I Seminário de Produção em Linguística
Caderno de Resumos
17, 18 e 19 de Outubro de 2012
Site do evento: http://www.ufscar.br/bureau/wordpress/?page_id=246
1
COMISSÃO ORGANIZADORA
Prof. Dr. Dirceu Cleber Conde
Bure@u do Texto
EDIÇÃO E REVISÃO
Bévirley Cristina Batista dos Santos
Rosana Gama Soares de Mello
2
Sumário
1. Trabalho de Conclusão de Curso.......................................................................6
1.2 Área: Processamento de línguas naturais (PLN)..............................................6
GIANOTI, A. Descrição morfológica dos termos da educação à distância..........6
AZEVEDO, C. Levantamento lexical dos GEEs..................................................7
GOTARDELO, C.Termos da biologia segundo Aurélio (2009)...........................7
SOUZA, J. Identificação da redundância com base em conhecimento linguístico
superficial para a sumarização automática multidocumento.................................7
1.3 Área: Texto e discurso (TD)...............................................................................9
NEVES, A. Escrita acadêmica-científica: para além do discurso normativo........9
SILVA, A. Análise de conversação e aspectos pragmáticos: o gênero entrevista
(em português do Brasil)......................................................................................10
LIMA, B. A emergência de um novo gênero na internet: a utilização de critérios
instrucionais para a elaboração de vídeos tutoriais sobre automaquiagem e
resenha de produtos.............................................................................................10
SANTOS, B. Como as revistas de grande circulação no país reconstroem a
identidade do “11 de setembro” noticiando os 10 anos do acontecimento..........10
FERNANDES, C. Cenografia e ethos discursivo: a construção de uma
identidade pária no jornal "O Lampião da Esquina" (1979-1981)].....................11
CONTI, C. Os mashups literários: uma análise das representações discursivas do
novo autor/novo leitor brasileiro contemporâneo................................................12
GUERRA, F. O funcionamento da partícula "ou" na Constituição Federal........13
OLIVEIRA, G. Um ‘novo leitor’: o idoso na era da informática........................14
TEIXEIRA, G. A (des)construção da subjetividade delinquente: o caso do
ônibus 174............................................................................................................15
SILVA, G. Análise discursiva de charges políticas: mídia, interdiscurso e
interdiscursividade cultural..................................................................................15
OLIVEIRA, H. Processo de treinamento instrucional baseado em games e
atividades para treinadores...................................................................................16
CAMILO, K. Análise da pequena frase "a esperança venceu o medo"...............17
SOUSA, L. Marcas ideológicas na prática de revisão de textos em materiais
didáticos de educação a distância........................................................................17
RUIZ, M. História de campanhas políticas presidenciais brasileiras no youtube:
um discurso panfletário?......................................................................................18
MOTTA, M. Paratopia criadora e ritos genéticos: uma abordagem discursiva da
crítica à obra literária de Chico Buarque de Hollanda.........................................18
SANTOS, M. Charges políticas: acontecimento e mídia....................................19
3
SILVEIRA, N. Homossexualidade e homoafetividade sob a ótica dos discursos
jurídicos...............................................................................................................20
MELLO, R. Mídia, discurso e ideologia: análise de propagandas da Skol.........20
SILVA, T. Expressões semi-fixas analisadas a partir de provérbios...................21
2. Painéis de pesquisa (IC e PG)...........................................................................22
BONOMI, A. Ethos – análise de uma construção tridimensional instável: estudo
sobre a criação instantânea e/ou duradoura de uma imagem empresarial em
informes publicitários..........................................................................................22
CARNEIRO, A. Tipologia das expressões adjetivais do português do Brasil....22
ZACARIAS, A. Indexação léxico-ontológica para o delineamento conceitual de
corpus...................................................................................................................23
LOURENÇO, F. O uso de modalizadores no gênero jornalístico: editoriais,
notícias e artigos de opinião............................................... .................................24
TOSTA, F. Aplicação de conhecimento léxico-conceitual na sumarização
automática multidocumento multilíngue.............................................................25
SANTOS, F. Linguagem e religião: a condição humana, o pensamento do
homem e o espírito religioso................................................................................25
GUERRA, F. O operador inclusivo e exclusivo na Constituição Federal
Brasileira........................................................................ .....................................26
EVANGELISTA, G. Produção de sentido no hino homérico IV........................27
TEIXEIRA, G. Interlíngua: questões de língua, poder e interculturalidade em
foco......................................................................................................................28
MILOZO, G. Aspectos do léxico e da estrutura frasal dos textos da revista
recreio: uma análise das projeções discursivas do leitor infanto-juvenil.............29
SILVA, H. A constituição da fórmula discursiva "cultura de paz": circulação e
produção dos sentidos..........................................................................................29
CLARES, L. A interface material impresso e audiolivro: o lugar do revisor de
textos nos processos editoriais envolvidos..........................................................30
CONDE, L. “Linguagem e exclusão: uma análise semiótica de ‘a maçã’”.........31
MOTTA, M. Paratopia criadora e ritos genéticos: uma abordagem discursiva da
critica à obra literária de Chico Buarque de Hollanda.........................................31
CALCIA, N. Revisão dos modelos de flexão a partir da nova ortografia...........32
ROSIN, P. Práticas de escrita e de leitura na rede: uma análise das “mensagens
compartilhadas” e dos procedimentos de sua formulação e circulação linguísticodiscursivas............................................................................................................33
RODRIGUES, R. Falsos aumentativos e falsos diminutivos no português do
Brasil....................................................................................................................34
CONTI, T. Enunciados de curta extensão: aforização, mídia e política..............35
RODRIGUES, T. Variação em legendas de filme traduzidas: a representação da
fala de personagens pertencentes a grupos socialmente desprestigiados............35
ÁZARA, T. Ações terroristas. ............................................................................36
GALTERIO, T. Ethos, humor e publicidade: estratégias do discurso humorístico
na construção e difusão de uma imagem corporativa..........................................37
SILVA, T. Alternância enunciativa da identidade social no discurso
jornalístico...........................................................................................................37
4
3. Grupos de Pesquisas e Estudos / Produtos......................................................38
FILIPPO, A. Grupo de Linguagem Humana e Tecnologia – LHTec..................38
BUREAU DO TEXTO........................................................................................38
OLIVEIRA, C. A terminologia aplicada como recurso na organização e difusão
do conhecimento agropecuário no Brasil.............................................................39
CONDE, C. Grupo de Estudos GESER...............................................................40
SALGADO, L. Comunica- reflexões linguísticas sobre comunicação...............41
SIGNORI, M. Instituto Mattoso Câmara de estudos interdisciplinares de
linguagem......................................................................................................41
5
1. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)
1.1 Processamento de línguas naturais (PLN)
Ana Catarina Gianoti: DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA DOS TERMOS DA
EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
Na área do Processamento Automático das Línguas Naturais (PLN), buscam-se
desenvolver, em última instância, sistemas computacionais “capazes” de processar
(interpretar/gerar) as línguas naturais, principalmente em meio escrito. Dentre eles,
citam-se os sistemas de: tradução automática, correção ortográfica e gramatical,
sumarização automática, etc. Quando baseados em conhecimento linguístico, tais
sistemas podem apresentar uma arquitetura composta por três “bases de conhecimento
estático”, denominados lingwares, a saber: a base gramatical, a base conceitual e a base
lexical. À base de conhecimento lexical (ou base lexical), em especial, cabe a tarefa de
fornecer ao sistema uma coleção de unidades lexicais da língua que se está processando,
juntamente com suas propriedades morfológicas, sintáticas, semânticas e pragmáticodiscursivas, dependendo da especificidade do sistema. Com o objetivo de contribuir
para a construção de léxicos especializados (isto é, que armazenam conhecimento
lexical de domínios específicos) enriquecidos com conhecimento morfológico, este
projeto de TCC1 visa à descrição morfológica dos termos da Educação à Distância,
domínio de conhecimento reconhecidamente relevante no cenário brasileiro. Na
literatura, aliás, outros domínios especializados descritos em nível morfológico podem
ser encontrados, como os domínios da nanociência e nanotecnologia e economia
internacional. No caso, os termos analisados foram extraídos da base léxico-conceitual
denominada WordNet.EaD, construída para o português do Brasil. Essa base armazena
atualmente 172 termos simples (isto é, unigramas) e 328 termos complexos ou lexias
complexas, sendo 167 bigramas, 147 trigramas e 14 quadrigramas. Para a análise
morfológica dos termos contidos na WordNet.EaD, foram utilizados os seguintes
processos: (i) sintáticos, os quais se subdividem em derivação (prefixal, sufixal e
parassintética) e de composição (subordinativa, coordenativa, sintagmática e
acronímica), (ii) empréstimo; (iii) truncação; (iv) palavra-valise; (v) reduplicação e (vi)
derivação regressiva (ou derivação sufixal zero). Ao final da descrição morfológica dos
termos, foram identificadas: 25 ocorrências de derivação prefixal, 62 ocorrências de
derivação sufixal, 19 ocorrências de composição subordinativa, 18 ocorrências de
composição coordenativa, 206 ocorrências de composição sintagmática, 14 ocorrências
de composição acronímica, 20 ocorrências de empréstimo, 1 ocorrência de truncação, 7
ocorrências de palavra-valise, 1 ocorrência de reduplicação e 3 ocorrências de derivação
regressiva. No projeto de TCC2, pretende-se dar continuidade à tarefa de descrição dos
6
termos da EaD. Especificamente, realizar-se-á a descrição dos referidos termos nos
níveis sintático e semântico.
Camila de Araújo Azevedo: LEVANTAMENTO LEXICAL DOS GEEs
A preocupação com o meio ambiente tem aumentado o interesse em desenvolver novas
estratégias
de
zelo
com
o
planeta.
Os intitulados, gases estufas, são oriundos do desmatamento, e queima de combustíveis
fósseis (feito do petróleo). Estes gases existem também nas grandes indústrias que
emitem o dióxido de carbono, fazendo com que se eleve a concentração deles na
atmosfera.
O Brasil ocupa a quarta colocação no ranking dentre os países que mais emitem esses
poluentes. O cenário brasileiro, em questão, exige que a tecnologia contribua de alguma
forma com tais aspectos, daí a importância em sistematizar o léxico deste domínio.
Caroline Labigalini Gotardelo: TERMOS DA BIOLOGIA SEGUNDO AURÉLIO
(2009)
O trabalho tem como objetivo ler crítica e sistematicamente a bibliografia fundamental
que sustenta esta pesquisa, analisando o tratamento dado à área de Biologia no
dicionário Aurélio. Diante disso, selecionar os termos e suas respectivas definições e
analisar junto a grupos universitário de áreas distintas da Biologia, os níveis de
dificuldade de compreensão das definições e, por fim, classificar os resultados desta
pesquisa.
Este tema foi escolhido porque se trata de um dos problemas enfrentados pelo
lexicógrafo: a redação da definição de termos técnico-científicos. Considerando que os
grandes dicionários de língua são concebidos para o público em geral, espera-se que os
textos definitórios neles constantes sejam acessíveis de maneira que o consulente possa
depreender sentido daquilo que lê. Por meio de uma breve análise no dicionário Aurélio
(2009) e nas pesquisas realizadas por Cano (1998a, 1998b, 2000, 2006), constatamos
que não é essa a realidade do Aurélio, ou seja, os termos técnico-científicos não são
definidos
com
a
transparência
necessária.
Assim, esta pesquisa pretende avaliar níveis de dificuldade sentidos pelos consulentes
quando buscam entender determinadas definições.
Jackson Wilke da Cruz Souza: IDENTIFICAÇÃO DA REDUNDÂNCIA COM
BASE EM CONHECIMENTO LINGUÍSTICO SUPERFICIAL PARA A
SUMARIZAÇÃO AUTOMÁTICA MULTIDOCUMENTO
Na Sumarização Automática Multidocumento (SAM), objetiva-se produzir um único
sumário a partir de uma coleção de textos-fonte que abordam um mesmo assunto. O
recente interesse pela SAM deve-se ao pouco tempo que as pessoas têm para assimilar a
7
crescente quantidade de informação disponível principalmente na web. Os sumários
multidocumento são comumente informativos e, por isso, devem apresentar a
informação principal da coleção. A seleção da informação para compor um sumário
segue basicamente as seguintes etapas: (i) cálculo da importância de cada uma das
sentenças dos textos-fonte que compõem uma coleção em função de algum critério de
relevância (p.ex.: frequência das palavras na coleção); (ii) ranqueamento das sentenças
em função da importância; (iii) seleção da sentença de maior pontuação para compor
inicialmente o sumário; (iv) seleção da segunda sentença do ranque; (v) cálculo da
redundância ou similaridade entre a primeira sentença, já selecionada, e a segunda; (vi)
seleção da segunda sentença para compor o sumario se esta contiver pouca sobreposição
com a sentença inicialmente selecionada, e (vii) repetir os passos para as demais
sentenças do ranque até que o tamanho desejado do sumário seja alcançado. Dessa
forma, a identificação da redundância e, sobretudo, do nível de redundância (total,
parcial ou nula) entre as sentenças é primordial para a SAM, pois essa identificação
determina se uma sentença será selecionada ou não para compor o sumário. Diante da
escassez de trabalhos sobre SAM envolvendo o português do Brasil (PB), investigaramse neste trabalho 12 métodos (M) de detecção da redundância que se baseiam em
conhecimento linguístico simples ou superficial com o objetivo de identificar os
métodos que mais adequadamente capturam os diferentes níveis de redundância. Com
isso, objetiva-se gerar subsídios para o desenvolvimento de métodos de SAM para o PB.
Especificamente, construiu-se um corpus composto por 45 pares de sentenças, sendo 15
pares de sentenças totalmente redundantes, 16 parcialmente redundantes e 14 pares de
sentenças com redundância nula. A essas sentenças, foram aplicados os métodos mais
difundidos na literatura. No caso, aplicaram-se manualmente 5 métodos estatísticos,
baseados na sobreposição de palavras (isto é, word overlap (MWol), noun overlap
(MNol), verb overlap (MVol), adjective overlap (MADJol) e adverb overlap
(MADVol)), 6 métodos linguísticos, baseados na sobreposição de diferentes
informações linguísticas (isto é, sobreposição de padrões morfossintáticos (MPdMorf),
verbo principal (MVp), núcleo de sujeito (MSuj), núcleo de objeto/predicativo principal
(MObjPredp), palavras sinônimas (MSin) e etiquetas morfossintáticas (MEtMorf)) e um
método estrutural, baseado na localização das sentenças nos textos-fonte (MLoc). Os
resultados da aplicação dos métodos foram submetidos ao ambiente de Aprendizado de
Máquina (AM) Weka, cujo algoritmo PART identificou regras do tipo “se o valor
obtido por MNol para um par de sentenças for > 0.09, então há redundância entre elas”.
Apesar do corpus de análise ter sido pequeno, foi possível considerar, com base nas
regras do AM, que: (i) o MNol é capaz de identificar pares que não são redundantes dos
que apresentam alguma redundância e (ii) os métodos MNol, MVp, MEtMorf e MLoc
são suficientes para identificar a redundância entre sentenças com 97.7% precisão.
8
1.2 Texto e discurso (TD)
Aline Cristina Dias Galvão Neves: ESCRITA ACADÊMICA-CIENTÍFICA: PARA
ALÉM DO DISCURSO NORMATIVO
Sob a ênfase Texto e Discurso, esta pesquisa versará sobre a organização do texto
científico, focalizando: de forma geral (i) como se apresentam os procedimentos
externos e internos de controle dos discursos, e de forma específica (ii) como se
organizam os procedimentos linguísticos-discursivos, pautados nas reflexões relativas
aos
domínios
da
textualização.
A escolha do tema deu-se graças à experiência em revisão, por nós adquirida,
especialmente por conta do estágio como revisora na Editora da Universidade Federal
de São Carlos (EdUFSCar). O estágio proporcionou a observação de que somente a
correção gramatical não é suficiente para que se construa um bom texto, pois há
procedimentos regidos por uma ordem do discurso que são tão imprescindíveis quanto o
adequado
emprego
dos
recursos
gramaticais.
A coleta e seleção do corpus de análise terão como norte a ocorrência dos
procedimentos discursivos em análise presentes em excertos de teses e dissertações na
área de estudos linguísticos. O objetivo deste trabalho será refletir de que maneira se
apresentam esses textos científicos, propondo quais elementos devem ser analisados
para a construção desse tipo de texto (autoria, organização temática, formas de
comentário
e
inserção
no
campo
disciplinar,
etc.).
O
trabalho
de
pesquisa
prevê
as
seguintes
passadas:
a) Levantamento e análise de literatura sobre a temática “produção do texto científico”,
com o objetivo de avaliar as instruções atribuídas àqueles que buscam orientações para
a
escrita
do
texto
acadêmico
científico.
b) Avaliar-se-á, ainda, como essas normas respondem aos procedimentos externos de
controle
do
discurso.
c) Respondendo a uma análise discursiva, avaliar-se-á as formas de ocorrência dos
procedimentos internos de controle do discurso, a saber: as formas de construção do
comentário, as formas de assunção da autoria e as formas de inscrição da
fundamentação
teórica
na
disciplina.
d) Fundamentados em uma análise de procedimentos linguístico-discursivos expressos
na textualidade, avaliar-se-á: (i) como se constroem as categorias enunciativas de
pessoa, espaço e tempo; (ii) como se dão as seleções lexicais no que se refere à
adequação e precisão; e (iii) quais são as contribuições do emprego adequado dos
mecanismos
textuais
na
orientação
argumentativa.
e) Com os resultados obtidos através do levantamento da literatura sobre o assunto, a
coleta do material e a análise, pretende-se compreender como se organiza o texto
acadêmico científico na área de estudos linguísticos e com isso levantar subsídios para
orientar o trabalho de produção e revisão de textos científicos.
9
Ana Paula Ferreira da Silva: ANÁLISE DE CONVERSAÇÃO E ASPECTOS
PRAGMÁTICOS: O GÊNERO ENTREVISTA (EM PORTUGUÊS DO BRASIL)
Diante da observação do gênero talk show, que é um veículo direto de expressão e
comunicação do parecer de um falante da língua sobre o mundo, em que o mesmo
manipula o que irá dizer, surge o interesse de analisar os aspectos conversacionais
presente nesse gênero. O objetivo é entender e explicitar como funciona o mecanismo
de conversação dentro desse gênero que nos parece peculiar, já que há um mecanismo
de monitoramento da fala, bloqueando parte da naturalidade genuína dos falantes –
principalmente dentro dessa modalidade jornalística televisiva pela qual pautaremos a
análise; e por meio de quais Máximas Conversacionais e de Polidez (Grice, 1975 in
Levinson, 2007), os participantes das entrevistas se valem para reproduzir seus
discursos dentro desse gênero. Pudemos notar que há uma riqueza de aspectos
enunciativos a serem analisados nesse gênero, e por meio de uma perspectiva pouco
usada, fundamentaremos a análise sob a luz de grandes teorias linguísticas acerca da
Análise da Conversação (AC) juntamente à Pragmática.
Bárbara Lara de Araújo Lima: A EMERGÊNCIA DE UM NOVO GÊNERO NA
INTERNET: A UTILIZAÇÃO DE CRITÉRIOS INSTRUCIONAIS PARA A
ELABORAÇÃO DE VÍDEOS TUTORIAIS SOBRE AUTOMAQUIAGEM E
RESENHA DE PRODUTOS
Com o grande crescimento de mulheres que a cada dia tendem à necessidade de estarem
mais belas, saudáveis e bem arrumadas, o mercado cosmético brasileiro, e mundial, tem
crescido em progressão geométrica.
Porém, apenas se arrumar em casa, sem um curso profissional, não é o suficiente para a
grande maioria das mulheres vaidosas. Elas buscam aprender. Buscam se aprimorar
mais a cada dia.
É a partir desse fato que surgiu um novo gênero discursivo. O gênero dos tutoriais de
automaquiagem na internet. São vídeos que ensinam de forma instrucional a arte de se
automaquiar. Vídeos que interagem com o público que os assistem. São produzidos para
o público e com o público.
Este trabalho tem como objetivo mostrar a interação e o funcionamento deste novo
gênero através de análise e comparação. Utilizo como base teórica o estudo de Mikhail
Bakhtin sobre os gêneros do discurso. Aprofundando e verificando o funcionamento
discursivo neste gênero em crescimento.
Bévirley Cristina Batista dos Santos: COMO AS REVISTAS DE GRANDE
CIRCULAÇÃO NO PAÍS RECONSTROEM A IDENTIDADE DO “11 DE
SETEMBRO” NOTICIANDO OS 10 ANOS DO ACONTECIMENTO
Há dez anos, no dia 11 de setembro de 2001, assistimos a um acontecimento ocorrido
nos Estados Unidos da América, que abalou todo o mundo, um atentado terrorista às
torres do World Trade Center, em Manhattan, à Casa Branca e ao Pentágono, em
Washington. Dez anos depois, em 2011, este acontecimento é retornado à mídia com
muita força, e diversas matérias nascem relembrando o ocorrido e mostrando o que
10
mudou
nestes
dez
anos.
Observaremos a reconstrução da identidade do “11 de setembro” pela mídia, mais
especificamente por meio de três revista de grande circulação no país, a saber: revista
Veja, revista Época e revista Carta Capital, edições 2233, 694 e 663, respectivamente.
Todas as três revistas foram publicadas no de setembro – mês este em que o
acontecimento completou seus dez anos – trazendo uma matéria especial, com mais de
três
páginas.
O objetivo deste trabalho é compreender a construção discursiva desse acontecimento
observando os recursos textuais que constroem discursivamente diferentes
posicionamentos diante do acontecimento “11 de Setembro”, na comemoração de seus
10 anos. No que tange a Análise do Discurso de linha francesa, mobilizar conceitos
como destacabilidade e sobreasseveração, além de analisar a potência instrucional de
textos curtos, tais como títulos, intertítulos, olhos, recursos de capa, legendas etc.
Camila Passucci Fernandes: CENOGRAFIA E ETHOS DISCURSIVO: A
CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE PÁRIA NO JORNAL "O LAMPIÃO DA
ESQUINA" (1979-1981)]
O projeto de TCC “Cenografia e ethos discursivo: a construção de uma identidade pária
no jornal O Lampião da Esquina” é orientado pela Prof.ª Dra. Luciana Salazar Salgado e
está sendo desenvolvido no Departamento de Letras da Universidade Federal de São
Carlos, UFSCar, e tem por objetivo geral analisar discursivamente algumas seções do
jornal
O
Lampião
da
Esquina.
Para dar conta de nossa análise, nos apoiaremos no corpo teórico desenvolvido pelo
pesquisador francês Dominique Maingueneau, inserido no quadro teórico da análise do
discurso de tradição francesa propondo conceitos de base enunciativa. Em nosso
trabalho de TCC, mobilizaremos a noções de Ethos Discursivos e Cenas da Enunciação.
A publicação do Lampião da Esquina foi em formato tabloide produzido entre os anos
de 1978 e 1981, teve 38 edições e circulou, sobretudo, no eixo São Paulo - Rio de
Janeiro e regiões do interior. Nasceu dentro da imprensa alternativa na época em que
certa abertura política se delineava no fim dos anos 1970, durante o que se
convencionou chamar de relaxamento dos anos de censura promovida pelo Golpe
Militar de 1964. Funcionou como representação desses grupos que não tinham voz na
sociedade (como mulheres, índios e negros) sendo uma importante ferramenta para a
construção de uma identidade nacional pluralista. Atualmente é possível encontrar as 38
edições do jornal digitalizadas no site do Grupo Dignidade da Bahia.
Metodologia
Delimitamos nosso corpus em duas seções do jornal: o Editorial e a Seção Cartas na
Mesa a fim de destacar os aspectos discursivos que nos levam a observar as identidades
instituídas
e
que
o
jornal
pretende
representar.
É necessário, então, determinar o tipo de discurso, que configura no jornalismo político.
Para tal nos apoiamos na noção de que o jornal era um projeto político, pois implicava
em lutas contra a incompreensão que havia do lugar social do homossexual e de outras
identidades sistematicamente apagadas, relegadas à obscuridade e aos guetos.
11
O pesquisador francês Maingueneau (2002) propõe uma análise de instância de
enunciação distinguindo três cenas: a cena englobante, a cena genérica e a cenografia.
As duas primeiras cenas definem conjuntamente o chama de quadro cênico em análise
do discurso. Esse quadro define o espaço estável (tipo e gênero do discurso) no interior
do
qual
o
enunciado
adquire
sentido.
Em nosso caso, há duas cenas genéricas a serem analisadas, as cenografias que
assumem e, assim, o ethos que produzem: 1) editorial, que é a política adotada pelo
veículo de comunicação determinando a lógica pela qual a “instituição” jornalística
enxerga o mundo (o editorial vem dizer ao público que o lê à que veio).2) A Seção
Cartas na Mesa, cartas de leitores que o jornal publicava com o objetivo declarado de
saber quais eram as dificuldades enfrentadas por eles, fossem elas na rua ou dentro de
suas
próprias
casas.
A última seção é a que faz emergir a voz do outro, sendo possível a abertura e discussão
real do tipo de diálogo que o jornal faz acontecer o tempo todo. Essas cartas são práticas
discursivas que, ao serem publicadas, cumprem certo número de funções políticas,
realizando alianças e promovendo debates.
Clarissa Neves Conti: OS MASHUPS LITERÁRIOS: UMA ANÁLISE DAS
REPRESENTAÇÕES DISCURSIVAS DO NOVO AUTOR/NOVO LEITOR
BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
Os mashups literários são o resultado de uma cultura da mixagem própria da atualidade.
Essa prática do mashup, bastante comum em relação a outras linguagens artísticas, tais
como a música, tem se desenvolvido em relação aos textos, e se apresenta como uma
interessante mudança de práticas de escrita e de leitura na atualidade. Os mashups
literários podem ser considerados um “gênero narrativo misto”, que se caracteriza pela
prática da mesclagem de elementos pertencentes a campos literários bastante distintos
estilística e temporalmente, tais como a ‘mistura’ de best-sellers da literatura fantástica
de massa com obras já consagradas como clássicos de literaturas nacionais. Dessa
mistura, origina-se um terceiro texto com características próprias. É o caso, por
exemplo, de Orgulho, Preconceito e Zumbis, mashup da obra de Jane Austen, publicado
em 2009, que figura como um dos primeiros mashups publicados nos estados unidos e,
no Brasil, das obras de Machado de Assis, José de Alencar, Bernardo Guimarães. Com
vistas a compreender algumas mutações das práticas de escrita e de leitura da
atualidade, levantaremos algumas representações discursivas presentes não apenas nos
textos produzidos segundo a prática do mashup, mas também aquelas apreensíveis por
emio da polarização de discurso acerca deste recente fenômeno editorial.
Constituiremos nosso corpus com dois exemplares de mashups da literatura clássica
brasileira, a saber, Dom Casmurro e os Discos Voadores e O Alienista Caçador de
Mutantes, ambos originários das obras de Machado de Assis. Assim, observaremos
quais são as escolhas linguísticas e estilísticas que definem o grau de manutenção ou
mudança das narrativas de origem e qual é o impacto dessas produções no que concerne
ao incentivo à leitura. Observando as mudanças que ocorrem nas estruturas linguísticas
do texto, bem como nas manifestações dos leitores a respeito da difusão editorial desses
12
livros (a partir de comentários em blogs), buscamos discutir, à luz da análise do
discurso, o princípio que rege a apropriação do mercado editorial dessa prática de
mashup, iniciada em blogs e sites pessoais, e que hoje se oferece como uma linha
editorial de algumas editoras que focalizam o mercado consumidor infanto-juvenil.
Fernanda Guerra: O FUNCIONAMENTO
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
DA
PARTÍCULA
"OU"
NA
A partir dos estudos feitos sobre a Análise do Discurso (AD) e os contatos com a Área
Jurídica, apareceram observações que motivaram um estudo mais específico acerca das
aplicações sobre os conceitos teóricos num contexto que chama atenção e que dá
margens às reflexões discursivas que estão presentes em documentos da Constituição
Federal.
Trata-se do funcionamento da partícula “ou” ora com valor semântico de inclusão ora
com valor semântico de exclusão na Constituição Federal que dificulta a interpretação,
pois o mesmo pode funcionar como “e” (inclusivo) o que gera veracidade na sentença
inteira, e outra por funcionar como “ou” (exclusivo) o que gera parcialmente o valor de
verdade de uma sentença inteira; pela lógica, mais especificamente o operador “ou”,
implica em resultados diferentes para cada situação. O presente trabalho pretende
compreender quais são as condições semântico-referenciais em que surgem as
ocorrências do "ou" em seus aspectos inclusivos e exclusivos. Tal levantamento nos
permitirá perceber quais as características referenciais do texto constitucional.
Para a análise, trataremos do funcionamento da partícula “ou” na Constituição Federal
Brasileira. Primeiramente irá ser levantado um corpus, tratamento do texto e
armazenado na máquina para que, na próxima etapa os textos estarem aptos para serem
processados por ferramentas computacionais, sendo as ferramentas: Sistemic Coder e
Léxico 3 que nos permitirá os resultados. Ademais, para auxiliar na produção de análise
será realizada a revisão bibliográfica, buscando argumentos embasados na teoria para
confirmar
os
usos
da
partícula
“ou”
nesse
contexto.
Vê-se a dificuldade de interpretação das leis na Constituição Federal Brasileira, por ela
ter uma linguagem rebuscada o que gera difícil compreensão para uma pessoa leiga no
assunto. Com a ajuda da Análise do Discurso, uma linha de pesquisa da área de
Linguística, o projeto discorrerá sobre o funcionamento do operador “ou” para ver onde
está a dificuldade da interpretação e a partir disto solucionar os problemas semânticos.
A linguagem jurídica, apesar de suas implicações pragmáticas e discursivas, carece de
uma dada objetividade, mesmo que desta decorra um efeito. Contudo, a questão
referencial é base para lógica da legislação. Assim, conhecer os procedimentos das
operações lógicas em seu funcionamento nos permite explicar também como a
linguagem jurídica se constitui em torno das estruturas referenciais que representam
uma dada organização do seu sistema simbólico. Compreender as regularidades do uso
do "ou" nos permitirá pintar um quadro geral do valor semântico nos textos da
constituição.
13
Gabriela Cabral de Oliveira: UM ‘NOVO LEITOR’: O IDOSO NA ERA DA
INFORMÁTICA.
O objetivo de nosso trabalho de pesquisa é o tentar traçar um perfil de um ‘velho’ novo
leitor, a saber, aquele pertencente à geração de pessoas que não são ‘nativos’ da cultura
digital, mas que se veem impelidos, pela ubiquidade dessa cultura, a se comunicar, se
entreter, se informar por meio dela, lendo e produzindo textos originalmente produzidos
para circulação eletrônica ou produzidos originalmente sob a forma impressa mas que
migram
para
o
universo
eletrônico.
Para isso, buscaremos descrever algumas práticas que atestam uma forma de
apropriação particular da cultura digital por parte das pessoas pertencentes à faixa etária
designada por Terceira Idade. Tentaremos compreender o processo de ‘letramento
digital’ que lhes é peculiar e que lhes oferece maneiras de acesso ao mundo, mediadas
pela
máquina,
de
forma
online.
Os discursos que constituem a identidade da Terceira Idade a caracterizam como sendo
uma faixa etária mais ‘jovem’ do que antigamente e por isso mais ativa e interessada em
exercer atividades diversificadas. As novas tecnologias de informação permitem ampliar
o rol dessas atividades, afetando decisivamente o seu cotidiano e suas práticas. Se
considerarmos que as pessoas da Terceira Idade não buscam formação exclusivamente
com vistas a um emprego, mas antes em função de seu interesse em apropriarem-se de
uma linguagem da nova geração, o domínio de algumas habilidades e o acesso à
Internet são o meio para ampliarem significativamente suas fontes de informação e
tornam possível formas de contato diversas com pessoas distantes ou não
geograficamente, próximas ou desconhecidas pessoalmente, mas que passam a compor
o
rol
de
relações
interpessoais
de
toda
essa
geração.
Assim, além de tentar traçar brevemente um perfil desse velho novo leitor, levantando
alguns aspectos de seu processo de letramento digital, objetivamos produzir algumas
diretrizes para a produção de um manual de uso do computador e da internet, em
especial, no que concerne aos sites de relacionamento, ou seja, objetivamos fornecer
algumas orientações sobre o uso desse instrumento e das técnicas de produção e
circulação textuais por ele disponibilizadas, colaborando assim com o desenvolvimento
da inclusão digital, desses leitores. Para tanto, nos apoiaremos teoricamente na Análise
do Discurso de linha francesa e na História Cultural da leitura, de modo a descrever as
representações contemporâneas do perfil desse velho novo leitor, assim como de suas
práticas de escrita e de leitura. Valeremo-nos ainda de textos oriundos das Ciências
sociais e da Filosofia que se ocupam da descrição das mudanças sofridas nas formas de
relação entre os sujeitos em função de seu acesso e uso das novas tecnologias de
produção e circulação textuais
14
Gabriela Oliveira Teixeira: A (DES)CONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE
DELINQUENTE: O CASO DO ÔNIBUS 174
Tomando como ponto de partida a figura do delinquente, essa pesquisa visa analisar e
dar à vista os recursos lexicais usados para desconstruir essa figura, que a tornam mais
humana e menos cruel e criminalizada. Serão analisados, para essa finalidade, dois
focos de discursividade que emergiram a partir do acontecimento conhecido como
sequestro do ônibus 174, em 2000, no Rio de Janeiro. O primeiro conjunto de discursos
é o filme “Última Parada 174”, que por sua natureza, pertence à esfera estética; na
sequência, analisa-se o documentário “Ônibus 174”, um gênero que representa um
híbrido entre as esferas estéticas e jornalísticas. A partir da retratação em dois gêneros
distintos, o objetivo desse trabalho é captar as nuances de uso do léxico para com o
sujeito delinquente, para por fim descobrir as estratégias discursivas utilizadas em tal
humanização. Para tanto, serão utilizados a teoria de Mikhail Bakhtin sobre os gêneros
do discurso, para entender a questão da modificação de usos linguísticos e estruturação
de cada um dos dois meios analisados; e a teoria de Michel Foucault para analisar
questões de língua, poder, violência e política, presentes em trabalhos como “A Ordem
do Discurso”, “Vigiar e Punir”, “História da Sexualidade: A vontade de saber” e “Os
Anormais”.
Giovanna Santurbano da Silva: ANÁLISE DISCURSIVA DE CHARGES
POLÍTICAS: MÍDIA, INTERDISCURSO E INTERDISCURSIVIDADE CULTURAL
Com esta pesquisa procuramos compreender em que medida a ordem da cultura
sobredetermina a produção de charges que circulam no meio digital e impresso. Como
recorte temporal elegemos o período que vai de abril a outubro de 2010, momento que
compreende tanto a fase preparatória, quanto a fase da campanha eleitoral à Presidência
da
República
propriamente
dita.
Fizemos um trabalho de descrição minuciosa da materialidade linguística, imagética dos
textos selecionados e no mesmo processo evidenciaremos como essas materialidades
trabalham os acontecimentos políticos dados a circular pela mídia e como esses
acontecimentos discursivos chárgicos são sobredeterminados pela ordem da cultura.
A charge interessa-nos pela relação de sentidos que estabelece não só entre o
acontecimento histórico e o acontecimento discursivo dado a circular, mas também e,
principalmente, pela relação estabelecida entre o discurso e os diferentes tipos de
interdiscurso
que
o
sobredeterminam.
Analisar charges veiculadas na mídia impressa e digital brasileira que tiveram a então
candidata à Presidente da República Dilma Rousseff como alvo, procurando
compreender em que medida a ordem da cultura, isto é, a interdiscursividade cultural,
sobredetermina
a
produção
dessas
charges.
Para a análise das charges veiculadas na mídia impressa e digital brasileira que tiveram
a então candidata à Presidente da República Dilma Rousseff como alvo, procurando
compreender em que medida a ordem da cultura sobredetermina a produção dessas
charges,
adotamos
os
seguintes
procedimentos
metodológicos:
15
a) Descrever-interpretar a situação de enunciação – tipo de mídia (jornal, revista,
panfleto, etc), informações acerca da mídia (história, circulação – nacional, regional,
perfil de leitores, posicionamento ideológico, periodicidade da publicação), tipo de
suporte (impresso, eletrônico), a seção do jornal ou da revista em que está inserido; tipo
de texto (verbal, visual, acústico, multimodal – fixo, em movimento), relações
intertextuais com outros gêneros e sub-gêneros (retoma algum texto/monumento já
cristalizado em nossa sociedade?); marcas autorais (assinada ou não);
b) Descrever-interpretar os protagonistas da enunciação – locutor, destinatário,
enunciador,
enunciatário
e
alvo
(o
ator
político
satirizado);
c) Descrever-interpretar a temática que a enunciação veicula (política, ambiental,
econômica);
d) Descrever-interpretar os procedimentos linguísticos; modalidade de língua
empregada (padrão, popular - tempos verbais, marcas de subjetividade – pessoa e
espacialidade) e imagéticos (traços do desenho, cromática) utilizados que fazem
funcionar
a
enunciação;
e) Descrever-interpretar os possíveis efeitos que produzem nos interlocutores (riso,
indignação...);
f) Descrever-interpretar em qual(is) formação(es) discursiva(s) o locutor está inscrito e a
quais formações discursivas a formação discursiva do locutor esta associada;
g) Descrever-interpretar como a enunciação enquanto acontecimento discursivo (charge,
caricatura, videomontagem) se relaciona com o acontecimento histórico que dá a
circular
humorísticamente;
h) Descrever-interpretar que percursos narrativos (narrativas do acontecimento) o
acontecimento
discursivo
dado
a
circular
constrói;
i) Descrever-interpretar de que maneira a ordem da cultura ou interdiscursividade
cultural
sobredetermina
a
produção
destas
charges.
Acreditamos que nas charges em questão a marca cultural possui uma força grande na
transformação dos atores políticos em alvo de comentários e questionamentos
pejorativos, misturando as esferas pública e privada. A marca cultural se constituiria em
mais um dos dispositivos que regem os múltiplos planos do discurso, isto é, a sua
semântica global. Com isso, esperamos que o estudo proposto possa levantar entre
outras questões que ao se estudar as charges se dê importância não apenas ao estudo dos
efeitos visados, como a grande maioria dos trabalhos que se debruçam sobre este objeto
tem feito, mas principalmente dos efeitos produzidos.
Heloisa Cristina de Oliveira: PROCESSO DE TREINAMENTO INSTRUCIONAL
BASEADO EM GAMES E ATIVIDADES PARA TREINADORES.
O presente estudo tem como finalidade analisar e aprofundar o método de treinamento
instrutivo para aqueles que trabalham com a avaliação e desempenho de participantes no
ambiente de trabalho embasando-se nos fundamentos de competência linguística.
Aplica-se atividades como games, simulações e jogos de papéis da vida real para o
trabalho e ao autoconhecimento e experiência própria submetidos a testes que avaliam e
direcionam cada participante a sua área. Situações que envolvem totalmente a
16
comunicação e a aprendizagem do participante junto a função do treinador em instruílos, proporcionando o interesse do candidato a descobrir suas habilidades e
conhecimento de aspecto linguístico de sua linguagem inata. A capacidade destes
treinadores de formular estruturas precisas que integram técnicas e exercícios para
diferentes domínios em cada game, tais como: interação, trabalho em equipe,
autoavaliação, percepção, comunicação, isto é, implicar a prática de uma específica
finalidade para cada situação de forma dinâmica e descontraída.
O livro apresenta diversas atividades as quais foram selecionadas três, para análise, as
quais: games, simulações e jogos de papéis. Em seguida, são propostos vários exercícios
ou games, indicados como sistema de código aplicados em 100 jogos. Examinaremos
estes jogos, seus códigos ou categorias indicados por símbolos. Em cada jogo,
analisaremos a visão, objetivos, tempo requerido para execução, numero de grupos para
a realização deste, material solicitado, procedimento e então, haverá uma discussão e
avaliação contando com variações e comentários durante o jogo.
Examinaremos a função do treinador nesse processo, seu aperfeiçoamento e
desempenho para cada jogo, visão linguística não como avaliador, mas antes como
produtor. É preciso compreender toda produção metodológica envolvida na criação
desses jogos e a intenção principal do treinador para com seus participantes e o conceito
principal dessas em comparação a todas as atividades instrucionais no processo de
aprendizagem.
Karina Ribeiro Camilo: ANÁLISE DA PEQUENA FRASE "A ESPERANÇA
VENCEU O MEDO"
Neste trabalho, temos como objetivo analisar discursivamente como a mídia deu em
narrativa o enunciado-fórmula “A esperanças venceu o medo”. Trabalharemos com
textos veiculados nos mais variados suportes da mídia impressa e digital brasileira.
Como recorte temporal, estabelecemos o período compreendido entre os anos 2002 e
2010. O recorte a partir do ano de 2002 justifica-se, entre outras razões, pelo fato de ser
este o ano em que supostamente o enunciado-fórmula tenha irrompido no cenário
midiático.
Luciana Rugoni Sousa: MARCAS IDEOLÓGICAS NA PRÁTICA DE REVISÃO DE
TEXTOS EM MATERIAIS DIDÁTICOS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O trabalho busca a compreensão de suas análises acerca da ênfase Texto e discurso
(Linguística). Este projeto objetiva, partindo da perspectiva da teoria de Mikhail
Bakhtin sobre a concepção de signo, compreender os aspectos ideológicos em textos
escritos. Para tanto, busca-se analisar o diálogo [revisor-autor] na prática de revisão de
textos por meio do corpus material didático selecionado, da UAB-UFSCar, uma vez que
acreditamos que este representa justamente a arena de embate que Bakhtin defende.
O objetivo geral dessa pesquisa é analisar, segundo as teorias de Mikhail Bakhtin e,
sobretudo experiências e estudos sobre revisão de texto, as marcas ideológicas no
17
discurso do autor em alguns materiais didáticos selecionados da ED, focando naqueles
que trouxeram controvérsias entre a tríade gênero-revisor-autor, buscando estabelecer os
limites
de
cada
sujeito
autor/revisor
nesta
prática.
Para tanto, pretendemos em nossas análises mais do que identificar características
ideológicas do autor de materiais didáticos da SEaD – UFSCar, focar no papel do
revisor
diante
de
tal
percepção.
Acreditamos que a principal contribuição do nosso projeto seja a de pensar as relações
entre o discurso ideológico do autor com as modificações do revisor, buscando uma
harmonia, sem que as produções de sentido do autor sejam ignoradas ou/e modificadas.
No Brasil há poucos trabalhos sobre essa temática. Com isso, Há um estimulo ainda
maior em focar nesses estudos, que são cada vez mais exigidos e importantes no
universo
da
comunicação.
Palavras-chave: Revisão de texto; Bakhtin; ideologia.
Marco Antonio Almeida Ruiz: HISTÓRIA DE CAMPANHAS POLÍTICAS
PRESIDENCIAIS
BRASILEIRAS
NO
YOUTUBE:
UM
DISCURSO
PANFLETÁRIO?
Na sociedade multimidiática em que vivemos a diversidade de discursividades (orais,
escritas, visuais e multimodais) em política, bem como o de outros modos de produção
de sentidos têm transformado radicalmente as modalidades e os processos enunciativos.
Essas mudanças se dão não só na ordem da língua, mas principalmente na ordem do
enunciável. Compreender a natureza, o papel e o funcionamento discursivo desses
diversos tipos de discursividades políticas e de comunicação, bem como as suas
mudanças linguísticas e discursivas torna-se hoje essencial para conhecer não só o
funcionamento do português brasileiro no seu componente sóciopolítico, mas também,
para a compreensão do funcionamento da escrita histórica da política brasileira.
Analisaremos o modo como um suporte midiático eletrônico contemporâneo, o
YouTube, por meio de diversos textos multimodais, que se dão a circular como
discursos panfletários - texto curto e violento que ataca uma instituição ou uma pessoa
conhecida – distintos tanto da sátira quanto da polêmica, todavia constitutivamente
derrisório, constroem uma escrita da história de campanhas presidenciais brasileiras
bastante distinta da história oficial divulgada nos editoriais, nos artigos de opinião, nas
análises políticas, que circulam nos jornais e revistas brasileiras, por exemplo.
Maria Renata Casonato Motta: PARATOPIA CRIADORA E RITOS GENÉTICOS:
UMA ABORDAGEM DISCURSIVA DA CRÍTICA À OBRA LITERÁRIA DE
CHICO BUARQUE DE HOLLANDA
O trabalho de TCC é fruto de um projeto de Iniciação Científica, desenvolvido no
Departamento de Letras da Universidade Federal de São Carlos, orientado pela
professora doutora Luciana Salazar Salgado. O projeto tem como objetivo analisar a
circulação da crítica feita a obras literárias de Chico Buarque. Assim, tomamos por base
18
sua produção literária desde 1974 até 2009, quando sai Leite Derramado, último
romance
publicado.
Os dados submetidos a análise são textos críticos acerca dos dois últimos livros
lançados por Chico Buarque: Budapeste, de 2003, quando o autor volta a publicar –
desde meados dos anos noventa não lançava nenhum livro –, e Leite Derramado, de
2009, que foi recebido com restrições pela crítica. Todavia, foi o livro ganhador do
Prêmio Jabuti na edição de 2010 gerando inclusive com pedidos de revogação do
prêmio. E, recentemente, esse mesmo livro foi escolhido pelo Conselho Interdisciplinar
de Pesquisa e Editoração (Cipe) da Fundação Biblioteca Nacional, para ser traduzido
para língua francesa. Foram estabelecidos quatro critérios para a seleção de um livro
que pudesse ser traduzido, relevância do autor e da obra a ser traduzida, consistência da
proposta e qualidade do catálogo editorial da editora, currículo do tradutor e
importância da publicação da obra para a promoção e divulgação da literatura no
exterior.
Para dar conta desse objetivo, nos apoiaremos no corpo teórico desenvolvido pelo
pesquisador Dominique Maingueneau, que se inscreve no quadro da análise do discurso
de tradição francesa, propondo conceitos de base enunciativa. Neste caso,
mobilizaremos especialmente a noção de paratopia criadora e ritos genéticos.
Analisaremos o modo como o lugar do autor se constrói, afetado pela crítica literária,
que é também, segundo nossa hipótese, condicionadora de leituras futuras, feitas pelo
público
leigo.
Faremos um levantamento dos referidos textos críticos, que circularam em meios
impressos e eletrônicos entre os anos de 2003 e 2009. Constituído esse arquivo,
definiremos os dados de análise à luz das noções acima indicadas, e pretendemos
anotar, ao menos, as possíveis diferenças entre as circulações em meio impresso e meio
eletrônico, pois acreditamos que essa diferença de meios e de materiais implica
diferentes leituras e interpretações.
Mônica Menezes Santos: CHARGES POLÍTICAS: ACONTECIMENTO E MÍDIA
O presente trabalho pretende analisar as charges políticas em um estudo que
compreende as relações entre charge e acontecimento, e esta enquanto uma prática
discursiva. Para tanto, mobilizamos como fundamento teórico- metodológico a Análise
de Discurso de orientação francesa com base nos trabalhos de Michel Pêcheux e Michel
Foucault. Trabalharemos também com a noção de narrativa do acontecimento de
Jacques
Guilhaumou.
Nosso corpus compreendera as charges publicadas no jornal Folha de S. Paulo no ano
de 2006, mais precisamente de fevereiro a outubro, período marcado pela eleição
presidencial, e como contraponto, as narrativas expressas nas charges, trabalharemos
também com manchetes do jornal O Estado de S. Paulo do mesmo ano. Assim,
buscamos compreender nesse trabalho como as charges políticas dão em narrativas os
acontecimentos históricos da política brasileira.
19
Natalia Monteiro da Silveira: HOMOSSEXUALIDADE E HOMOAFETIVIDADE
SOB A ÓTICA DOS DISCURSOS JURÍDICOS
O projeto trata da análise da produção e circulação de documentos jurídicos que
veiculam discursos em torno do homossexualismo, da homossexualidade e da
homoafetividade. A partir da circulação mais recente de discursos jurídicos sobre a
união estável e a adoção por parte de casais homossexuais, considera-se relevante a
análise da maneira pela qual a esfera jurídica tem se voltado para a questão da
homossexualidade, tanto nas instâncias civis como criminais.
Rosana Gama Soares de Mello: MÍDIA, DISCURSO E IDEOLOGIA: ANÁLISE DE
PROPAGANDAS DA SKOL
Já é consenso o papel persuasivo desempenhado pela mídia televisiva: trabalhos
clássicos, infinitamente retomados, atestam a relação direta entre ideologia e televisão.
É o caso, por exemplo, das reflexões de Althusser (1985) sobre os aparelhos ideológicos
do Estado que incluem nesta lista as seguintes instituições e/ou esferas ideológicas:
religião, escola, família, aparelho jurídico, sistema político-partidário, sindicatos, esfera
da
informação
e
a
esfera
cultural.
Sabe-se que os conflitos contemporâneos extrapolam questões de classe e visões
dicotômicas. Cada vez mais se vive em uma realidade diversificada, heterogênea e
multifacetada. Com isso, para analisar os discursos publicitários midiáticos apóia-se nos
trabalhos de Bakhtin/Voloshinov (1929), sobre a relação entre ideologias cotidianas e
oficiais, a noção de signo como uma arena de disputas ideológicas e a noção de gênero
discursivo. Sucintamente, sobre as ideologias, Bakhtin/Voloshinov defende que o lugar
privilegiado para a transformação das ideologias é a “ideologia do cotidiano”, sendo que
tudo que é ideológico é um signo. Para o autor, há uma relação entre as ideologias
cotidianas e as ideologias oficiais, sendo que nenhuma delas se constitui como blocos
homogêneos,
mas
são
heterogêneas
e
internamente
conflitivas.
O presente trabalho abordará a relação entre as ideologias cotidianas e oficiais
circulantes pelas propagandas da SKOL, trazendo à tona uma realidade ideológica
conflitiva e plural, ao invés de bipolar (classes dominantes vs. classes dominadas). A
análise da dimensão ideológica será feita a partir da concepção bakhtiniana de gêneros
discursivos, entendida como formas sócio-verbais de interação vinculadas a esferas
ideológicas, no caso desta pesquisa, à esfera midiática. Trata-se de analisar a
propaganda como gênero discursivo que agrega três componentes interligados: o tema,
o estilo e a estrutura composicional. Sucintamente, o tema trata dos sentidos ideológicos
e únicos; o estilo diz respeito às formas de seleção gramatical e imagética para a
materialização do tema; e a estrutura composicional diz respeito ao acabamento do
enunciado.
Dado que os gêneros publicitários vinculam-se à esfera ideológica midiática, cabem,
ainda, algumas palavras sobre esta esfera: a esfera midiático-publicitária pode ser
compreendida à luz da idéia de “sociedade do espetáculo” (Debord, 1997), em que os
meios de comunicação espetacularizam a vida, massificando o domínio econômico (o
20
consumo,
por
exemplo)
e
a
busca
pelo
prazer.
Na esteira dessa supremacia do ter em relação ao ser, esta pesquisa pretende analisar
discursos
publicitários
de
divulgação
da
cerveja
SKOL.
Resumidamente, o trabalho focará as estratégias de convencimento, argumentação e
persuasão utilizadas pela propaganda – veiculada na mídia televisiva –, tendo como
foco de análise uma correlação entre as dimensões verbais e não-verbais (imagéticas).
Considera-se, com isso, as formas de produção, circulação e de recepção desses
discursos publicitários de venda da cerveja SKOL.
Thiago Rodrigues da Silva: EXPRESSÕES SEMI-FIXAS ANALISADAS A PARTIR
DE PROVÉRBIOS
Pesquisa-se neste trabalho a existência de uma estrutura parcialmente modificável na
construção alguns provérbios e expressões populares e o quanto o acontecimento desse
fenômeno pode interferir no sentido atribuído a sentença e suas variadas formas de
interpretação.
Estudaremos ditos populares, a maioria de criadores desconhecidos, que são
representações do pensamento e conhecimento do cotidiano. Os estudos propostos têm
em vista mostrar a partir da utilização dessas sentenças quais são, dentro de sua
estrutura, os elementos mutáveis e os elementos fixos. Desta forma, será possível
identificar o papel de cada palavra dentro do dito e classificá-las entre os vários tipos de
sentenças
possíveis
(interrogativas,
negativas,
tautológica,
etc)
A pesquisa tem a intenção de mostrar que cada provérbio e expressão apresentam um
peso positivo ou negativo, sendo que muitas vezes esse peso é atribuído por valores
morais, costumes, etc., fazendo com que cada sentença tenha um valor diferente.
21
2. Painéis Científicos (IC e PG)
Alexandre Montesso Bonomi: ETHOS – ANÁLISE DE UMA CONSTRUÇÃO
TRIDIMENSIONAL INSTÁVEL: ESTUDO SOBRE A CRIAÇÃO INSTANTÂNEA
E/OU DURADOURA DE UMA IMAGEM EMPRESARIAL EM INFORMES
PUBLICITÁRIOS
Utilizando produções publicitárias da marca "Toddy" de slogan "Toddy, o sabor da
verdade", em duas vias de pesquisa de viés qualitativo (uma histórico comparativa que
tem como finalidade a evidenciação de uma "continuidade do Ethos"; e outra individual
e analítica pela necessidade de procura de quais elementos, dos diversos que compõem
o texto, apresentam-se como problemáticos em relação à proposta da empresa), este
trabalho visa encontrar as problemáticas da publicidade atual quanto aos aspectos da
abordagem tridimensional da linguagem de Fairclough e quais seus efeitos sobre as
novas produções que a seguem (sejam de uma mesma marca ou de suas concorrentes).
Além disso, procura-se a identificação e análise da problemática inerente ao ethos
prévio e ao ethos discursivo ao longo das campanhas de uma mesma marca e quais suas
influências nos consumos destas mesmas campanhas vinculadas à ela. Por fim, focamos
ainda na tentativa de percepção se, de algum modo (e de que modo), os consumidores
utilizam-se dos informes publicitários para a construção de sua própria identidade.
Amanda dos Santos Carneiro: TIPOLOGIA DAS EXPRESSÕES ADJETIVAIS DO
PORTUGUÊS DO BRASIL
Dentro dos estudos do léxico, uma tarefa que tem estado em foco nos últimos tempos é
o estudo das expressões multipalavras que englobariam tanto as expressões idiomáticas
quanto as chamadas colocações. Esses estudos têm sido provocados tanto pelo avanço
em si dos trabalhos de cunho lexicográfico e lexicológico, quanto da necessidade que
existe de uma boa descrição do léxico para diversas finalidades, como o ensino de
línguas estrangeiras, o estudo de linguagens de especialidade e o processamento de
linguagem
natural.
A finalidade do presente projeto é estudar as regularidades e propriedades de um tipo
especial de expressões multipalavras, a saber, as expressões adjetivais do português
brasileiro, ou seja, as expressões que, tomadas como uma palavra composta, exercem a
função de adjetivo na oração. As expressões escolhidas aqui são aquelas que se
encaixam na definição que Vale (2001) dá de expressão cristalizada, a saber, uma
expressão cujo significado global não pode ser calculado a partir das partes que a
compõem.
A escolha desse tema se deve ao fato de que essas expressões, sabidamente numerosas,
não terem tido até o momento uma descrição específica e exaustiva.
No presente projeto, o foco será dado às expressões adjetivas predicativas. A
22
identificação dessas estruturas será feita em grandes corpora a partir de um critério
sintático: serão selecionadas aquelas introduzidas na posição pós-cópula.
Andressa Caroline Inácio Zacarias: INDEXAÇÃO LÉXICO-ONTOLÓGICA PARA
O DELINEAMENTO CONCEITUAL DE CORPUS
Para que os sistemas desenvolvidos no Processamento Automático das Línguas Naturais
(PLN) sejam capazes de interpretar um texto, é preciso tratar o conhecimento linguístico
de nível semântico-conceitual. Especificamente, os sistemas precisam identificar os
conceitos subjacentes às unidades lexicais do texto e as relações que se estabelecem
entre esses conceitos. Para tanto, utiliza-se comumente uma base de conhecimento
léxico-conceitual ou ontologia, que pode ser entendida como um recurso linguísticocomputacional que fornece, ao módulo de interpretação do sistema, um inventário de
conceitos, propriedades e relações entre conceitos. Na maioria dos trabalhos, as
ontologias são de domínio específico e construídas previamente de forma manual ou
semiautomática. Quanto ao nível de conhecimento linguístico empregado no
processamento das línguas naturais, a sumarização automática multidocumento (SAM)
que envolve o português do Brasil (PB) vive uma situação bastante curiosa. Por um
lado, há sumarizadores multidocumento (ou seja, sistemas que produzem um sumário a
partir de uma coleção de textos-fonte que abordam um mesmo tópico) baseados em
conhecimento superficial e, de outro lado, sistemas baseados em conhecimento
discursivo, considerado mais abstrato e complexo que o semântico. Não há, nesse
cenário, trabalhos que se baseiam no tratamento do conhecimento linguístico de nível
léxico-conceitual. Em outras palavras, não há trabalhos que utilizam ontologias para o
delineamento conceitual dos textos de entrada. Tendo em vista que a construção de
ontologias é tarefa custosa, tem-se investigado, em uma pesquisa de iniciação científica,
a delineamento conceitual de corpora multidocumento por meio da indexação de suas
unidades lexicais a uma ontologia construída previamente. Assim, ao indexar as
unidades lexicais provenientes de uma coleção de textos que abordam um mesmo tópico
a uma ontologia e delinear a região da estrutura ontológica que engloba os conceitos
mais representativos da coleção, um sumarizador multidocumento é capaz de utilizar
essa subontologia para selecionar o conteúdo relevante que irá compor o sumário. Para
investigar o delineamento mencionado, algumas tarefas foram previstas: (i) seleção do
corpus, das unidades lexicais a serem indexadas e da ontologia; (ii) indexação das
unidades lexicais à ontologia e (iii) delimitação da subontologia. No caso, selecionou-se
o CSTNews (CARDOSO et, al., 2011), um corpus multidocumento em PB composto
por 50 coleções de textos jornalísticos. Especificamente, selecionou-se 1 das coleções,
cujas unidades lexicais da categoria dos nomes foram manualmente indexadas à
WordNet de Princeton (WN.Pr) (FELLBAUM, 1998), desenvolvida para o inglês. A
indexação foi feita por meio dos seguintes passos: (a) tradução das unidades extraídas
do corpus para o inglês; (b) busca pelos synsets (isto é, conjunto de formas sinônimas
que representam um conceito) da WN.Pr que continham a tradução em inglês; (c)
identificação do synset adequado; (d) associação da frequência da unidade lexical no
corpus ao synset selecionado em (c); (e) seleção de todos os hiperônimos do synset
23
selecionado em (c); (f) propagação da frequência do synset ativado na ontologia aos
hiperônimos; (g) seleção dos hipônimos imediatos do synset selecionado em (c); (h)
propagação da frequência do synset ativado na ontologia aos hipônimos e (i) unificação
das hierarquias parciais e das frequências dos synsets constitutivos.
Fabiana Pirotta Camargo Lourenço: O USO DE MODALIZADORES NO GÊNERO
JORNALÍSTICO: EDITORIAIS, NOTÍCIAS E ARTIGOS DE OPINIÃO
Uma afirmação corrente acerca dos textos jornalísticos é que esses textos primam pela
imparcialidade e pela objetividade. A questão que se coloca é se todos os gêneros
ligados à esse domínio veiculam mesmo informação objetiva. O que caracteriza um
gênero textual é o fato de serem produzidos para interlocutores definidos e para
situações nas quais estão inseridos. O jornalista, assumindo tal papel, constrói o
texto/discurso guiando-se por certos princípios de textualização que lhe ajudarão a criar
o sentido pretendido, que se quer que os ouvintes/leitores compreendam. A língua seria
uma forma de ação social; a produção de um artigo de opinião, por exemplo, pode ser
considerada como uma ação guiada por certas estratégias convencionalizadas, utilizadas
por todo jornalista, para atingir seus objetivos. Poder-se-ia dizer então, do ponto de vista
de como o sujeito se coloca no texto, das marcas de subjetividade, atreladas à
modalização
que
perpassam
o
texto.
Nesse sentido, propõe-se neste trabalho, a análise dos gêneros: editorial, artigo de
opinião e notícia, no que diz respeito ao uso de expedientes de modalização,
descrevendo suas semelhanças e diferenças; buscando caracterizá-los no que diz
respeito aos graus de (des)comprometimento do falante/escritor com o seu texto, e ao
processo inerentemente subjetivo que se instaura quando expedientes de expressão
modal
são
usados
nos
textos.
Ao se pretender uma análise do uso efetivo da língua, determina-se que este projeto
fundamenta-se teórica e metodologicamente em pressupostos funcionalistas, ou seja, a
análise da modalização nos gêneros do jornal se dará baseada em uma visão
sociointeracionista da língua, segundo a qual a língua é observada de acordo com seus
usos reais em determinados contextos, englobando um conjunto de atividades que
envolvem
uma
interação
entre
os
interlocutores,
e
sociedade.
A modalização pode ser definida de diferentes formas, tais como: a maneira como o
falante expressa suas opiniões em relação à proposição que a sentença expressa.
Expedientes de modalização podem ser: auxiliares modais, verbos de atitude, adjetivos,
substantivos,
advérbios
e
certos
tempos
e
modos
verbais.
A hipótese norteadora desse projeto é a de que embora existam diferenças significativas
entre os gêneros do jornal, no que diz respeito à manifestação subjetiva do
falante/escritor, há uma aproximação entre os gêneros analisados, uma vez que todos os
três parecem fazer uso dos mesmos expedientes de modalização.
Após a localização de elementos modalizadores presentes no corpus, foram analisadas
as ocorrências com esses elementos, e foi feita uma classificação, dos modalizadores
mais usados. A análise qualitativa tratou da modalização em seu uso no discurso
jornalístico, e de como esse processo de subjetivização concorre para a construção de
24
um novo modo de apresentação do sujeito nos discursos contemporâneos.
Com os resultados, espera-se fornecer subsídios para os estudos da língua em uso
efetivo e real, e, ainda, propiciar um melhor entendimento dos expedientes lingüísticos
que estão à disposição dos falantes na construção de seus enunciados. Com a descrição
de tais gêneros jornalísticos, pretende-se obter uma caracterização mais precisa dos
mesmos, contribuindo com a formação daqueles que lidam com o gênero jornalístico
em seu cotidiano.
Fabrício Tosta: APLICAÇÃO DE CONHECIMENTO LÉXICO-CONCEITUAL NA
SUMARIZAÇÃO AUTOMÁTICA MULTIDOCUMENTO MULTILÍNGUE
Dada a grande quantidade de informação disponível em várias línguas, sobretudo na
web, pesquisas que visam à automatização da tarefa de sumarização multidocumento
multilíngue (SAMM) fazem-se relevantes porque podem facilitar e agilizar o acesso a
informação. Tais pesquisas são realizadas na subárea do Processamento Automático das
Línguas Naturais denominada Sumarização Automática (SA). Na SAMM, pode-se
processar coleções de textos-fonte sobre um mesmo assunto em duas ou mais línguas
(L1 e L2) e, a partir deles, produzir sumários em uma das línguas dos textos-fonte (L1
ou L2). Para tanto, a seleção das sentenças dos textos-fonte para compor os sumários
pode ser feita por métodos superficiais, comumente baseados na frequência de unidades
lexicais, e métodos profundos, baseados na aplicação de conhecimento linguístico. Os
métodos superficiais ou estatísticos são independentes de língua, pois tratam de forma
mais simples os fenômenos linguísticos e, por isso, apresentam baixo custo de
aplicação. Entretanto, a principal limitação desses métodos reside no fato de que a
seleção das sentenças para compor os sumários é feita apenas com base em uma análise
lexical superficial, ignorando-se o tratamento de aspectos léxico-conceituais. Assim,
neste projeto, objetiva-se investigar a aplicação de conhecimento de nível léxicoconceitual no cenário da SAMM.
Felipe dos Santos: LINGUAGEM E RELIGIÃO: A CONDIÇÃO HUMANA, O
PENSAMENTO DO HOMEM E O ESPÍRITO RELIGIOSO
Se conseguirmos superar o nosso preconceito racionalista e nos dispusermos a analisar
as religiões e os seus conteúdos como produtos do pensamento humano, não raro,
chegaremos à questão de que o sentimento religioso provém e preenche algo da própria
condição
do
homem.
Não só as religiões pretenderam, e pretendem, organizar a nossa sociedade, como
também é seu intuito trabalhar a questão moral do homem. No entanto, as religiões
também fizeram vezes de ciência e de filosofia, e essas duas ciências parecem mesmo
terem
se
originado
desse
pensamento
religioso.
Assim, o pensamento religioso, e tudo o que o permeia, se apresenta de maneira muito
valiosa para a condição humana para ser simplesmente descartado sem ao menos uma
tentativa
de
compreensão.
25
Não é objetivo dessa pesquisa, no entanto, contar a história de todas as religiões, ou
defende-las, ou ainda provar a existência ou a inexistência de Deus. Isso seria mais
pretensioso do que atirar na lua. O objeto dessa pesquisa é analisar como esses
conteúdos de espírito religioso se apresentam na linguagem do homem, e como nela se
encontram
organizados.
Para esse início de pesquisa, partiremos da análise de que o pensamento humano ainda
gira em torno da filosofia, ou seja, ainda há preocupações filosóficas que se encontram
muito presentes e fortes no que provém do pensamento do homem. Com isso, pretendese demonstrar que a humanidade não respondeu, ou ainda não chegou à uma conclusão,
a respeito das questões filosóficas da vida (sua origem, seu sentido, sua finalidade e seu
fim
–
a
morte).
Esses são os principais conteúdos presentes no pensamento humano e na linguagem que
se pretende analisar (a religiosa e, também, a científica – as duas principais forças na
história da humanidade). O olhar do homem para o alto, para o espaço finito-infinito,
para o além-universo científico ou para o céu celestial paradisíaco, para o sol e para as
estrelas com perguntas sobre o seu passado, seu presente e futuro é algo que permeia a
condição humana desde aquilo que se chama de o pensamento primitivo do mundo até a
ciência moderna. E tão natural quanto o nascimento dessas perguntas e preocupações é a
necessidade
que
o
homem
teve
dessas
variadas
respostas.
Seria fácil, em certa medida, chegar à conclusão de que as religiões surgiram apenas
para responder essas questões filosóficas. De maneira que, também logo se conclui, a
ciência reclamou esse lugar junto ao pensamento humano. No entanto, o pensamento
religioso não se encontra totalmente superado, e nem sempre estiveram
institucionalizados em formas de igrejas, templos ou sinagogas. E ainda: a vida, e o
universo
como
um
todo,
segue
guardando
alguns
mistérios.
Propomos, então, analisar essas questões pela óptica linguística, pois é na linguagem
que os fatos e fatores da vida se encontram. É dentro do universo da linguagem que
estão contidos o pensamento e o conhecimento do homem, a sua cultura e as suas
percepções sobre o seu mundo, sobre a vida e o seu processo compreendido até aqui.
Fernanda Cristina Guerra: O OPERADOR INCLUSIVO E EXCLUSIVO NA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA
Na linguagem natural, observamos que o operador lógico “ou” pode funcionar de duas
maneiras: de modo exclusivo, ou seja, coloca “a” em oposição uma dada proposição “p”
a uma dada proposição “q”; ou de modo inclusivo estabelecendo uma relação
semelhante ao operador “e”, ou seja, dada duas proposições “p” e “q”, elas não se
excluem. No primeiro uso digamos que o operador “ou” tem valor de alternativo, já no
segundo tem o valor semântico de “e”. Assim, nosso objetivo neste trabalho é procurar
entender as condições para um “ou” funcione como “e” sem dar margem à
ambiguidade, considerando que se trata de um operador muito presente em textos
jurídicos. Especificamente, estamos realizando um levantamento desse operador para
observar seu funcionamento na Constituição Federal, no qual pretendemos entender o
que nos leva a essas duas características de interpretação ao lermos uma sentença
26
pertencente à mesma. Nos dias atuais, a linguagem jurídica, por ter como característica
formal e rebuscada faz com que ao lermos uma sentença da Constituição não
entendamos qual o sentido fiel que a frase queira passar e por causa dessas duas
possibilidades de funcionamento da partícula “ou” faz com que o leitor tenha
dificuldades quanto à interpretação das sentenças na Constituição, por isso a escolha por
analisá-las e verificar qual das partículas “ou” ocorre com mais frequência. Não há
muitos estudos sobre o comportamento desse fenômeno, que nos provoca bastante
interesse e, tentar compreender como esse fenômeno se dá. Deste modo, este trabalho
tem por objetivo analisar sobre a perspectiva da Semântica quais os mecanismos que
regem o uso do “ou” como “e”. Como metodologia, utilizaremos referências
bibliográficas de Semântica Vericondicional. Como resultados iniciais levantados
verificaram-se pela Lógica que uma sentença é excludente quando ambas as partes são
verdadeiras; includente quando umas das partes não são verdadeiras, utilizaremos uma
representação formal para fácil visualização e entendimento e também as tabelas de
verdades que nos auxiliarão na interpretação para a análise do valor de verdade.
Observamos que há falhas ainda na interpretação da partícula “ou” referente às questões
de linguagem natural, e como resultado futuro pretendemos compreender o que pode
levar um falante a interpretar como excludente ou includente e isso nos permite pensar
inicialmente se é um caso de inferência pragmática ou se há algum outro aspecto de
cunho cognitivo. A linguagem jurídica, apesar de suas implicações pragmáticas e
discursivas, carece de uma dada objetividade, mesmo que desta decorra um efeito.
Contudo, a questão referencial é base para lógica da legislação. Assim, conhecer os
procedimentos das operações lógicas em seu funcionamento nos permite explicar
também como a linguagem jurídica se constitui em torno das estruturas referenciais que
representam uma dada organização do seu sistema simbólico. Compreender as
regularidades do uso do "ou" nos permitirá pintar um quadro geral do valor semântico
nos textos da Constituição, e assim compreender a ambiguidade dada pelo operador
“ou” ao lermos as sentenças já que é um operador muito utilizado nos textos da
Constituição Federal Brasileira, sendo ele listado com excludente ou includente.
Gabriel Mercaldi Evangelista: PRODUÇÃO DE SENTIDO NO HINO HOMÉRICO
IV
O estudo das mitologias, como expressão e como conteúdo, fornece dados úteis sobre a
realidade linguística no período de desenvolvimento do mundo helênico, lembrando que
aos poemas homéricos seguiram as primeiras especulações filosóficas naturalistas sobre
a linguagem, já que, àquela época, no mundo helênico, as mitologias eram tidas como
explicação
da
realidade
por
meio
da
religião.
Dada a influência da mitologia sobre os filósofos naturalistas, uma análise descritiva das
produções literárias do período homérico pode nos trazer informações importantes sobre
a produção de sentido em uma sociedade que associou de maneira significativa o estudo
da
realidade
e
a
busca
de
compreensão
da
linguagem.
A produção poética homérica apresenta-se de duas maneiras: em forma de poemas
épicos e em forma de hinos, estes sempre dedicados a alguma, e somente uma, entidade
27
divina, também figurante nos poemas épicos acima referidos. Por isso, um estudo,
mesmo que superficial, dos poemas épicos, mostra a importância de utilizar os hinos
como textos paralelos que auxiliam uma compreensão mais profunda do sentido voltado
à realidade expressa pela religião helênica, que hoje nos atinge como criação artística.
Para isso este trabalho analisa o Hino Homérico IV, dedicado a Hermes, entidade
presente em diferentes momentos das histórias épicas, e, ainda mais, que ocupa um
lugar de suma importância para os enredos dessas histórias. A análise do hino será feita
com base na semiótica francesa desenvolvida por Algirdas Julian Greimas, em que o
percurso gerativo do sentido nos permite maior compreensão, tanto da maneira como a
significação é produzida, em sua associação intratextual com a expressão, quanto da
importância dos hinos na relação intertextual com os poemas épicos, e também com a
religião como um todo.
Gabriela Oliveira Teixeira: INTERLÍNGUA: QUESTÕES DE LÍNGUA, PODER E
INTERCULTURALIDADE EM FOCO
Este trabalho teve como objetivo verificar o tratamento da diversidade linguística em
esferas oficiais bem específicas: organizações defensoras da língua auxiliar Interlíngua e
do multilinguismo na rede. A Interlíngua é considerada como um híbrido intencional em
que, conforme os estudos de Bakhtin (1934-1935), vozes se misturam sem se fundir.
São analisadas, sobretudo, as regras que definem essa língua auxiliar e a maneira pela
qual ela se torna uma base material para a realização de diálogos interculturais. Sobre a
defesa da diversidade linguística na rede, é feita uma análise do conteúdo presente no
discurso propagado no site da Rede Mundial para a Diversidade Linguística (Maaya),
como forma de comparação dos discursos empregados por essa rede e pelas
organizações pró-Interlíngua. Destaca-se na rede Maaya a proposta de um
multilinguismo igualitário com a inclusão de todas as línguas na web. No movimento
pró-Interlíngua, sobressai a mistura de sete línguas (inglês, português, espanhol,
italiano, francês, russo e alemão) para que essa combinação de línguas diversas
possibilite a compreensão da Interlíngua por um grande número de pessoas. Apesar dos
argumentos dessas organizações aparentemente não apontarem para a mesma direção, a
rede Maaya e as uniões pró-Interlíngua manifestam posicionamentos bem semelhantes,
como a crença de serem politicamente neutras e também o pressuposto de serem
capazes de facilitar as comunicações internacionais. Contudo, mostra-se necessário
verificar a natureza política desses modelos de tratamento da diversidade linguística.
Por isso, com base na teoria foucaultiana, objetivou-se neste trabalho observar a
Interlíngua como um produto político, de natureza não neutra, que nunca cumprirá a
tarefa de agregar equitativamente as sete línguas em sua constituição, porque embates
de poder favorecem umas línguas em detrimento de outras. Portanto, o que se buscou
aqui foi tentar rastrear quais as estratégias e manobras discursivas que recobrem e
moldam a forma de veiculação de cada um desses dois movimentos em prol de diálogos
interculturais, seja com base no multilinguismo, seja na defesa de uma língua comum.
28
Giovana Nicolini Milozo: ASPECTOS DO LÉXICO E DA ESTRUTURA FRASAL
DOS TEXTOS DA REVISTA RECREIO: UMA ANÁLISE DAS PROJEÇÕES
DISCURSIVAS DO LEITOR INFANTO-JUVENIL
Com este trabalho, visamos relatar os resultados e conclusões acerca da análise sobre os
aspectos do léxico e das estruturas frasais presentes nas reportagens de capa de alguns
exemplares da revista Recreio, da editora Abril, segmento este voltado para o leitor
mirim. Partindo do arcabouço teórico da Análise do Discurso, buscamos levantar, ainda
que muito brevemente, as concepções da infância desde a Idade Média, passando pela
Era Moderna, até os dias atuais, com especial atenção à história da infância no Brasil,
para com isso compreendermos as origens da concepção de infância que rege a cultura
midiática e, por extensão, a formação/projeção de um leitor mirim para quem essa
cultura se dirige. Para tanto, fizemos um levantamento quantitativo e qualitativo dos
aspectos do léxico e das estruturas frasais empregadas nos exemplares, para
averiguarmos que representações são inscritas nos textos e que apontam para o perfil
desse leitor mirim. Verificamos a recorrência do emprego de estruturas simplificadas e
repetidas que resultam em uma linguagem facilitadora da leitura e que torna o conteúdo
acessível ao leitor infanto-juvenil. Essas e outras estratégias permitem ainda uma
diminuição, ainda que simulada, da distância hierárquica entre os interlocutores
(produtores dos textos e seus leitores) que não compartilham o mesmo tempo/espaço da
enunciação, nem compartilham a mesma faixa-etária e grau de formação. Através do
cotejamento do exemplar da Recreio de 1978, com os exemplares atuais, realizamos
uma análise comparativa entre o leitor inscrito nas páginas da primeira edição e do leitor
dos exemplares contemporâneos. Observamos que a criança para a qual estes se dirigem
é representada como um ser em formação, que precisa ser ensinado e conscientizado
acerca de valores culturais que regulam a vida adulta no presente, mas considerado, até
certo ponto, um adulto em miniatura, dotado de grande potencial para aprender e
absorver um considerável montante de informações, fomentando-lhe um
amadurecimento precoce e a liberdade e poder de fazer escolhas, o que pode antecipar
sua constituição como consumidor.
Helena Maria Boschi da Silva: A CONSTITUIÇÃO DA FÓRMULA DISCURSIVA
"CULTURA DE PAZ": CIRCULAÇÃO E PRODUÇÃO DOS SENTIDOS
Este projeto de pesquisa tem como objetivo abordar discursivamente o sintagma
“Cultura de Paz” (e também suas possíveis variações, como “Cultura da Paz” e "Cultura
para a Paz"), com base nas propostas de Alice Krieg-Planque em sua obra "A noção de
'fórmula' em análise do discurso: quadro teórico e metodológico". Analisando as
diferentes interpretações que caracterizam os discursos de diversos atores sociais entre
os quais circula a expressão “Cultura de Paz”, que tem sido amplamente mobilizada em
encontros, documentos internacionais e nacionais, e até mesmo leis, abrangendo
questões políticas e sociais diversas, procuraremos verificar a circulação dessa
expressão e as práticas que ela tem representado, fazendo a hipótese de que a sequência
em questão pode ser categorizada como uma fórmula discursiva, segundo os parâmetros
29
de
Krieg-Planque.
Com essa pesquisa, teremos a oportunidade de testar a abrangência e a força dessa
proposta teórica e metodológica, procurando assim dar uma contribuição às pesquisas
em Análise do Discurso que têm procurado pensar a produção dos sentidos na relação
do material linguístico com os meios e os materiais em que se inscrevem, e também a
seus fluxos de circulação.
Letícia Moreira Clares: A INTERFACE MATERIAL IMPRESSO E AUDIOLIVRO:
O LUGAR DO REVISOR DE TEXTOS NOS PROCESSOS EDITORIAIS
ENVOLVIDOS
Na contemporaneidade, presenciamos o surgimento de novas formas de produzir livros:
trata-se da conjugação daquilo que conhecemos como texto escrito a linguagens cada
vez mais diversas e também suportes variados, como computadores, tablets etc., que
devem, entre outras coisas, atender às necessidades dos diferentes perfis de leitor,
visando à promoção do que se convencionou chamar acessibilidade. Nesse cenário,
vemos a necessidade premente de (re)pensar certas etapas editoriais, pois o texto escrito
não é acessível a determinados interlocutores, como os indivíduos com dificuldade ou
deficiência visual. Nosso foco neste trabalho de Iniciação Científica é pensar, a partir do
lugar do revisor, sobre os processos de produção de materiais didáticos impressos e de
audiolivros.
Objetivamos analisar os processos editoriais adotados pela Secretaria Geral de
Educação a Distância da Universidade Federal de São Carlos (SEaD-UFSCar), campus
São Carlos, responsável pelo tratamento editorial de materiais didáticos integrantes da
Coleção UAB–UFSCar para os cinco cursos oferecidos pela universidade na
modalidade a distância, sendo estes Educação Musical, Engenharia Ambiental,
Pedagogia, Sistemas de Informação e Tecnologia Sucroalcooleira. Tomaremos como
objeto de análise o material Reflexões sobre o fazer docente, das autoras Aline Maria de
Medeiros Rodrigues Reali e Claudia Raimundo Reyes, nas versões impressa e em
áudio, atentando mais especificamente para as questões de autoria implicadas nas
condições
de
produção
do
material.
Mais pontualmente, procuraremos entender como se dão as definições linguísticodiscursivas na produção de audiolivros, isto é, quais são as diferenças assumidas em
relação ao livro impresso. Consideraremos, para tanto, não só questões de gênero (ou de
regimes de genericidade, conforme propõe Maingueneau 2004), como também, ou
principalmente, os meios pelos quais esses materiais são difundidos, sendo estes
registros em papel e em DVD (áudio). Para isso, explicitaremos as etapas editoriais de
elaboração/produção de tais materiais, observando também, a partir das discussões
propostas por Salgado 2011, em sua obra Ritos genéticos editoriais: autoria e
textualização, as formas de interferência do revisor/editor de textos.
Pretendemos uma investigação acerca dos caminhos que podem ser seguidos na
produção de cada versão do material didático em questão, procurando verificar de que
maneira é possível tornar esse tipo de material efetivamente acessível e, por que não,
atrativo aos diferentes tipos de leitores para os quais este é de alguma maneira útil ou
30
indispensável, e, ainda, refletir sobre a posição do editor de textos: qual é a participação
desse profissional na própria produção das duas versões da referida obra? Pressupomos
que a interlocução existente entre autor e editor textual se baseia em questões não
apenas estritamente linguísticas, mas da ordem do discurso: há questões de forma,
circulação,
público-alvo,
função
social.
Talvez se possa pensar nesse lugar como uma espécie de coautoria ou até mesmo de
autoria, se pensarmos no autor não apenas como o criador de uma ideia sobre o
conteúdo abordado em uma obra, mas também o idealizador do projeto de uma obra
como um todo, projeto no qual o revisor muitas vezes intervém até estilisticamente, com
o intuito de tornar o material o mais adequado possível à necessidade pré-determinada.
Letícia Faria Conde: “LINGUAGEM E EXCLUSÃO: UMA ANÁLISE SEMIÓTICA
DE ‘A MAÇÃ’”.
O trabalho propõe descrever e interpretar os elementos textuais presentes no filme A
Maçã, de Samira Makhmalbaf (1998), focalizando, sobretudo, a necessidade da
liberdade, do social e da linguagem para a constituição de uma identidade. Com vistas a
empreender a análise, o subsídio teórico e metodológico advém da Semiótica
Greimasiana, derivada dos trabalhos de Algirdas Julien Greimas e seu grupo, campo de
saber para o qual o texto é seu objeto de estudo, examinando o procedimento de
organização textual e os mecanismos enunciativos de produção e recepção do texto,
havendo a necessidade de se estabelecer o percurso gerativo do sentido. A partir desse
pressuposto, serão analisados os enunciados sincréticos do texto fílmico, buscando
depreender a correlação entre exclusão → liberdade → linguagem → identidade.
Maria Renata Casonato Motta: PARATOPIA CRIADORA E RITOS GENÉTICOS:
UMA ABORDAGEM DISCURSIVA DA CRITICA À OBRA LITERÁRIA DE
CHICO BUARQUE DE HOLLANDA
O painel a ser apresentado no I Seminário de Produção em Linguística é fruto de um
projeto de Iniciação Científica, desenvolvido no Departamento de Letras da
Universidade Federal de São Carlos, orientado pela professora doutora Luciana Salazar
Salgado. O projeto tem como objetivo analisar a circulação da crítica feita a obras
literárias de Chico Buarque. Assim, tomamos por base sua produção literária desde
1974 até 2009, quando sai Leite Derramado, último romance publicado.
Os dados submetidos a análise são textos críticos acerca dos dois últimos livros
lançados por Chico Buarque: Budapeste, de 2003, quando o autor volta a publicar –
,desde meados dos anos noventa não lançava nenhum livro –, e Leite Derramado, de
2009, que foi recebido com restrições pela crítica. Todavia, foi o livro ganhador do
Prêmio Jabuti na edição de 2010 gerando inclusive com pedidos de revogação do
prêmio. E, recentemente, esse mesmo livro foi escolhido pelo Conselho Interdisciplinar
de Pesquisa e Editoração (Cipe) da Fundação Biblioteca Nacional, para ser traduzido
para língua francesa. Foram estabelecidos quatro critérios para a seleção de um livro
31
que pudesse ser traduzido, relevância do autor e da obra a ser traduzida, consistência da
proposta e qualidade do catálogo editorial da editora, currículo do tradutor e
importância da publicação da obra para a promoção e divulgação da literatura no
exterior.
Para dar conta desse objetivo, nos apoiaremos no corpo teórico desenvolvido pelo
pesquisador Dominique Maingueneau, que se inscreve no quadro da análise do discurso
de tradição francesa, propondo conceitos de base enunciativa. Neste caso,
mobilizaremos especialmente a noção de paratopia criadora e ritos genéticos.
Analisaremos o modo como o lugar do autor se constrói, afetado pela crítica literária,
que é também, segundo nossa hipótese, condicionadora de leituras futuras, feitas pelo
público
leigo.
Faremos um levantamento dos referidos textos críticos, que circularam em meios
impressos e eletrônicos entre os anos de 2003 e 2009. Constituído esse arquivo,
definiremos os dados de análise à luz das noções acima indicadas, e pretendemos
anotar, ao menos, as possíveis diferenças entre as circulações em meio impresso e meio
eletrônico, pois acreditamos que essa diferença de meios e de materiais implica
diferentes leituras e interpretações.
Nathalia Perussi Calcia: REVISÃO DOS MODELOS DE FLEXÃO A PARTIR DA
NOVA ORTOGRAFIA
No presente trabalho apresentamos o processo de revisão dos grafos de flexão dos
substantivos do Unitex, um software desenvolvido pela equipe de Linguística e
Informática da Université Paris-Est Marne-la-Vallée (PAUMIER, 2002;2011). Esse
software permite, entre outras funcionalidades, a busca por expressões regulares em
grandes corpora. Uma das características que o diferenciam de outros programas
semelhantes é a incorporação de dicionários eletrônicos de grande cobertura gerados a
partir de regras de flexão que permitem a busca por categoria gramatical ou ainda pelo
lema das entradas lexicais. O programa tem incorporados dicionários de cerca de 20
línguas e variantes diferentes, dentre as quais o português do Brasil. Muniz (2004)
adaptou o léxico do NILC para o Unitex, estabelecendo modelos de flexão para os
substantivos e adjetivos do português do Brasil. No Unitex esses modelos são
representados por meio de grafos. Nesses modelos, constam as formas flexionadas em
gênero e número, podendo haver também as variações de aumentativo e diminutivo,
quando essas formas se aplicam. A partir de um dicionário de formas canônicas simples,
o Delas-PB, o programa gera as formas flexionadas a partir dos modelos de flexão de
cada grafo. Essa característica permite também que cada usuário crie seus próprios
dicionários,
baseado
nessas
regras
de
flexão.
Entretanto, os grafos desenvolvidos por Muniz (2004) apresentam uma dificuldade
suplementar para os novos usuários do programa, pois para a introdução de novas
entradas em um dicionário, era necessário percorrer a totalidade dos grafos das flexões
nominais para encontrar a mais adequada àquela entrada. Devido a isto, em um primeiro
momento, buscou-se sanar essa dificuldade, introduzindo em cada grafo uma etiqueta,
ou seja, uma palavra exemplo, que permitisse a identificação de pelo menos uma
32
unidade lexical que se enquadrasse naquele modelo de flexão: o Delas-PB, foi separado
por códigos de flexão, e para cada código foi escolhida uma entrada típica e, na medida
do possível, facilmente identificável; facilitando o entendimento imediato de cada grafo,
excluindo
uma
das
dificuldades
que
o
programa
apresenta.
Nessa busca pelos códigos pôde-se perceber que alguns grafos não possuíam nenhuma
entrada no Delas-PB. Por exemplo, notou-se a existência de um grafo cuja forma
canônica seria uma forma no gênero feminino da qual se formaria a forma masculina e
plural, o que seria bastante inusitado, uma vez que a convenção utilizada para os grafos
de flexão nominal é que a entrada canônica seja a forma masculina singular.
Nesta nova etapa, efetua-se a análise dos modelos de flexão de substantivos do Unitex
para poder adequar essas entradas à nova ortografia, resultante do Acordo Ortográfico
de 1990. É necessário verificar a cada grafo se existem entrada afetadas pela nova
ortografia, e apontar, caso positivo, essas mudanças. Com isso, pretende-se realizar
pesquisas de buscas de neologismos surgidos no Brasil, desde o período em que o
Unitex foi criado, enriquecendo o dicionário interno do software. Além disso, é
necessário verificar se não existem grafos em duplicata por conta das mudanças
ortográficas. Espera-se ainda que a adequação dessas entradas venha a possibilitar a
busca algum tipo de regularidade ainda não identificada na construção dessas formas.
Pâmela da Silva Rosin: PRÁTICAS DE ESCRITA E DE LEITURA NA REDE: UMA
ANÁLISE DAS “MENSAGENS COMPARTILHADAS” E DOS PROCEDIMENTOS
DE SUA FORMULAÇÃO E CIRCULAÇÃO LINGUÍSTICO-DISCURSIVAS
O projeto de pesquisa que ora apresentamos inscreve-se no projeto geral, coordenado
pela Profa Dra Luzmara Curcino, junto ao Departamento de Letras, acerca das “Práticas
de escrita e representações de leitura: a construção discursiva do novo leitor na mídia”
(FAPESP 2010/16139-0), que se ocupa do levantamento e descrição do perfil do leitor
brasileiro contemporâneo a partir da análise de estratégias de escrita concernentes ao
modo como as linguagens imagética e verbal são articuladas/organizadas na construção
de textos da mídia em geral. Neste projeto de Iniciação Científica objetivamos realizar
um levantamento e análise de mensagens de cunho literário, compartilhadas na rede,
especialmente em redes sociais como o Facebook. Analisaremos as estratégias de escrita
empregadas nessas páginas de compartilhamento de informações, observando
particularmente as formas de seleção e de destacamento de enunciados de origem
literária, oriundos de romances, poesias, correspondências e, também, entrevistas de
autores, e que passam a circular sob a forma de frases ‘independentes’, cujo
funcionamento discursivo se assemelha em muito ao de ditados populares, ao de lugares
comuns e até mesmo de mensagens com finalidade de autoajuda. São essas mutações na
forma dos textos, sua articulação com imagens, e suas implicações simbólicas,
principalmente; quanto os comentários feitos pelos membros de redes sociais sobre a
legitimidade ou não dessa prática de apropriação e de destacamento dos enunciados
literários, secundariamente, que nos fornecerão dados para nossa apreensão de
representações dos leitores contemporâneos. Para a constituição do corpus desta
pesquisa, utilizaremos a página intitulada “O Mundo de Caio Fernando de Abreu e
33
Clarice Lispector”, disponível em http://www.facebook.com/mundodecaioeclarice na
qual figuram mensagens dos dois autores contemporâneos mencionados, oriundas de
textos de diferentes gêneros (poesia, contos, correspondências, romances) da obra
desses autores. Em nossa análise, apoiaremo-nos na perspectiva teórica da Análise do
Discurso de linha francesa e em alguns princípios da História Cultural da leitura, de
modo a discutirmos os princípios que regulam tanto a formulação desses enunciados
quanto sua circulação, refletindo sobre as práticas contemporâneas de escrita e de leitura
de textos em geral, e de textos literários em especial.
Roana Rodrigues: FALSOS AUMENTATIVOS E FALSOS DIMINUTIVOS NO
PORTUGUÊS DO BRASIL
A análise dos falsos aumentativos e falsos diminutivos no português do Brasil se faz
necessária, pois apesar de se tratar de fenômenos conhecidos e muitas vezes
mencionados na literatura, nunca foi apresentado nenhum estudo minucioso, tampouco
uma
descrição
de
toda
a
sua
amplitude.
É comum em língua portuguesa encontrarmos mesmas construções morfêmicas com
distintos significados e é a partir dessas construções que nos deparamos com os falsos
aumentativos e falsos diminutivos. Dessa maneira, o sufixo -ão em portão não alude ao
aumentativo dos lexemas porto ou porta, da mesma maneira que -inha em camisinha
não se refere, única e exclusivamente, ao diminutivo de camisa.
A fim de estudar o comportamento morfológico dos sufixos -ão, -ona e -inho, -inha em
substantivos, adjetivos e advérbios, dividimos o presente trabalho em duas etapas, a
saber: i) análise dos lexemas em pauta nos dicionários Aurélio (2009) e Houaiss (2009),
ii) estudo do corpus do NILC (Núcleo Interinstitucional de Linguística Computacional),
disponível no site da Linguateca, que nos dá subsídios para observar como tais
morfemas
se
comportam
em
uso.
Pode-se afirmar que as entradas anotadas referentes à forma aumentativa (lexemas
terminados em -ão e -ona) denotam algo de grandes dimensões, intensidade e/ou
apreciação. Além disso, constatou-se que, em muitos casos, os sufixos estudados não se
relacionam somente, ou especificamente, às formas aumentativas supracitadas, mas
designam, sobretudo, ato/efeito e/ou aludem aos campos semânticos da química, da
física e da botânica – são os casos de falsos aumentativos.
Os lexemas terminados em -inho e -inha possuem unidades lexicais que se referem aos
campos semânticos de planta, ave, peixe e sinonímia de aguardente (casos de falsos
diminutivos) e podem referir-se a algo de tamanho reduzido, assim como designar
intensidade,
juventude
e
apreciação.
As listas manualmente analisadas e geradas podem ter uma aplicação direta na
constituição de recursos para o Processamento de Linguagem Natural (PLN), além de
serem utilizadas por outros pesquisadores na análise dos fenômenos em pauta, tanto no
nível morfológico, quanto em níveis mais elevados da língua, como a sintaxe e o
discurso.
34
Tamires Cristina Bonani Conti: ENUNCIADOS DE CURTA EXTENSÃO:
AFORIZAÇÃO, MÍDIA E POLÍTICA
Nosso objetivo central neste trabalho foi tentar compreender o papel da máquina
midiática nos processos de produção, circulação e de fabricação das informações
políticas sobre as eleições presidenciais brasileiras 2010. Para tanto, ancorados na
Análise do Discurso, mais especificamente, nos recentes trabalhos de Dominique
Maingueneau (2007, 2010a, 2010b e 2011), frequentamos um corpus constituído por
pequenos enunciados atribuídos aos candidatos Dilma Rousseff e José Serra e
veiculados pela mídia eletrônica brasileira em 2010. Inicialmente, procuramos definir as
características do “enunciado de curta extensão”, diferenciando-o de outros como
slogans e provérbios; num segundo momento, evidenciamos, por um lado, as
características enunciativas dessas pequenas frases que visam favorecer ao seu destaque
e, por outro, os determinantes genéricos, linguísticos e semióticos utilizados pelos
locutores midiáticos no destaque desses enunciados e, por último, descrevemos como
esses enunciados são destextualizados de seus contextos e cotextos originais,
procurando compreender como são submetidos ao regime discursivo da aforização.
Nossos primeiros resultados indicam que a destextualização das falas dos locutores
Dilma e Serra ao serem submetidas ao regime discursivo da aforização recebem um
sentido completamente diferente daquele que tinham em seu contexto original de
produção. Além disso, tais destaques passam a pautar os debates políticos em diferentes
veículos
midiáticos.
PALAVRAS-CHAVE: discurso político, enunciado de curta extensão, aforização e
mídia.
Tiago Pereira Rodrigues: VARIAÇÃO EM LEGENDAS DE FILME TRADUZIDAS:
A REPRESENTAÇÃO DA FALA DE PERSONAGENS PERTENCENTES A
GRUPOS SOCIALMENTE DESPRESTIGIADOS
A abordagem da variação na fala e na escrita, ao se fazer uma análise da tradução de
legendas de filme, permite que se respeite e se considere a linguagem oral de grupos
estigmatizados e suas respectivas condições socioeconômicas e/ou culturais no processo
tradutório. Quando se pretende traduzir a fala de um personagem, deve-se conhecer não
apenas as minuciosidades da língua de origem e da língua de chegada, mas também as
condições socioculturais em que ambas estão inseridas. Conforme vem nos mostrando o
trabalho dos legendistas, verifica-se que não lhes é exigido conhecimento prévio da
variabilidade linguística e das questões interculturais que a permeiam para a realização
de seu trabalho. Além disso, por muito tempo não houve interesse por parte de centros
acadêmicos em estudos na área de Tradução Audiovisual. Esta pesquisa tem como
objetivo analisar traduções (legendas e dublagem) de filmes norte-americanos que
veiculam variedades linguísticas estigmatizadas com fins de proporcionar às empresas
legendadoras e aos profissionais em tradução de legendas o reconhecimento das
especificidades das variedades linguísticas do inglês americano e do português
35
brasileiro, bem como da importância do contexto sociocultural, de modo que possam
considerá-los na tradução de legendas.
Thailini Juliana Agostinho de Ázara: AÇÕES TERRORISTAS
Ao pensarmos nas designações presentes em diversos contextos as quais fazem
referência a determinados tipos de evento, não nos questionamos como esses
procedimentos semântico-referenciais são instituídos e passam a fazer parte do acordo
tácito da significação. No entanto, para um trabalho genuinamente semântico não se
pode dar a convenção um status de inquestionável ou como algo naturalizado, pois a
língua estruturada tal qual a conhecemos é um fenômeno psíquico e social.
Como objeto da relação linguagem-mundo, e como se trata de modo peculiar de
referenciação, o presente projeto pretende realizar um estudo quantitativo e qualitativo
visando compreender como se dá a denominação atribuída a atentados terroristas. Tal
objeto de análise se mostra bastante rico em questionamentos sobre sua constituição,
recorrência,
sinonímia
e
mesmo
seus
aspectos
anafóricos.
Tomemos como exemplo a Ação Terrorista de 11 de Setembro de 2011, as Torres
Gêmeas dos Estados Unidos. Através de pesquisas que findaram este projeto, houve a
percepção de dois tipos de tratamento: “Atentado de 11 de Setembro” (Atentado + X)
e/ou “Ataque as Torres Gêmeas” (Ataque + Y). A partir disso, pode-se levantar
questionamentos, como por exemplo, se as designações trazem marcas de relações
predicativas e o por quê de serem tratarem de uma maneira, e não de outra; se são ou
não formas sinonímicas. Vale ressaltar, ainda, que a recorrência dos termos aparecem de
maneira distinta dos diversos contextos encontrados, uma vez que “Ataque as Torres
Gêmeas” causa mais impacto no leitor do que “Atentado de 11 de Setembro. Isso se dá
pelo fato do termo “Ataque” despertar de modo fragilizado a memória discursiva do
leitor, e também por se tratar de uma palavra com carga semântica “pesada”.
Estudar as designações e denominações obtém sua importância quando pensamos nos
estudos que ainda não foram feitos acerca do mesmo tema e nas contribuições que este
pode acarretar para as diversas áreas das ciências da linguagem, primordialmente, à
semântica, semântica referencial e em seu amplo campo de abrangência. Acreditamos
que este projeto poderá auxiliar, também, no entendimento dos usos das designações,
bem como explícito acima e no poder que as cargas semânticas possuem sobre os
termos que designam algo. É válido também lembrar que por Semântica Referencial não
trataremos apenas o cálculo proposicional de sentenças, mas também a própria
nomeação dos objetos, ou melhor, das constantes que figuram em sentenças ocupando
os lugares dos argumentos, e portanto, fazendo referência a algo que precisa ser
compreendido de modo semântico.
36
Thayara Galterio: ETHOS, HUMOR E PUBLICIDADE: ESTRATÉGIAS DO
DISCURSO HUMORÍSTICO NA CONSTRUÇÃO E DIFUSÃO DE UMA IMAGEM
CORPORATIVA
Este projeto de Iniciação Científica objetiva compreender, com base no quadro teórico
da Análise do Discurso de orientação francesa, como funcionam as estratégias do
discurso humorístico na construção e difusão de uma imagem corporativa. Para
isso,procuramos traçar um percurso analítico que abarca a produção de uma identidade
assentada na relação entre ethos discursivo e humor, o que implica os modos de
circulação e a construção de uma cenografia: estudaremos de que modo certas peças
publicitárias caracterizadas como esquetes humorísticas constroem uma identidade para
o Banco Itaú. A fim de divulgar produtos e serviços, constrói-se um ethos discursivo
que emerge de esquetes encenadas pelo comediante Marco Luque. Com isso, por meio
do ambiente virtual, exploram-se as redes sociais, divulgando-se essas peças na
plataforma de partilha de vídeo YouTube, obtendo-se efeitos exponenciais dedivulgação
com baixo custo, pois conta-se com a “colaboração” provocada pela adesão dos
interlocutores, alcançada, neste caso, por uma empatia baseada no humor, que faz com
que o vídeo circule como partilha de algo divertido. Possivelmente transforma-se,assim,
a imagem negativa habitualmente atribuída aos bancos.
Thiago Rodrigues da Silva: ALTERNÂNCIA ENUNCIATIVA DA IDENTIDADE
SOCIAL NO DISCURSO JORNALÍSTICO
Propor estudos sobre a alternância da identidade social nos discurso jornalístico
mostrando que a presença desse fenômeno gera efeitos de sentidos implicando, de certa
forma, na maneira que jornal procura reportar e apresentar os fatos.
Sentenças como: ricos, pobres, classe A, classe D, menos afortunados, mais
afortunados, serão analisadas e comparadas em seu uso buscando mostrar se a escolha
dessa nomeação traz a classe nomeada atributos de prestigio ou desvalorização, se a
imprensa busca uma aproximação de quem se fala ou se manter distante.
Hoje em dia, é compartilhado por todos que a mídia, em suas várias formas, se tornou o
meio mais eficaz e importante para a transmissão de informação, nela se encontra uma
forma de apreender informações não só do que acontece nacionalmente mais no mundo.
O jornal tem o papel de expor os fatos com imparcialidade sem a busca de formação de
ideologias, mas não é assim que acontece, por mais que se diga não interferir na
recepção do interlocutor esse meio de informação gera, por seu modo de transmissão,
formação
de
opinião.
Desta forma, será analisado o conteúdo dos jornais, “Folha de São Paulo” e o “Estado
de São Paulo” e pesquisado de que forma acontece o fenômeno, com o pressuposto de
que encontraremos resultados opostos, visando que estamos tratando de dois jornais
conhecidos por ter grandes diferenças. O jornal Estado de São Paulo é conhecido por ter
a imagem de um jornal de direita, que defende a ideia do capitalismo e é acusado de
promover a desigualdade enquanto o jornal “Folha de São Paulo” tem fama de
esquerdista e é considerado opositor as formas de pensamento capitalista.
37
3. Grupos de Pesquisa e Estudos / Produtos
Ariani Di Filippo: GRUPO DE LINGUAGEM HUMANA E TECNOLOGIA – LHTec
O Grupo de Linguagem Humana e Tecnologia (LHTec) objetiva desenvolver pesquisas
no área do Processamento Automático das Línguas Naturais (PLN) em parceria com o
Núcleo Interinstitucional de Linguística Computacional (NILC – ICMC/USP), de longa
tradição nos estudos que envolvem o português. O LHTec conta hoje com 4
pesquisadores seniores da área de Linguística e 1 da área de Ciência da Computação e
com 7 pesquisadores graduandos e pós-graduandos em Linguística. Desde 2009, quando
foi criado, o grupo de pesquisa vem desenvolvimento o projeto intitulado TermiNet (do
inglês, Terminological WordNets) também em parceria com o Grupo de Estudos e
Pesquisas em Terminologia (GETerm – DL/UFSCar). O TermiNet se enquadra no
cenário da Terminologia Computacional e visa à construção de um tipo especial de
dicionário eletrônico denominado wordnet. Esse projeto contou oficialmente com o
apoio financeiro da FAPESP e CNPq de 2009 a 2011 e propiciou o desenvolvimento de
vários trabalhos de iniciação científica e conclusão de curso de alunos do Bacharelado
em Linguística da UFSCar. Em 2011, o LHTec iniciou suas pesquisas na subárea do
PLN denominada Sumarização Automática (SA), que visa á produção automática de
sumários (resumos). As pesquisas na linha de SA iniciaram efetivamente com a
elaboração do projeto Sustento, que tem por objetivo específico gerar conhecimento
linguístico para a Sumarização Multidocumento, ou seja, para a construção automática
de sumários a partir de uma coleção de textos, de diferentes fontes, que abordam um
mesmo assunto. As pesquisas desenvolvidas pelo LHTec são publicadas em
conferências e revistas de Linguística e de PLN, bem como os recursos construídos são
disponibilizados na web, pois a visibilidade das línguas no mundo depende
crucialmente do peso das suas tecnologias linguísticas, em particular das de livre acesso
na web. Os trabalhos no LHTec são norteados pelo princípio de que sistemas
computacional que interpretam e/ou geram língua natural (p.ex.: tradutores automáticos)
necessitam de conhecimento linguístico de diferentes níveis (morfológico, sintático,
semântico e pragmático-discursivo) e esse conhecimento pressupõe análises, descrições
e formalizações sobre os fatos da língua, as quais, motivadas em princípio pelas
necessidades do PLN, também contribuem para enriquecer o corpo de trabalhos em
Linguística Descritiva.
Bureau do Texto
O Bure@u do Texto é um projeto de extensão formado por alunos do bacharelado em
Linguística
e
vinculado
ao
Departamento
de
Letras
da
UFSCar
O projeto presta serviços textuais à comunidade universitária, como: copidesque e
revisão de textos, produção de textos para divulgação, levantamento estatístico-textual e
38
assessoria
na
formulação
de
apresentações
e
fala
pública.
O Bure@u do Texto iniciou suas atividades em 2011 e, dentre os trabalhos já
realizados, destacam-se a produção de folders, press-releases e assessoria editorial ao
curso de Linguística na Universidade Aberta e no Ato-manifesto “Nóis Vai ou Nós
Ficamos - O que a Linguística tem a dizer”, além de estar presente na organização deste
evento, I Seminário de Produção em Linguística.
Carolina Cardoso de Oliveira: A TERMINOLOGIA APLICADA COMO RECURSO
NA ORGANIZAÇÃO E DIFUSÃO DO CONHECIMENTO AGROPECUÁRIO NO
BRASIL
A pesquisa desenvolvida no estágio realizado na Embrapa Informática Agropecuária
insere-se no projeto INTAGRO (Intensificação Agropecuária em Polos de Produção de
Soja e Cana de Açúcar: Territorialidade, Sustentabilidade e Competitividade). Esse
projeto inclui estudos de diferentes abordagens que englobam aspectos agroambientais e
socioeconômicos, bem como aqueles relacionados à disseminação e organização da
informação e representação do conhecimento deste domínio. O estágio centra-se no
último aspecto citado e tem como objetivo a descrição terminológica de termos a fim de
culminar na publicação de um glossário sobre a intensificação agropecuária.
A teoria que sustenta esse trabalho terminológico de orientação descritiva é a Teoria
Comunicativa da Terminologia (TCT) (Cabré, 1993, 1999), que postula dois pontos
fundamentais: i) que os léxicos de especialidade não constituem línguas artificiais,
separadas da língua geral, mas sim, são parte integrante da língua natural e geral; ii) que
os termos são associações de um significante a um significado, igualando-se à
concepção saussureana de signo linguístico. Portanto, os itens léxicos são signos
linguísticos que podem se realizar como termo ou como palavra, dependendo do
contexto ou da situação comunicativa. Esses dois pontos determinam a metodologia
aplicada
ao
trabalho
que
se
realiza
no
eTermos
(http://www.etermos.cnptia.embrapa.br/index.php), um ambiente colaborativo que
auxilia o trabalho terminológico. Assumindo a orientação de uma teoria descritiva de
base linguística, o e-Termos organiza o trabalho terminológico em algumas etapas,
desde a compilação do corpus até a publicação do produto terminológico.
A partir do corpus compilado e de uma taxonomia contendo 639 entradas este trabalho
se alojou primordialmente na etapa referente ao gerenciamento da base de dados
terminológicos, ou seja, no preenchimento de bases definicionais e fichas
terminológicas. Para a concretização dessa tarefa foram pesquisados contextos que
apresentam o termo em ocorrências reais e que possibilitam a compreensão do mesmo,
auxiliando posteriormente na redação da definição terminológica. Foram consultados
para essa tarefa o corpus, websites específicos da área e trabalhos de pesquisa sobre o
assunto que apliquem os termos em cenários relacionados ao domínio em questão.
Com esse banco de dados terminológicos foi possível preencher a ficha terminológica
do termo que contém os seguintes campos: Termo, Código do Termo, Morfologia,
Definição Terminológica, Variantes, Equivalências, Glosa, Informações Enciclopédicas,
Termos Relacionados, Data de Criação, Data de Revisão, Número de ocorrências,
39
Responsável e Validador. Destaca-se que a redação da definição terminológica é a
tarefa mais complexa do processo, pois além de exigir do terminólogo um domínio
sobre múltiplos conhecimentos e habilidades, essa tarefa também segue critérios
rigorosos como: adequação do texto definitório conforme o público-alvo e a finalidade
da obra terminográfica em questão; os contextos inseridos na base definicional e as
convenções
quanto
à
estrutura
textual.
Os principais resultados desse trabalho, que se iniciou em junho de 2011, se referem à
sedimentação do conhecimento sobre a Terminologia de viés descritivo-linguístico, no
contexto do projeto INTAGRO, ao ambiente e-Termos e ao domínio do conhecimento
em questão, por meio da pesquisa pelos termos em diversas fontes. Além disso, foram
produzidas 93 Fichas Terminológicas e aproximadamente 465 fragmentos textuais
armazenados na base definicional.
Dirceu Cleber Conde: GRUPO DE ESTUDOS GESER
"Operação Guilhotina", "Operação Calcanhar de Aquiles", "Programa Universidade
Para Todos", "Projeto Rondon", entre muitos outros nomes de operações e ações
institucionais, são exemplos de uma relação entre sentido e referência bastante peculiar
e que merece o olhar do semanticista com o intuito de compreender os mecanismos de
significação que são mobilizados e servem para fazer referência. A princípio, tal
fenômeno parece indicar um esforço de publicidade empreendido pelo órgão ou
instituição interessado, ou pela mídia que deseja veicular uma informação, por exemplo:
Caso Nardoni, Massacre de Eldourado do Carajás, no entanto, tal esforço só atinge seus
efeitos porque existe um mecanismo semântico que assim o permite. As denominações
exemplificadas acima demonstram um modo de “transformação”, pois da mera
etiquetagem de um número de processo, de um número de inquérito, de um número de
projeto passaram para uma outra modalidade de individualização, aquela ocorrida por
denominação e esta acontece através de um misto de nome comum (operação, projeto
etc.) e de um outro termo como um nome próprio (Rondon) ou ainda de um outro nome
comum (guilhotina), ou ainda em um caso mais complexo de uma oração de feição
nominal inteira, como em “Programa Minha Casa Minha Vida” (Minha casa É minha
vida). Tal processo tem um escopo bastante amplo revelando diferentes conteúdos que
vão desde aspectos semântico-referenciais até questões discursivas, no entanto o
enfoque que iremos dar nesta pesquisa será o do aspecto semântico-referencial, não
ignorando que ainda outras abordagens possam contribuir para sua compreensão. Nesse
sentido, tal fenômeno será mapeado, registrado e compreendido para fins de pesquisa, e
para tanto percorreremos desde a abordagem pelo olhar sobre as diferenças entre
denominar e designar até as combinações predicativas que a estrutura desses
denominadores prevê, ou seja, como se dá o funcionamento de sintagmas nominais que
tenham a estrutura "operação + X", "projeto + Y", "programa + Z" reduzida a uma
forma Nc + x, em que Nc é o nome comum no nódulo
exterior ao sintagma. De início, já observamos que o fenômeno aponta para uma forma
de cristalização, até certo ponto, especializada. Além disso já foram mapeados vinte e
40
dois tipos de denominações descritivas a partir do léxico que ocupa a posição Nc
(apresentaremos a lista mais adiante). Tal complexidade nos impele a questionar qual
seria o status dessa modalidade SN: seria ele um misto de descrição definida com nome
próprio? Para dar conta de compreender esse tipo de formação, não podemos ignorar o
uso, por isso este projeto leva adiante algo mais trabalhoso e ousado: a realização de um
levantamento por amostragem de denominações desse modelo considerando nossa lista
inicial que ainda pode ser ampliada, como veremos na metodologia.
Luciana Salazar Salgado: COMUNICA- REFLEXÕES LINGUÍSTICAS SOBRE
COMUNICAÇÃO
O grupo de linguistas se reúne em torno de textos que pautam reflexões sobre a
comunicação no mundo contemporâneo. Não necessariamente textos de comunicação,
não exatamente teorias de um campo específico. A amplitude desse território parece
pertinente na medida em que, estribado nas questões fundamentais da linguística,
permite tratar fenômenos de língua e linguagem na sua relação com elementos
extralinguísticos, investigando práticas novas, retomando conhecimentos fundadores,
abordando problemáticas que se põem como cruciais não só aos pesquisadores e
profissionais da linguagem, como a qualquer cidadão que assuma sua condição de
partícipe na construção social e política das comunidades em que vive, isto é, sua
condição irredutível de interlocutor.
Mônica Baltazar Diniz Signori: INSTITUTO MATTOSO CÂMARA DE ESTUDOS
INTERDISCIPLINARES DE LINGUAGEM
O Instituto Mattoso Câmara de Estudos Interdisciplinares de Linguagem objetiva
promover pesquisas, publicações, debates e eventos em variadas escolas e domínios das
Ciências da Linguagem. Suas atividades acadêmicas inscrevem-se em quatro eixos,
correspondentes a quatro programas de trabalho.
“Arquivos de Mattoso Câmara” objetiva levantar e disponibilizar gratuitamente em site
específico do Instituto a obra de Mattoso Câmara. Serão colocados em rede os trabalhos
de divulgação científica do linguista, publicados inicialmente em jornais e revistas
cariocas entre os anos 40 e 60 do século passado; posteriormente, serão disponibilizados
artigos esparsos publicados em revistas brasileiras e estrangeiras e, finalmente, os livros
de Mattoso Câmara, publicados tanto em português quanto em outras línguas.
“A cara do Brasil no terceiro milênio: uma análise semiótica do cinema brasileiro”
inscreve-se na busca de racionalização do sentimento de identidade nacional.
Reconhecendo o papel constitutivo das linguagens nesse processo, procederá à análise
do cinema nacional, objetivando abordar o olhar de brasileiros sobre si mesmos e sobre
o mundo de que participam. Sendo essa identidade necessariamente clivada pelo olhar
do outro, estabelece-se um recorte sobre as produções selecionadas para concorrerem ao
41
OSCAR, considerando que essa seleção estabeleceu critérios marcados pelo que se
acredita indicado para representar, para outras nações, o que seja o Brasil.
“Designações e Denominações de ações institucionais no Brasil” objetiva mapear,
registrar e compreender o fenômeno da denominação, abordando desde diferenças entre
denominar e designar até combinações predicativas mais complexas. Considerando-se o
funcionamento desses sintagmas nominais, estruturados como "projeto + Y" ou
"programa + Z", observa-se inicialmente que o fenômeno aponta para uma forma de
cristalização, até certo ponto, especializada, se comparada a procedimentos como
"operação + X. Como a compreensão dessa formação envolve o uso, necessita-se
realizar levantamento do maior número possível de denominações sobre ações
institucionais. O objetivo final é contribuir para a compreensão da “denominação
descritiva”
enquanto
forma
denominativa
e
designativa.
“Contribuições do geógrafo Milton Santos para a compreensão dos fluxos de texto do
ciberespaço” estuda a constituição material dos fluxos textuais característicos do
período técnico-científico informacional. Considerando a hipermídia como conjunto de
técnicas e o ciberespaço como conjunto de práticas que se apropriam dessas técnicas,
busca-se compreender os elementos da globalização que, para Santos, fundam-se numa
“imprescindibilidade
do
discurso”.
Desse modo, entendemos que o ciberespaço é uma materialização expressiva do
período: esses fluxos de texto produzem uma psicosfera (crenças, ideologias e paixões)
diretamente ligada a uma tecnosfera; trata-se das relações entre o domínio da
racionalidade e o domínio do vivido. A partir dessas relações, vemos os textos como
objetos técnicos produzidos pelo engenho humano e produtores desse engenho,
assentados, portanto, num paradoxo constitutivo erigido por dispositivos
comunicacionais e noções de cultura que se organizam para além dos documentos
oficiais e regulações específicas.
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I Seminário de Produção em Linguística Caderno de Resumos