Ensinar Física: na universidade & na escola
Marta F. Barroso
Instituto de Física - Universidade Federal do Rio de Janeiro
[email protected]
www.if.ufrj.br/~marta
outubro de 2005
UFRRJ
Ensinar Física: na universidade & na escola
1. INTRODUÇÃO
porque, onde, para que ensinar física, os níveis, a estrutura
da educação no Brasil, e outros
2. O ENSINO BÁSICO
a situação atual no Brasil e no Rio de Janeiro
3. A FORMAÇÃO DE PROFESSORES
cursos de graduação e pós-graduação, presenciais e a
distância
4. CONCLUSÃO
é difícil ensinar física
a universidade e a escola têm muito a ganhar em sua
interação
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
1. INTRODUÇÃO
Por que ensinar física?
- herança cultural
- formação no mundo atual (crescimento pessoal,
necessidades profissionais, compreensão da realidade)
Onde ensinar física?
- nas universidades (nível superior)
- nas escolas (nível médio e fundamental)
- nas atividades de extensão (educação continuada)
Para que ensinar física?
- formar futuros pesquisadores-professores (formação de
formadores)
- formar professores (formação em nível superior, médio e
fundamental)
1. Introdução
- formar cidadãos (formação social)
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
Por que estudar física?
- porque é bonita, porque é interessante, porque é
entusiasmante, ... porque somos malucos...
e por que é tão apavorante?
- porque apresenta poucas oportunidades de emprego,
- porque a física é difícil, exige persistência, rigor, treino,
além de talento e habilidades específicas
“a física é 10% inspiração e 90% transpiração”...
- porque vivemos num ambiente social e cultural em que o
esforço, principalmente o esforço intelectual, não é
socialmente importante
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
No ensinar física, temos vários “atores”
a curiosidade
a intuição
a experimentação
a conceituação
a formalização ou operacionalização
a matematização
...
fazer
pensar
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
e temos algumas (muitas) dificuldades,
por exemplo
Galileu Galilei Il Saggiatore (O Ensaiador, coleção Os Pensadores)
A filosofia encontra-se escrita neste grande livro que continuamente se abre
perante nossos olhos (isto é, o universo) que não se pode compreender antes
de entender a língua e conhecer os caracteres com os quais está escrito. Ele
está escrito em linguagem matemática, os caracteres são triângulos,
circunferências e outras figuras geométricas, sem cujos meios é impossível
entender humanamente as palavras; sem eles nós vagamos perdidos dentro
de um obscuro labirinto.
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
Cursos de física
- de nível superior:
formam pesquisadores e professores (de todos os níveis)
- de nível básico:
formam pessoas para viver em sociedade (para o mercado
de trabalho, para ensinar outros, para cursar o nível
superior)
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
pg
educação
superior
graduação
ensino médio
educação básica
ensino fundamental
educação infantil
Ensinar Física: na universidade & na escola
Cursos de física de nível superior
- bacharelado
candidatos a pesquisadores e professores universitários
- licenciatura
professores de ensino médio
- pós-graduação
lato sensu (atualização, aperfeiçoamento, especialização)
strito sensu (mestrado acadêmico ou profissional,
doutorado)
Modalidades
- presencial
- a distância
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
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2. O ENSINO BÁSICO
bases legais:
- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
- Diretrizes Curriculares Nacionais
orientações
- Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN-EM, PCN-EF)
- PCN+, PCN em debate
preconizam:
- descentralização da organização curricular
- elaboração de projetos político-pedagógicos por escolas
e apresentam muitas propostas e discussões, sendo (em
física) talvez pouco utilizados
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
Ensino Médio
três grandes áreas
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias
Ciências Humanas e suas Tecnologias
com disciplinas
Língua Materna, Língua Estrangeira, Educação Física e Artes
Matemática, Biologia, Física e Química
História, Geografia, Sociologia, Filosofia
(com termos: interdisciplinaridade, contextualização, ...)
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
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Ensino Fundamental
no ensino fundamental, na área de Ciências e Matemática,
a disciplina de Ciências,
em geral ministrada por professores formados em Biologia
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
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No Estado do Rio de Janeiro
- faltam (muitos) professores de física no ensino médio
- o ensino fundamental não é totalmente municipalizado
Em 2004/2005, parceria entre a Secretaria de Estado de
Educação do Rio de Janeiro e a Universidade Federal do Rio
de Janeiro - UFRJ (através do CCMN) propõe uma
- Reorientação Curricular para as escolas da rede pública
estadual do RJ
e estabelece condições para implementação deste documento
através de trabalhos conjuntos entre a UFRJ e os professores
da rede pública estadual (cursos de atualização)
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
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3 GRUPOS:
Ensino Médio e Fundamental (5a a 8a) (M.F.Barroso)
Ensino Normal (M.Mandarino)
Educação de Jovens e Adultos (C.Dottori)
ÁREAS:
Linguagens e Códigos
Ciências da Natureza e Matemática
Ciências Humanas
Formação Pedagógica
EQUIPES:
Professores universitários e de ensino médio e fundamental
www.if.ufrj.br/~marta -> reorientação curricular
www.if.ufrj.br/~carlos/carlos.html -> ensino ->
documento de física (também PROMED)
www.ccmn.ufrj.br -> extensao -> parceria com a
SEE -> reorientação curricular
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
Grade Curricular 2005 no Estado do Rio de Janeiro
ENSINO MÉDIO
Área
Linguagens e Códigos
HORAS AULAS SEMANAIS
Disciplina 1o ano 2o ano 3o ano
LP - Liter
6
6
6
LE
2
2
2
EdFis
2
2
2
EdArt
0
2
0
Ciências da Natureza e Matemática Matem
5
5
5
Biologia
2
2
2
Física
2
2
2
Química
2
2
2
Ciências Humanas
História
2
2
2
Geografia
2
2
2
Sociologia
0
0
2
Filosofia
2
0
0
Atividades Complementares
2
2
2
Ensino Religioso
1
1
1
TOTAL
30
30
30
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
Física no Ensino Médio
- autores:
Carlos Eduardo Aguiar (IF-UFRJ)
Eduardo Gama (Pedro II, IE Carlos Pasquale)
Sandro Costa (CE Ismael Costa)
- Estrutura Curricular
“A proposta curricular apresentada a seguir pressupõe um ensino de Física que
enfatize a compreensão qualitativa de conceitos e não a memorização de fór mulas,e
que esteja baseado na discussão de fatos cotidianos e demonstrações práticas feitas em
aula,e não na realização repetitiva de exercícios pouco relevantes.Também é essencial
que a Física não seja apresentada aos estudantes como um conhecimento meramente
introdutório,que só ganhará sentido e utilidade posterior mente nos cursos
universitários,que talvez nunca cheguem.Sem abandonar a construção de bases para
estudos mais avançados,o ensino de Física deve assumir o caráter de ter minalidade
que é atribuído à escola média.
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
Física no Ensino Médio
- Estrutura Curricular (continuação)
A estrutura curricular proposta tem uma ordenação que foge um pouco da tradicional – na
primeira série são abordados Temperatura,Calor e Ótica. Esta opção deve-se à facilidade
com que esses temas podem ser relacionados a fenômenos da vida cotidiana, à possibilidade
de se realizar muitas demonstrações práticas, e ao uso de uma linguagem matemática relativamente simples.A Mecânica, que envolve conceitos mais abstratos e difíceis, foi deixada
para a segunda série, quando os alunos já têm uma certa maturidade e conseguem usar a
matemática com maior segurança. Esta escolha também torna possível tratar a Mecânica
de forma um pouco mais profunda que a usual.Os temas estudados na terceira série são
mais tradicionais: Eletromagnetismo e Ondas. Apesar da seriação pouco comum,existem
vários livros-texto de boa qualidade e ampla utilização que podem ser adotados sem problemas na implementação da proposta curricular. A presente proposta afasta-se um pouco
da orientação sugerida nos Parâmetros Curriculares Nacionais que diz respeito à organização dos conteúdos em temas estruturadores.Uma das razões para isso é a pequena disponibilidade de material didático realmente compatível com os PCN, o que torna mais difícil a
adaptação da prática docente a uma refor mulação que atinge não apenas os conteúdos,mas
também os enfoques e for mas de apresentação. A Física Moderna não foi incluída no currículo proposto, contrariando algumas tendências recentes.
1. Introdução
Essa opção deve-se em boa parte ao fator tempo, pois tal
2. O ensino básico
3. Formação de professores
inclusão só poderia se dar com o sacrifício de tópicos essen4. Conclusão
ciais à própria compreensão do tema.”
Ensinar Física: na universidade & na escola
Física no Ensino Médio
- Estrutura Curricular (continuação)
Seriação:
Primeira Série:
Temperatura e Calor (~60%)
Ótica (~40%)
Segunda Série
Mecânica (100%)
Terceira Série
Eletricidade e Magnetismo (~60%)
Ondas (~40%)
(O número entre parênteses indica a parcela do tempo total dedicada a cada
tema)
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
Física no Ensino Médio
- Orientações gerais
 ênfase na compreensão de conceitos
 levar em conta o conhecimento dos estudantes
 reconhecer a existência de conceitos cotidianos não científicos
 abstrair a partir da situação concreta, ou do cotidiano
 uso de experimentos - laboratórios e demonstrações
 uso de simulações computacionais (p.ex, Modellus)
 uso sistemático de (bons) livros textos
 uso (complementar) de material didático na Internet
 articular ciências (Física, Química, Matemática e Biologia,p.ex)
 evolução da ciência
 estímulo à comunicação pelos alunos
 uso sistemático de revistas pelo professor (RBEF, FnE, CBEF)
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
3. A FORMAÇÃO DE PROFESSORES
formação inicial:
professores de ensino fundamental: escolas normais e
outras (física ???)
professores de ensino médio: universidades - cursos de
licenciatura (física: profundidade, atualidade ???)
professores de ensino superior: universidades - cursos de
bacharelado, mestrado e doutorado (preocupação com a
docência ???)
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES
formação inicial:
necessário um constante repensar de seu currículo, de
suas estruturas e práticas
(professores universitários sem formação específica para o
magistério)
Exemplo: a introdução da física moderna no ensino médio
Exemplo: as teorias cognitivas atuais, com os recentes
desenvolvimento da neurofisiologia cerebral
Exemplo: o contínuo aumento da integração de campos do
saber na produção científica
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES
formação continuada:
professores de ensino superior: físicos
estudo permanente, compreensão da necessidade de
contínuo aperfeiçoamento e atualização
em universidades com pesquisa, parte integrante da
atividade docente
(A UNIVERSIDADE COMO CRIADORA DE CONHECIMENTO
NOVO)
professores de ensino médio: cursos de pós-graduação
lato e strito sensu (professor pesquisador, invenção da
pedagogia ????)
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES
formação continuada para professores:
uma necessidade absoluta - e é importante que políticas
públicas incentivem esta atividade
tipos de cursos de pós-graduação:
atualização, aperfeiçoamento, especialização (lato sensu)
mestrado acadêmico, mestrado profissional, doutorado
(strito sensu)
cursos de extensão e cursos livres:
atualização, aperfeiçoamento, especialização
cursos em geral
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES
modalidade presencial: velha conhecida
modalidade a distância: um novo desafio
imposição externa?
quebra de soberania?
aligeiramento da formação?
ensino de segunda categoria?
versus
democratização e ampliação do ensino superior?
“descentração” da estrutura geográfica nacional?
qualidade diferenciada?
desenvolvimento de novas linguagens e tecnologias?
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES
modalidade a distância: um novo desafio
Exemplo: o consórcio CEDERJ
tripé:
UENF / UERJ / UFF / UFRJ / UFRRJ / UNIRIO
Estado do Rio de Janeiro
Municípios
cursos de licenciatura em física (entre outros)
do Instituto de Física da UFRJ
com laboratórios experimentais em todos os pólos
com desenvolvimento de materiais didáticos próprios
cursos de extensao para professores de física
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
Formação continuada
Deve dar conta de duas questões básicas:
- manter o professor em permanente atividade intelectual de
expansão de seus horizontes intelectuais
- permitir que supere eventuais problemas em sua formação
inicial
Precisa possibilitar um tempo de reflexão sobre a prática
docente, com o conseqüente trabalho de integração entre
teoria e prática
1. Introdução
2. O ensino básico
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
4. CONCLUSÕES
- Ensino Básico:
professores precisam de boa e contínua formação
ensinar física é um desafio: conceitos versus abstração
observação versus formalização
experimentação versus matematização
precisa-se achar e polir o diamante, mas o carbono é
abundante e muito útil
- Ensino Superior:
responsável pela formação inicial e continuada de
professores
em última instância, precisaria priorizar as atividades
de extensão como socialmente indispensáveis
e inadiáveis
1. Introdução
2. O ensino médio
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
4. CONCLUSÕES
- A interação entre a universidade e a escola
é absolutamente indispensável
é possível
os dois lados ganham e muito
- Exemplos - UFRJ
1. Introdução
2. O ensino médio
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
4. CONCLUSÕES
- Exemplos - UFRJ:
Rede Nacional de Formação Continuada do MEC - edital
ao final de 2005, criação de Centros de Referência, 5 de
Ensino de Matemática e Ciências
LIMC - Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento em
Ensino de Matemática e Ciências (UFRJ, parceria com
UFPE, PUC-RIO e UNIRIO)
www.limc.ufrj.br
Parceria com a Secretaria Estadual de Educação do RJ
PROMED - Curso de Atualização para Professores de Ciências
e Matemática (CCMN, CCS, CFCH)
julho a dezembro de 2005
www.ccmn.ufrj.br/curso
1. Introdução
2. O ensino médio
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
4. CONCLUSÕES
- Exemplos - UFRJ:
Parceria com a Secretaria Estadual de Educação do RJ
Curso de Atualização para Professores Regentes - Programa
Sucesso Escolar (Finalização do documento de reorientação
curricular)
setembro a dezembro de 2005
www.ccmn.ufrj.br -> extensao
Cursos livres e variados, presenciais e a distância
www.if.ufrj.br/~marta
1. Introdução
2. O ensino médio
3. Formação de professores
4. Conclusão
Ensinar Física: na universidade & na escola
CONTATO
Marta Feijó Barroso
[email protected]
www.if.ufrj.br/~marta
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