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ISBN 978-85-7770-007-3
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9 788577 700073
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Capa - Guia GTM
sexta-feira, 18 de maio de 2007 11:40:23
GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA GTM, MONITOR E VISITADOR
Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul
Programa Primeira Infância Melhor
Guia de Orientação para GTM,
Monitor e Visitador
Porto Alegre
2007
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GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA GTM, MONITOR E VISITADOR
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
1ª edição, 2007
© 2003, Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul
Copyright©2007 do Governo do Estado do Rio Grande do Sul
É permitida a reprodução parcial desta publicação, desde que citada a fonte
Tiragem: 3.000 exemplares
Estado do Rio Grande do Sul:
Governadora Yeda Crusius
Secretarias Estaduais Integrantes do Programa:
Secretaria da Saúde – Coordenação – Osmar Gasparini Terra
Secretaria da Educação – Mariza Abreu
Secretaria da Cultura – Mônica Leal
Secretaria da Justiça e Desenvolvimento Social – Fernando Schüller
Agência de Cooperação Técnica:
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
Esta Publicação foi produzida no contexto da Cooperação UNESCO/SES-RS, Projeto 914BRA1088 –
Desenvolvimento Integral da Primeira Infância no Estado do Rio Grande do Sul. As opiniões aqui expressas são
de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a visão da UNESCO sobre o assunto.
Apoios Institucionais:
CELEP/Cuba – Centro de Referência Latino-Americano em Educação Pré-Escolar
UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância
ESP/RS – Escola de Saúde Pública
Revisão de Texto e Formatação: Smirna Cavalheiro
Editoração Eletrônica: Gisele Mariuse da Silva e Cristiane Kessler de Oliveira
Ilustrações: Márcio da Silva Morais e Rachel Silvestri Morais
Revisão Técnica:
Secretaria da Saúde/Programa Primeira Infância Melhor: Arita Bergmann, Flávia Franco, Lacy Maria da Silva
Pires, Leila Maria de Almeida, Liése Gomes Serpa, Maria da Graça Gomes Paiva, Maria Helena Capelli, Sandra
Silveira Nique da Silva, Vera Maria da Rosa Ferreira e Wilda Maria Blasi.
UNESCO: Cíntia Bonder.
Endereço para contato:
Programa Primeira Infância Melhor
Avenida Borges de Medeiros, 1501, 6º andar - Ala Norte, Centro.
Porto Alegre/RS/Brasil – CEP: 90110-150
E-mail: [email protected]
Site: www.pim.saude.rs.gov.br
Fones: (00 55 51) 3288-5853/5955/5887/5888 – Fax: (00 55 51) 3288-5810
Ficha Catalográfica:
Rio Grande do Sul. Secretaria Estadual da Saúde. Programa Primeira Infância Melhor.
GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA GTM, MONITOR E VISITADOR. Contribuições
para políticas públicas na área do desenvolvimento infantil – Porto Alegre: Relâmpago,
2007.
70 p
ISBN 978-85-7770-007-3
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GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA GTM, MONITOR E VISITADOR
SUMÁRIO
........................................................................................................................................ 5
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 7
I–
ESTRUTURANDO O PROGRAMA PRIMEIRA INFÂNCIA MELHOR NO
MUNICÍPIO ................................................................................................................................. 8
1.1 SENSIBILIZANDO OS GESTORES ...............................................................................................8
1.2 CONSTITUINDO O GRUPO DE TRABALHO ............................................................................8
1.2.1 Quem é o Grupo Técnico Municipal – GTM ..................................................................................... 9
1.2.2 Quem é o Monitor ...............................................................................................................................10
1.2.3 Quem é o Visitador ............................................................................................................................. 11
1.3 ESTRUTURANDO O BANCO DE DADOS ...............................................................................13
1.4 TRABALHANDO A INTERSETORIALIDADE .........................................................................14
1.5 CONSTITUINDO O COMITÊ MUNICIPAL ..............................................................................15
II–
CONHECENDO A METODOLOGIA DO PROGRAMA ............................................... 17
2.1 CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA A REALIZAÇÃO DE UM BOM TRABALHO
COM A FAMÍLIA ...........................................................................................................................17
2.2 A VISITA ÀS FAMÍLIAS: ELEMENTO FUNDAMENTAL DO PROGRAMA
PRIMEIRA INFÂNCIA MELHOR ...............................................................................................17
2.3 PRIMEIRAS VISITAS .....................................................................................................................18
III– ENTENDENDO AS MODALIDADES DE ATENÇÃO ................................................... 19
3.1 MODALIDADE INDIVIDUAL .....................................................................................................19
3.2 MODALIDADE GRUPAL .............................................................................................................20
3.3 VISITAS DE ACOMPANHAMENTO .........................................................................................20
3.4 REUNIÕES COMUNITÁRIAS COM AS GESTANTES ............................................................21
3.5 ATIVIDADE COMUNITÁRIA .....................................................................................................21
IV– DESTACANDO ASPECTOS RELEVANTES PARA A EXECUÇÃO DO
PROGRAMA PRIMEIRA INFÂNCIA MELHOR.............................................................. 22
4.1 UTILIZAÇÃO DE VIAS INSTITUCIONAIS EQUIVALENTES PARA O
DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA .................................................................22
4.2 A TEORIA E A PRÁTICA DAS VIAS INSTITUCIONAIS EQUIVALENTES DE
DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E SEUS MÉTODOS DE
TRABALHO .....................................................................................................................................22
4.2.1 Desenvolvimento no período inicial da vida da criança .............................................................. 23
4.2.2 Condições que estimulam o desenvolvimento das crianças ........................................................23
V–
DEFININDO CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA O DESENVOLVIMENTO
INTEGRAL DE CRIANÇAS DE 0 ATÉ 06 ANOS DE IDADE ....................................... 24
5.1 A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL .............................24
5.2 A IMPORTÂNCIA DO ASPECTO SOCIOAFETIVO NO DESENVOLVIMENTO
INFANTIL ........................................................................................................................................31
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VI– AS QUATRO DIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL NO
PROGRAMA PRIMEIRA INFÂNCIA MELHOR.............................................................. 39
6.1 REGISTRANDO OS GANHOS DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL ...............................40
6.2 ACOMPANHANDO A CRIANÇA EGRESSA DO PIM NO 1º ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL .......................................................................................................................... 41
VII– CAPACITANDO OS DIFERENTES ATORES ................................................................... 44
7.1 O QUE É CAPACITAÇÃO? ..........................................................................................................44
7.2 QUEM NECESSITA DA CAPACITAÇÃO? ...............................................................................44
7.3 COMO DETERMINAR O NÍVEL DA CAPACITAÇÃO? ........................................................44
7.4 PARA QUE SERVE O DIAGNÓSTICO? .....................................................................................45
7.5 COMO CLASSIFICAR A INFORMAÇÃO RECEBIDA ATRAVÉS DAS VIAS
ANTERIORMENTE CITADAS .....................................................................................................45
7.6 COMO ELABORAR UM PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO ................................................46
VIII– TRABALHANDO COM AS FAMÍLIAS .............................................................................. 56
8.1 SUGESTÕES DE TÉCNICAS PARA O TRABALHO COM AS FAMÍLIA.............................56
8.1.1 O que são as técnicas participativas? ............................................................................................... 56
8.1.2 Quais os passos que sugerimos para aplicá-las? ............................................................................ 56
8.1.3 Algumas técnicas ................................................................................................................................. 57
8.2 SUGESTÕES DE ELABORAÇÃO DE BRINQUEDOS PELAS FAMÍLIAS ............................61
8.2.1 Condições necessárias para a elaboração de brinquedos e materiais ......................................... 61
8.2.2 Uso e funcionalidade dos brinquedos e materiais ......................................................................... 61
8.2.3 Materiais utilizáveis ............................................................................................................................ 62
8.3 SUGESTÕES PARA A ELABORAÇÃO DE DIFERENTES BRINQUEDOS LÚDICOS .......62
IX–
AVALIANDO O PROGRAMA NO MUNICÍPIO ............................................................. 65
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .................................................................................................... 68
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GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA GTM, MONITOR E VISITADOR
INTRODUÇÃO
O Programa Primeira Infância Melhor – PIM foi criado em 2003 pelo Governo do Estado
do Rio Grande do Sul, tendo como referência teórico-metodológica o programa cubano
“Educa a tu Hijo”, coordenado pelo Centro de Referencia Latinoamericano para la Educación
Preescolar – CELEP, tornando-se Política Pública em 03 de julho de 2006, através da Lei Estadual
n° 12.544/06. Tem por objetivo orientar as famílias e gestantes, a partir de sua cultura e
experiências, para que promovam o desenvolvimento integral de suas crianças. Desse modo,
prioriza o desenvolvimento infantil através de atividades que contemplam aspectos como:
comunicação e linguagem; habilidades intelectuais; motricidade fina e ampla; valorização do
meio em que vivem; jogos e brincadeiras; afetividade, saúde, higiene e nutrição.
O Programa possui uma estrutura composta pelo Grupo Técnico Estadual – GTE, Grupo
Técnico Municipal – GTM, Monitores e Visitadores. Esses, somados, oportunizam a
operacionalização das ações do mesmo, o que viabiliza a construção e o fortalecimento de suas
bases: Família, Comunidade e Intersetorialidade.
Aqui, neste Guia, são oferecidas orientações quanto à estrutura, funcionamento e aplicação
do Programa às famílias e suas crianças de 0 até 6 anos de idade e gestantes.
Este material servirá como guia de orientação ao GTM, ao Monitor e ao Visitador, de
modo a auxiliá-los no desenvolvimento de seu trabalho. Aqui está definido o papel de cada um
que compõe a equipe do PIM no Município, suas funções e perfis. Estão descritos também
técnicas, orientações e procedimentos indispensáveis para a atuação do GTM e do Monitor
junto aos Visitadores. É responsabilidade do GTM e do Monitor capacitar os Visitadores que,
por sua vez, irão orientar adequada e sistematicamente as famílias que os recebem em suas
moradias, contribuindo, assim, para o desenvolvimento integral de seus filhos.
Os conteúdos têm por objetivo contribuir para o aperfeiçoamento diário do trabalho e
deverão ser estudados e enriquecidos pelos grupos que venham a se incorporar ao Programa.
O Guia é importante também para aquelas pessoas encarregadas da elaboração,
assessoramento e controle de todas as ações relacionadas ao Programa. Portanto, poderá ser
utilizado pelos integrantes do Comitê Municipal, das Coordenadorias Regionais e Secretarias
Municipais de Saúde, Cultura, Educação e Assistência Social, gestores, educadores e demais
pessoas que contribuem e/ou participam da coordenação, organização e execução do Programa.
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I–
ESTRUTURANDO O PROGRAMA PRIMEIRA INFÂNCIA MELHOR NO
MUNICÍPIO
1.1
SENSIBILIZANDO OS GESTORES
Inúmeros estudos científicos comprovam que são nos primeiros anos de vida – em especial
de 0 a 3 anos de idade – que nós, seres humanos, desenvolvemos 90% de nossas conexões
neuronais. Nosso cérebro tem, nesse período, seu momento de maior expansão e capacidade
de desenvolvimento. Portanto, é nessa etapa de vida – que se estende até os 6 anos de idade –
que os estímulos, responsáveis por promover em habilidades e competências, devem ser
incentivados com qualidade.
Investir em políticas públicas voltadas à primeira infância é investir na certeza da formação
de cidadãos com melhores e maiores condições cognitivas e socioemocionais, o que, por
conseqüência, resultará na construção de uma sociedade melhor.
Pesquisas científicas já realizadas em diversos países atestam que o investimento na
primeira infância contribui para a sensível redução dos índices de evasão e de repetência escolar,
de criminalidade, de necessidade de programas de reabilitação de presidiários e jovens infratores,
além de contribuir para a redução de gastos com a segurança pública, saúde e educação.
O PIM concebe a Família como a primeira grande escola do amar e do brincar, fundamentos
da condição humana e da constituição de cidadãos mais saudáveis e felizes. Enquanto eixo
integrador de políticas públicas, na promoção das competências familiares e do desenvolvimento
pleno das capacidades físicas, intelectuais e socioemocionais da criança de 0 até 6 anos, o
Programa tem como desafio a redução dos índices de desigualdade e exclusão social.
1.2
CONSTITUINDO O GRUPO DE TRABALHO
O grupo que desenvolve o Programa Primeira Infância Melhor – PIM no município é composto
por: Grupo Técnico Municipal – GTM, Monitor e Visitador. O número de Visitadores e Monitores
é adequado à demanda do município e seu porte populacional, ou seja, maior número
populacional equivale a maior número de Visitadores (ver quadro abaixo) e, conseqüentemente,
de Monitores. A figura do Monitor, via de regra, passa a existir quando o município constitui
um grupo de 5 Visitadores. Assim, para cada grupo de 5 Visitadores, deverá existir 1 Monitor
responsável.
IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA
Porte populacional e parecer avaliativo do GTE
Porte Populacional
0 a 10 mil habitantes
+ de 10 mil habitantes
+ de 20 mil habitantes
+ de 50 mil habitantes
+ de 100 mil habitantes
Nº Visitadores
02
04
06
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1.2.1 Quem é o Grupo Técnico Municipal – GTM?
O GTM é constituído por
profissionais responsáveis pela
implantação, gerenciamento, acompanhamento e avaliação do Programa
no município.
Este grupo é composto por um
mínimo de três profissionais de nível
superior (ou cursando), tendo cada
um formação na área que representará:
Secretaria Municipal da
Educação.
Secretaria Municipal da
Saúde.
Secretaria Municipal de Assistência Social.
A presença das três Secretarias no Programa reforça um dos pilares do Programa Primeira
Infância Melhor que é a Intersetorialidade, através da relação intersecretarias e da Rede de Serviços
Públicos do Município.
Perfil dos Técnicos
Experiência em atividade comunitária, com crianças e/ou famílias.
Disponibilidade de tempo para dedicação ao Programa de, no mínimo, 10horas
semanais.
Facilidade de articulação e organização com os diferentes segmentos do município,
sejam públicos ou privados.
Terceiro grau completo ou em curso – ver Lei n° 12.544/06.
Disponibilidade e interesse para trabalhar em equipe.
Funções do Grupo Técnico Municipal
Ser capacitado pelo GTE.
Gerenciar o Programa no município.
Ser responsável pela organização, planejamento, execução e acompanhamento das
capacitações e ações dos Monitores e Visitadores.
Ser responsável pela seleção das famílias que serão beneficiadas pelo Programa, a partir
da área escolhida.
Sensibilizar a comunidade para participar das ações do Comitê Municipal pela Primeira
Infância.
Articular, informar e atualizar a rede de serviços existente no município.
Participar ativamente na promoção da Intersetorialidade.
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GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA GTM, MONITOR E VISITADOR
1.2.2 Quem é o Monitor?
O Monitor é a pessoa que, no Programa Primeira Infância Melhor de desenvolvimento
infantil, garante que aqueles que atuam diretamente com os pais/cuidadores e crianças
(Visitadores) tenham conhecimento e clareza quanto ao objetivo do seu trabalho. Ele permitirá
a melhor realização das atividades para a conseqüente formação e desenvolvimento das crianças.
Perfil do Monitor
Terceiro grau completo ou em curso.
Ter capacidade de organizar o seu trabalho, planejando o tempo necessário para realizálo e executá-lo na ordem prevista.
Facilidade em estabelecer boas relações com as crianças, com os pais e com a
comunidade, bem como com as autoridades locais.
Dominar os conteúdos que deverão ser transmitidos, as formas e meios de realizar o
trabalho com êxito.
Ter bom nível crítico para examinar seus próprios erros e aceitar as sugestões dos demais.
Ser respeitoso, amável e afetuoso no trabalho com as pessoas que capacita, orienta e
acompanha.
Possuir iniciativa para escolher, entre as orientações gerais, aquelas que possam tornar
mais efetiva a capacitação.
Possuir habilidades de comunicação em relação aos meios orais e escritos que devem
ser utilizados no seu trabalho.
Conhecer técnicas de trabalho participativo com a comunidade, estimulando as
iniciativas de auto-organização de seus integrantes.
Ter disponibilidade de dedicação ao trabalho.
Acreditar e ter interesse pela causa do Programa.
O Monitor poderá ser capacitado pelo GTE ou pelo próprio GTM.
Funções do Monitor
Participar do planejamento global do Programa no município.
Demandar e participar dos cursos de formação e atualização propostos pelo Grupo
Técnico Municipal e Grupo Técnico Estadual.
Cumprir com as tarefas solicitadas pelos Grupos Técnicos Municipal e Estadual.
Selecionar, capacitar e orientar o trabalho dos Visitadores que atuam com as famílias.
Preparar um plano de metas que permita aos Visitadores desenvolverem suas tarefas
de forma exitosa.
Assessorar, acompanhar e avaliar o trabalho dos Visitadores junto às famílias.
Atuar e intervir, se necessário, na realização das atividades junto às famílias.
Mobilizar os recursos da comunidade, em apoio ao trabalho dos Visitadores.
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Realizar funções de Visitador
para vivenciar de maneira
direta as particularidades
deste trabalho.
Distribuir seu tempo de
maneira eficaz para acompanhar os diferentes aspectos
do seu trabalho.
Promover as vias institucionais
equivalentes de desenvolvimento integral da criança na
comunidade.
Sensibilizar os integrantes da
comunidade quanto à necessidade de proporcionar às
crianças um melhor desenvolvimento.
1.2.3 Quem é o Visitador?
O Visitador é a pessoa que atua diretamente com as gestantes, pais/cuidadores e suas
crianças, nas comunidades vinculadas ao Programa, por meio de atividades específicas.
Perfil do Visitador
Disponibilidade obrigatória de carga horária: 40 horas para o Programa. Em caso de
bolsista, 30 horas semanais.
Escolaridade – nível médio concluído em Magistério ou nível superior em curso.
Estar identificado com trabalhos e ações voltados à criança.
Experiência no trabalho comunitário com crianças e/ou famílias.
Capacidade de organizar o seu trabalho, planejando o tempo necessário para realizá-lo
e executá-lo nas horas previstas.
Facilidade em estabelecer boas relações com as famílias e a comunidade.
Ser respeitoso, amável e afetuoso no trabalho com as famílias.
Ter senso crítico para examinar suas próprias dificuldades e aceitar as sugestões dos
demais.
Ter entusiasmo, iniciativa, criatividade, liderança, otimismo e compromisso.
Saber cooperar, trabalhar em equipe.
Ser persistente, responsável, disciplinado e ético, mantendo sigilo sobre a situação de
cada família.
Perceber, apreciar, respeitar e promover a cultura e os valores da família.
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Ser capaz de construir e desenvolver conhecimentos junto às famílias e crianças e de
reconhecer o enriquecimento do seu saber com a prática.
Funções do Visitador
Realizar o trabalho diretamente com as famílias, orientando-as e capacitando-as para
realizar as atividades de estimulação para o desenvolvimento integral da criança, desde
a gestação.
Orientar as famílias sobre as atividades de estimulação adequadas a partir do
diagnóstico, ou seja, do marco zero.
Acompanhar e controlar a qualidade das ações educativas realizadas pelas próprias
famílias junto às crianças e as ações realizadas pelas gestantes.
Acompanhar os resultados alcançados pelas crianças e pelas gestantes.
Planejar e executar as Modalidades de Atenção Individual e Grupal.
Planejar e executar seu cronograma de visitas às famílias.
Participar da Capacitação de Visitadores, realizadas pelo Monitor/GTM.
Vestir-se adequadamente, para a execução de suas atividades.
Receber a formação e a capacitação necessárias.
Estar disposto a crescer pessoal e profissionalmente.
Se o Visitador perceber e/ou identificar problemas na família como suspeita de violência
doméstica, crianças portadoras de deficiência, entre outras, deverá comunicar de
imediato o GTM para que seja acionada a rede de serviços.
Para realizar um bom trabalho, devemos conhecer suas características e peculiaridades.
Logo, conhecer a comunidade onde será desenvolvido o Programa Primeira Infância Melhor é
imprescindível.
Além dos aspectos quantitativos, como o número de famílias, extensão da área etc., a
equipe do PIM deve ater-se também aos aspectos subjetivos, ou seja, como a comunidade se
organiza enquanto tal, como se percebe como comunidade, quais suas tradições e costumes,
entre outros.
Somente conhecendo a comunidade em sua integralidade é que a
equipe terá maiores recursos e
garantia de sucesso na implantação
do Programa.
Todos os integrantes são
elementos-chave para o êxito do
Programa, em sua divulgação e na
mobilização da comunidade para
apoiar sua implantação. O
entusiasmo, dedicação, preparação e
a disponibilidade de estabelecer boas
relações com as crianças, pais,
comunidade e autoridades locais,
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farão com que a equipe adquira respeito e confiança, não apenas dos outros, mas entre a própria
equipe.
Em um primeiro momento, sugere-se uma etapa de sensibilização da Comunidade para
que apóie o trabalho informativo que o Grupo Técnico Municipal, Monitor e Visitador realizam.
Orienta-se que esta se efetive através da:
Integração das famílias beneficiadas pelo trabalho, com entusiasmo e criatividade.
Definição dos locais nos quais poderão trabalhar com as crianças.
Elaboração de materiais e brinquedos para a realização das atividades.
Elaboração do próprio material para a realização das atividades, estimulando as pessoas
para que atuem como auxiliares ou participantes das ações a serem realizadas.
Manutenção, guarda e cuidado dos locais e bens disponíveis para realização das
atividades.
Aspectos a serem levantados acerca das características quantitativas da comunidade:
O censo da população de 0 até 6 anos de idade.
Censo da população de gestantes.
A extensão da área.
O nível sociocultural da população.
1.3
ESTRUTURANDO O BANCO DE DADOS
O Banco de Dados do PIM é um sistema de informações referente às famílias, gestantes e
às crianças de 0 até 6 anos de idade beneficiadas pelo Programa. Serve de base para a definição
da atenção à Primeira Infância como prioridade de política pública e seu conseqüente
planejamento.
Importante observar a necessidade de um sistema cujas informações sejam confiáveis e
constantemente atualizadas, para que se constitua também em uma ferramenta de
acompanhamento dos resultados do Programa pelo município.
Além dos dados solicitados no Banco de Dados do PIM, são necessárias também outras
informações para que possa haver comunicação com a rede de informações disponível não
somente no município, mas também em níveis estadual e nacional. Dessa forma, o município
terá um Sistema de Informações capaz de subsidiar com fidedignidade o planejamento e o
acompanhamento do Desenvolvimento Infantil de sua comunidade.
As informações sugeridas referem-se, entre outras, à:
População infantil: nº por faixa etária, sexo, raça, escolaridade, moradia, renda, entre
outras.
Mortalidade infantil: nº de crianças menores de um ano, expresso por mil nascidos vivos.
Mortalidade materna epré-natal: nº de mulheres que morrem em decorrência de gestação
para cem mil crianças vivas. Este dado é de fundamental importância para o planejamento das
ações do Visitador, que deve focalizar o acompanhamento pré-natal de, no mínimo, seis
consultas, recomendadas como garantia de saúde da mãe e do bebê.
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Aleitamento materno: exclusivo até os seis primeiros meses de vida, desde que em
condições para amamentar.
Imunização: acompanhamento pela carteira de vacinação.
Violência física e sexual: necessária a existência de um Conselho Tutelar atuante.
Educação infantil: nº de crianças atendidas por creches e pré-escolas no município.
Sites de informações disponíveis:
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística www.ibge.gov.br/cidadesat
DATASUS: Departamento de Informação
www.albatroz.datasus.gov.br/datasus/site/index.cfm
e
Informática
do
SUS
–
INEP: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira fornece
anualmente dados sobre Censo Escolar – www.inep.gov.br
SIPIA: Sistema de Informação para a Infância e a Adolescência. Consiste em um sistema
de dados sobre violações dos direitos estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente
– ECA.
Os dados são alimentados pelos Conselhos Tutelares que necessitam de cadastramento.
www.mj.gov.br/sipia.
1.4
TRABALHANDO A INTERSETORIALIDADE
A intersetorialidade, enquanto um dos eixos estruturantes do PIM, pressupõe o
compartilhamento e a articulação de programas, projetos e serviços de promoção do
desenvolvimento integral de gestantes e crianças de 0 até 6 anos de idade.
A intersetorialidade no PIM define-se não como uma justaposição de programas, mas
como uma rede em que as partes, representadas pelas Secretarias, Coordenadorias Regionais
de Saúde – CRS, Coordenadorias Regionais de Educação – CRE e sociedade organizada,
desenvolvem novas ações, acordadas entre si, mantendo a noção do todo, ao mesmo tempo em que
preservam suas identidades enquanto instituições.
Essa cooperação intersetorial, que serviu de referência para a constituição da Coordenação do
Programa, também tem sido referência para a adoção de um novo modelo de gestão pública no
Estado e nos municípios. Ao integrar os serviços e ações das demais Secretarias, quando uma
necessidade é detectada pelo Visitador na família ou na comunidade, a rede é potencializada
de modo a contribuir para melhorar o desenvolvimento social dos municípios que optaram
pelo Programa Primeira Infância Melhor.
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Exemplo de Rede de Apoio
EDUCAÇÃO
ASSISTÊNCIA SOCIAL
- Educação Infantil;
- Alfabetização;
- Formação profissional;
- Programa de acompanhamento e
avaliação do Ensino Fundamental.
- Apoio e orientação familiar;
- Geração de emprego e renda;
- Violência doméstica;
- Registros de nascimentos.
SERVIÇOS DA
REDE DE
APOIO AO
PIM
CULTURA
SAÚDE
- Saúde da família;
- Planejamento familiar;
- Aleitamento materno;
- Vacinação.
- Eventos culturais,
comunitários;
- Acesso a acervos museus,
bibliotecas, brinquedoteca.
ONG e ENTIDADES SOCIAIS
Comitê Municipal para a Primeira Infância
1.5
CONSTITUINDO O COMITÊ MUNICIPAL
O trabalho do Comitê, promovido inicialmente pelo Grupo Técnico Municipal, consiste
na integração e articulação de ações de âmbito municipal de atenção à criança. Sua perspectiva
é intersetorial, em que entidades e/ou instituições públicas e privadas, voltadas a esses
segmentos e dentro de suas especificidades, visam contribuir para a construção e consolidação
de políticas em favor da primeira infância.
a) Funcionamento do Comitê
Três linhas estratégicas orientam as ações do Comitê:
Articulação: consiste na análise e integração de políticas públicas com foco na primeira
infância, construindo relações de cooperação entre as três esferas de Governo; trabalhar
em conjunto com as diferentes instâncias que já desenvolvem ações voltadas à criança,
colocando o tema da infância no centro da agenda política do município.
Intervenção: diz da elaboração de metodologias de intervenção em favor do
desenvolvimento da primeira infância.
Comunicação: ações de informação, educação, comunicação e mobilização social.
b) Como criar o Comitê da Primeira Infância no município
A estratégia de formação do Comitê Municipal da Primeira Infância consiste em:
Identificação das entidades ou instituições governamentais ou não-governamentais,
da sociedade civil organizada, religiosas, culturais, esportivas, assim como todas aquelas
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GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA GTM, MONITOR E VISITADOR
que possam contribuir na busca de estratégias que garantam os direitos a um
desenvolvimento integral de crianças de 0 a 6 anos.
Sensibilização dos parceiros para os objetivos do Programa Primeira Infância Melhor.
Promover ações conjuntas com instituições parceiras que visem à estruturação,
organização e funcionamento do Comitê Municipal.
O funcionamento do Comitê Municipal deve ter como referência o Comitê Estadual,
instituído por meio do Decreto n° 42.199, de 7 de abril de 2003.
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GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA GTM, MONITOR E VISITADOR
II– CONHECENDO A METODOLOGIA DO PROGRAMA
É fundamental ter sempre presente que a família tem o papel mais importante na
estruturação do indivíduo. É ela o primeiro grupo ao qual o ser humano pertence, portanto,
dela dependem as experiências positivas ou negativas que o sujeito irá vivenciar desde a gestação.
Como experiências positivas fundamentais para a construção de uma identidade e
personalidade psicossocialmente sadia, são apontados o afeto, a valorização, o incentivo, os
limites, e outros que a família promove e oferece às suas crianças. Já as experiências negativas
como falta de afeto, desvalorização e não reconhecimento, levam à frustração, à tristeza, à
decepção. Esses sentimentos, assim como os positivos, desempenharão papel determinante na
formação da identidade e personalidade. Com sentimentos de menos valia e baixa auto-estima
e auto-imagem, o indivíduo terá dificuldades em suas relações sociais, em sua capacidade de
aprender, em seu potencial para enfrentar desafios e assumir responsabilidades.
Portanto, a família é a via propulsora do adequado desenvolvimento integral de suas
crianças. Crianças amadas e estimuladas terão suas capacidades potencializadas e,
conseqüentemente, serão adultos saudáveis física e emocionalmente.
“Quando os pais participam do desenvolvimento de seus filhos, as crianças não só se
tornam fisicamente mais saudáveis como também mentalmente mais perspicazes e
emocionalmente seguras.” (Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF. Situação da Infância Brasileira
2001. Brasília: Cross Content Comunicação Integrada, 2001, p.22.)
2.1
CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA A REALIZAÇÃO DE UM BOM TRABALHO COM
A FAMÍLIA
O trabalho de orientação às famílias que se realiza mediante este Programa requer, em
primeiro lugar, ser compreendido e aceito por essas. O Programa não deve ser imposto, a fim
de que as famílias acolham as orientações e realizem com êxito as atividades propostas.
O Grupo Técnico Municipal (GTM), Monitores e Visitadores são os responsáveis por
alcançar os objetivos traçados pelo Programa, e, para isto, é importante que sejam pessoas
discretas, amáveis, que se dirijam com respeito aos membros de cada família e que se interessem
sinceramente pelos progressos de cada criança, bem como pelo envolvimento e
comprometimento da família no Programa.
É fundamental e indispensável, como em todo o trabalho com pessoas, paciência e
compreensão. Um sorriso, uma palavra amável ou um gesto de carinho, em alguns momentos,
pode ser mais eficaz que insistir em oferecer uma orientação.
2.2
A VISITA ÀS FAMÍLIAS: ELEMENTO FUNDAMENTAL DO PROGRAMA PRIMEIRA
INFÂNCIA MELHOR
As visitas às famílias constituem um momento muito oportuno para orientação e
compartilhamento com essas, quanto às suas experiências. É quando se poderá observar o
ambiente familiar e a qualidade das relações afetivas em que a criança se desenvolve. Em vista
disso, os aspectos mais particulares das famílias devem fazer parte do conteúdo da capacitação
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de todos os Visitadores, mais especificamente daqueles que trabalham com famílias de crianças
de 0 até 3 anos de idade e gestantes.
2.3 PRIMEIRAS VISITAS
As primeiras visitas em que são expostas informações sobre o Programa são decisivas
para o sucesso de sua implantação. A disposição da família em se incorporar ao mesmo
dependerá, em grande parte, da conscientização desta sobre a importância do Programa, das
possibilidades de sua realização e, sobretudo, da forma respeitosa e agradável com que o Grupo
Técnico Municipal, Monitor e Visitador apresentam-se à família.
Nessa ou em outras visitas (podem ser necessárias mais de uma para obter a adesão das
famílias), o Visitador apresentará o Programa Primeira Infância Melhor, ou seja, esclarecerá
sobre os benefícios que este pode trazer para o desenvolvimento das crianças e dará sugestões
às famílias com a finalidade de orientá-las quanto a esse processo. Isso faz com que se sintam
motivados, ao mesmo tempo em que compreendem que realmente não existem dificuldades
para a realização das atividades, comprometendo-os, então, com o Programa.
Igualmente, será possível obter informações valiosas sobre aspectos importantes para a
realização do trabalho. Por exemplo: quantas pessoas integram o núcleo familiar; o espaço que
a criança ocupa na família, a forma como a família se relaciona entre si e com a criança – de
forma afetuosa ou não – as condições da moradia, entre outros. Por meio dessas informações,
será possível a constituição do Marco Zero, ou seja, a elaboração de um diagnóstico inicial do
desenvolvimento da criança, antes do início das atividades propostas pelo Programa.
Na implantação do Programa Primeira Infância Melhor são utilizadas duas modalidades,
a Modalidade de Atenção Individual e a Modalidade de Atenção Grupal.
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III– ENTENDENDO AS MODALIDADES DE ATENÇÃO
3.1 MODALIDADE INDIVIDUAL
A sua execução está destinada às famílias com crianças de 0 a 2 anos e 11 meses de idade,
bem como às gestantes vinculadas ao Programa. Nesse contexto, as atividades e orientações
elaboradas pelo Visitador são oferecidas às famílias, dirigindo-se sempre e primeiramente aos
cuidadores para que esses então desenvolvam o trabalho proposto com suas crianças, permitindo
a consolidação do vínculo familiar e o comprometimento dos pais para com seus filhos. No
caso da gestante, as orientações serão dirigidas primeiramente a ela e depois aos familiares. A
periodicidade é quinzenal, sendo esta intercalada entre uma Modalidade Grupal à Gestante e
uma Reunião Comunitária.
A Modalidade para as crianças de 0 até 3 anos de idade é realizada semanalmente, na
residência da família. Sua duração é de aproximadamente uma hora, contemplando três
momentos fundamentais: o momento inicial, com a retomada da atividade anterior e orientação
da atividade do dia; o segundo momento, com a execução da mesma e, o terceiro momento, com a
avaliação e orientação para o desenvolvimento da(s) atividade(s) durante a semana.
a) Primeiro Momento/Momento Inicial
É aquele no qual o Visitador retoma com a família ou gestante as orientações da atividade
anterior e, de forma breve e simples, explicita as atividades que serão realizadas no dia. Em
relação às crianças e suas famílias, o Visitador apontará quais aspectos do desenvolvimento
serão favorecidos com a atividade proposta e com a gestante, quais os benefícios da atividade
para a dupla mãe e/ou cuidador/bebê.
b) Segundo Momento/Momento da Atividade em Si
O Visitador, de forma motivadora, desenvolve com a gestante ou com o cuidador e a
criança a atividade que planejou (a partir do Marco Zero). É nesse momento que o Visitador
tem a oportunidade de “observar” o modo como a criança realiza a atividade, como se expressa,
como se relaciona e se apresenta alguma dificuldade na execução. É possível perceber, ainda,
se a família dá continuidade às atividades de estímulo à criança, realizando ou não o trabalho
sistemático proposto pelo Visitador anteriormente. O mesmo ocorre com relação às atividades
da Modalidade de Atenção à Gestante.
c) Terceiro Momento/Momento Final
É quando o Visitador avalia com a família o que foi observado referente ao desempenho
da criança durante a atividade. Nesse momento, a família também poderá expressar suas
opiniões e dúvidas, tanto relacionadas à atividade realizada quanto às orientações dadas pelo
Visitador para serem desenvolvidas durante a semana. Ainda é trabalhado pelo Visitador,
familiares e a criança, a reorganização do ambiente. Com a gestante, as atividades e orientações
serão também avaliadas tanto pelo Visitador como por ela e seus familiares.
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3.2
MODALIDADE GRUPAL
Esta modalidade é dirigida às famílias com crianças de 3 até 6 anos de idade, bem como às
gestantes, sendo realizadas uma vez na semana e uma vez no mês, respectivamente. Por este
motivo, são denominadas atividades grupais, as quais podem ser desenvolvidas em locais como:
associações comunitárias, salões paroquiais, parques infantis, ambientes espaçosos das próprias
casas, entre outros.
O objetivo da Modalidade Grupal é auxiliar de maneira positiva o desenvolvimento das
crianças, socializando-as, além de orientar as famílias para que continuem motivando as crianças
com os conteúdos do Programa em suas próprias casas, sendo fundamental que sejam
desenvolvidas brincadeiras como os jogos infantis de faz-de-conta.
A Modalidade Grupal com as gestantes tem como objetivo maior oferecer informações
relevantes sobre esse período, como por exemplo: a importância do amamentar, o parto, entre
outras, além de promover a socialização e trocas de experiências.
Também se compõe de três momentos:
a) Primeiro Momento/Momento Inicial
Organização e criação de condições necessárias para a realização da Modalidade.
Utilização de material didático.
Promover a alegria das gestantes, famílias e suas crianças e a motivação para realizarem
atividade(s).
Orientação às famílias gestantes sobre o que fazer, como fazer e por quê.
b) Segundo Momento/Momento da Atividade em Si
Promoção de um clima favorável para a atividade.
Facilitação das relações entre as famílias e as crianças.
Na modalidade dirigida à família e criança, promover a participação de famílias e
crianças na atividade.
É muito importante considerar as diferenças entre as faixas etárias das crianças, ou
seja, o que se pode esperar de cada etapa do desenvolvimento infantil.
c) Terceiro Momento/Momento Final
Retomada, análise e valorização dos resultados em função dos objetivos da atividade;
Orientação às famílias e gestantes sobre a continuidade das atividades em suas casas,
de acordo com a faixa etária da criança e com o trimestre da gravidez.
3.3 VISITAS DE ACOMPANHAMENTO
Além das duas Modalidades de Atenção (Individual e Grupal), devem ser realizadas Visitas
de Acompanhamento junto às famílias com gestantes e crianças na faixa etária de 0 até 6 anos para
evitar possíveis “déficits” apresentados pela criança. Nessas visitas, os familiares recebem
orientações sobre como realizar as atividades, como utilizar objetos da vida cotidiana para
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brincar com a criança; como elaborar alguns materiais didáticos, bem como identificar o nível
de satisfação das crianças, de seus familiares e gestantes, com relação ao Programa.
A metodologia do Programa Primeira Infância Melhor tem como pressuposto básico o
fato de que crianças com potencialidades promovidas e desenvolvidas, por meio do auxílio dos
pais ou cuidadores, com respeito, amor e dedicação, alcancem o objetivo proposto quanto aos
ganhos no seu desenvolvimento integral.
Sendo assim, a Visita de Acompanhamento é um importante momento também para a
realização do processo de avaliação do desenvolvimento infantil – trimestral, para crianças de 0 a
1 ano e anual, para as demais faixas etárias até 6 anos de idade incompletos.
3.4 REUNIÕES COMUNITÁRIAS COM AS GESTANTES
É um trabalho coordenado e realizado pelo Programa de Saúde da Família - PSF ou
Secretaria Municipal de Saúde, com o apoio do Programa Primeira Infância Melhor, através do
GTM, no qual são realizadas palestras e/ou oficinas ao grupo de Gestantes, sobre temas relativos
à gestação, à amamentação, ao puerpério, dentre outros, sob um enfoque fisiológico e
interdisciplinar repassado pela equipe de Saúde.
O Programa Primeira Infância Melhor participará destas ações, mantendo a organização
pré-estabelecida pela equipe que coordena este trabalho mensal com as gestantes, sendo
imprescindível a presença de um representante do GTM, Monitor e os Visitadores responsáveis
pelas atividades com as gestantes.
3.5 ATIVIDADE COMUNITÁRIA
Baseia-se no trabalho com a participação dos diversos grupos e segmentos da comunidade,
tendo como objetivo melhorar a qualidade de vida da população, estreitar as relações sociais
entre todos os membros da comunidade e motivar as famílias para outras formas de
entretenimento e enriquecimento pessoal.
Caso não haja disponibilidade ou mobilização por parte da comunidade, a equipe
municipal (GTM, Monitor, Visitador e Comitê Municipal) deverá incentivar essa atividade.
Para o desenvolvimento da atividade comunitária, são importantes alguns requisitos:
Levantamento das necessidades, hábitos, costumes e interesses.
Levantamento dos recursos da comunidade.
Planejamento conjunto (Secretarias, Comitê, Coordenadorias e parceiros).
Ampla divulgação das atividades propostas.
Envolvimento da própria comunidade.
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IV– DESTACANDO ASPECTOS RELEVANTES PARA A EXECUÇÃO DO PROGRAMA PRIMEIRA INFÂNCIA MELHOR
4.1
UTILIZAÇÃO DE VIAS INSTITUCIONAIS EQUIVALENTES PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA
O período inicial da vida da criança, desde o nascimento até seu ingresso na escola,
constitui-se uma etapa fundamental do seu desenvolvimento. Nessa fase, a criança aprende a
caminhar, a falar, a conhecer e utilizar objetos que a cercam e a comportar-se e relacionar-se
com os adultos ou com outras crianças. Para um adequado desenvolvimento, a educação que a
criança recebe desempenha um papel fundamental, pois desta dependem os avanços importantes
que devem ocorrer em cada período evolutivo.
As crianças que freqüentam a rede escolar são atendidas por profissionais qualificados e
dentro de um programa especialmente elaborado para favorecer seu desenvolvimento. A
educação das crianças que não freqüentam tais instituições acontece em casa e sua qualidade
depende, em grande parte, do nível de formação que a família possui e de sua maior ou menor
preparação para oferecer à criança a atenção que precisa.
Para o desenvolvimento integral dessas crianças é que surgem outras alternativas,
conhecidas como vias institucionais equivalentes. Essas, a partir da realidade da família, preparamna para que tenham melhores condições de assegurar que seus filhos cresçam mais felizes e
mais realizados, mediante o desenvolvimento de suas potencialidades.
O Programa Primeira Infância Melhor é um programa para a família, dirigido ao
desenvolvimento integral da criança. São oferecidas à família/gestante orientações quanto aos
cuidados que as crianças devem receber, através de materiais especialmente elaborados,
denominados – Guia da Família e Guia da Gestante. Neste, são recomendadas as atividades
necessárias para estimular o desenvolvimento, desde a gestação até os seis anos de idade.
Diversas investigações já demonstraram que a realização sistemática dessas atividades
contribui para o desenvolvimento das crianças, estimulando-as para que cresçam sadias, felizes
e rodeadas de carinho e compreensão por parte daqueles que têm a responsabilidade de criálas: seus pais e familiares mais próximos.
As crianças têm na família a primeira escola e, nos pais, os primeiros educadores. É
necessário que esses pais estejam preparados para que, com amor, favoreçam o desenvolvimento
adequado de seus filhos.
De modo simples e agradável, o Programa Primeira Infância Melhor orienta e incentiva a
família sobre como ajudar e participar de forma mais efetiva do desenvolvimento de seus filhos,
informando sobre o que se pode e se deve alcançar em cada momento. Possibilita também que
conheçam, mediante avaliações de fácil entendimento e execução, como a criança progride e
como a gestante deve conduzir sua gravidez.
4.2
A TEORIA E A PRÁTICA DAS VIAS INSTITUCIONAIS EQUIVALENTES DE
DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E SEUS MÉTODOS DE TRABALHO
Estratégias para realizar um trabalho efetivo:
Como alcançar uma boa divulgação comunitária do programa?
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Como sensibilizar e convencer os pais quanto à importância da estimulação para um
desenvolvimento integral?
Quais os meios mais efetivos de orientação dos pais sobre o desenvolvimento de seus
filhos?
Quais os métodos para ensiná-los a elaborar materiais necessários que estimulem o
desenvolvimento das crianças, aproveitando os recursos naturais e/ou sucatas?
4.2.1 Desenvolvimento no período inicial da vida da criança
Inclui conhecer e saber sobre as particularidades do desenvolvimento e as necessidades
básicas das crianças, tais como:
A importância do desenvolvimento pré-natal e perinatal da criança.
O desenvolvimento irregular da criança, que tem mudanças rápidas (crises) e mudanças
lentas (etapas).
Cada etapa requer métodos próprios de orientação e educação; as formas deverão variar
para a atenção e estimulação da criança.
O desenvolvimento apropriado da criança requer que suas necessidades básicas
(biológicas, orgânicas e psicológicas) sejam satisfeitas.
A importância de satisfazer essas necessidades com muito carinho, respeito e
compreensão.
4.2.2 Condições que estimulam o desenvolvimento das crianças
Os métodos e procedimentos a serem utilizados na estimulação do desenvolvimento devem
estar de acordo com a idade da criança em relação à sua atividade fundamental e àquelas outras
atividades que venham a contribuir para o seu desenvolvimento.
Há necessidade de que, no processo de aprendizado, a criança desempenhe papel ativo,
formando sua própria base de orientação e o adulto atue como facilitador de seu
desenvolvimento. Para isto, é importante a existência de um ambiente de comunicação afetiva
positivo, em que as atividades sejam realizadas em forma de brincadeiras e se utilizem objetos
e materiais do mundo que a cerca.
É importante reconhecer e compreender noções básicas sobre:
Aspectos elementares do crescimento e desenvolvimento da criança.
Particularidades da sua alimentação e necessidades nutricionais (grupos básicos de
alimentos: proteínas, carboidratos, vitaminas).
Medidas básicas de higiene, bem como a importância de uma rotina de vida adequada.
Importância das ações básicas de saúde na prevenção de doenças.
Medidas de segurança no ambiente doméstico e na comunidade para evitar os acidentes.
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V– DEFININDO CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA O DESENVOLVIMENTO
INTEGRAL DE CRIANÇAS DE 0 ATÉ 6 ANOS DE IDADE
5.1 A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
A saúde é o equilíbrio entre o organismo do indivíduo e seu meio. Está diretamente ligada
à qualidade de vida, ao bem-estar físico, psíquico e emocional, e não apenas a uma ausência de
enfermidade. Corpo e mente constituem, pois, uma unidade para o sentido e a vivência, tanto
do adoecer quanto da saúde, e ambos interferem no equilíbrio humano de modo fundamental.
A educação, a saúde e a formação de hábitos são necessários desde a primeira infância. É
imprescindível o conhecimento geral do desenvolvimento do organismo infantil, sabendo que
existem particularidades individuais e “períodos críticos” em que só nesses momentos, conforme
a idade, deve e pode ser realizada uma ação educativa. A fase do desenvolvimento infantil
apresenta alterações e modificações de estrutura e funcionamento de todos os sistemas e esses
devem ser conhecidos e estudados como um processo de evolução contínua.
Uma criança amada, bem-cuidada e alimentada, que é tratada com respeito e carinho, que
recebe orientações claras, limites justos e firmes, tem maiores chances de desenvolver seus
potenciais intelectuais e emocionais de modo mais seguro e produtivo.
a) Quando se iniciam o crescimento e o desenvolvimento da criança?
Muito antes de seu nascimento, já na vida intra-uterina, iniciam-se as primeiras percepções
do bebê; tem início a formação do vínculo mãe/bebê – bebê/família.
Esse vínculo é gradativo, necessita de tempo, compreensão e amor. Por vezes, algumas
mães e pais sentem-se constrangidos em conversar com uma “barriga”, não acreditando que
aquele pequeno ser tenha capacidade de sentir e até de perceber determinadas situações. Esse
equívoco deve ser desfeito, pois o bebê está diretamente ligado a tudo o que a mãe pensa, sente
e fala, ele capta todas as emoções maternas.
Portanto, os cuidados com o bebê não devem restringir-se ao fisiológico, à alimentação, à
higiene pessoal, do ambiente etc. É de extrema importância para o desenvolvimento deste bebê
a boa relação emocional com a mãe e familiares. O sentir-se amado e desejado propicia o
desenvolvimento saudável do bebê.
Já no momento da concepção, o ser humano inicia sua trajetória como indivíduo singular
e único. No período da gestação, quando no útero materno, todos os processos e funções vitais
do futuro bebê, como a alimentação, a respiração, a defesa, entre outros, estão em formação e
em completa dependência do organismo materno. Igualmente vinculado à futura mãe encontrase sua estabilidade psicoafetiva. Nessa fase é comum que a gestante passe por um período de
significativas mudanças físicas e emocionais. Estas últimas, comumente de grande labilidade –
instabilidade emocional com alternância de estados de alegria e tristeza, afetam também o bebê
que carrega no ventre que, de algum modo, “capta” seu estado de humor, angústia, alegria ou
sofrimento. Se a gestante estiver emocionalmente tranqüila e em boas condições físicas de saúde,
seu filho nascerá com maiores condições para um desenvolvimento saudável e feliz.
Esse período, então, exige cuidados para com a futura mamãe e estão diretamente
relacionados à saúde de ambos: mãe e bebê.
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b) O que acontece no nascimento
Uma vez ocorrido o parto, significativas alterações acontecem na relação do bebê com o
mundo exterior. Agora a criança também depende dos cuidados do adulto, que terá que suprir
suas necessidades, proporcionar-lhe afeto, dedicar-lhe tempo, dar-lhe suporte e estímulo
necessário para ampliar cada vez mais suas experiências e, sobretudo, criar um ambiente de
calma e tranqüilidade para cada etapa de seu desenvolvimento.
Ao conhecer bem a criança, pode-se melhor cuidar e desenvolver suas potencialidades.
Ao nascer, esta traz consigo uma série de reflexos incondicionados que lhe permitem
viver e criar condições para sua vida futura, e estes são: a sucção, a deglutição, a respiração e os
reflexos tônicos, que ainda são primitivos, mas a partir dos quais se desenvolvem novas conexões
nervosas cada vez mais complexas, que dão lugar aos chamados reflexos condicionados. Esses,
por sua vez, estabelecem-se por meio de ações sistemáticas e estimuladoras das diversas
atividades que o adulto desenvolve com ela.
Muitas mães preocupam-se porque a criança não quer dormir, ou não quer comer, mesmo
quando lhe oferecem alimento. Às vezes, desconhece-se que é preciso estabelecer uma ordem
nas atividades diárias para obter-se melhores resultados.
O fato de estabelecer hábitos na vida diária da criança, permite que seja introduzido um
regime de satisfação de suas necessidades básicas o que, sem dúvida, favorece um melhor
funcionamento do seu organismo e de sua conduta.
Os estados de sono e vigília, e a alimentação devem suprir o regime diário, organizando
sua vida de acordo com uma ordem determinada, em que a atividade precedente estimula e
favorece o surgimento da seguinte. Por exemplo, se a criança for acostumada a banhar-se depois
de tomar sol, o banho será saudável; se tiver o hábito de dormir depois de sua alimentação, já
durante o banho iniciarão os movimentos gástricos que despertarão seu apetite, e, ao satisfazer
sua necessidade de alimentação, surgirá novamente sua próxima necessidade: o sono.
Isto quer dizer que cada vez que for estabelecido um regime diário de vigília, alimentação
e sono, sempre serão mantidos esses processos habituais; cada atividade precedente estimulará
o surgimento da atividade seguinte. Desta forma, a assimilação do horário de vida favorece o
bem-estar e a saúde da criança e permitirá à mãe organizar adequadamente a vida de seu filho,
o que terá uma repercussão em seu sistema nervoso e digestivo.
c) Como é o Sistema Osteomuscular e o Sistema Imunológico da criança
O sistema osteomuscular é imaturo e grande parte dele é formado por tecido cartilaginoso,
o que lhe permite mobilidade e flexibilidade. Os músculos não estão bem desenvolvidos; a
força e a resistência só irão aumentar com a idade.
Ao final da etapa infantil é que se fortalecem a maioria dos ossos, sobretudo os da coluna
vertebral.
Tudo isto é importante para que os adultos que cuidam da criança saibam do cuidado que
se deve ter com a postura do bebê quando este é carregado ao colo, quando é colocado sentado
ou encostado ou quando permanece parado ou caminhando, pois se não houver o cuidado
necessário, poderão ocorrer desvios na etapas posteriores do desenvolvimento.
O sistema imunológico ou de defesa também mostra imaturidade em seus mecanismos, o
que propicia o surgimento de determinadas enfermidades nesse período, devido a uma grande
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susceptibilidade para infecções, sobretudo se não houver hábitos de higiene adequados.
Exemplo: diarréia, infecções respiratórias e outras.
Os sistemas respiratório e cardiovascular também se encontram sob a influência
ininterrupta do processo de crescimento e desenvolvimento; é necessário saber que as funções
dos diferentes órgãos só se aperfeiçoam à medida que a criança cresce. Uma vez exposta a
estímulos agressivos desfavoráveis do meio (estresse, ar contaminado, habitação em local pouco
ventilado) podem levar à ruptura do equilíbrio que permite à criança viver com saúde.
É muito importante que a família saiba que as enfermidades que surgem na idade infantil
têm muita relação com a higiene pessoal, com a alimentação que recebe e com o meio onde a
criança se desenvolve.
No primeiro ano de vida as enfermidades mais freqüentes são:
Diarréias.
Doenças parasitárias.
Infecções respiratórias agudas (bronquite, amigdalites, e otites).
A partir do primeiro ano de vida podem aparecer:
Infecções respiratórias agudas.
Diarréias.
Doenças parasitárias.
Doenças de pele (impetigo e pediculoses).
Doenças ortopédicas.
Existem muitas outras doenças que se reportam à idade infantil, mas não são freqüentes.
Entre estas temos:
Doenças de olhos.
Doenças de ouvido.
Anemia.
As doenças eruptivas da infância são:
Sarampo.
Rubéola.
Catapora.
Tais doenças já não são freqüentes em nosso Estado e País, pois uma grande parte da
população infantil está imunizada contra essas.
É importante alertar aos adultos sobre algumas situações que, mesmo não sendo doenças, ocorrem
com freqüência nesta idade e podem ser evitadas com relativa facilidade. Trata-se dos acidentes, que em
muitas ocasiões podem ser causa de invalidez ou morte. Nesse sentido, é utilizado o termo “injúria grave”,
porque está relacionado a situações de negligência do adulto cuidador.
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Os acidentes mais freqüentes são as quedas, os ferimentos, as queimaduras, as asfixias e
as intoxicações por produtos químicos ou medicamentos. Portanto, faz-se necessário que os
adultos que cuidam de crianças saibam de uma série de medidas que contribuem para evitar
acidentes:
Não deixar objetos cortantes ou pontiagudos ao alcance de crianças.
Evitar os acessos à cozinha ou lugares onde hajam recipientes quentes.
Guardar em lugares altos e seguros os medicamentos ou frascos com produtos tóxicos.
Ter bem tampado e fora do alcance das crianças recipientes com água ou outros líquidos.
Proteger as tomadas de luz evitando que a criança toque ou introduza objetos.
Manter equipamentos e fios elétricos longe do alcance das crianças.
Ter móveis, estantes ou objetos colocados de maneira que as crianças não possam subir.
Devem lembrar e insistir nas medidas higiênicas que devem ser estabelecidas na vida da
criança, já que essas representam uma série de hábitos que contribuem para a sua saúde. Essas
medidas estão agrupadas da seguinte forma:
Higiene pessoal da boca, mãos, unhas, pele e roupa.
Higiene ambiental da casa, escola etc.
Higiene social do meio em que se desenvolve a criança, suas relações familiares, culturais
etc.
d) Higiene dos alimentos
Existem medidas específicas para se evitar as doenças mais freqüentes que aparecem na
infância e que estão relacionadas a uma via de transmissão.
Para prevenir as enfermidades diarréicas e o parasitismo intestinal, que ocorrem mediante
o contato com alimentos e água contaminados por fezes, devemos orientar a família da seguinte
forma:
Manter o adequado controle sanitário da água e dos alimentos.
Criar e manter o hábito de lavar as mãos antes de ingerir alimentos e depois de utilizar
o vaso sanitário.
Manter limpos e bem tampados todos os utensílios, brinquedos e outros objetos que a
criança possa levar à boca.
Combater a presença de moscas, baratas e outros insetos transmissores de doenças.
Depositar os restos de alimentos e o lixo em recipientes tampados.
Manter os animais domésticos afastados da casa ou dos locais onde fica a criança.
No caso das afecções que se transmitem por via nasobucal, por contato com outra pessoa
doente, como as infecções respiratórias agudas, deve-se:
Manter isolada, a pessoa enferma, da criança.
Manter os locais ou habitação da criança bem ventilados.
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Higienizar os objetos e utensílios pessoais como copos, jarras, louças etc.
Manter em dia a higiene dos espaços nos quais a criança costuma permanecer.
e) Importância da alimentação adequada nos primeiros anos de vida da criança
Deve-se insistir e educar as mães para a importância de se alimentar o recém-nascido com
leite materno, informando-as sobre as vantagens que esta alimentação proporciona ao bebê.
Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, o aleitamento materno deve ser exclusivo
até os seis meses e recomendado até os 2 anos de idade, intercalado com outros alimentos da
criança.
Algumas das vantagens do aleitamento:
É o alimento ideal para o crescimento e desenvolvimento. Possui as quantidades
apropriadas de carboidratos, proteínas, gordura e outros nutrientes essenciais para o
bebê.
Está sempre fresco, na temperatura ideal, livre de bactérias e pronto para beber.
Contém anticorpos que melhoram o sistema imunológico, protegendo o bebê contra
infecções.
É mais facilmente digerido.
O bebê tem menos chances de ser alérgico ao leite materno, principalmente se consumiu
o colostro (a primeira secreção do seio após o parto).
O bebê é menos propenso a ser alimentado em excesso.
É mais barato.
É mais prático. Não tem necessidade de lavar e esterilizar mamadeiras e bicos.
Amamentar ajuda o útero a voltar ao tamanho normal.
Quase todas as mulheres são capazes de amamentar no seio.
Ajuda a mãe a perder o seu excesso de peso mais fácil e rápido.
Diminui os riscos de câncer no seio.
Promove uma relação efetiva e profunda entre mãe e filho.
Um ótimo estado nutricional favorece a saúde ao predispor o desenvolvimento psíquico e
fisiológico satisfatório da criança, ao fortalecê-la e aumentar sua capacidade de resistência às
doenças.
O corpo da criança trabalha como o corpo do adulto, produzindo, armazenando,
registrando ou reparando. Além disto, tem outra função importante: o crescimento. O corpo das
crianças aumenta de tamanho dia a dia; por isso, a alimentação é especialmente importante.
Sem alimento sadio não há corpo sadio; sem corpo sadio, não há inteligência, crescimento, nem
criança feliz.
O apetite é um bom indicador do estado de saúde da criança e a aceitação dos alimentos
por ela não depende apenas de sua preparação, mas também do amor, cuidado, atenção, respeito
e exemplo que lhe são oferecidos. Em algumas ocasiões, o apetite pode ser afetado por:
Estímulos fortes que podem distraí-los para outros objetivos.
Tensão emocional.
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Doenças agudas.
É necessário que isto seja percebido pelo adulto que cuida da criança e que se preste atenção
em sua alimentação, delimitando assim as causas de sua inapetência.
f) O que são nutrientes e para que servem?
São matérias-primas que o corpo humano necessita para viver, para funcionar diariamente,
para fortalecer-se e desenvolver-se, para aprender, para desenvolver a imaginação e para
construir.
Nem tudo que se come é nutritivo, daí a importância de se orientar na escolha e balancear
a alimentação da criança.
Proteínas: contribuem para a construção e reconstrução das células que formam os órgãos
e aparelhos como o cérebro, o estômago, os pulmões e são encontradas nas carnes, leites, ovos
e legumes, entre outros.
Carboidratos: sua função é energética e é por meio deles que o corpo obtém a energia que
necessita para movimentar-se. São encontrados, entre outros, nas farinhas e nos açúcares.
Gorduras ou lipídios: sua função é energética, distinguindo-se dos carboidratos por
constituírem combustível de reserva, depósito ou armazenamento de energia. São encontrados
no leite integral e seus derivados como a manteiga e o queijo, além do abacate e dos óleos de
milho e girassol.
Vitaminas: sua função é a de regular o metabolismo. As vitaminas são encontradas nas
frutas, nos vegetais e no leite. Algumas vitaminas perdem suas propriedades quando recebem
a luz do sol ou quando aquecidas ou resfriadas em demasia, por isto é recomendável espremer,
descascar, partir ou picar as frutas um pouquinho antes de servir. É melhor comê-las cruas
sempre que possível.
Minerais: sua função é reguladora; fazem parte do organismo e participam das funções
das células do nosso corpo. O cálcio é um mineral indispensável para o crescimento das crianças
e o ferro necessário para a formação dos glóbulos vermelhos, que transportam o oxigênio no
sangue, prevenindo assim a anemia.
Água: sua função é promover o equilíbrio dos demais nutrientes e regular a temperatura.
Todos os alimentos contêm água. Sem água não se pode conservar a vida.
A alimentação humana não é constituída de nutrientes puros, portanto convém orientar
quanto a sua combinação para que se possa conseguir uma dieta nutritiva e balanceada.
g) Como cuidar da saúde bucal
Muitas pessoas não sabem que os cuidados com a saúde da boca da criança começam com
orientações de saúde à gestante. É muito importante que a mãe saiba da importância de se
manter saudável.
A manutenção da saúde bucal depende de fatores, como a higienização dos dentes e de
uma dieta adequada. Por isto, a função do visitador é orientar quanto às causas das principais
doenças que ocorrem na cavidade bucal e os cuidados básicos para evitá-las, como por exemplo:
cárie x açúcar; doença da gengiva x higiene da boca.
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O uso dos alimentos açucarados nas mamadeiras – açúcar, mel e achocolatados –
principalmente na hora de a criança adormecer, pode levá-la a ter a chamada “cárie da
mamadeira”. Os bebês não conhecem o açúcar até que este seja incluído em sua dieta. Pais/
cuidadores devem ser orientados sobre os prejuízos causados com a utilização de açúcares e
adoçantes naturais tanto na mamadeira quanto na chupeta ou bico.
“Consumo inteligente do açúcar” é o termo que define a maneira mais adequada de se
ingerir doces sem ter cáries. Consiste em evitar sua ingestão entre as refeições, e ou
preferencialmente associá-lo a outros alimentos, poucas vezes ao dia.
Para se ter dentes e gengivas sadios é preciso escovar os dentes e fazer uso do fio dental.
As sugestões para uma higiene eficaz são:
• Escovar o lado de dentro (que fica em contato com a língua e o céu da boca) e a parte
dos dentes que ficam junto à bochecha.
• Realizar movimentos de vaivém nos dentes do fundo, ou seja, na parte onde se mastiga.
Usar o fio dental passando-o de forma delicada entre o dente e a gengiva (mesmo que
esta sangre) para limpar os locais onde a escova não alcança. Quando não houver fio
dental, este pode ser substituído por linha de carretel não muito fina.
Outro material que pode ser utilizado é a ráfia transparente, de embalagem de batata,
cebola ou laranja, quando bem limpo. Até uma pequena tira de sacola plástica ou de saco de
leite pode ser adaptado como fio dental.
É importante informar também que durante a gravidez pode ocorrer sangramento e inchaço
da gengiva por causas hormonais, sendo por isto importante manter uma excelente higiene
bucal. O bebê não “rouba” o cálcio dos dentes da mãe e uma quantidade maior de cáries que
possam vir a ocorrer deve-se a modificações nos hábitos alimentares (aumento do consumo de
doces, por exemplo) e o descuido com a higiene da boca. Por essas razões, a gestante deve
consultar o dentista para tratar e/ou prevenir esses problemas ao se dirigir à Unidade Básica
de Saúde para fazer o pré-natal.
Quando o bebê estiver próximo dos seis meses de idade, podem aparecer os sinais de
nascimento dos primeiros dentinhos, e os sintomas podem aparecer juntos ou isolados, e são:
Salivação aumentada.
Agitação durante o sono.
Aumento da temperatura, ou seja, febre.
Eventuais diarréias.
Deve-se prestar atenção, porque esses sintomas poderão aparecer sem que estejam ligados
ao surgimento da primeira dentição do bebê.
Os primeiros dentes que aparecem são os dois inferiores, bem da frente. Até os 11 meses
surgirão os dois superiores. Nesse período deve ser iniciada a higiene dos dentinhos (a
alimentação já pode deixar seus resíduos), o que pode ser feito com o uso de uma fralda úmida
enrolada no dedo.
Em torno dos dois e três anos de idade a criança pode habituar-se a escovar os dentes com
a orientação dos adultos cuidadores, o que pode ser feito da seguinte maneira:
Passar uma escova macia na superfície externa (lado de fora), e parte interna (oclusal),
a que mastiga, dos dentes da frente e detrás.
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Utilizar pouca pasta dental na escova (o equivalente ao tamanho de uma lentilha).
Cuidar para que a criança não engula a pasta dental, pois esta contém flúor, e seu
excesso pode causar manchas brancas nos dentes permanentes. Aconselha-se que pelo
menos a escovação da noite deva ser feita pelo responsável até a idade de a criança ir à
escola.
Entre os cinco e seis anos de idade nascem os primeiros molares permanentes atrás dos
últimos dentinhos, sem que caia nenhum dente de leite. Por isto é confundido com
outro dente de leite, às vezes tendo a higiene negligenciada. Comumente são os dentes
que mais apresentam cáries.
Nessa fase consolidam-se os hábitos alimentares; assim, é importante continuar oferecendo
alimentos saudáveis, e sempre a menor quantidade de açúcar possível e junto às principais
refeições, evitando balas e outras guloseimas entre as mesmas.
É importante estimular o abandono do uso do bico, pois este entorta os dentes. Para isto
deve-se conduzir esta orientação de modo a não torná-la traumática para a criança. A maneira
mais adequada é ir modificando este hábito aos poucos, de modo que haja uma adaptação
progressiva à sua ausência.
As cáries dos dentes de leite podem causar dor e desconforto para a criança, diminuindo
a sua qualidade de vida e seu bem-estar. A cárie dental pode levar à perda precoce dos dentes
de leite, alterações nos dentes permanentes e influenciar em uma mudança da posição normal
do nascimento dos dentes.
Devemos lembrar que os dentes de leite são muito importantes e devem ser tratados com
o mesmo cuidado que os dentes permanentes.
5.2 A IMPORTÂNCIA DO ASPECTO SOCIOAFETIVO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Os primeiros anos de vida de uma criança constituem a base principal para o
desenvolvimento de todo o ser humano. Nesta etapa, todos os processos psíquicos (percepção,
pensamento, linguagem etc.) estão em formação. Para obtermos a qualidade futura desses
processos, a primeira condição é assegurar uma base sólida desde a gestação para, desta forma,
acompanhar desde o princípio as etapas do desenvolvimento infantil, o que deverá resultar
uma relação satisfatória e positiva da criança com o adulto.
O adulto é quem organiza a vida da criança e satisfaz suas necessidades básicas,
apresentando-lhe o mundo e dando-lhe condições de nele agir e se desenvolver. Partindo-se
desta idéia, deve-se insistir com os familiares e Visitadores para que entendam que nessa fase
da vida da criança, em especial nos seus 3 primeiros anos de vida, ela necessita basicamente da
atenção, do estímulo e do amor das pessoas responsáveis pelo seu cuidado.
Um afago, um sorriso, uma palavra carinhosa é o incentivo mais importante para o
bom desenvolvimento da criança.
Por esta razão, converse com os pais para que a todo o momento propiciem uma atmosfera
de amor e estreita relação com a criança. O afeto é uma condição indispensável para o seu
desenvolvimento. O carinho, a palavra afetuosa e o elogio merecido têm que estar presentes
nas diversas atividades que realizam com a criança. Dar exemplos de conduta também contribui
para construção de caráter e de gestos solidários.
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As primeiras etapas do desenvolvimento infantil caracterizam-se por incríveis descobertas,
conquistas motoras e intelectuais. Portanto, desde os primeiros momentos de sua vida, a criança
necessita de condições favoráveis que garantam o seu desenvolvimento integral. Para isto, os
Visitadores devem insistir com a família sobre a importância das atividades propostas pelos
Guias.
É importante saber que nessa fase a criança vive um momento de grande atividade motora.
Inicialmente, a criança ainda não é capaz de sustentar a própria cabeça. Gradativamente, à
medida que for amadurecendo, já será capaz de caminhar, correr, saltar e até escalar.
O Visitador tem o dever, por exemplo, de explicar aos pais que os exercícios físicos
propostos nos Guias exercem uma influência positiva sobre todas as funções do organismo
infantil. Auxiliam no desenvolvimento de seus ossos, de sua musculatura, de seu sistema
cardiovascular, assim como na correta formação de sua coluna vertebral e pés, que são os suportes
de todo o corpo. Também fortalecem os músculos que participam na respiração fazendo com
que esta torne-se mais profunda e rítmica. Em resumo, contribuem para tornar seu organismo
mais forte e mais sadio.
Os exercícios físicos, portanto, constituem um dos meios que ajudam no desenvolvimento
da motricidade nas etapas iniciais da vida infantil, especialmente no seu primeiro ano.
Na execução dos exercícios físicos, deve-se dar atenção ao que segue:
Que sejam realizados em lugar ventilado.
De preferência, antes do banho e de 30 a 45 minutos após ter ingerido qualquer alimento.
Sobre uma superfície plana, mesa ou piso, coberta com uma toalha dobrada.
O domínio do caminhar até o final do primeiro ano de vida, constitui um momento
significativo no desenvolvimento da
capacidade motora da criança. Sobre
essa base, aproximadamente aos dois
anos de idade, começam a formar-se
habilidades motoras mais complexas
e aparecem novas formas de movimento: o salto, a corrida e a escalada.
Os Visitadores devem orientar a
família para que os exercícios dessas
habilidades sejam realizados em forma
de brincadeiras (Ex. “vamos caminhar
como um gatinho”, “voar como aviãozinho”, “saltar como um coelhinho”).
Essas são propostas que criam um
ambiente favorável para que a criança
realize prazerosamente e, de maneira
satisfatória, os movimentos. Realizar
os exercícios acompanhados de
canções ou instrumentos musicais que
marcam o ritmo, resulta também em
motivações para a criança.
É essencial que a família entenda
que esses exercícios não devem ser
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impostos à criança, e, sim, devem atender, principalmente, ao seu desejo e interesses. Se a criança
estiver feliz e interessada no que está fazendo, os resultados serão mais eficazes.
À medida que as crianças avançam em idade e desenvolvimento, os exercícios devem ter
estímulos mais complexos. Os exercícios de equilíbrio, de engatinhar, de arrastar e escalar, são
próprios para essas idades e aceitos pelas crianças com muito entusiasmo.
É importante que o adulto realize os exercícios junto com a criança para que se
estabeleça um momento de cumplicidade, fortalecendo a relação de ambos.
Como as crianças já começam a descobrir diferentes formas de atuar com o corpo e de
mover-se no espaço, pode-se enriquecer os exercícios e as brincadeiras que são realizadas. Por
isto, é importante que os Visitadores e os pais proporcionem alguns meios ou recursos (cordas,
cordões, tábuas, bolas etc.) para que as crianças tenham a oportunidade de repetir as brincadeiras
e exercícios aprendidos e variá-los conforme sua vontade, criando outros. Uma corda pode
servir para caminhar sobre ela, equilibrando-se, ou saltar de um lado para outro como um
coelhinho. Uma tábua ou banco de praça pode servir para caminhar com equilíbrio ou para
arrastar-se e passar por baixo.
A criança aprende pelas ações com os objetos que o adulto lhe apresenta.
Os pais devem saber que os exercícios e as brincadeiras de movimento não precisam ser
realizados apenas em um dia determinado, com hora marcada, mas também nos passeios e nas
saídas cotidianas, aproveitando todos os recursos oferecidos pela natureza e comunidade onde
vivem.
O desenvolvimento dos movimentos na criança, desde os primeiros momentos de vida,
ocorre em estreita relação com o desenvolvimento dos órgãos dos sentidos. Por isto, é importante
a estimulação sensorial, ou seja, da visão, da audição e do tato. Estimula-se a criança, por exemplo:
a) Quando são mostrados diferentes objetos e esses lhe despertam o interesse, os
acompanha com os olhos, tentando tocá-los e manipulá-los.
b) Quando ela escuta os sons do ambiente e tenta identificá-los ou quando lhe é pedido
que preste atenção no que está sendo dito.
c) Quando lhe é mostrada a diferença da superfície de um tecido e de uma lixa.
d) Quando aprende sobre as partes de seu corpo.
Os familiares devem saber que tudo isto é muito importante para desenvolver na criança
a sua própria percepção e do mundo que a rodeia.
A estimulação deve começar desde o nascimento.
Assim, é necessário que os pais conheçam a importância de conversar com a criança desde
os primeiros momentos, não importando se ela ainda não os entende, pois necessita escutar os
sons do idioma para diferenciá-los e aprender a falar. É importante lembrar que há múltiplas
ocasiões para conversar com o bebê, não apenas quando se brinca com ele, mas também no
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cotidiano quando são alimentados, limpos ou mudados de roupa. Inicialmente, não haverá
uma resposta, porém, pouco a pouco esta aparecerá: primeiro a criança vai se virar na direção
do som, depois será um sorriso, logo serão sons sem significado e mais adiante pronunciará,
sucessivamente, palavras e frases, que irão facilitar à criança a possibilidade de se comunicar
com os demais, expressando suas idéias e sentimentos. Cantar, para a criança, é um ótimo
estímulo para a linguagem e fortalecimento das relações.
O bebê se interessa, a princípio, pela pessoa que lhe fala e lhe sorri, porém, logo se
interessará por seus brinquedos e demais objetos ao seu redor. Esses objetos devem ser
chamativos pela cor e pelo som, lembrando que devem ser evitados os sons muito fortes porque
lhe provocarão medo ou rejeição.
É recomendável que, quando um bebê estiver no berço ou no cercado, sejam colocados
móbiles em local visível, a uma distância de aproximadamente 50 cm, preferencialmente com
os objetos voltados para a criança. Existem diversos tipos de móbiles e muitos deles podem ser
confeccionados com facilidade em casa.
Quando a criança está próxima de completar seu primeiro ano de vida, demonstra um
interesse particular pelos objetos, e aprende com facilidade a bater com estes em alguma
superfície, a agitá-los e a atirá-los ao chão. Essas ações são, a princípio, muito simples e aos
poucos podem ser dificultadas quando, por exemplo, a criança é incentivada a abrir e fechar
diferentes tipos de caixas, a colocar uma sobre a outra, a guardar os objetos dentro de um
recipiente e depois os tirar. Assim, a criança aprende a relacionar os objetos e a desenvolver sua
atenção, percepção e raciocínio. Lembrar aos pais que, para estabelecer relações entre os objetos
ou suas partes, a criança deve:
Colocar um objeto sobre o outro.
Guardar e tirar.
Abrir e fechar.
Tampar e destampar.
Enroscar e desenroscar.
Encaixar.
É necessário saber que, para facilitar a realização dessas ações, é preciso não só colocar
brinquedos e outros objetos ao alcance da criança, mas também ensiná-la a interagir com eles e
logo incentivar para que o faça sozinha. É importante elogiar todas as suas tentativas, mesmo
que no princípio não consiga, pois logo chegará o momento em que conseguirá.
A família deve saber que essas ações não exigem meios sofisticados. Em qualquer lugar
há objetos de uso comum que podem ser utilizados (caixinhas, tampas e frascos com roscas).
Em cada atividade, deve-se considerar a complexidade da ação, passando-se da mais simples
para a mais complexa. Essas ações preparam a criança para fazer construções com blocos, caixas
ou cubos, que inicialmente serão muito simples, com dois ou três elementos. Mais adiante, a
criança poderá fazer construções mais complexas com três, quatro ou até seis cubos.
As crianças também aprendem a realizar ações nas quais utilizam diferentes instrumentos:
a colher, um dos primeiros objetos com que a criança entra em contato; a pá ou uma concha
para encher de areia um pequeno balde; um palito para aproximar um objeto; uma escumadeira
ou jarra para pescar objetos que flutuem na água etc.
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Todas essas ações com objetos contribuem para desenvolver as capacidades e
potencialidades das crianças.
Existem outras atividades que agradam as crianças e também contribuem
significativamente para o seu desenvolvimento, tais como: desenhar, modelar, rasgar, cortar e
amassar.
Deve ser explicado aos Visitadores e aos pais que, por volta dos dois anos, deve ser
oferecido às crianças lápis, giz de cera, carvão e papel para que desenhem a seu modo. No
início, os papéis serão grandes (como de jornal) para permitir-lhes movimentos amplos dos
braços, próprios desta idade. Aos poucos, na medida em que forem desenhando, ganharão o
domínio do lápis. Essa é uma atividade que, além de satisfazê-las, contribui para o
desenvolvimento dos movimentos da mão e prepara para o domínio posterior da escrita.
Inicialmente, a criança não tem intenção de representar nada no papel, apenas está se exercitando
para fazê-lo mais tarde. À medida que desenvolve sua capacidade representativa mental, ela
começa a ter motivação para desenhar. É importante que os pais saibam que, mesmo que não
consigam entender ou visualizar o que a criança disse ter desenhado, devem elogiar e mostrar
interesse pelo que for narrado.
Como a criança pode representar o que vê e o que conhece, na medida em que tiver mais
vivências e experiências com os objetos, fatos e fenômenos do seu meio, mais elementos
expressará através de seu desenho. Por isto, é muito importante convencer a família da
necessidade de colocá-la em contato com a natureza e com o mundo que a rodeia: plantas,
animais, elementos da natureza (chuva, sol, noite) pessoas e lugares.
É recomendável que a partir dos três anos a criança comece a modelar com massinhas,
argila, barro ou areia úmida, com os quais poderá criar, com suas próprias mãos, um mundo
fascinante de objetos, animais e pessoas. Igualmente, deve-se propiciar a oportunidade de
recortar, rasgar, dobrar e amassar. Todas essas são formas de trabalho manual, podendo ser
utilizado papel, tecido etc. Para recortar, deve-se oferecer para as crianças acima de quatro
anos, sempre que possível, tesouras pequenas com pontas arredondadas que se ajustem à mão
da criança e não lhe representem perigo. Além disso, enquanto a criança estiver executando
esta atividade é importante o cuidado de um adulto para que não ocorra nenhum acidente.
É importante salientar aos Visitadores e familiares que, se é desejado que a criança aprenda
a desenhar, modelar, rasgar, cortar e amassar, será necessário adequar o tamanho do papel ao
tamanho da palma da mão da criança. É preciso que ela tenha oportunidades para exercitar
essas habilidades, pois irá aprender e desenvolver-se à medida que puder explorar os objetos.
Deve-se ter presente também, que ela é capaz de concentrar-se durante um tempo mais ou
menos prolongado, na medida em que esteja interessada na atividade. A criança não deve ser
apressada a terminar ou forçada a continuar quando não o desejar mais.
A realização de todas as atividades deverá começar com a criança aprendendo hábitos de
organização. Pouco a pouco lhe deve ser exigido que, sempre que conclua uma tarefa, guarde e
organize os objetos que utilizou, que não deixe nada espalhado pelo chão ou sujo. Entretanto,
nunca se deve limitar uma atividade para que não se suje ou rasgue. A criança tem que aprender
e só aprenderá fazendo!
O brinquedo faz a criança feliz e a desenvolve.
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Brincar é a atividade que mais interessa à criança; que mais a satisfaz. Brincando a criança
observa, pensa, imagina, cria e se relaciona com as demais, e tudo isso faz do brincar a condição
para que toda a criança se desenvolva. O brinquedo é a atividade central e constituinte na vida
de toda a criança. É um caminho de elaboração pessoal para que ela se descubra como pessoa.
Os pais, e em geral todos os adultos
que cercam as crianças, devem saber que
não basta que lhes sejam dados
brinquedos. É indispensável que, em
alguns momentos, brinquem com elas,
pois, ao não fazer isto estarão perdendo
as muitas oportunidades que esse
momento oferece. Além disso, quando
a família interage com as crianças, está
propiciando uma comunicação afetiva
com elas. Esse é um momento extremamente rico e importante para seu
saudável desenvolvimento emocional.
Os pais devem, nesse momento, estar
dispostos a interagir naturalmente com
a criança, entrando no seu mundo de
fantasia, permitindo-se ser o palhaço, a
princesa, o super-herói etc; colocandose em um lugar além daquele que
ocupam os educadores, o lugar de parceiros e amigos.
Nenhum outro tipo de atividade pode substituir o brinquedo nessa fase, por isso, é preciso
insistir com os pais sobre a importância de as crianças brincarem todos os dias. É no brincar
espontâneo que a criança toma posse de sua liberdade de criação. Ser criativo é usar sua
personalidade integral e é somente sendo criativo que a criança pode se descobrir e conquistar
o seu lugar.
Existem múltiplos tipos de brinquedos: de mesa como quebra-cabeças, diferentes tipos de
dominó (de forma, de figuras, de cores); brinquedos de movimento como corridas, salto, jogos
de bolas, de aros, de cordas, e muitos outros. Alguns desses jogos estão sujeitos a regras fixas e
é importante ressaltar que a criança só terá maturidade para entendê-las por volta dos cinco
anos de idade.
Em seu segundo ano de vida, aproximadamente, a criança começa a passar do brinquedo
de exploração motora para uma atividade de “imitação” das ações de sua vida diária, como
comer, tomar banho etc. Nessa fase, a criança utiliza os objetos convencionalmente, ou seja, a
colher para dar a comidinha, a escova para pentear o cabelo, reproduzindo assim as ações que
os outros fazem com ela. Mais tarde, ela começa a aplicar essas ações em outros, como a mãe ou
a boneca. Ao final do segundo ano de vida, a criança começa a usar substitutos imaginários
que correspondem aos objetos, ou seja, utiliza alguns objetos por outros: palitos como se fossem
colheres ou termômetro, pedrinhas como moedas ou balas, entre outros. A brincadeira então,
passa a ter um caráter representativo da realidade, como o têm, também, o desenho e a
linguagem.
O Jogo de Representação tem um significado especial porque produz mudanças
importantes no desenvolvimento intelectual e social da criança.
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No Jogo de Representações
Surge e se desenvolve o imaginário infantil.
A criança aprende a conhecer o mundo que a rodeia: o que fazem as pessoas em casa e
no trabalho (atividades domésticas e de diferentes profissões como motorista,
carpinteiro, professor).
Realiza as ações em seqüência lógica (como por exemplo: primeiro lava roupa, depois
a estende, a recolhe e a passa).
Relaciona-se com outras crianças e assimila as normas de conduta social, porque tem a
possibilidade de colocá-las em prática (como por exemplo: espera a sua vez, pede
permissão, agradece), aprende a adequar-se aos demais, a lidar com suas diferenças e
vai aprendendo a relacionar-se socialmente.
Para brincar, não é necessário uma grande quantidade de brinquedos.
É importante explicar aos familiares que a idéia de que para a criança brincar melhor deve
haver grande quantidade de brinquedos não está correta. O melhor é oferecer alguns brinquedos
acompanhados de objetos aos quais a criança possa dar diversas utilidades: roupas, garrafas de
plástico, pedacinhos de tecido, papel ou madeira etc. Também os familiares podem, através de
sucatas, criar excelentes brinquedos. Deve-se compreender ainda que, quando se reúnem várias
crianças para brincar, não é necessário oferecer um brinquedo para cada uma, pois isto limita a
possibilidade de aprenderem a compartilhar.
Os Visitadores devem orientar as famílias sobre formas de como brincar com as
crianças.
Nesse sentido, é bom dar atenção ao seguinte:
Para as crianças pequenas, pode-se começar propondo-lhes ações mais simples como dar
de comer ao bebê, banhá-lo ou fazê-lo dormir. Às vezes, bastará propor as brincadeiras, porém,
haverá ocasiões em que será necessário tomar a iniciativa para que depois as crianças
acompanhem.
Participando com eles também é possível demonstrar-lhes que numa brincadeira, um objeto
pode ser utilizado como se fosse outro e, inclusive, pode-se não ter objeto algum para brincar,
bastando um simples gesto ou um som. Mais adiante, a criança o fará por iniciativa própria.
Para que a criança seja cada vez mais independente, nunca se deve impor uma brincadeira
ou um companheiro. O momento será mais rico se for feita uma sugestão para estimulá-la para
tal. “Do que queres brincar agora?””Quem quer brincar de escolinha com a Ana?”,”Quem quer brincar
de gato e rato?””O que está faltando para brincar disto?” Perguntas como essas contribuem para
que organizem suas idéias e o lugar onde irão brincar.
Em algumas ocasiões, os mais velhos poderão manifestar se estão gostando da brincadeira
realizada, se a fizeram bem ou não e porquê. Com esse diálogo, aprendem a fazer uma avaliação
de sua própria conduta e da dos demais, o que contribui para o desenvolvimento da linguagem
e do pensamento.
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Lembre-se: na modalidade individual e na modalidade grupal a brincadeira deve ser
uma atividade priorizada.
Uma idéia muito importante que deve ser transmitida é a de que a brincadeira é o que
mais interessa, então, o sucesso será maior se a criança for abordada com atividades lúdicas.
Assim, por exemplo, a criança identificará objetos com mais entusiasmo quando lhe for proposto
a brincadeira do “adivinha, adivinhador”; pronunciará melhor o som do “s” se brincarem que
ela é um balãozinho que quando apertado se esvazia etc.
É muito importante que as famílias e a equipe do Programa Primeira Infância Melhor,
em geral, compreendam que:
A brincadeira é fonte de alegria e de desenvolvimento infantil, por isso devem ser
propiciados tempo e condições materiais para que a criança brinque.
Se brincarem com seus filhos, eles se desenvolverão melhor.
Não é necessário que possuam uma grande variedade de brinquedos, existem outros
objetos que podem substituí-los, inclusive ações imaginárias em que esses podem estar
presentes.
Os brinquedos não têm que ser, necessariamente, industrializados e sofisticados; os
familiares, os visitadores e inclusive as próprias crianças, podem confeccioná-los e/ou
colaborar em sua elaboração.
Se estiverem reunidas duas ou mais crianças para brincar, poderão desenvolver melhor
a sua conduta social.
As atividades de aprendizagem terão melhores resultados se forem realizadas na forma
de brincadeiras.
Cabe ressaltar que a gestante também deverá receber tais orientações, a fim de incorporálas, tão logo o seu filho nasça.
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VI– AS QUATRO DIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL NO
PROGRAMA PRIMEIRA INFÂNCIA MELHOR
O Programa Primeira Infância Melhor trabalha com as dimensões do desenvolvimento
humano, devido à sua relevância para o pleno progresso das capacidades infantis. Tendo em
vista o desenvolvimento integral do indivíduo, o Programa pretende incentivar e estimular, de
maneira adequada, os conhecimentos pertinentes a cada dimensão descrita a seguir:
DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Ações observáveis
Dimensão
Linguagem – Muito cedo o bebê emite sons, chamados balbucios, que são suas primeiras
tentativas de expressão verbal. O adulto interpreta essa linguagem peculiar, dando sentido à
comunicação da criança. A construção da linguagem implica, portanto, na verbalização e na
negociação de sentidos estabelecidos entre pessoas que buscam comunicar-se. Além da linguagem
falada, a comunicação acontece por meio de gestos, de sinais e da linguagem corporal, que dão
significado e apóiam a linguagem oral das crianças. Elas aprendem a verbalizar por meio da
apropriação da fala do outro. Esse processo refere-se à repetição, pela criança, de fragmentos da
fala do adulto ou de outras crianças, utilizados para resolver problemas em função de diferentes
necessidades e contextos nos quais se encontre.
Aprender a falar, entretanto, não consiste em memorizar sons e palavras. A aprendizagem da
fala pelas crianças não se dá de forma desarticulada com a reflexão, o pensamento, a explicitação
de seus atos, sentimentos, sensações e desejos.
A linguagem oral é um dos elementos importantes para as crianças ampliarem suas
possibilidades de participação nas diversas práticas sociais onde está inserida.
Olhar
Tocar
Sorrir
Balbuciar
Repetir
Gesticular
Motricidade – O movimento é uma importante dimensão do desenvolvimento e da cultura
humana. A criança se movimenta desde que nasce, adquirindo cada vez maior controle sobre seu
próprio corpo. Engatinha, caminha, manuseia objetos ou brinquedos, experimentando sempre
novas maneiras de utilizar seu corpo e movimento. Ao movimentar-se, a criança expressa
sentimentos, emoções e pensamentos, ampliando as possibilidades do uso significativo de gestos e
posturas corporais. O movimento humano, portanto, é mais que simples deslocamento do corpo
no espaço: constitui-se em uma linguagem que permite à criança interagir com o meio no qual está
inserido e com o outro.
Sugar, Mexer,
Sentir, Dançar,
Imitar, Correr,
Saltar, Mover
Engatinhar
Pular, Brincar
Socioafetiva – Desde o nascimento, a criança manifesta necessidades essenciais de
sobrevivência, alimentação e higiene que dependem da sua interação com o outro, inicialmente
com os adultos mais próximos. Na sua relação com a mãe, em especial, a construção de vínculos
afetivos em momentos decisivos de seu processo de desenvolvimento emocional, constitui-se
também em fator essencial, principalmente nos primeiros anos de vida. Entre a criança e os
cuidadores que com ela interagem e brincam, estabelece-se uma forte relação afetiva, que vai
desde a troca de olhares até, em etapas posteriores, a verbalização de sentimentos. Essas pessoas
não apenas cuidam da criança, mas também atuam como facilitadores nos seus contatos com o
mundo. As experiências afetivas nos primeiros anos de vida são determinantes para que a criança
estabeleça padrões de conduta e formas de lidar com as próprias emoções. Logo, as qualidades dos
laços afetivos são muito importantes para o desenvolvimento integral da criança.
Acariciar
Cognitiva – O desenvolvimento cognitivo é um processo interno, mas pode ser observado
através das ações e verbalizações da criança. Ele também se dá de maneira contínua desde os
primeiros dias de vida. A criança é um ser social que nasce com capacidades afetivas, emocionais e
cognitivas. Tem desejo de estar próxima às pessoas e é capaz de interagir e aprender com elas, de
forma que possa compreender e influenciar seu ambiente. Ampliando as relações sociais,
interações e formas de comunicação, a criança se sente cada vez mais segura para se expressar,
podendo aprender nas trocas sociais, com diferentes crianças e adultos cujas percepções e
compreensões da realidade também são diversas. Sua dimensão cognitiva, ou seja, seu raciocínio
lógico, a criatividade, o entendimento da orientação espacial, a atenção seletiva, a observação, a
memória, o cálculo, os conceitos numéricos, além da capacidade de reflexão e de auto-avaliação,
constroem-se a partir da sua natureza questionadora, os “porquês”. Portanto, o processo de
construção da aprendizagem pela criança requer uma intensa atividade interativa com o outro e
com o meio, para que assim a construção do conhecimento aconteça internamente. Esse processo
lhe possibilitará modificar seus conhecimentos prévios, ampliá-los ou diferenciá-los em função de
novas informações, capacitando-as, desse modo, a realizar novas aprendizagens.
Questionar
Pensar
Construir
Interagir
Modificar
Escolher
Compartilhar
Observar
Conversar
Tocar, Sentir
Expressar
Doar
Receber
Dar atenção
Manter contato
olho a olho.
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GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA GTM, MONITOR E VISITADOR
6.1 REGISTRANDO OS GANHOS DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Com o propósito de acompanhar o desenvolvimento da criança nas dimensões afetiva,
cognitiva, motora e de linguagem, através de uma observação contínua e atenta dos ganhos
alcançados, os instrumentos a seguir constituem-se em facilitadores do registro detalhado dessas
etapas de desenvolvimento.
a) Quadro para Realização do Diagnóstico Inicial do Desenvolvimento Infantil/Marco
Zero:
ACOMPANHAMENTO DOS GANHOS NO DESENVOLVIMENTO
Município:
Nome da Criança:
Idade da Criança :
Data do Marco Zero:
Número do Cadastro da Família:
Nome do Visitador:
INDICADORES DE UM A DOIS ANOS
Caminha com equilíbrio
Sobe e desce escadas
Chuta uma bola
Monta uma pirâmide com argolas
Tampa e destampa caixas e frascos
Cumpre, simultaneamente, até três ordens simples
Fala frases de até três palavras
Come com a própria mão
SIM
NÃO
b) Quadro de Acompanhamento dos Ganhos da Criança
ACOMPANHAMENTO DOS GANHOS NO DESENVOLVIMENTO
Nome da Criança:__________________ N° do Cadastro da Família:_____________ Nome do Visitador:________________
________
DE UM A DOIS ANOS
(DIMENSÕES A SEREM ACOMPANHADAS: COGNITIVA, MOTORA, SOCIOAFETIVA E LINGUAGEM)
INDICADORES DE
DESENVOLVIMENTO
REGISTRO DAS OBSERVAÇÕES
1º trimestre
2º trimestre
( 1 ano a 1 ano e 3 meses)
(1 ano e 3 meses a 1 ano e 6 meses)
Caminha com equilíbrio
Sobe e desce escadas
Chuta uma bola
Monta uma pirâmide com argolas
Tampa e destampa caixas e frascos
Cumpre, simultaneamente, até três
ordens simples
Fala frases de até três palavras
Come com a própria mão
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GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA GTM, MONITOR E VISITADOR
Esse instrumento deve conter os registros referentes ao trimestre correspondente à faixa
etária em que a criança se encontra, preenchido ao final do mesmo. Por exemplo, no caso de
uma criança com idade entre 2 e 3 anos, quando ela estiver com 2 anos e 3 meses de idade, o
primeiro trimestre desse quadro deve estar completamente preenchido.
O seu preenchimento deve ser descritivo e levar em conta a trajetória da criança e seus
ganhos de acordo com os indicadores. Para tanto, o Visitador deverá aproveitar as ocasiões do
atendimento prestado à família, ou seja, ainda que a finalidade de determinada Modalidade de
Atenção seja específica e restrita, os avanços relacionados a outros índices do desenvolvimento
poderão ser observados e, portanto, registrados no quadro.
c) Quadro para Avaliação dos Ganhos no Desenvolvimento Infantil
AVALIAÇÃO DOS GANHOS NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Nome da Criança:____________________ N° do Cadastro da Família:_____________ Nome do Visitador:_________________________
DE UM A DOIS ANOS
Consegue Consegue
fazer com
fazer
ajuda
sozinho
Ainda não
consegue
fazer
ANTES DE PASSAR PARA O PRÓXIMO
QUADRO, ASSINALE COM UM “X” AS
DIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO QUE A
CRIANÇA APRESENTOU PROGRESSOS.
Cognitiva
Motora
Sócio Afetiva Linguagem
Caminha com equilíbrio
Sobe e desce escadas
Chuta uma bola
Monta uma pirâmide com argolas
Tampa e destampa caixas e frascos
Cumpre, simultaneamente, até três ordens simples
Fala frases de até três palavras
Come com a própria mão
Em seguida, devem ser marcados (neste caso pode haver múltipla escolha) os campos
referentes às dimensões que mais se destacaram no desenvolvimento da criança em relação a
cada indicador, ou seja, as áreas em que o desenvolvimento foi significativo. São elas: cognitiva,
motora, socioafetiva e linguagem.
6.2
ACOMPANHANDO A CRIANÇA EGRESSA DO PIM NO 1º ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL
Este instrumento tem como objetivo avaliar a contribuição do PIM para o desenvolvimento
infantil das crianças egressas do Programa, que passam a freqüentar instituições de ensino.
Respeitando as peculiaridades e individualidades de cada aluno, será elaborado um relatório
pela professora titular e equipe diretiva, para dar significado ao processo avaliativo, através da
observação, verificação e interpretação, sob o foco das “Dimensões do Desenvolvimento”.
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Acompanhamento da Criança Egressa do PIM na Escola
Nome da Criança: ___________________________________________________________________
Idade: ____________________________ Tempo de PIM:____________________________________
Nome da Escola: ____________________________________________________________________
Equipe Diretiva: ____________________________________________________________________
Professora: _________________________
_______ Data da Avaliação: __________________________
Série/Turma: ______________________ Data de Ingresso na Escola: __________________________
Respeitando as peculiaridades e individualidade de cada aluno, elaborar um RELATÓRIO,
dando significado ao processo avaliativo como acompanhamento da evolução do
desenvolvimento da criança egressa do PIM, através da observação, verificação e interpretação,
sob o foco das “Dimensões do Desenvolvimento: Linguagem, Motricidade, Socioafetiva e
Cognitiva”.
Sugerimos alguns critérios que podem auxiliar neste acompanhamento:
* Autonomia
* Interação e Cooperação
* Potencialidades e Habilidades
* Participação da Família
Além disso, sugerimos que este relatório seja elaborado conforme os seguintes critérios:
Autonomia: capacidade de planejar, identificar, formular, refletir sobre uma
determinada situação e levantar hipóteses e verificá-las. Acrescenta-se a capacidade de
a criança decidir sozinha entre o certo e o errado no domínio moral, bem como entre
verdade e inverdade no domínio intelectual, levando em conta fatores pertinentes,
independente de recompensa e punição.
Interação e Cooperação: capacidade de conviver em grupo de maneira cooperativa e
produtiva.
Potencialidades e Habilidades: para que a aprendizagem possa acontecer, é necessário
disponibilidade, envolvimento e que se estabeleçam relações entre o que o sujeito já
sabe e o que está aprendendo. É necessário também, que exista uma relação de confiança
e respeito mútuo, para assim favorecer um clima de compromisso e responsabilidade.
Participação da Família: importância da família no acompanhamento do crescimento
pessoal e escolar de seu filho, de forma positiva e com real interesse, tanto por suas
atividades como por seus sentimentos. Importância do escutar e dialogar com a criança,
estar atento para seus compromissos escolares - o comparecimento e participação dos
pais são importantes, tanto para a criança quanto para a escola (participação dos pais
no auxílio dos temas de casa, em reuniões pedagógicas e eventos da escola).
Como divulgar e sensibilizar para esta ação
Reunião entre GTE, Gestores e GTM tendo como objetivo sensibilizá-los quanto a
importância do instrumento, solicitando apoio para a aplicação do mesmo.
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Reunião entre GTE, Coordenadorias Regionais de Educação – CRE, GTM, Monitores e
Visitadores, durante o primeiro trimestre do ano letivo, para informar sobre o
instrumento, sua metodologia, consolidação e registro, bem como para estabelecer
estratégias para a aplicação do mesmo.
Reunião entre CRE, GTM, e Escolas envolvidas para informar quanto às finalidades,
objetivos e pressupostos teóricos do Programa, bem como sobre o instrumento e sua
metodologia de aplicação. Além disso, solicitar apoio para registro das informações e
sua fidedignidade.
Período de aplicação do instrumento e entrega dos resultados
Primeiro mês da criança na escola: reunião do GTM com as famílias de crianças egressas
do PIM.
Meses de agosto e dezembro: aplicação do instrumento.
Meses de outubro e março: entrega da consolidação das informações ao GTE.
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VII– CAPACITANDO OS DIFERENTES ATORES
7.1 O QUE É CAPACITAÇÃO?
É um processo educativo contínuo e de participação que objetiva facilitar o trabalho com
uma cultura de equipe, onde esta aprende a identificar os problemas, buscar soluções, participar
da implantação, implementação e avaliação das ações, desenvolver habilidades necessárias para
que cada membro da equipe e da comunidade assuma o papel que lhe corresponda.
7.2 QUEM NECESSITA DA CAPACITAÇÃO?
A equipe do PIM no Município, ou seja, GTM, Monitor e Visitador.
A família que deseja ampliar seus conhecimentos ou se interessa por determinados
aspectos do desenvolvimento de seu filho.
A comunidade, que pode potencializar sua participação no Programa através de um
envolvimento sistemático orientado.
Os membros do grupo gestor (Comitê Municipal) encarregados de instrumentalizar o
Programa nos municípios.
7.3 COMO DETERMINAR O NÍVEL DA CAPACITAÇÃO?
Sugere-se que o processo de capacitação seja concebido como uma ação da qual fazem
parte, numa primeira fase, a própria formação/capacitação do GTM, do Monitor e do Visitador.
Posteriormente, inicia-se a fase investigativa que deverá subsidiar o diagnóstico a ser considerado
na estratégia de ação específica para a comunidade em questão. As informações que farão parte
desse conjunto de dados obtidos, darão uma visão mais precisa da intensidade dos problemas
a serem enfocados nas ações do Programa Primeira Infância Melhor.
Ao longo da implementação e execução do Programa, o diagnóstico deve-se constituir como
um processo sistemático na tomada de decisões. Esse se dará a partir das informações obtidas
acerca do andamento do trabalho dos Visitadores, do desenvolvimento das crianças, da
aprendizagem e participação das famílias na educação de seus filhos e do funcionamento do
grupo coordenador. O diagnóstico permitirá que sejam conhecidos os problemas que se
apresentam, como esses foram abordados anteriormente, que soluções lhes foram dadas e o
que falta fazer.
Para se realizar o referido diagnóstico podem ser utilizados os seguintes meios:
Entrevistas com as famílias vinculadas ao PIM e com a comunidade em geral;
Observações realizadas pelo Visitador, GTM e Monitor nas famílias com relação às
crianças;
Estudo de casos que requeiram um tratamento especial;
Estudo das visitas à família. Ao conversar com a família podem ser obtidas informações
acerca do meio em que a criança se desenvolve, sobre o desenvolvimento da mesma,
opiniões sobre o Programa, qualidade do trabalho do Visitador e outros aspectos de
interesse;
Documentos que remontem a história de um problema;
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GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA GTM, MONITOR E VISITADOR
Análise de informações e avaliação de dados;
Resultado de discussões coletivas.
7.4
PARA QUE SERVE O DIAGNÓSTICO?
O diagnóstico, cuja base é a investigação, constitui o meio através do qual será permitida
a elaboração das ações estratégicas a serem implementadas pelo Programa para capacitação.
Este deve ser bem organizado e ter em sua constituição um caráter sistêmico e diferenciado,
servindo inclusive para se avaliar o andamento das intervenções e ainda:
Conduzir à descoberta dos problemas mais importantes de cada caso;
Permitir a determinação das causas, como essas foram abordadas anteriormente e quais
os resultados obtidos – positivos ou negativos;
Determinar os objetivos, temáticas, bibliografias e atividades de avaliação;
Estar disponível para desenvolver a capacitação;
Possibilitar a avaliação dos resultados.
7.5
COMO CLASSIFICAR A INFORMAÇÃO RECEBIDA ATRAVÉS DAS VIAS ANTERIORMENTE CITADAS
Com o diagnóstico obtém-se uma variada gama de informações acerca das condições da
educação e do desenvolvimento da criança; da preparação do Técnico Municipal, Monitor e do
Visitador; das famílias e da participação do grupo coordenador nas atividades do Programa.
Estas informações devem ser processadas a fim de que se possa determinar quais são as
necessidades reais que a capacitação deve contemplar. Questões como:
Higiene – nas visitas às residências poderão ser conhecidos os hábitos de cuidado e
limpeza que adotam os adultos com as crianças pequenas; em que estado conservam
os brinquedos e objetos que a criança manipula, entre outros aspectos.
Atividade conjunta – nas visitas do Monitor e do GTM, a participação das famílias com
seus filhos pode ser conferida nas atividades conjuntas, assim como a qualidade das
orientações que os Visitadores oferecem e o uso da retroalimentação para corrigir, alterar,
interromper alguma ação, entre outros aspectos importantes. Nas visitas realizadas
aos locais de permanência das crianças e famílias que participam das Modalidades
Grupais, é possível comprovar o cumprimento das orientações dadas pelo Visitador.
Este é um dos momentos mais importantes, pois a família deverá colocar em prática o
que aprendeu para aperfeiçoar o desenvolvimento integral de seu filho.
Como conseqüência do diagnóstico, será possível determinar a necessidade de se
abordar diferentes temas, como por exemplo:
As características das crianças em idade precoce;
As brincadeiras das crianças;
O desenvolvimento de hábitos nas crianças;
A conservação e o cuidado da saúde;
A caracterização da família e da comunidade;
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GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA GTM, MONITOR E VISITADOR
Os métodos de intervenção familiar;
As formas e métodos de trabalho comunitário, etc.
7.6 COMO ELABORAR UM PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO
O programa de capacitação é um documento elaborado com a participação do Monitor
com base nas orientações do Grupo Técnico Municipal que coordena o Programa no Município.
Na sua elaboração, leva em conta as necessidades dos Visitadores, das famílias e da comunidade
ao selecionar determinados temas e atividades que serão organizados para auxiliar no
atendimento de tais necessidades. Na elaboração do programa de capacitação devem ser
considerados os seguintes aspectos:
a) Formulação dos objetivos
Depois de conhecidas as necessidades existentes, serão propostos os objetivos que nortearão
a capacitação. A própria formulação dos objetivos determinará a forma de organização a ser
utilizada. Por exemplo:
Se o objetivo for o conhecimento dos aspectos teóricos do Programa, como: concepção,
modalidades ou formas de continuidade e avaliação, poderão ser aplicadas outras estratégias
de organização, como conferência ou seminário, entre outros.
Se o objetivo for capacitar os Visitadores na orientação às famílias e suas crianças, a
estratégia de maior eficácia deve ser a prática. Nesse caso, após a capacitação teóricometodológica, pode-se partir para a realização das ações que foram sugeridas.
É possível que, em sendo uma primeira capacitação, haja necessidade de se contemplarem
os dois objetivos acima citados.
b) Determinação e agrupamento das temáticas/definição dos conteúdos
As necessidades que forem detectadas e os objetivos estabelecidos irão conduzir à definição
das temáticas a serem abordadas, com o cuidado de que não sejam incluídos critérios pessoais
alheios aos dados contidos no diagnóstico já realizado.
Seguindo um dos exemplos apresentados no item anterior, que refere o conhecimento de
aspectos conceituais do Programa Primeira Infância Melhor, as temáticas podem ser organizadas
a partir de sua estrutura, tratando-se de Visitadores que estão iniciando neste trabalho. Por
exemplo:
Características das crianças em idade entre 0 e 6 anos.
Atividades que estimulam o desenvolvimento socioafetivo.
Atividades que estimulam o desenvolvimento intelectual e físico.
Atividades para o desenvolvimento de hábitos saudáveis.
Cuidados com a saúde.
Preparação da criança para a escola.
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GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA GTM, MONITOR E VISITADOR
Dessa maneira, será possível considerar o desenvolvimento da criança distintamente, para
depois integrá-lo a partir de um enfoque multidisciplinar. É recomendável que seja formulado,
além dos objetivos gerais do programa de capacitação, o objetivo específico de cada temática.
Nesse caso, os objetivos específicos devem estar em correspondência com os gerais e conduzir
ao cumprimento desses, por exemplo: o estudo das características do desenvolvimento infantil
de 0 a 6 anos, pode ter, como objetivo específico, que os Visitadores conheçam as particularidades
fundamentais das crianças com quem trabalham. Esse objetivo responderá a outro mais geral,
referente à preparação dos Visitadores para a orientação do Programa Primeira Infância Melhor.
Nessa etapa também delimita-se a profundidade e complexidade do conteúdo a partir
dos objetivos e temas já definidos. Esses devem corresponder às informações contidas no
diagnóstico e à preparação dos que se capacitam. Além disso, deve ser considerado o trabalho
que o Visitador já possa ter realizado até então, cuja experiência pode constituir um indicador
significativo da intervenção a ser feita.
Desse modo, o tema não deverá ser tratado com igual nível de profundidade, tanto para
Visitadores que já têm experiência de trabalho quanto para Visitadores iniciantes. Conjuntamente
com a definição dos conteúdos, poderão ser previstas as formas de organização e a bibliografia
a ser utilizada.
c) Seleção das Técnicas
Uma vez definidas as temáticas, já se pode selecionar as técnicas de abordagem da
capacitação. A seguir serão apresentadas algumas delas:
Oficina
É uma forma de promover a discussão e a análise coletiva sobre determinados temas.
Nesta os participantes expressam seus pontos de vista e suas dúvidas, estabelecendo um
intercâmbio de idéias para conclusões coletivas.
Na oficina poderão ser confeccionados materiais, analisados conteúdos, feitas
demonstrações de como proceder diante de uma problemática dada, entre outros.
Análise de situações concretas
Os participantes colocam-se em uma situação próxima da real e, mediante o estudo e
análise de problemas concretos, objetiva-se desenvolver e aperfeiçoar hábitos, atitudes e
habilidades. Descreve-se uma situação ou problema no qual os participantes devem sentir-se
incluídos como se fossem os protagonistas. Por exemplo: pode-se colocar o grupo de Visitadores
em uma situação em que considerem as relações pouco afetivas que ocorrem entre os membros
de uma família, sem citar os nomes reais. O grupo deve chegar a conclusões e dar recomendações
que possam, possivelmente, resolver o problema.
Essa estratégia de abordagem resulta útil porque o realismo da situação dispõe à aceitação
dos participantes e facilita a interação no grupo, pois uns aprendem com os outros. Além disto,
é possível ver como determinados conceitos acontecem na prática.
Para sua aplicação é requerida experiência na elaboração do caso. Dessa forma é
recomendado que seja buscada a colaboração de pessoas que possuam habilidades para tal.
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Brincadeira de representação
É conhecida também como representação de papéis ou brincadeira de encenação de
situações. É uma técnica na qual os participantes assumem uma identidade distinta da que
possuem. Com esta nova identidade são enfrentados problemas reais ou hipotéticos, de uma
maneira informal, porém realista.
O ponto de partida é uma descrição mais ou menos detalhada da situação e dos papéis a
serem representados. Cada participante decide de forma espontânea seu comportamento durante
a representação. Concluída essa etapa, um grupo de participantes que tenha desempenhado a
função de observador, discute as implicações das condutas adotadas.
Para dirigir a aplicação dessa técnica é requerida a participação de um mediador
competente e experiente. Sua utilidade manifesta-se provando que se “aprende fazendo”
mediante a execução dos papéis; na repercussão que tem sobre a esfera emocional dos
participantes; na via efetiva para a reflexão, na alteração de atitudes e no desenvolvimento de
habilidades comunicativas.
As técnicas B e C podem ser empregadas de forma integrada.
Palestras e conferências
É uma forma de dinâmica muito divulgada. Permite trabalhar grande quantidade de
informações em uma seqüência lógica e ordenada, em um determinado tempo. Esta técnica
resulta muito válida para a aprendizagem de conteúdos.
A conferência permite que os que escutam formulem perguntas. Quando possível, é
interessante que sejam utilizados apoios visuais, como lâminas, representações gráficas e outros
meios.
Para motivar o grupo, viabilizar sua descontração, tornar mais ativa a reflexão e conseguir
que experimentem de forma coletiva os diferentes passos para elaboração de um problema,
sugere-se a aplicação de técnicas participativas, que podem ser consultadas no item referente
às técnicas para o trabalho com a família e a comunidade.
É recomendado usar materiais de áudio e vídeo, e outros que colaborem para manter os
participantes envolvidos e motivados para o tema.
Observação: as estratégias, utilizadas para desenvolver essas atividades são tão importantes
quanto os temas desenvolvidos.
d) Definição da bibliografia
Da mesma forma, a bibliografia pode ser tão importante quanto os conteúdos. Há que se
ter presente que são justamente os conteúdos que levam à busca ou elaboração da bibliografia.
Seria errôneo limitar a temática à bibliografia que se tem em mãos, porque corre-se o risco de
que esta não esteja totalmente atualizada ou que não abranja tudo o que se necessita.
Por outro lado, não existe um único material de onde possa ser retirada toda a informação
necessária para embasar o programa. Por isto, será necessário preparar os temas a partir da
consulta de diversos materiais escritos sobre estes. Não devem ser elaborados temas
excessivamente extensos.
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GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA GTM, MONITOR E VISITADOR
É importante que se busque apoio no referencial pedagógico à mão, no suporte do Comitê
do seu município, em especialistas, pesquisadores e professores de áreas afins, e também nos
profissionais ou pessoas da comunidade que estejam preparadas para elaborar esses materiais.
e) Avaliação das atividades
Esta etapa é de vital importância, pois assegura o cumprimento dos objetivos que foram
propostos e oferece uma valiosa informação acerca de como estão sendo eliminadas as
dificuldades.
Mediante que meios pode ser feita a avaliação?
Perguntas orais ou escritas.
Observação da atividade de cada pessoa, nas sessões de capacitação, no trabalho com
as crianças e suas famílias e durante o treinamento metodológico.
Apresentação de informações avaliativas.
Deve-se fazer a avaliação de forma sistemática para que as pessoas se habituem a ela. Isso
permitirá tornar conhecido o avanço do Programa e como os capacitandos assimilam os
conteúdos. É importante assegurar-se de que as pessoas tenham compreendido corretamente o
conteúdo abordado, a fim de que se cumpram os objetivos propostos. Deve-se ter presente que
a capacitação está dirigida à provocação de mudanças nas pessoas, por isso elas devem estar
conscientes de como aprendem, do que lhes falta, de sua própria capacidade, enfim.
f) Recomendações metodológicas e de organização para a capacitação
Entrar em acordo com os capacitandos ou participantes sobre qual o horário que mais
lhes convém para realizar as sessões de capacitação. Não perder de vista que boa parte dos
participantes poderá ser de voluntários que dedicam parte de seu tempo a esta atividade,
portanto, é recomendável organizar atividades que os motive, interesse e lhes impulsione a
participar.
Organizar o horário, tendo em vista os objetivos a serem atingidos e a lógica dos conteúdos,
de forma flexível a fim de prevenir o surgimento de imprevistos que venham atrapalhar o
cumprimento do programa.
Os temas que já foram tratados podem ser retomados a partir de pontos de vista diferentes
e combinados com outros para que sejam assimilados de forma sistemática.
As características do desenvolvimento infantil constituem tema que deve ser retomado ao
se tratar de brinquedos. Os Visitadores devem ter em mente, por exemplo, que as crianças
menores ainda não têm uma linguagem desenvolvida que lhes permita comunicar-se
amplamente. Seu pensamento concreto permite-lhes realizar com os objetos as mesmas ações já
apreendidas. Por esta razão as brincadeiras devem ser realizadas com esses objetos e com a
reprodução de algumas formas de agir dos adultos.
As crianças de quatro a cinco anos têm melhor domínio da linguagem para comunicaremse entre si e com os adultos; possuem maior precisão em seus movimentos e melhor
desenvolvimento perceptivo. Nessa fase estão em condições de desempenhar papéis e interagir
a partir desses.
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GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA GTM, MONITOR E VISITADOR
De igual forma, ao tratar outros temas como o desenvolvimento de hábitos higiênicoculturais ou da conservação e do cuidado com a saúde, é sugerido levar em consideração as
características das crianças de menor idade.
A duração de cada temática depende do objetivo que for traçado, das técnicas selecionadas,
das características do grupo e do conteúdo da abordagem. Por isso, uma mesma temática pode
ser analisada em várias sessões de capacitação e combinadas com diferentes técnicas.
g) Quem é o capacitador?
O capacitador, no município, é o Monitor e terá auxílio do GTM.
O Monitor não deve centralizar somente na sua pessoa a execução da capacitação. Na
própria comunidade deve ser buscado o apoio do potencial humano em condições para tal
atividade, como docentes das escolas infantis, médicos, enfermeiros, psicólogos, fonoaudiólogos,
especialistas no trabalho com famílias, professores de cursos superiores de áreas afins, pessoas
ligadas à área da Saúde, Cultura, Educação e Assistência Social, entre outros, com as quais o
trabalho poderá ser partilhado.
Para utilizar a Escola Infantil como local de capacitação, é importante contatar previamente
com os diretores dessas instituições, a fim de que juntos possam determinar:
Os docentes preparados para implantar a capacitação.
As temáticas nas quais os docentes têm maior domínio, de acordo com o programa de
capacitação.
Os horários que os docentes podem dedicar para a preparação e execução da capacitação.
Como essas organizações ainda não possuem o domínio dos conteúdos do Programa, é
imprescindível repassar-lhes os objetivos e através de quais conteúdos estes serão atingidos,
além da forma de abordagem e de avaliação do nível de assimilação das pessoas que se capacitam.
Sugerir, também aos docentes, como capacitar os Visitadores, tendo em vista que eles irão
orientar as famílias com crianças que crescem e se desenvolvem em um meio diferente da escola
infantil.
Que requisitos deve possuir o capacitador ?
Deve ser um bom comunicador e, muitas vezes, um facilitador. Ou seja, deve saber
dirigir e organizar a atividade de maneira que as pessoas possam expor suas idéias,
opiniões e avaliações, permitindo-lhes uma boa assimilação dos temas. Para que isto
seja possível, deve ser criado um clima de confiança e respeito.
Conhecer como se trabalha com um grupo de pessoas, mediante a aplicação de diferentes
técnicas de trabalho coletivo que facilitem a comunicação entre todos.
Saber dominar as circunstâncias inesperadas sem perder a essência do tema que está
sendo abordado.
Ser aberto e receptivo diante das críticas.
Conhecer o nível no qual se encontra o grupo.
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GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA GTM, MONITOR E VISITADOR
Prestar atenção aos fenômenos observáveis, direta ou indiretamente (linguagem, gestos,
condutas, expressões) que, caso não forem consideradas, poderão afetar a comunicação
no grupo.
Ter conhecimento profundo do Programa Primeira Infância Melhor e de toda a
documentação de apoio do mesmo;
Ter domínio do que mais necessitam as pessoas que estão sendo capacitadas.
h) A ação de investigação
A ação de investigação faz parte de uma estratégia de capacitação e constitui parte do
processo de diagnóstico. Oferece uma metodologia para a análise e planejamento de ações que
convergem para a solução de problemas, conforme já mencionado anteriormente.
Esses elementos e outros que forem obtendo mediante estudos sistemáticos, possibilitarão
executar com êxito o trabalho de investigação e capacitação.
Trata-se de fornecer alguns elementos importantes para serem utilizados nas investigações,
de caráter profundamente educativo, no sentido de aprender através da busca e realização das
melhores soluções. Dessa maneira, o conhecimento obtido na própria atividade será transferido
diretamente à ação, com um sentido transformador.
O que é a Ação de Investigação?
Em suas tarefas cotidianas, o GTM e Monitor irão deparar-se com diversos problemas
para os quais devem encontrar soluções eficazes. Por isto, serão fornecidos elementos
importantes do processo investigativo, os quais serão úteis em suas atividades.
Para a solução dos problemas esses podem e devem apoiar-se na experiência e inteligência
coletiva das pessoas com quem trabalham. Desse modo, os resultados serão obtidos de forma
mais rápida e duradoura, pois corresponderão aos interesses de muitas pessoas.
Por isto, é recomendada a aplicação, como método de trabalho, da ação de investigação
com o objetivo de:
Orientar como aplicar a ação de investigação.
Orientar na busca de soluções que elevem a qualidade do trabalho.
Utilizar as informações obtidas por meio da investigação em planejamento, execução.
Análise final do resultado das ações dirigidas à solução de um problema.
A participação conjunta é básica, pois contribui para que os implicados sintam como se o
problema fosse seu e se comprometam a resolvê-lo.
O investigador poderá ser o GTM e/ou o Monitor e os sujeitos da investigação os
Visitadores e as famílias incorporadas ao Programa Primeira Infância Melhor.
Etapas da ação de investigação
Não se pode apresentar um modelo único, pois deve ser levada em consideração a
magnitude do problema, os recursos disponíveis, bem como as limitações que podem existir
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para resolver determinadas questões. Contudo, pode-se falar das etapas e dos aspectos
fundamentais de cada uma destas, as quais são:
a) Identificação e análise do problema (diagnóstico).
b) Determinação das ações transformadoras.
c) Execução do plano de ação.
d) Apresentação dos resultados.
A seguir detalharemos cada etapa:
a) Identificação e análise do problema (diagnóstico)
No papel de orientador da investigação, GTM e/ou Monitor podem contar com a
colaboração de outras pessoas com experiência (e/ou especialistas). Juntos formam uma equipe
com a qual se pode trocar idéias, processar dados e selecionar técnicas de comunicação para
serem aplicadas aos sujeitos da investigação.
A partir daí, formulam-se diferentes perguntas que permitem a identificação e análise dos
problemas. Estas perguntas podem ser:
Que fatos estão afetando o desempenho e são preocupantes?
Dos problemas que se tem, qual é o principal?
Qual a origem dos demais?
Como se manifesta?
Quando começou?
Quem são as pessoas afetadas?
O que origina este problema?
O que tem sido feito até o momento para resolvê-lo?
Que resultados têm sido obtidos?
Em que aspectos fracassou?
O que se pode fazer para resolvê-lo?
Quais soluções estão fora do alcance da equipe?
Durante este processo de perguntas e respostas que aproximam a determinação do
problema, é recomendado que sejam feitas as seguintes considerações:
O problema pode ser visto de diferentes pontos de vista.
Os diversos pontos de vista contêm vários aspectos do problema.
Os vários aspectos do problema podem ser resolvidos em diferentes passos e níveis de
ações.
A descrição do problema permite o conhecimento, porém não contém dados suficientes.
O problema deve ser analisado em relação a outros aspectos da vida diária.
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Se entre todas as possibilidades já tiver sido determinado qual é o problema, o mesmo
volta a ser apresentado. É possível que, ao formulá-lo novamente, compreenda-se melhor quais
são as causas que lhe deram origem.
Nesta etapa é necessária a aplicação de Técnicas que ajudem na reorganização dos dados,
e que estão melhor explicitadas no quadro seguinte.
Técnicas para identificação e análise do problema
Análise das causas
Para aplicar esta técnica é importante o apoio da equipe, bem comoo apoio dos Visitadores,
das famílias e da comunidade, que fazem parte da investigação. À equipe cabe a tarefa de
elaborar os instrumentos, reunir os elementos que facilitem o estudo (quadros, gráficos,
resumos) e a revisão analítica da informação e interpretação dos dados reorganizados. Aos
visitadores, famílias e comunidade que participam da investigação caberá fazer a avaliação
das informações obtidas. A partir daí, poder-se-á falar das causas, conseqüências e história do
problema.
Estudo bibliográfico
A realização de uma pesquisa bibliográfica estimula todos a se aprofundarem na história do problema. De grande utilidade serão os centros de
documentação e bibliotecas, de diferentes instituições, organismos e entidades.
Mobilizar as pessoas para que revisem os livros que tenham na pequena biblioteca de suas
casas. Ajudar a catalogar, classificar e buscar informações, nas quais poderá ser buscado apoio
para esta tarefa junto aos técnicos e bibliotecários dos centros antes mencionados. Para a
elaboração dos instrumentos (questionários de entrevistas, enquetes), guias de orientação
para observação e análise dos dados qualitativos e quantitativos, é importante buscar a ajuda
de especialistas, os quais podem fazer parte ou não da equipe que realiza a investigação.
Enquetes
A enquete é uma técnica
de recolhimento de dados
por meio de perguntas,
cujas respostas são obtidas de forma oral ou escrita. É útil quando se quer
indagar sobre as opiniões
de um grande grupo de
pessoas.
Os requisitos necessários para se aplicar uma enquete são:
ü Elaborar um questionário com perguntas claras e precisas que estejam relacionadas com a
experiência e os conhecimentos mais próximos dos entrevistados;
ü Iniciar o questionário com as perguntas mais fáceis, as menos significativas emocionalmente – as mais complexas devem figurar no centro e, ao final, a pergunta aberta, para que
os entrevistados expressem as suas opiniões, critérios e desejos;
Agradecer a ajuda prestada; iniciar a enquete informando, brevemente, ao entrevistado o
objetivo desta e solicitando-lhe colaboração para responder às perguntas e criar um clima
afetivo e amável que facilite a obtenção da informação desejada.
Entrevistas
É uma conversação estabelecida entre a pessoa
que faz as perguntas e a
pessoa que as responde,
afim de se obter uma informação direta e confiável. Pode ser individual
ou coletiva.
É recomendável na aplicação da entrevista:
ü Elaborar previamente um questionário;
ü Evitar as perguntas que podem ser respondidas com uma palavra ou de forma breve, pois
a informação dada é limitada;
ü Não insinuar nem sugerir as respostas durante a conversação;
ü Iniciar a entrevista falando de assuntos informais, alheios à questão a ser tratada a seguir,
para criar um clima de confiança;
ü Abordar o problema fundamental sem falar demasiado e escutando atentamente;
ü Observar e acolher as atitudes e sentimentos do entrevistado;
Ao terminar, dar oportunidade para que o entrevistado agregue o que desejar e resumir as
idéias fundamentais apresentadas e despedir-se com amabilidade.
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Técnicas para identificação e análise do problema
Observação
É dispor-se a ver e ouvir
os fatos e fenômenos que
se está investigando. É seletiva porque são captados os aspectos e/ou dados de maior significação.
Como pode ser a observação:
ü Mediante a utilização de determinados instrumentos (guias, quadros, anotações, fotos);
ü Sem a utilização de instrumentos;
ü Com a participação do investigador como um membro a mais do grupo que se estuda, para
conhecê-lo melhor;
ü Sem a participação do investigador no grupo estudado, ou seja, como espectador do que
ocorre;
ü Individual;
ü Coletiva;
Requisitos que a observação deve cumprir:
ü Se for utilizado um questionário, é necessário prever com suficiente antecedência o que se
vai observar e que aspectos específicos interessam;
ü Observar o fato ou fenômeno tal e como é, sem incluir pontos de vista e interpretações
pessoais;
ü Sistematizar a observação;
ü Se o fato ou fenômeno é observado só uma vez, o conhecimento obtido provavelmente será
muito limitado;
ü Determinar o tempo de duração da observação;
Se esta for breve não poderá explicar adequadamente o fato ou fenômeno motivador do
estudo.
Reuniões nas quais são
aplicadas técnicas de
grupo.
É importante o treinamento na aplicação de técnicas que ajudem a motivar, animar e
promover a reflexão dos problemas que são analisados. A técnica deve ser selecionada com
muito cuidado, bem como a determinação de como e em que momento deverá ser aplicada,
pois uma escolha errada ou falha na condução desta, podem comprometer o bom andamento
do trabalho prejudicando o alcance do objetivo desejado.
b) Determinação das ações transformadoras
Nesta etapa é sugerido que seja apresentado o problema novamente, bem como suas causas
e manifestações, completando com a informação dos resultados obtidos, através da aplicação
de técnicas que permitam conhecer melhor as características deste.
Estimular a análise crítica das informações, ou seja, que todos possam ver a realidade tal
e qual esta se apresenta e não como eles a imaginam ou a interpretam, levados por seus
sentimentos ou opiniões pessoais. Fazer com freqüência a pergunta: como se pode solucionar o
problema?
Como o processo de análise continua, será necessário fazer ajustes no decorrer deste, a
fim de que as pessoas não se afastem do caminho traçado.
A proposta de ações para resolver o problema promove novas proposições, novas
informações, novos obstáculos, novos recursos e explicações. Parecerá um retrocesso, mas o
saldo será positivo porque todos ganharão em compreensão e clareza quanto ao que fazer.
Sobre a base do analisado será elaborado um plano de ação que, para ser efetivo, deverá
responder às seguintes perguntas:
O que deverá ser feito?
Por quem?
Como?
Com o que se contará e o que se deve buscar?
Onde será realizado?
Quando?
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c) Execução do plano de ação
O Monitor deverá deixar bem claro a todos que a intenção da ação traçada é modificar a
realidade e resolver o problema. Não se deve executar mecanicamente as tarefas, por isto, durante
a realização do plano, os processos de análise, reflexão e discussão devem continuar.
Nesta fase é importante cuidar, não apenas para que se cumpra com o planejado (o que,
quem, como, com o que, onde e quando), mas que, além disto, avalie-se a efetividade das ações.
Para tanto é recomendada a aplicação de técnicas como:
Observação.
Entrevistas e enquete de opinião.
Reuniões nas quais se aplicam técnicas participativas.
Poderá ser comprovado, durante a execução das ações que, para solucionar determinado
problema, são descobertos outros problemas e outras necessidades. Desta forma, a ação se
converte em uma fonte de novos conhecimentos.
d)
Apresentação dos resultados
Todos os envolvidos na investigação se inteiraram do que ocorreu em cada momento,
uma vez que juntos estiveram participando na identificação e na análise do problema, na
determinação de ações transformadoras e na execução do plano de ação.
Agora trata-se de elaborar, entre todos, uma informação que, de maneira ordenada,
sistematizada e com linguagem acessível, reúna os resultados da investigação.
Uma vez trabalhada, a informação promove novamente a discussão acerca da solução
encontrada para o problema e para o cumprimento do plano que foi traçado.
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VIII– TRABALHANDO COM AS FAMÍLIAS
Este material destina-se a ajudar no trabalho desenvolvido através das vias não formais
de desenvolvimento infantil na comunidade e à superação das metas pretendidas. Assim, foram
elaboradas técnicas para o trabalho comunitário que podem servir de ferramentas para
desenvolver o trabalho com dinamismo. Seu uso contribuirá para a integração das pessoas que
serão assessoradas; aos membros do grupo coordenador do Comitê Municipal que será assistido;
aos pais que serão orientados quando for executado o trabalho de apoio; ou outro qualquer.
Também pode ser útil ao grupo Técnico Municipal – na tarefa de desenho, montagem,
assessoramento e controle do trabalho das vias não formais em uma região; a grupos de
pedagogos da educação infantil nos diferentes níveis e aos professores e demais pessoas
relacionadas com a instrumentalização do Programa.
Se ao aplicá-las forem levados em consideração os dados que caracterizam a área e a
família (nível cultural, tradição, linguagem, modo de vida) e o vínculo com outros métodos,
como conversas, assembléias, intercâmbio de experiências, leituras comentadas, conferência
de especialistas etc., poderão ser comprovados, com brevidade, os bons resultados alcançados.
Deve-se ter claro que essas técnicas sempre devem ser aplicadas de forma a vinculá-las a
um conteúdo específico.
Nesse material poderão ser encontradas técnicas participativas para serem aplicadas aos
grupos de crianças e adultos; de apresentação; de animação; de reflexão e análise e atividades
de divulgação e propaganda.
8.1 SUGESTÕES DE TÉCNICAS PARA O TRABALHO COM AS FAMÍLIAS
8.1.1 O que são as técnicas participativas?
São procedimentos que podem ser utilizados para motivar, animar e integrar os
participantes no tratamento de determinado tema, a fim de que sejam vencidos os temores e
inibições; eliminadas as tensões e adquiridas confiança e segurança para tornar mais simples e
compreensíveis os conteúdos abordados, e, por fim, serem introduzidos na análise e reflexão
de diferentes programas.
Para que uma técnica participativa seja útil, deve ser aplicada em função de um tema
específico, com objetivos concretos e, é claro, de acordo com as características das pessoas
reunidas.
8.1.2 Quais os passos que sugerimos para aplicá-las?
Em primeiro lugar, são colocadas algumas questões que você mesmo poderá responder:
Para que quero aplicá-las? (esta pergunta refere-se ao objetivo desejado)
Qual tema irei desenvolver?
Com quem vou trabalhar? (isto servirá para saber a linguagem adequada e como
selecionar e ajustar as técnicas segundo a experiência dos participantes).
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Quando forem respondidas as perguntas anteriores, poderão ser escolhidas as técnicas
mais convenientes.
Deve ser decidido o momento para aplicação das técnicas. Pode ser no início de uma
reunião de trabalho para motivar e animar os membros do grupo; podem ser desenvolvidas
após momentos intensos de fadiga para descansar e reconquistar a atenção do grupo e voltar à
atividade. É importante ter sempre presente a necessidade de ajustar os procedimentos ao tempo
disponível.
Feita a preparação para a aplicação das técnicas selecionadas, devem ser realizadas as
orientações abaixo, com criatividade e flexibilidade:
Motivar os integrantes do grupo para que se envolvam com o tema a ser tratado. Para
isto, deve-se convidá-los a participar ativamente, criando um ambiente de comunicação.
Depois de aplicada a técnica, perguntar-lhes como se sentiram. Isto permitirá identificar
os aspectos principais.
Deve ser feita uma análise com os grupos dos aspectos levantados. Isto será de grande
ajuda na formulação da seguinte pergunta:
“O que pensamos do que acabamos de ver, ouvir e viver?”
Relacionar a técnica com o que acontece na realidade do bairro, rua, comunidade e/ou
cidade.
Para finalizar, concluir ou sintetizar o tema apontado fazendo perguntas como estas:
Que conclusão podemos tirar?
Como podemos resumir o discutido?
O que aprendemos?
Recomenda-se, novamente, aplicar as sugestões de forma criativa.
8.1.3 Algumas técnicas
a) Técnicas de apresentação
São utilizadas a fim de que cada membro do grupo se apresente, estabelecendo um clima
fraterno de confiança e segurança. Deve acontecer no início de cursos, seminários, oficinas,
jornadas de capacitação etc., com o objetivo de alcançar a integração de todos à atividade que
será desenvolvida.
É muito importante que as famílias que participam do Programa PIM se conheçam e
estabeleçam boas relações. Isto contribui para que se estimulem entre si a participar com cada
vez mais entusiasmo. Uma das primeiras formas de se conhecer é a apresentação onde cada um
passa saber o nome dos demais. Por isto são recomendadas algumas técnicas que podem ser
utilizadas com esses propósitos.
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A seguir, algumas sugestões de técnicas de apresentação:
Técnicas de apresentação
Apresentação
por pares
O grupo deve ser orientado para se apresentar por pares e para isto deve trocar determinada
informação que é de interesse de todos. Por exemplo, nome, qual o interesse e o que esperam do
encontro, coisas que gostam ou desgostam. A duração desta atividade irá depender do número de
participantes, girando em torno de três minutos para cada par, possibilitando que todos se
apresentem perante o grupo. A informação deve ser dada de forma geral, simples e breve. Uma
variação desta técnica é a apresentação cruzada na qual após a apresentação do par, um apresenta o
outro ao grupo.
Apresentação
subjetiva
Cada pessoa se compara a um animal ou coisa na qual, de alguma maneira, identifica traços de sua
personalidade ou características de seu trabalho. Depois cada um diz ao que se compara e por quê.
Pode ser aplicada a modalidade da mímica. Para isto, avisar que ao invés de falar, deverão atuar por
gestos. Uma variação desta técnica consiste em orientar que cada membro do par pense com qual
animal ou coisa lhe ocorre comparar seu companheiro, seja por suas características físicas, seu modo
de vestir, andar ou arrumar-se, entre outras. Posteriormente, quando o grupo se reunir, cada um dirá
com o que e por que comparou o seu companheiro. Ao invés de animal ou coisa pode ser solicitado
que pensem sobre qual profissão atribuiriam ao companheiro.
Dança de
apresentação
Preparar previamente o seguinte: folhas, lápis, alfinetes ou presilhas, um aparelho de som.
Distribua uma folha para cada um pedindo que respondam a seguinte pergunta, Por exemplo: Do que
mais gostam no trabalho com crianças? Deve ser solicitado que prendam a folha no peito ou nas costas. É
colocada uma música e pedido que a escutem ou dancem e formem pequenos grupos identificados
com as respostas similares. A música deverá ser interrompida e é dado um tempo para que aquelas
pessoas que permaneceram sós encontrem um grupo afim. Os membros de cada grupo devem
dialogar sobre o por que das respostas. Após o grupo todo é reunido e um membro de cada pequeno
grupo irá informar aos demais sobre a afinidade que os uniu, assim como o nome dos integrantes do
seu grupo. Recomenda-se que esta técnica seja utilizada para conhecer qual a opinião do grupo sobre
determinado assunto ou problema. O procedimento é o mesmo, só que na folha cada qual escreve sua
opinião sobre o tema proposto. Exemplo: O que você pensa sobre a sua participação nas brincadeiras do seu
filho?
b) Técnicas de Animação
São aplicadas para animar e criar um ambiente de participação. Essas técnicas devem ser
ativas, ter elementos que permitam o relaxamento e que todo o grupo se envolva.
É recomendada, posteriormente, a realização de momentos intensos de trabalho.
A seguir, algumas sugestões de técnicas de animação:
Técnicas de animação
Canastra
travessa
O correio
O grupo é orientado para que, sentados, formem um círculo. A pessoa que coordena o grupo fica em
pé no centro e explica aos integrantes que, quando for dita a palavra “azul”, apontando uma pessoa,
esta deve dizer o nome do colega que estiver sentado a sua direita. Quando for dita a palavra
“vermelho”, a pessoa apontada deve dizer o nome do seu colega da esquerda. Quando a pessoa
indicada errar ou demorar mais de quatro segundos para responder, deve passar ao centro da roda
trocando de lugar com o Coordenador. Quando o Coordenador disser, bem alto, a expressão
“canastra travessa”, todos devem mudar de lugar, inclusive a pessoa que estiver no centro, a qual
deverá aproveitar esta oportunidade para ocupar um dos lugares na roda. Quem não conseguir
acomodar-se na roda ficará de pé no centro, dando continuidade ao jogo. Esta técnica é utilizada para
reforçar o conhecimento dos nomes dos membros do grupo.
Peça aos membros do grupo que, sentados, formem um círculo. Retire uma cadeira e aquele que ficar
de pé vai para o centro da roda para iniciar o jogo e diz, por exemplo: “Trago uma carta para todos
aqueles que têm filhos de três anos de idade”. Imediatamente todos que se encontram neste caso
devem mudar de cadeira. Aquele que fica sem ela passa para o centro e pensa numa frase nova.
Exemplo: “Trago uma carta para todos que nesta semana realizaram atividades com suas crianças em
casa”. Esta técnica também pode ser utilizada para localizar diferentes características como: tipo de
trabalho, gostos, atividades que podem realizar os integrantes do grupo e outras.
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Técnicas de animação
Peça ao grupo que fique em pé e conte a seguinte história: “Estamos navegando num enorme barco e
após uma forte tempestade o barco começa a afundar. Para salvarem-se, os participantes devem
entrar numa lancha salva-vidas. Porém, em cada lancha só pode entrar um número determinado de
pessoas”. Exemplo: “Em cada lancha só poderão entrar oito pessoas”. Esclarecer que na lancha não
podem subir nem a mais nem a menos do número determinado. Os que sobrarem devem ir sentar-se
(saem do exercício). Para entrar nas lanchas os participantes contam até cinco segundos. Assim
continua a técnica até que um pequeno grupo possa permanecer como os sobreviventes do naufrágio.
Esta técnica poderá ser aplicada na formação de novas equipes.
Os barcos
c) Técnicas de reflexão e análise
O objetivo fundamental desta técnica é de fornecer elementos simbólicos aos participantes
para que possam refletir sobre situações da vida real.
Possibilita trabalhar diferentes temas, como também resumir, sintetizar ou interpretar
discussões.
A seguir, algumas sugestões de técnicas de reflexão e análise:
Técnicas de reflexão e análise
Sociodrama
Sua aplicação possibilita obter elementos para análise de qualquer tema, baseando-se em situações
ou fatos da vida real. É uma dramatização em que se utilizam gestos, ações e palavras para
representar algum fato ou situação que posteriormente será analisada pelo grupo.
Os passos para colocá-la em prática são os seguintes:
· Escolha o tema de forma clara e precisa;
· Converse com o grupo sobre o tema;
· Escolha os participantes os quais deverão trocar entre si o que sabem sobre o assunto escolhido.
Exemplo: “Proteção de acidentes domésticos". Os atores representarão para o grupo a história com
enredo, não precisando de texto escrito, nem roupa especial, nem muito tempo para desenvolver.
Concluída a atividade, realiza-se a análise e discussão do tema proposto. Esta técnica pode ser
utilizada para analisar conteúdos ou para conhecer o que se sabe sobre estes.
Estudo de
casos
Preparar, antecipadamente, lápis, folhas de papel, quadro-negro, giz, canetas etc. Esta técnica
permitirá ao grupo chegar a conclusões, assim como formular alternativas sobre uma situação
determinada. Inicialmente, o executor preparará um resumo sobre uma situação ou um problema
que tenha relação com o tema que deseje trabalhar sob a forma de um caso particular. Por exemplo:
“Margarida e Jorge são um casal jovem com um filho de quatro anos, de nome Jorginho. A família
reside com os avós maternos da criança. Esta passa grande parte do seu dia aos cuidados dos avós.
Freqüenta diariamente o bar, o mercado, a padaria, sempre sentado no seu carrinho. Em casa, nos
momentos em que não está nem comendo nem dormindo, continua sentado diante de um livro ou de
uma televisão. Jorginho chora e se torna cada dia mais agressivo e a família não sabe o que fazer com
ele.”O resumo do caso será exposto por escrito e de forma oral para os participantes. Se o número de
participantes for elevado, poderão ser formados pequenos grupos. Depois se discute o caso
apresentando idéias, soluções ou interpretações. Ao mesmo tempo, alguém deverá anotar as
sugestões significativas e as possíveis soluções que emanarem da discussão. Finalmente, entre todos,
devem chegar a uma conclusão final. Uma vez terminada a discussão, devem elaborar um resumo
dos problemas e soluções sugeridas. Deve-se analisar com o grupo a possibilidade de implementar
tais soluções. Depois se pede a este que reflita sobre a relação do caso e suas soluções a partir da vida
real dos participantes. É importante que a situação ou o caso que se represente seja trabalhado com
antecipação e com as informações necessárias para tornar possível a discussão.
Recomenda-se esta técnica para:
· Chegar em grupo a conclusões sobre situações concretas;
· Possibilitar a análise concreta de um tema;
· Quando for necessário, concluir uma tarefa concreta por parte do grupo.
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Técnicas de reflexão e análise
Chuva de
idéias
Esta atividade permite colocar em acordo comum o conjunto de idéias e conhecimentos de
cada um dos participantes a respeito do mesmo tema, chegando a uma síntese ou conclusão. Para
iniciar, formula-se uma pergunta clara que expresse o objetivo que se quer atingir. A pergunta deve
permitir que os participantes respondam a partir de suas experiências. Exemplo: “Tem notado que
alguma vez seu filho deseja fazer coisas para as quais ainda não está preparado?A seguir cada participante
deve dizer o que pensa acerca do tema ou se tem dúvidas para serem esclarecidas. A quantidade de
idéias pode ser limitada ou não, mas cada participante deve dizer pelo menos uma. Uma pessoa
designada anotará cada idéia para que todos possam ler. Ao final, será obtido um conjunto de idéias
que indicará onde se concentra a maioria das opiniões do grupo, o que permitirá aprofundar cada
aspecto do tema ao longo da discussão.
d) Técnica de sensibilização
Técnica de
sensibilização
Deve-se pedir aos pais, por exemplo, que reunidos em determinada atividade na qual não se
encontrem presentes os filhos, que escolham um casal. Um se denominará A e ficará de pé frente ao
outro, que será o B e ficará sentado. Conversarão sobre um tema previamente selecionado e depois de
dois minutos será perguntado como se sentem ao estar assim; pedir que mudem de lugar e que
continuem conversando por dois minutos. Terminado o tempo, solicitar que expressem suas
opiniões a respeito do sentimento que tiveram ao conversar com uma pessoa de diferente estatura e
altura e como acreditam que seja o ponto de vista de uma criança ao falar com os adultos. Para
concluir, estabelecer um debate entre as diferenças que existem entre a criança e o adulto, tanto em
relação às características físicas quanto psíquicas.
e) Técnica de descrição
Técnica de
descrição
Organizar grupos de 6 a 8 pessoas e solicitar a cada pai ou mãe que descreva seu filho. Pedir que
utilizem fotos ou desenhos para elaborar um “retrato” do seu filho ou simplesmente descrevê-lo
oralmente. Preparar com antecedência o material necessário. Com a equipe formada, orienta-se da
seguinte maneira: que confeccionem, com o material que possuem, o retrato do seu filho para que os
demais, que não o conhecem, possam ter uma idéia sobre ele. Descrever seu aspecto físico e
emocional, gostos, tratando de acrescentar tudo o que sabem sobre o seu filho. Esta atividade deverá
durar 20 minutos e as pessoas que apresentarem dificuldades deverão ser ajudadas. Não importa que
o desenho seja rudimentar. Quando terminarem, pedir que coloquem na parede ou num mural ou na
mesa, para que sejam observados pela equipe e convidar os pais para que, durante um minuto, falem
do seu retrato aos colegas de grupo. Finalmente, reunidos num grande grupo, irão refletir sobre as
seguintes questões:
· Foi difícil descrever seu filho?
· Como foi, ou como se sente ao descrever seu filho?
· O que foi mais difícil de descrever, o aspecto físico ou o emocional?
Até o momento, a convivência com seus filhos tem sido suficiente para conhecê-los bem?
f) Atividades de divulgação e propaganda
Além das técnicas já recomendadas, sugerimos algumas atividades para divulgação e
propaganda da tarefa na comunidade. Podem ajudar difundir os aspectos mais relevantes e
dar informações úteis quanto ao trabalho desenvolvido pelo programa.
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Exposições
Podem ser organizadas com a finalidade de conhecer as atividades efetuadas, o esforço realizado e o
nível que foi alcançado de acordo com os objetivos propostos, os materiais que apoiaram a tarefa
educativa e as diferentes iniciativas que mostram o compromisso da comunidade. Estas exposições
podem ser esporádicas ou ocasionais.
Conferências
Permitem aprofundar alguns temas que são desenvolvidos por especialistas como médicos,
psicólogos, pedagogos, assistentes sociais e outros. Deve ser utilizada uma linguagem coloquial e
simples, mas científica para fazer chegar a informação aos pais, membros da comunidade e equipe do
Programa.
Filmes e vídeos
Podem ser usados como apoio a sessões de trabalho com crianças, pais e equipe do Programa. Estes
materiais proporcionam uma atividade atraente para os participantes e podem abordar diversos
temas como educação sexual, alimentação, saúde e outros. São valiosos para fazer chegar aos pais
informações difíceis de obter ou relatar.
Difusão gráfica
Cartazes e murais permitem oferecer informação à comunidade em forma de anúncios, lembretes,
conselhos, promoção de atividades etc. Devem ser simples, com cores atraentes e contrastantes com
textos acessíveis à população.
8.2 SUGESTÕES DE ELABORAÇÃO DE BRINQUEDOS PELAS FAMÍLIAS
8.2.1 Condições necessárias para a elaboração de brinquedos e materiais
Os procedimentos e brinquedos constituem recursos materiais necessários para as
brincadeiras e outras atividades da criança.
Na sua elaboração é importante observar o seguinte:
Devem adaptar-se à idade e interesse da criança para realizar, com esses, diversas
atividades;
Os brinquedos e atividades devem ser voltados para meninos e meninas;
Devem incentivar a criatividade da criança e possibilitar ações de armar, desarmar,
puxar, empurrar e construir, entre outras;
Devem ser resistentes, bem acabados e seguros, eliminando pontas e lascas;
Se forem feitos com sementes, contas e outros estes devem estar bem colados;
É importante cuidar o acabamento e o material utilizado, visto que a criança leva tudo
à boca.
8.2.2 Uso e funcionalidade dos brinquedos e materiais
Os brinquedos são para crianças.
Deve-se, então, levar em conta seu uso e funcionalidade.
Antes da elaboração dos projetos, deve-se fazer duas perguntas:
Que uso e função tem para a criança?
Será interessante e dará satisfação às crianças?
Os procedimentos e brinquedos poderão ter várias funções como os exemplos a seguir:
chocalhos e brinquedos que fazem barulho para escutar, olhar e tocar; pirâmides, para encaixar
e embutir; quebra cabeças, para pensar, entreter e criar; blocos de madeira ou papelão, para
pensar, imaginar, criar, armar e desarmar.
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8.2.3 Materiais utilizáveis
Não se deve perder de vista que todo o tipo de material, natural ou reciclável, pode servir
para construir um brinquedo ou uma atividade necessária para estimular o desenvolvimento
da criança. É importante não jogar fora brinquedos com peças quebradas ou estragadas porque
muitas vezes podem ser reaproveitáveis. Ex. uma roda, cabeça de bonecas e outros. Os materiais
abaixo relacionados são fáceis de conseguir: papel, papelão, metais, bijuterias, pedaços de
madeira, brinquedos velhos, panos, caixas de papelão, plástico e metal, roupas velhas, revistas,
jornais, cordas, barbantes, tampas e outros. Lugares onde podem ser encontrados os materiais:
domicílios, carpintarias, indústrias locais, praias, rios, lagoas e outros.
8.3 SUGESTÕES PARA A ELABORAÇÃO DE DIFERENTES BRINQUEDOS LÚDICOS
Brinquedos e/ou
materiais lúdicos
Recursos necessários
Como fazer
Blocos de
madeira
Retalhos de madeira, galhos, arbustos, serrote, lixa.
Selecionar os retalhos de madeira de diferentes formas como: quadrados, retângulos, triângulos etc. Lixar até obter uma
superfície lisa.
Blocos cheios de
diferentes
materiais
Retalhos grandes e pequenos de tecido, fio, agulha e
tesoura, recheio de palha
suave, roupas velhas.
Blocos quadrados e retangulares: cortar
seis quadrados ou retângulos grandes de
tecido e costurar um ao outro deixando
uma abertura para colocar o recheio.
Blocos cilíndricos: cortar um retângulo
grande e dois círculos. Unir as partes cortadas e rechear.
Blocos em forma de pirâmide: cortar
quatro triângulos, uni-los e rechear.
Blocos de encaixe
vazado em
papelão ou
madeira
Cartões de diferentes formas - quadradas, redondas
e outros formatos com perfurações.
Usar duas chapas do material escolhido
de tamanho igual. Em uma delas, recortar
as figuras, de forma que a chapa fique
vazada. Colar uma chapa sobre a outra,
sem as figuras.
Blocos de caixas
Caixas, tesouras, papéis,
cola e recheio de palha
suave.
Montar e fechar as caixas. Depois, pedir
para as crianças decorarem com papéis ou
desenhos. Também se pode forrar várias
vezes, aplicando a técnica de papel maché
e assim aumentar o tamanho das figuras
Blocos para
formar torres,
trens e quebracabeças
Caixas, tesouras, papéis,
cola e recheio de palha
suave.
Utilizam-se os mesmos procedimentos
que no projeto anterior, só que agora
usando as caixas para formar objetos.
Blocos para
encaixar e
embutir
Latas, caixas, tampas e
recipientes plásticos de
diferentes tamanhos, cabo
de madeira, espiga de
milho.
Desenho
Encaixar uns dentro dos outros.
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Brinquedos e/ou
materiais lúdicos
Recursos necessários
Como fazer
Encaixe
emcordão
Fios, barbantes ou corda;
contas ou argolas de papelão, madeira ou plástico.
Introduzir o fio no orifício das contas e
argolas.
Para fazer som
Latas, pedras, sementes,
conchinhas, frascos plásticos com tampas furadas,
água; latas grandes, palitos
grandes e médios de madeira dura, tampas metálicas,
achatadas e perfuradas no
centro para serem trespasadas por fio, corda ou barbante e tampas de panela.
Encher as latas com pedras, sementes ou
conchinhas para fazer chocalhos (vedar
bem); colocar água dentro dos frascos de
plástico furados e deixar gotejar, usar as
latas grandes como tambores, com os
palitos para bater; trespassar as tampas
metálicas com corda ou barbante para
bater uma na outra.
Para desenhar
Palitos, pincéis velhos ou
construídos com um pau pequeno; fio ou barbante; cerdas de cavalo ou de cabelo
humano.
Utilizar os materiais para desenhar na
areia, molhar e desenhar em piso seco e
desenhar em diferentes superfícies.
Quebra-cabeças
Revista, jornal, tesoura, cola
e papelão.
Recortar figuras coloridas de uma revista
ou jornal, colar sobre uma folha quadrada
de papelão e recortar em várias partes, de
acordo com a idade da criança (de 2 a 10
recortes).
Quebra-cabeças
com caixas
defósforo
De 04 a 09 caixas de fósforos,
cola, tesoura e figuras e/ou
desenhos.
Colocar de 4 a 9 caixas de fósforo juntas,
lado a lado. Colar no verso da lâmina a
figura ou desenho do tema escolhido e
recortar, ficando um pedaço do desenho
em cada caixa.
Marionete
improvisado
dedoches
Tecidos, penas, fitas, bola de
pingue-pongue e/ou isopor, caixas pequenas, tecido, contas, botões, sementes, papel, tinta, canetinha,
agulha, tesoura, cola, linha,
entre outros.
Usando a imaginação, pode-se criar
diferentes personagens usando os dedos e
as mãos, pedaços pequenos de tecidos,
penas e fitas.
São cabeças que se encaixam como dedais
nos dedos da mão. Sobre a cabeça desenhar, pintar, bordar, ou colar olhos, boca,
nariz e orelhas.
Marionete de
saco de papel
Caneta e/ou lápis, saco de
papel e papel colorido.
Desenhar a cara no saco de papel e utilizar
papel colorido ou desenhar para fazer
olhos, boca, orelhas e etc.
Marionetes
planas
Figuras e/ou desenhos, lâminas de papelão e/ou madeira, cartolina, cola e tesoura.
Recortar ou desenhar a figura de um animal ou pessoa, com frente e verso, colar
em papelão ou cartolina entre a frente e o
verso e colocar uma tira de madeira ou
papelão grosso para sustentar.
Desenho
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Brinquedos e/ou
materiais lúdicos
Recursos necessários
Como fazer
Marionete de
mão
Tecido, cartolina ou bola de
isopor, tinta ou canetinha,
barbante ou lã, tesoura, agulha e linha.
O corpo da marionete se faz com tecido,
a cabeça com cartolina ou bola de isopor.
Costurar e pintar os olhos, nariz, boca,
sobrancelhas. Os cabelos podem ser de
fios, barbantes ou lã.
Boneca de pano
Fios, feno, palha, palha de
milho e pano.
Além de bonecas, podem-se fazer animais, bolas, frutas etc. Pode-se recorrer a
ajuda de avós, que podem estar acostumadas a fazê-las.
Balaios e cestos
Folhas de palmeira, junquinhos ou folhas de coqueiro e
butiás, folhas de papel e jornal enrolados.
Podem-se usar os cestos para colocar e tirar objetos de dentro, construir torres, encaixá-las, encontrar a tampa certa de acordo com a cor ou o tamanho.
Gravuras
Folhas frescas de diferentes
árvores e tamanhos, papelão, cartolina, sementes, gravetos, areia, conchas, cola,
cascas de limão ou laranja.
Colar o material em um papel formando
cenas.
Meios de
transporte
Vasilhames plásticos, brinquedos velhos, tampas, latas vazias, caroços, pedaços
de madeira, caixas, latas de
sardinha, retalhos de
madeira, arame etc.
Formar carros, trens, barcos e caminhões
juntando o material recolhido.
Animais
Argila, barro, tecido, retalhos de cartolina, cascas de
fruta, tubos metálicos, sementes de pinha para o corpo, sementes menores para
os olhos, casca de ovos etc.
Criar animais, esculpindo ou unindo o
material recolhido.
Móveis
Caixas de diferentes tamanhos e formas, tintas e papel
para forrar.
Forrar ou pintar caixas e pedir que a criança crie móveis para casinhas de bonecas,
bichinhos etc.
Vasilhas e
panelinhas
Garrafas plásticas com as
pontas cortadas; frutas cítricas cortadas ao meio e sem
os gomos.
Criar utensílios domésticos como copos,
panelas, xícaras etc.
Desenho
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IX– AVALIANDO O PROGRAMA NO MUNICÍPIO
O PIM apresenta, como componente do seu referencial teórico-metodológico, uma
sistemática de avaliação, periódica e/ou contínua, através do acompanhamento de suas ações,
baseada nas observações e registros, com aportes de natureza quantitativa e qualitativa.
Considerando que o objetivo do Programa é orientar a família para que promova o
desenvolvimento integral de suas crianças, desde a gestação até os 6 anos de idade, faz-se
necessário um olhar teórico-reflexivo sobre o desenvolvimento da criança em seu contexto
sociocultural, respeitando e compreendendo suas individualidades, suas manifestações e
gradativas conquistas.
O processo avaliativo do PIM se constrói através de uma rede de inter-relações, de modo
a garantir uma orientação de qualidade às Famílias e às Comunidades que aderiram ao Programa.
A avaliação da qualidade das ações do Programa Primeira Infância Melhor acontece de
modo contínuo, a partir da observação e registro das sistemáticas do GTE, GTM, Monitores e
Visitadores, sobre o desenvolvimento das Modalidades de Atenção e os ganhos evidenciados
nas famílias, crianças e gestantes.
A cada etapa do Programa – capacitações, visitas sistemáticas dos técnicos do GTE ao
Município, acompanhamento do GTM e do Monitor quanto ao trabalho e ações dos Visitadores,
desenvolvimento das Modalidades de Atenção Individual e Grupal, entrevistas com as famílias,
visitas periódicas aos gestores, entre outros – corresponde um momento de avaliação contínua,
com enfoque tanto quantitativo quanto qualitativo. Periodicamente, está prevista a realização
de uma avaliação parcial do Programa em alguns Municípios, para a obtenção de uma visão
geral das ações desenvolvidas em nosso Estado. A indicação dos Municípios, que participarão
desta avaliação parcial, segue critérios de regionalização e de cumprimento de requisitos
estabelecidos quando da ampliação do Programa.
A sistemática de avaliação do PIM, periódica e/ou contínua, considera o acompanhamento
do desenvolvimento infantil e a reflexão permanente sobre as crianças em seu cotidiano essenciais
ao elo da continuidade da ação pedagógica. Por conseguinte, o relato das mães sobre os ganhos
de suas crianças, das famílias e comunidade em geral, fazem parte dos registros de natureza
qualitativa.
O acompanhamento dos ganhos das crianças atendidas pelo Programa é realizado através
de atividades estimuladoras, planejadas e executadas, durante as Modalidades de Atenção
Grupal e/ou Individual, segundo os indicadores das Tabelas de Ganhos existentes nos Guias.
No primeiro ano de vida, a avaliação é realizada de 3 em 3 meses e de 1 até 6 anos, anualmente.
Este acompanhamento realizado pelas famílias e Visitadores, sob a orientação do GTE,
GTM e Monitores, considera os avanços e outras observações pertinentes à faixa etária em que
a criança se encontra, tendo por base o seu Diagnóstico Inicial.
Nesse processo avaliativo, o conhecimento das características da fase do desenvolvimento
das crianças e os resultados evidenciados a partir do Diagnóstico Inicial – Marco Zero –
possibilitam a compreensão das diferenças, necessidades e ritmos individuais, além de servir
de referência para as etapas subseqüentes.
Os resultados das observações do acompanhamento às crianças, são registrados em
documento próprio e dizem respeito, basicamente, ao desenvolvimento da criança nas
dimensões, socioafetiva, motricidade, linguagem e cognitiva. Através desses registros o Visitador
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pode distanciar-se de si mesmo e refletir sobre as idéias corporificadas, estudando-as,
interpretando-as, analisando os quadros ali esboçados, no sentido de encontrar outras respostas
para as situações vivenciadas ou melhores caminhos a percorrer, dando oportunidade a
planejamentos mais adequados.
Para tanto, o Guia de orientação para GTM, Monitor e Visitador do PIM serve de suporte
ao planejamento, execução e avaliação das ações, por conter aspectos teórico-metodológicos
essenciais ao desenvolvimento do Programa.
Neste sistema de avaliação, a Supervisão, Coordenação e Gerência do Programa
acompanham o desenvolvimento das ações, através da leitura crítica dos Relatórios de Visitas
de Assessoria e de Capacitações dos técnicos do GTE, para que as informações colhidas sejam
melhor explicitadas ou sistematizadas, possibilitando, assim o planejamento de visitas mais
eficazes e produtivas aos municípios.
Finalizando, a avaliação não é um processo individual, desarticulado do contexto social,
mas sim um processo revelador de uma observação contextualizada sobre a família, criança e
gestante, em seu cotidiano, assegurando assim, uma visão integral do seu desenvolvimento, a
partir das ações do Programa.
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Mensagem
O GTM, Monitor e Visitadores, constituem a chamada Equipe Municipal do PIM.
Representam uma engrenagem da maior importância, indispensável para o funcionamento do
Programa Primeira Infância Melhor em cada município.
São essas as estruturas promotoras da execução e operacionalização do PIM.
O Programa começa a concretizar-se quando chega aos municípios, sob a supervisão e
com a ação da equipe Municipal, junto às famílias. Cabe ao GTM, aos Monitores e Visitadores,
cada um no âmbito de sua competência expressa neste Guia, fazer chegar às famílias o
conhecimento do PIM, através da mensagem:
Estamos aqui para auxiliar a vocês, pais, mães, familiares, a partir de sua cultura e
experiências, para que promovam o desenvolvimento integral de suas crianças de zero até
seis anos de idade.
Você, que faz parte de uma dessas estruturas, sinta a importância de seu trabalho, como
se fôssemos uma grande orquestra, que só conseguirá encantar ao público, com a execução de
uma maravilhosa obra, se todos os instrumentos realizarem seu trabalho no momento certo e
de acordo com as indicações da regência.
Faça a sua parte! Você é importante para que, através do Programa Primeira Infância
Melhor, oportunize-se melhoria na qualidade de vida das crianças deste nosso Rio Grande!
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O Programa Primeira Infância Melhor – PIM é uma política pública pioneira no Estado do Rio Grande
do Sul, com caráter intersetorial, implantado em 7 de abril de 2003, cuja Lei n°12.544 foi sancionada em
03 de julho de 2006. É um programa institucional equivalente de ação socioeducativa cujo objetivo é
orientar as famílias, a partir de sua cultura e experiências, para que promovam o desenvolvimento
integral de suas crianças desde a gestação até os 6 anos de idade. É baseado cientificamente na teoria
Histórico-Cultural de Vygotsky, na Psicologia do Desenvolvimento com base em Piaget e nos recentes
estudos da Neurociência.
O trabalho é desenvolvido pelos municípios, sob a Coordenação do Grupo Técnico Estadual que planeja,
capacita, monitora e avalia a execução e os resultados alcançados.
GRUPO TÉCNICO ESTADUAL:
Gerente do Programa: Arita Bergmann
Coordenadora Geral: Leila Maria de Almeida
Supervisoras Técnicas: Fávia Franco, Lacy Maria da Silva Pires, Liése Gomes Serpa, Leila Maria de
Almeida, Maria da Graça Gomes Paiva, Maria Helena Capelli, Sandra Nique da Silva, Vera Maria da
Costa Ferreira e Wilda Blasi
CONSULTORES TÉCNICOS:
Aline Locatelli
Ana Maria Reissig Oliveira
Anelise Miritz
Cândida Kirst
Carmem Luiza R. Longaray
Carolina de V. Drugg
Cleci de Souza Lima
Cristiane Kessler de Oliveira
Flora Machado Duarte
Graziela Sutter
Gisele Mariuse da Silva
Iraci Soares
Janine Garcia Serafim
João Luiz Dorneles Antunes
Joice Lopes Zen
Julia Maria Vargas
Karine IsisBernardes
Kelly Oliveira dos Santos
Kênia Margareth da Rosa Fontoura
Letícia Ratkiewicz Boeira
Magda Knorr
Maria Celeste Leitzke
Marisa Bento Hernandes
Neiva Amaral da Silva
Rita de Cássia de Lima
Scheila Paula Zorzan
APOIO ADMINISTRATIVO:
Claudia Fernanda Pieluhowski
Fernando dos Santos Silva
Jennifer Ferreira Fernandes
BANCO DE DADOS:
Dauber Renato Torelli
ENDEREÇO PARA CONTATO:
Programa Primeira Infância Melhor
Avenida Borges de Medeiros, 1501, 6º andar - Ala Norte, Centro.
Porto Alegre/RS/Brasil - CEP: 90110-150
E-mail: [email protected]
Site: www.pim.saude.rs.gov.br
Fones: (00 55 51) 3288-5853/5955/5887/5888 - Fax: (00 55 51) 3288-5810
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9 788577 700073
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Capa - Guia GTM
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