VALIDAÇÃO
DA
TÉCNICA
DE
ESPECTROMETRIA
FOTOACÚSTICA PARA A DETERMINAÇÃO DE UMIDADE DE
COMPRIMIDOS DE CAPTOPRIL SUBMETIDOS AO TESTE DE
ESTABILIDADE. Mariane Pereira Zazycki; Franciana Pedrochi; Mauro
Luciano Baesso; Elza Kimura.
Introdução: A técnica de espectrometria fotoacústica para determinação de umidade é
pouco explorada na área farmacêutica, entretanto, ela apresenta vantagens em relação às
técnicas mais empregadas nos laboratórios analíticos para detecção de umidade. A
espectroscopia fotoacústica utiliza as bandas de absorção ótica de moléculas de OH na
região do infra-vermelho médio, que constitui uma impressão digital para detecção da
umidade, e permite que seja determinado o espectro de absorção de amostras sólidas
(incluindo pós, chips ou objetos grandes), além de determinar o perfil de sistemas de
camadas profundas, sem destruição da amostra. Estas características permitem a
monitoração on-line de processos técnicos industriais sem a necessidade de preparo da
amostra. A umidade em produtos farmacêuticos é crítica quando a substância ativa é
susceptível às reações de hidrólise e oxidação, pois induz à quebra da estabilidade e pode
formar produtos de degradação, como é o caso do Captopril. O Captopril é um inibidor da
enzima conversora de angiotensina (ECA) que é indicado para o controle da hipertensão e
outras desordens cardiovasculares. Devido à sua instabilidade na presença de água, a
formulação, o processo de produção e a estabilidade devem ser avaliados cuidadosamente,
e a escolha da embalagem primária deve proporcionar uma barreira eficiente contra a
entrada de vapor de água e evitar a degradação. O aumento da umidade dentro de uma
formulação pode induzir quantitativamente a formação do produto de decomposição e,
embora não existam exigências legais para a determinação de umidade em produtos
acabados, a determinação desta em estudos de estabilidade pode ser útil na validade e
comparação da técnica de fotoacústica com a técnica de Karl Fisher.
Objetivos: validar a técnica de fotoacústica para determinação de umidade em
comprimidos e comparar o seu desempenho nos testes de estabilidade com a técnica de
Karl Fisher.
Materiais e métodos: Amostras de comprimidos de Captopril 25 mg Referência e
LEPEMC recém produzidas foram submetidas ao teste de estabilidade em câmaras
climáticas ajustadas a 30ºC e 40oC ± 2ºC em 75% ± 5% UR durante 6 meses e as análises
de teor de Captopril, de Dissulfeto de Captopril e de umidade foram feitas nos tempos de
0, 7, 14, 21, 30 dias, 3 meses e 6 meses. Foram utilizadas as técnicas de cromatografia
líquida de alta eficiência (CLAE) para teores de Captopril e do metabólito segundo USP
XXIV, e espectroscopia fotoacústica e Karl Fisher para teor de água. Para verificar a
sensibilidade da técnica de Fotoacústica foi construída uma curva de calibração pela adição
de quantidades conhecidas de água (0, 10, 20, 40, 80, 120 e 160 ppm) e analisadas pelas
duas técnicas. Todos os testes foram feitos em triplicata
Resultados e discussão: Os teores do comprimidos de Captopril para referência e
LEPEMC tiveram uma redução menor que 5% ao longo do estudo de 6 meses nas duas
temperaturas incubadas. Nas temperaturas de 30 ºC e 40ºC, os teores de dissulfeto para a
referência tiveram um máximo de 1,32% e 3,05%, respectivamente, enquanto que para o
LEPEMC, estes aumentos foram de 0,98% e 1,78%, respectivamente, após 6 meses de
incubação. Os dados da curva de calibração da técnica de fotoacústica acompanharam os
dados da técnica de Karl Fisher, entretanto, apresentaram sensibilidade até 5%. Acima
deste valor, houve um processo de saturação do sinal fotoacústico prejudicando a análise.
Por outro lado, nas concentrações abaixo de 4%, a técnica de Karl Fisher apresentou um
plateau, mostrando não ter sensibilidade adequada abaixo destas concentrações. Nas
amostras do teste de estabilidade, os valores obtidos pela técnica de Karl Fisher e de
fotoacústica foram semelhantes. Ao longo dos 6 meses de estudo, dentre as temperaturas
de 30ºC e 40ºC, houve uma redução de 1,18% e 1,40%, respectivamente, na umidade da
amostra referência e de 0,78 % e 1,01% para o LEPEMC, respectivamente, em relação ao
valor do tempo zero. A diminuição da umidade pode ser correlacionado com o aumento na
% de dissulfeto de captopril formado durante os 6 meses de estudo nos comprimidos.
Conclusão: A técnica de espectroscopia fotoacústica mostrou ter o mesmo desempenho
que a técnica de Karl Fisher para detectar a diminuição da umidade ao longo do estudo de
estabilidade e mostrou ser mais sensível e adequado para amostras contendo teores abaixo
de 5% de umidade.
Palavras-chave: Espectroscopia fotoacústica; Umidade; Estabilidade
Download

validação da técnica de espectrometria fotoacústica para a