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O CONCEITO DE TERRITÓRIO E POLÍTICAS PÚBLICAS: algumas reflexões
Paulo Henrique de Carvalho Bueno1
RESUMO
O presente escrito busca refletir sobre o conceito de território
geográfico e suas possibilidades de uso dentro dos estudos de
políticas públicas, objetivando mostrar que esse conceito pode ser
utilizado como ferramenta de interpretação de uma dada
materialidade espacial alvo de determinada política, a qual envolve
um processo de formulação, implementação, execução e avaliação.
Nesse artigo buscou-se metodologicamente fazer uma revisão
bibliográfica acerca do conceito de território e políticas públicas. A
discussão espera que a jusante possa contribuir como mais um
conjunto de reflexões que possibilitem um maior aprofundamento nas
análises das políticas públicas.
Palavras-chaves: Território. Políticas Públicas.
ABSTRACT
Search this writing reflect on the concept of territory and its potential
for use in studies of public policies, to show that this concept can be
used as a tool of interpretation of a given target space materiality of
certain policy, which involves a process formulation, implementation,
execution and evaluation. In this article tried to make a methodological
review about the concept of territory and public policies. The
discussion looks to the downstream can contribute as a set of ideas
that allow a more in depth analysis of public policies.
Keywords: Territory. Public Policy.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo visa dar uma contribuição, via conceito de território, aos
estudos das políticas públicas. Nessa perspectiva, parte-se da ideia de que ao
pensar em políticas públicas, seja na sua formulação, implementação ou execução,
é interessante analisar como o público alvo da referida política produz seus espaços,
em especial seus territórios.
1
Mestre em Políticas Públicas. Educação. Secretaria de Educação do Estado do Piauí. E-mail:
[email protected].
São Luís – MA, 25 a 28 de agosto 2009
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Assim sendo, este escrito enfatiza o conceito de território como uma das
formas da sociedade ou parcela dela produzir seus espaços geográficos, os quais
em muitos casos perpassam pelo entendimento, também, do conceito de redes.
Partindo dessa concepção, estrutura-se da seguinte forma o artigo: inicialmente fazse uma discussão do conceito de território geográfico, seguida de uma análise de
sua importância como ferramenta para os estudos em políticas públicas, findando
com as considerações finais.
2 CONCEITO DE TERRITÓRIO: um breve discutir
A atualidade tem imposto à sociedade a necessidade de se pensar as
espacialidades das ações humanas, daí afirmar que “a geografia alcança neste final
de século a sua era de ouro, porque a geograficidade se impõe como condição
histórica, na medida em que nada considerado essencial hoje se faz no mundo que
não seja a partir do conhecimento do que é território” (SANTOS, 2006, p. 13). Logo,
o território constitui-se como o lugar em que se tessituram e materializam-se todas
as ações, poderes, fraquezas, forças, paixões, enfim o contexto espacial em que a
história do homem se realiza a partir das manifestações de sua existência, o que
traz a Geografia como a disciplina capaz de mostrar os dramas do mundo, da nação,
do lugar (SANTOS, 2006).
É interessante assinalar que discutir as ações humanas na construção de
seus territórios não significa perder de vista o substrato físico em que são
desenroladas essas ações. Porém a reflexão do território pretende ir além, uma vez
que o território não é uma superposição de sistemas naturais e sistemas de cosias,
mas é o território usado que precisa ser entendido, visto que o mesmo é chão mais a
identidade (aqui usado como sendo o sentimento de pertencer àquilo que nos
pertence), é o fundamento do trabalho, o lugar da residência, das trocas materiais e
imateriais e do exercício da vida (SANTOS, 2006).
Desta forma, ao pensar em território e em sua construção, é necessário
entender que este se define “[...] antes de tudo com referência às relações sociais
(ou culturais, em sentido amplo) em que está mergulhado, relações estas que são
sempre, também, relações de poder” (HAESBAERT, 2006, p. 54). Contudo, não se
pode esquecer que essas relações de poder são, primeiramente, mediadas pelo
espaço. Mediação espacial aqui não significa apenas o substrato físico
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determinando os comportamentos sociais, mas compreende-se que ele serve como
base da (re)produção social da vida cotidiana, influenciando os relacionamentos
entre as pessoas e entre estas e os espaços que os rodeiam. Então, o espaço físico
constitui-se como produtor e produto de uma dada realidade social, estabelecendose em uma dialética infindável.
O território possui um conteúdo, o qual sofre mutabilidades ao longo do
tempo. Nessa dinamicidade conteudista territorial, o dinheiro percorre as relações
tecidas no território como uma capilaridade indissociável, trazendo a necessidade de
que se pensem nessas internalidades e externalidades do território. É no sentido de
dinamicidade, caracterizado pelos ritmos de circulação e produção, do território, que
se deve entendê-lo como relacional, pois o mesmo não apenas incorpora o conjunto
de relações sociais, mas também envolve uma relação complexa entre processos
sociais e espaço material. Além disso, a ênfase do território como relacional faz com
que sua percepção extrapole a ideia de enraizamento, estabilidade, limite e/ou
fronteira, incluindo, portanto, o movimento, a fluidez e as conexões (HAESBAERT,
2006).
A idéia de território relacional, exposta com propriedade por Haesbaert
(2006), corrobora a discussão de que a produção do território se desenrola em um
substrato físico, mas é a natureza das relações humanas que dá sentido à vida do
território. Nessa perspectiva, retoma-se o pensamento de Sousa (1995), ao afirmar
que território torna-se quase que sinônimo de espaço social, entendendo-se que a
forma é importante, mas não é suficiente para o prisma do olhar geográfico,
fazendo-se necessário perceber o conteúdo impresso nas formas espaciais contidas
no território.
Nesse sentido, podemos compreender que:
Dado o espaço estruturar-se como posição geográfica, a contradição
localização-distribuição se materializa numa contradição alteridadecentralidade. Isto é, num caráter inter-relacional que faz com que cada
localização seja estruturalmente o que é na distribuição de todas, em
decorrência da posição relativa que cada qual ocupa com referências ao
todo das localizações. De acordo com a natureza dessa relação de
reciprocidade que as localizações entre si estabeleçam no sistema da
distribuição, a estrutura espacial da sociedade nascerá orientada no olhar
focal ou no olhar dispersional. Dois modos da tensão estrutural do espaço
vão aqui se viabilizar, constituindo a determinação de dois modos opostos e
completamente diferentes de o espaço organizar a sociedade. A estrutura
focal da distribuição institui o olhar que constrói a sociedade a partir da
referência na centralidade do uno. A estrutura dispersional da distribuição
institui o olhar que constrói a relação a partir da referência na pluralidade do
múltiplo. A alteridade é a estrutura do espaço em que as localizações
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referenciam-se numa relação recíproca de igualdade entre si. A centralidade
é a estrutura de espaço em que todas as localizações referenciam-se numa
delas, que hierarquiza e dá o significado do todo e de cada uma das demais
(MOREIRA, 2006, p. 73).
A discussão proposta por Moreira (2006) advém do seu próprio
entendimento de que a sociedade se organiza, procurando um ordenamento
territorial para um fim, o qual pode ser o de assegurar a organização espacial da
sociedade no sentido da centralidade (sociedade organizada numa estrutura de
espaço e contra-espaço), e pode ser também no sentido da alteridade (sociedade
organizada numa estrutura de pluralidade espacial de equivalência). Essas duas
categorias, centralidade e alteridade, são primordiais para que se discuta o
ordenamento territorial de um dado espaço (o qual possui uma localização e
distribuição singular de fluxos materiais e imateriais), uma vez que esse ordenar
pode apoiar-se na referência da centralidade ou da alteridade do sistema de
localizações, a sociedade se estrutura como uma sociedade de conflito ou de
cooperação, mobilizando assim uma relação de regulação de conflito ou de
cooperação (MOREIRA, 2006).
Logo, todas essas imbricações postas no espaço trazem a reflexão de
como a sociedade organiza seu espaço; enfim, “a noção do ordenamento territorial
inclui assim a idéia de uma orientação para um fim. Pode ser o fim de assegurar a
organização espacial da sociedade no sentido da centralidade e pode ser no sentido
da alteridade” (MOREIRA, 2006, p. 75). Nota-se também que ordenamento territorial
traz uma perspectiva política, a qual enseja uma necessidade de se compreender
como a política, entendida como conflito de idéias, de argumentos e que está difusa
nas micro e macrorrelações sociais (FOUCAULT, 1979) se entrelaçam nas
construções de territórios que se fazem presentes nas realidades sociais; o que
justifica as tessituras que se fazem entre território e poder; ou seja, as relações de
poder servirão como um instrumento analítico primordial na análise explicativa dos
territórios usados, sendo que esses contêm uma história que pode ser apreendida
(SANTOS, 2006).
Contudo, é importante frisar que ordenamento territorial não significa a
estrutura espacial, mas a forma como esta estrutura espacial territorialmente se
organiza, se auto-regula, no todo das contradições sociais, procurando manter a
sociedade funcionando segundo sua realidade societária. Essa organização parte da
idéia de que “o arranjo do espaço pode ser concebido como um complexo de
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territorialidades. Isto é, um complexo de recortamento, um múltiplo de áreas
configurativas
do
espaço
como
uma
estrutura
corológica,
genética
e
genealogicamente tensa e densa de conflitos [...]” (MOREIRA, 2006, p. 80).
Ao analisar o conteúdo dos territórios e sua relação com a historicidade e
a temporalidade dos espaços e das relações humanas, podemos compreender o
porquê de os territórios serem móveis ou mutáveis (SOUSA, 1995). Ressalte-se que
nessa mutabilidade o prisma economicista detém papel considerável na constituição
dos territórios da sociedade, tomando conta de quase todas as relações sociais,
permeando quase todas as dimensões humanas. Daí afirmar que o dinheiro aparece
como um palco de fluxos cada vez mais numerosos, em que sua análise precede de
um vislumbrar tanto do caráter da produção escolhida como às possibilidades da
circulação, tendo em vista que a circulação ganha, na atualidade, sobre a produção,
porque ganha sobre a produção o comando da vida, requerendo, portanto, uma
regulação das complexidades das relações externas e internas dos territórios
(SANTOS, 2006). Logo, levanta-se “a necessidade de Estado: o Estado e os limites,
o Estado e a produção, o Estado e a distribuição, o Estado e a garantia de trabalho,
o Estado e a garantia da solidariedade e o Estado e a busca da excelência na
existência” (SANTOS, 2006, p. 16).
Analisar o lado econômico de uma dada produção espacial via
constituição de territórios perpassa pelo entendimento de que as configurações dos
arranjos econômicos alia à esfera da produção com a da circulação, as duas
atuando de modo integrado e diferente, variando no tempo de acordo com a forma
de acumulação (MOREIRA, 2006).
Nessa perspectiva de configuração espacial, reconhecemos que as
temporalidades e o sistema de acumulação vigente acabam por influenciar e
desencadear todas as formas de organização socioespacial; significando que tanto
as funções formais do estado quanto as demandas da sociedade civil “[...]faz do
arranjo do espaço um campo de correlação de forças, e do espaço um elemento de
caráter essencialmente político em sua determinação sobre a organização global da
sociedade[...]” (MOREIRA, 2006, p. 83).
O comentário de Moreira (2006) traz à tona a necessidade de que se
discutam que as construções de territórios exercem e sofrem influências de um
contexto maior, de uma conjuntura nacional e internacional, o que permite e obriga
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buscar entender como a globalização, conforme a discussão de Santos (2004),
permeia as relações que se dão nos territórios.
Ao analisar o conceito de território e suas relações com a globalização
faz-se mister ter em mente que a primeira categoria torna-se conceito quando
tomado a partir de seu uso, pensando juntamente com os atores que dele se
utilizam. A globalização amplia o uso desse conceito em parte por causa da
competitividade, levando a uma busca desenfreada por produtividade, que depende
de condições oferecidas nos lugares de produção, de circulação e de consumo, o
que torna os territórios singulares quanto aos seus conteúdos, seja em quantidade,
seja em densidade dos mesmos (SANTOS, 2006). Portanto, na atualidade, “entre o
território tal como ele é e a globalização tal como ela é cria-se uma relação de
causalidade em benefício dos atores mais poderosos, dando ao espaço geográfico
um papel inédito na dinâmica social” (SANTOS, 2004, p. 23).
Ao relacionar território e globalização, faz-se necessário interligar este
primeiro conceito com o de redes, pois seja como elemento separado do território e
que o domina, seja como constituinte do mesmo “ela é o veículo por excelência de
maior fluidez que atinge o espaço e, no nosso ponto de vista, o componente mais
importante na territorialidade contemporânea” (HAESBAERT, 2006, p. 58).
Compreender o território e suas inter-relações com as redes dentro de um
processo de globalização torna-se importante tanto para quem deseja estudar o
espaço geográfico, suas produções e materialidades quanto para quem precise
analisá-lo como uma ferramenta útil nos estudos das políticas públicas, desde a
formulação até a execução. Ressalte-se que espaço geográfico pode ser “[...]
definido como um conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de
ações [...]” (SANTOS, 2002, p. 21). Suscitando, portanto, ser compreendido
simultaneamente às disposições físicas das coisas e práticas sociais que aí ocorrem.
Dessa forma, o espaço pode ser concebido como produto e produtor das interrelações entre homem-natureza-sociedade. Nessa perspectiva, a análise geográfica
da realidade permite apreender o espaço como um texto, no qual as formas são
portadoras de significados e sentidos (GOMES, 1997).
Os textos impressos no espaço, os quais são úteis para os estudiosos
das políticas públicas, podem ser lidos via conceito de território. Logo, no que
concerne à concepção de território, aponta-se que esta categoria é apreendida como
um espaço definido por e a partir de relações de poder, as quais têm origem nas
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apropriações e usos dos substratos físicos espaciais, mas que se materializam nas
relações sociais presentes nessa espacialidade, desde sua gênese à sua gestão
(SOUZA, 1995). Concebendo-o assim, percebe-se-á que a materialidade do mesmo
é dada por objetos que têm uma gênese técnica, um conteúdo técnico e se interrelacionam na condição de técnica, seja na sua realização, seja em sua
funcionalidade (SANTOS, 2002).
Outro conceito que pode ser utilizado, aliado ao de território, como uma
perspectiva nos estudos das políticas públicas é o de redes. Assim sendo, entendese que para a análise desse conceito na contemporaneidade, supõe-se a descrição
do que a constitui, um estudo estatístico das quantidades e das qualidades técnicas,
conjuntamente com a avaliação das relações que os elementos da rede mantêm
com a vida social do presente, em todos os seus aspectos; ou seja, essa qualidade
de servir como suporte corpóreo do dia-a-dia. Nesse sentido, transcende a
concepção da rede como sendo toda infra-estrutura, permitindo o transporte de
matéria, de energia ou de informação, e que se inscreve sobre um território onde se
caracteriza pela topologia de seus pontos de acesso ou pontos terminais, seus arcos
de transmissão, seus nós de bifurcação ou de comunicação, sendo a mesma
também dotada de vida social, política, cultural, que pode ser visualizada e
entendida, a partir das pessoas, signos, símbolos e mensagens (SANTOS, 2002).
Na tentativa de fazer algumas reflexões que o conceito de território como
uma das formas da sociedade produzir seus espaços geográficos, os quais servem
de leitura e análise da vida social, apoiando-se no de redes, assim como as
constituições, entrelaçamentos, enfim, de como a dinamicidade do território pode vir
a ser uma ferramenta útil nos estudos das políticas públicas é que toma corpo nosso
próximo tópico.
3 TERRITÓRIO E POLÍTICAS PÚBLICAS: algumas reflexões
Ao pensar em políticas públicas e seus possíveis entrelaçamentos com o
conceito de território requerem perceber que o Estado atua também na organização
espacial da sociedade, seja com suas construções infra-estruturais ou com suas
regulações, visando, no caso do Estado capitalista, num primeiro momento, à
satisfação básica da população e, em um segundo, à criação do alicerce para a
(re)produção do capital (CORREA, 1989). Contudo, “sua ação é marcada pelos
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conflitos dos diferentes membros da sociedade de classe, bem como da aliança
entre eles” (CORREA, 1989, p. 26).
Nesse contexto de concepção de atuação estatal entende-se política
pública como sendo “a lógica da tradução de respostas políticas simétricas às
demandas públicas originadas no seio da sociedade civil com base na
democratização do poder político institucionalizado” (BUENOS AYRES, 2004, p.
463). Dessa forma, a construção de qualquer política pública que visa um
ordenamento das ações do ente público e também dos particulares deve ser
considerada como algo participativo, que leve ao empoderamento; ou seja, ao
conhecimento crítico das ações tomadas pela sociedade como um todo, fazendo-a
sentir-se como co-partícipe do processo; interiorizando de maneira mais efetiva os
caminhos a serem trilhados ao longo da temporalidade na qual o plano se dispõe a
ordenar.
Essa participação social na construção e efetivação de uma política
pública é defendida por entender-se que os processos das políticas públicas
conjugam um conjunto de momentos não-lineares, articulados e interdependentes,
formados pela constituição do problema, formulação de alternativas de política,
adoção da política e implementação ou execução da política ou programa. Nessa
ambiência, alguns sujeitos precisam ser identificados no jogo construtivo das
políticas públicas, sendo eles: os grupos de pressão, movimentos sociais, partidos
políticos, administradores e burocratas, técnicos, planejadores e avaliadores,
judiciário e a mídia. Esse identificar é posto por considerar-se que o conhecimento
prévio, mesmo que não em sua totalidade, significa maior poder de argumentação
na busca do consenso e na solução dos conflitos que jamais deixarão de se fazer
presentes na construção da política pública (SILVA E SILVA, 2001).
É a partir desses esclarecimentos que se pensa que o conceito de
território pode vir a ser uma ferramenta útil para as políticas públicas, pois uma vez
levado em consideração pode-se ter a análise da fração espacial em que a política
será implementada, desde o seu substrato físico até os atores sociais que nele
(re)constroem diariamente seus territórios, exercendo relações de poder, gestão e
identidade. É nessa perspectiva que a Geografia, ciência que tem como objeto de
estudo o espaço geográfico, com um de seus conceitos-chaves, no caso território,
pode vir a contribuir significativamente nos estudos das políticas públicas.
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Ressalte-se ainda que o território alvo de uma referida política é
permeado por redes, conexões, movimentos, fluidez, enfim toda uma dinâmica das
relações humanas em suas variadas dimensões que precisam ser levadas em
consideração. Isso é posto por entender que estas variáveis são imprescindíveis no
sucesso da política pública formulada, desde sua gênese até a gestão.
4 CONCLUSÃO
O conceito de território precisa ser apreendido e explicado tendo em
mente três elementos indissociáveis do mesmo, quais sejam: identidade, poder e
gestão. Cabe salientar que na (re)construção dos territórios há uma infinidade de
fatores que o permeiam, seja materiais ou imateriais, os quais devem ser analisados
a partir das conexões entre o local, regional, nacional e global, o que dá uma
materialidade espacial representada pela forma, mas que é a partir do conteúdo do
território que pode ser lida uma determinada feição espacial.
No campo das políticas públicas advoga-se que o conceito de território,
aliado com o de redes, pode vir a ser uma ferramenta útil em seus estudos,
auxiliando a compreensão de uma dada intervenção a ser colocada em prática
desde sua formulação, implementação, execução e, quiçá, avaliação.
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