AMILOIDOSE DE LARINGE: RELATO DE DOIS CASOS Ana Carolina Pastl Pontes, Thiago Ribeiro Oliveira, Afonso Vieira Cardoso, Maira de Barros e Silva Botelho, Fernando Luiz Dias Instituto Nacional de Câncer - Rio de Janeiro - RJ - Brasil INTRODUÇÃO RESULTADOS A amiloidose laríngea é doença rara caracterizada pelo depósito extracelular de proteínas fibrilares de baixo peso molecular (Figura 1). Manifesta-se localizada ou sistêmicamente e descrita por Rokitansky em 1842. Corresponde a 1% dos tumores benignos da laringe, mais freqüente e caracterizada clinicamente por ser mais comum no sexo masculino (3:1), presente na quinta década de vida . Localizações mais freqüentes: ventrículos, pregas vestibulares, pregas vocais, pregas ariepiglóticas e subglote. O diagnóstico se faz através da biópsia. Deve-se afastar a possibilidade da doença sistêmica muito embora raramente encontrem-se associadas. O tratamento pode ser expectante em pacientes pouco sintomáticos, mas na maioria, são submetidos a ressecções endoscópicas (microcirurgia de laringe) e a abordagem externa fica reservada para casos com lesões muito extensas e de difícil controle. CASO 1: Paciente de 22 anos, masculino, com disfagia e disfonia há 3 anos, sem perda ponderal. Tabagista e etilista por 6 anos. Tomografia de agosto de 2010 demonstrando lesão expansiva de partes moles envolvendo prega ariepiglótica direita, falsa prega e espaço ariepiglótico. (Figura 2). Biópsia de fora da instituição com laudo histopatológico de amiloidose. Matriculado em dezembro de 2010. Laringoscopia observou lesão vegetante proveniente do vestíbulo ocupando toda a comissura anterior, 1/3 anterior e médio de prega vocal direita com mobilidade preservada. Revisão das lâminas confirmou o diagnóstico além da exclusão da forma sistêmica da doença. Encaminhado à microcirurgia para tratamento com laser de CO2. Realizados 2 procedimentos onde observou-se disfonia persistente e melhora da disfagia. CASO 2: Paciente masculino 46 anos, matriculado em 2004. Com história de rouquidão progressiva há 4 meses. Tabagista e etilista durante 26 anos. Laringoscopia mostrava lesão vegetante em pregas vocais e comissura anterior com mobilidade preservada (Figura 3); submetido a ressecção endoscópica, histopatológico revelou hiperplasia epitelial. Permaneceu em controle por dois anos sem evidência de doença. Realizou nova laringoscopia visualizando-se espessamento de pregas vocais, edema de subglote e obstrução de 80% da luz do órgão,submetido a nova biópsia e decorticação com laser de CO2, diagnosticando-se amiloidose. Três anos após o diagnostico de amiloidose com queixa de sangramento , dispnéia e cornagem. Traqueostomizado, evoluiu com fasciíte necrotizante do pescoço e mediastino após 10º DPO de traqueostomia (imunosuprimido por uso crônico de corticosteróides). Permanece traqueostomizado e com tubo em T (Figura 4) até a presente data por destruição e estenose do laringe pela patologia. Figura 1- Coloração pelo Vermelho Congo, fortemente positiva. No detalhe, paredes de pequenos vasos, com depósitos característicos e membrana basal epitelial espessada e duplicada. Fonte: Thompson LD. Amyloidosis of the larynx: a clinicopathologic study of 11 cases. Mod Pathol. 2000 May;13(5):528-35. OBJETIVO DELINEAMENTO Figura 2 Figura 3 Trata-se de um estudo de relato de casos. PACIENTES OU MATERIAL Estudo de dois casos de pacientes pertencentes ao Instituto Nacional do Câncer INCA, diagnosticados como portadores de amiloidose, com doença localizada na laringe. MÉTODOS Os pacientes foram submetidos a análise minunciosa dos casos, revisão da histopatologia e procedimentos microcirúrgicos. Figura 4 CONCLUSÕES A amiloidose laríngea é doença muitas vezes de difícil diagnóstico. Os casos relatados mostram a mesma doença com evoluções diferentes. Em casos mais avançados e de difícil controle por ressecções endoscópicas, pode-se avaliar o uso da radioterapia e em alguns casos a necessidade de laringectomia parcial ou total. O mais importante é realizar o seguimento adequado e necessário, lembrando-se de individualizar cada caso. Projeto Gráfico: Serviço de Edição e Informação Técnico-Científica / CEDC / INCA Estudar a evolução da patologia através do relato de dois casos.