Tomografia Computadorizada- alterações ósseas
Testes Sorológicos – avaliação tireoidiana, provas de
atividade inflamatória, alterações metabólicas e
disturbios hidroeletrolíticos.
Punção Lombar
Síndrome do Túnel Cubital
 Anatomia:
 O nervo ulnar (raízes nervosas C8 e
T1) atravessa o septo intermuscular
médio e entra no compartimento
posterior do braço, na frente da
cabeça medial do tríceps.
Passa posteriormente ao epicôndilo
medial do úmero onde existe uma
fáscia inextensível, formando o
túnel cubital. Entra no antebraço
entre as duas porções do flexor
ulnar do carpo: longa, que se
origina no epicondilo medial, e
curta, na borda medial do olécrano.
Síndrome do Túnel Cubital
 Segunda Causa mais comum de neuropatia
compressiva
 Estreitamento do túnel com movimentos de
extensão do membro superior, levando a
compressão do nervo.
Síndrome do Túnel Cubital
 Causas:
 Artrite, gânglios, tumores
 cúbito valgo devido a consolidação viciosa pós
fratura
 pseudoartrose e luxações traumáticas de
cotovelo
 postural
Síndrome do Túnel Cubital
 Sinais e sintomas:
- Hipoestesia ou formigamento no quinto dedo e
face ulnar do quarto dedo;
- Diminuição da força de preensão e atrofia da
musculatura intrínseca nos casos mais avançados;
- Digitopercussão positiva da área retroolecraniana
e a hipoestesia que se instala quando o cotovelo é
mantido em flexão e o antebraço em pronação
forçada por alguns minutos.
- A ENMG fornece o diagnóstico definitivo
Síndrome do Túnel Cubital
 Tratamento:
- Imobilização intermitente do membro superior
com o cotovelo a 60 graus e o antebraço em
supino (noturna)
- Calor local
- AINES
- Corticóide intramuscular ocasionalmente;
- Evitar deixar os braços cruzados ou a posição
fetal durante o sono
- Infiltração com corticoestéroide
- Liberação Cirurgica
Síndrome do Túnel Ulnar (Canal
de Guyon)
 Compressão do Nervo Ulnar na altura do
punho
 O túnel ulnar ou canal de Guyon é formado
dorsalmente pelo retináculo flexor,
anteriormente pelo ligamento palmar do
carpo e medialmente pelo osso pisiforme, ele
contém o nervo ulnar, a artéria e a veia ulnar
 Dentro do canal o nervo ulnar se divide em
um ramo superficial sensitivo e um ramo
profundo motor
Síndrome do Túnel Ulnar (Canal
de Guyon)
• Quadro Clínico:
• Perda Sensitiva e parestesias do 4 e
5 dedos
• O ramo sensitivo superficial inerva o
músculo palmar breve e seus ramos
terminais o quinto dedo e a face ulnar
do quarto dedo
• O ramo motor profundo inerva os
músculos hipotenares, 3 e 4
lumbricais, e todos os interosseos
• O nervo ulnar pode ser comprimido
em qualquer lugar no curso do canal
de Guyon, causando anormalidades
sensitivas, motoras ou ambas
• Fraqueza de musculatura interossea
Síndrome do Túnel Ulnar (Canal
de Guyon)

As lesões do nervo ulnar foram divididas em três
tipos, dependendo do sítio anatômico.



Tipo I: lesão proximal ou dentro do canal; evolui com
alterações sensitivas e motoras. Fraqueza de todos os
músculos intrínsecos e déficit sensitivo em região
hipotenar, 5 dedo e face ulnar do 4 dedo, apenas na face
palmar
Tipo II: a localização da compressão é apenas no ramo
motor profundo; evolui com fraqueza dos interósseos, e
dependendo da localização, pode poupar os músculos
hipotenares
Tipo III: a localização da compressão é distal ao término
do canal de Guyon e causa apenas anormalidades
sensitivas, sem déficit motor
Síndrome do Túnel Ulnar (Canal
de Guyon)
Síndrome do Túnel Ulnar (Canal
de Guyon)
 As causas de compressão podem ser:
- Congênitas (músculos anômalos, ossos
acessórios), traumas, inflamatórias (AR), lesões
expansivas, vasculares (trombose da artéria
ulnar), e degenerativa (AO)
- O trauma pode ser agudo (fraturas) ou crônico
(andar de bicicleta, motocicleta, jardinagem);
- Lesões expansivas podem ser neoplasias, lipoma,
gânglios, cistos
Síndrome do Túnel Ulnar (Canal
de Guyon)
 ENMG pode ser útil para determinar o local





da lesão
O tratamento necessita da avaliação de
fatores etiológicos como os citados
anteriormente além de DM, anormalidades
em coluna cervical, cotovelo e ombro
Imobilização
Evitar os hábitos traumáticos (bicicleta)
Infiltração de corticosteróide
Descompressão cirúrgica nos casos
refratários
Síndrome do Túnel Radial
 Também conhecida como síndrome do
supinador ou do interósseo posterior
conforme a sintomatologia.
 “Saturday Night Palsy”
Síndrome do Túnel Radial
 Anatomia
 O nervo radial (raízes C5-8 e T1) atravessa o septo
intermuscular lateral no terço médio do braço,
entra no antebraço em um sulco formado entre os
músculos braquial, braquiorradial e extensor radial
longo do carpo, sobre o capítulo e a cabeça do
rádio. Neste nível, divide-se em ramo sensitivo
superficial e motor profundo
Síndrome do Túnel Radial
 Locais de Compressão
 Bandas fibrosas localizadas junto à cabeça do rádio, na




entrada do túnel
Conjunto arteriovenoso de Henry, que vasculariza os
músculos braquiorradial e extensor radial longo do
carpo
Arcada de Frohse na borda proximal do músculo
supinador
Parte tendínea do músculo extensor radial curto do
carpo, que comprime o nervo radial ao se contrair
Banda fibrosa na borda distal do músculo supinador
Síndrome do Túnel Radial
 Quadro Clínico
- Dor no terço proximal do antebraço, que se
exacerba aos esforços.
- Diminuição da força de preensão ou até mesmo a
paralisia parcial ou total dos músculos extensores
dos dedos
Síndrome do Túnel Radial
 Exame Físico




Cotovelo totalmente fletido, antebraço supinado,
punho em neutro;
Cotovelo em 90 graus, antebraço pronado, punho
totalmente fletido;
Cotovelo e punho estendidos, exercendo extensão
contra resistência do dedo médio
Diagnóstico Diferencial





Processos Inflamatórios
Epicondilite Lateral
Sd Túnel do Carpo
Sd do Desfiladeiro Torácico
Hérnia Cervical
Síndrome do Túnel Radial
 Diagnóstico:
 Eletroneuromiografia
 Pode ser normal (músculos relaxados)
 Teste Terapêutico
 RM
Síndrome do Túnel Radial
 Tratamento






AINES
Infiltração com Corticóide (pouco efetiva)
Calor profundo
Imobilização intermitente
Tratamento cirúrgico (casos refratários)
Orientação Postural
Síndrome do Pronador
 Anatomia
 O nervo mediano (raízes C6-8) atravessa a fossa
cubital em frente do músculo braquial, atrás da
aponeurose de inserção do bíceps, medialmente à
artéria e à veia braquiais. Mergulha então entre as
duas cabeças do músculo pronador redondo e, a
seguir, na massa muscular dos flexores superficiais
e profundos
Síndrome do Pronador
 Locais de Compressão
 No terço distal do úmero, no ligamento de
Struthers
 Na extensão da fáscia de inserção do bíceps
 Entre as duas cabeças do músculo pronador
redondo
 Junto ao arco fibroso da massa muscular dos
flexores superficiais dos dedos
Síndrome do Pronador
 Quadro Clínico
 Dor na superfície volar e proximal do antebraço
 Hipoestesia na área de inervação do mediano
(polpas digitais do polegar, indicador, médio e
metade radial do anular)
Síndrome do Pronador
 Exame Físico:
 Testes Provocativos
 Flexão do cotovelo contra a resistência a 130 graus,
com antebraço neutro e em pronação
 Pronação forçada do antebraço com punho fletido
 Flexão contra resistência do flexor superficial dos
dedos indicador e médio
 Teste de Phalen é negativo
 Eletroneuromiografia Dinâmica –diferenciar com
Sd. Do Túnel do Carpo
Síndrome do Pronador
 Tratamento
 Repouso, evitando movimentos repetitivos de
prono-supinação
 AINES
 Infiltração local com corticóide
 Tratamento cirúrgico se recorrência da
sintomatologia com liberação do nervo mediano
dos possíveis locais de compressão com ou sem
associação com a microneurólise
Síndrome do Nervo Interosseo
Anterior
 Anatomia
 O nervo interósseo anterior é um ramo
exclusivamente motor do nervo mediano que
descende do antbraço anterior e enerva os
músculos pronador quadrado, flexor longo do
polegar e flexor profundo do indicador
Síndrome do Nervo Interosseo
Anterior
 Local de Compressão:
 A lesão ocorre por compressão direta destes
ramos no terço distal do antebraço, e pode ter
múltiplas causas: hipertrofia muscular, alterações
vasculares (Sind. Compartimental por
traumatismo ou hemorragia), tumores.
Síndrome do Nervo Interosseo
Anterior
 Quadro Clínico
 Sem alterações sensitivas
 Movimento de pinça entre o polegar e o indicador
é fraco ou ausente, já que os flexores estão
ausentes, e a interfalângica do polegar e a
interfalângica distal do indicador não conseguem
a flexão necessária
Síndrome do Nervo Interosseo
Anterior
 Entidade rara
 Eletroneuromiografia em casos suspeitos ou
de dificil comprovação clínica
 Relacionada com Trauma ou Neuralgia
Amiotrófica
 Tratamento Círurgico com a liberação do
nervo interósseo
 Obrigado
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Síndromes Compressivas do Membro Superior